O material abaixo é parte de um
livro escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:
Fonte: CCEL.org │ Título
Original: “Christ’s Agony”
As citações bíblicas
desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).
Tradução por Camila
Almeida │ Revisão William Teixeira
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A AGONIA DE CRISTO
Por Jonathan Edwards
Lucas 22:44
E,
posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes
gotas de sangue que corriam até ao chão.
APLICAÇÃO
Grande proveito pode ser obtido a
partir da consideração do grande clamor e lágrimas de Cristo, nos dias de Sua
carne, de muitas maneiras para nosso benefício.
1. Isso pode nos ensinar de que
maneira devemos orar a Deus, não de uma forma fria e descuidada, mas com grande
seriedade e comprometimento de espírito, e especialmente quando estamos orando
a Deus por coisas que são de infinita importância, tais como bênçãos
espirituais e eternas. Tais foram os benefícios pelo que Cristo orou com tão
grande clamor e lágrimas, para que pudesse estar habilitado a fazer a vontade
de Deus nessa grande e difícil obra que Deus lhe havia ordenado, para que Ele
não afundasse e falhas-se, mas tivesse a vitória, e assim, finalmente, ser
liberto da morte, e para que a vontade e o propósito de Deus fossem obtidos
como fruto de Seus sofrimentos, na glória de Deus e a salvação dos eleitos.
Quando comparecemos diante de
Deus em oração com um coração frio, embotado, e de uma forma sem vida e
apática, orar a Ele por bênçãos eternas, e de importância infinita para nossas
almas, devemos pensar nas fervorosas orações de Cristo, que Ele derramou a
Deus, com lágrimas e um suor sangrento. Quando pensamos nisso devemos nos
envergonhar de nossas maçantes e inertes orações a Deus. Isso ocorre porque a
linguagem que usamos nessa forma de orar a Deus, é que nós não olhamos para o
benefício pelo que nós oramos como de qualquer grande importância, de modo que
é indiferente se Deus nos responde ou não. O exemplo de Jacó em luta com Deus
pela bênção deve nos ensinar a seriedade em nossas orações, mas, sobretudo, o
exemplo de Jesus Cristo, que lutou com Deus em um suor sangrento. Se fôssemos
sensíveis como Cristo era da grande importância desses benefícios que são de
consequências eternas, nossas orações a Deus por tais benefícios seriam de
outra maneira do que são agora. Nossas almas também estariam, em labor intenso
e luta, empenhadas nesse dever.
Há muitos benefícios que pedimos
a Deus em nossas orações, que são em cada detalhe, de tão grande importância
para nós como aqueles benefícios que Cristo pediu a Deus em Sua agonia eram
para ele. Isso é de tão grande importância para nós que estivéssemos
habilitados a fazer a vontade de Deus, e realizássemos uma obediência sincera,
universal e perseverante aos Seus mandamentos, como era para Cristo que Ele não
deixasse de fazer a vontade de Deus em Sua grande obra. É de tão grande importância
para nós que sejamos salvos da morte, como era para Cristo que Ele obtivesse a
vitória sobre a morte, e assim fosse salvo dela. É grande e infinitamente maior
a importância para nós, que a redenção de Cristo fosse bem sucedida para nós,
como foi para Ele que a vontade de Deus fosse feita, nos frutos e sucesso de
Sua redenção.
Cristo recomenda a intensa
vigilância e devoção aos Seus discípulos, pela oração e exemplo, os dois ao
mesmo tempo. Quando Cristo estava em Sua agonia, e veio e encontrou os discípulos
dormindo, Ele lhes ordenou a vigiar e orar, Mateus 26:41: “Vigiai e orai, para
que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é
fraca”. Ao mesmo tempo, Ele estabeleceu-lhes um exemplo do que Ele lhes
ordenou, pois embora eles dormissem, Ele vigiava, e derramou a Sua alma nessas
fervorosas orações sobre as quais você já ouviu; e Cristo em outros lugares nos
ensinou a pedir essas bênçãos de Deus que são de importância infinita, como
aqueles que não obterão nenhuma negação. Nós temos ainda outro exemplo dos
grandes conflitos e comprometimento do espírito de Cristo nesse dever.
Lucas 6:12
E aconteceu que
naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus.
E Ele esteve muitas vezes
recomendando intensidade em clamores a Deus em orações. Na parábola do juiz
iníquo, em Lucas 18, no início:
E contou-lhes também
uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer, Dizendo: Havia
numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem. Havia
também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo:
Faze-me justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis atendê-la;
mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
Todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim
não volte, e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto
juiz.
Lucas 11:5,
em diante:
Disse-lhes também: Qual
de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo,
empresta-me três pães, Pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de
caminho, e não tenho que apresentar-lhe; Se ele, respondendo de dentro, disser:
Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na
cama; não posso levantar-me para tos dar; Digo-vos que, ainda que não se
levante a dar-lhos, por ser Seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua
importunação, e lhe dará tudo o que houver mister.
Ele ensinou isso em Sua maneira
de responder a oração, como na resposta à mulher de Canaã,
Mateus 15:22,
em diante:
E eis que uma mulher cananeia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi,
tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas
Ele não lhe respondeu palavra. E os Seus discípulos, chegando ao pé dele,
rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele,
respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de
Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele, porém,
respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos
cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das
migalhas que caem da mesa dos Seus senhores. Então respondeu Jesus, e
disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu
desejas. E desde aquela hora a Sua filha ficou sã.
E como Cristo orou em Sua agonia,
como eu já mencionei vários textos da Escritura, assim somos direcionados a
agonizar em nossas orações a Deus.
2. Estas orações intensas e
fortes clamores de Cristo ao Pai em Sua agonia mostram a grandeza do Seu amor
para com os pecadores. Pois, como foi mostrado, esses fortes clamores de Jesus
Cristo foi o que Ele ofereceu a Deus como uma pessoa pública, na qualidade de
sumo sacerdote, e em nome daqueles de quem era sacerdote. Quando Ele ofereceu
Seu sacrifício pelos pecadores a quem Ele tinha amado desde a eternidade, ele,
além disso, ofereceu orações fervorosas. Seus fortes clamores, Suas lágrimas e
Seu sangue, foram todos oferecidos juntos a Deus, e eles foram todos oferecidos
para o mesmo fim, para a glória de Deus na salvação dos eleitos. Eles foram
todos oferecidos pelas mesmas pessoas, a saber, pelo Seu povo. Por eles, Ele
derramou Seu sangue e suor sangrento, quando este caiu em pedaços coagulados ao
chão; e por eles tão intensamente clamou a Deus ao mesmo tempo. Isto ocorreu
para que a vontade de Deus fosse feita na eficácia de Seus sofrimentos, na
eficácia de Seu sangue, na salvação daqueles por quem o sangue foi derramado,
e, portanto, essa intensidade demonstra Seu forte amor; isso demonstra quão
grandemente Ele desejava a salvação dos pecadores. Ele clamou a Deus para que
Ele não afundasse e falhasse nesse grande empreendimento, porque se Ele fizesse
isso, os pecadores não poderiam ser salvos, mas todos pereceriam. Ele orou para
que Ele obtivesse a vitória sobre a morte, porque se Ele não conseguisse a
vitória, o Seu povo nunca poderia obter a vitória, e eles não conquistariam
nenhuma outra forma, a não ser por Sua conquista. Se o Capitão de nossa
salvação não houvesse vencido neste doloroso conflito, nenhum de nós teria
vencido, mas teríamos afundado com Ele. Ele clamou a Deus para que Ele fosse
salvo da morte, e se Ele não tivesse sido salvo da morte em Sua ressurreição,
nenhum de nós jamais seria salvo da morte. Foi uma grandiosa visão contemplar a
Cristo no grande conflito em que estava em Sua agonia, mas tudo isso ocorreu a
partir do amor, daquele forte amor que estava em Seu coração. Suas lágrimas que
fluíam de Seus olhos eram de amor; Seu grande suor era de amor; o Seu sangue,
Seu prostrar-se no chão diante do Pai, era de amor; Seu fervoroso clamor a Deus
foi a partir da força e ardor de Seu amor. Isto foi considerado como a única e
a forma principal na qual o verdadeiro amor e boa vontade são demonstrados em
amigos Cristãos, um ao outro, que de todo coração orem uns pelos outros; e é um
caminho que Cristo nos direciona para mostrar nosso amor aos nossos inimigos, inclusive
orando por eles.
Mateus 5:44:
Eu, porém, vos digo:
Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem.
Mas alguma vez já houve qualquer
oração que manifestou o amor aos inimigos, a tal ponto, como os fortes clamores
e lágrimas do Filho de Deus pela eficácia de Seu sangue para a salvação de Seus
inimigos; a luta e conflito de cuja alma em oração foi tal a produzir a Sua
agonia e Seu suor sangrento?
3. Se Cristo foi desta forma
diligente em oração a Deus, para que o fim de Seus sofrimentos fosse obtido na
salvação dos pecadores, então quanto mais aqueles pecadores deveriam ser
condenados por não buscarem diligentemente a Sua própria salvação! Se Cristo
ofereceu tais fortes clamores pelos pecadores como Seu sumo sacerdote, que
comprou salvação a eles, Quem tem sido feliz desde toda a eternidade sem eles,
e não poderia ser mais feliz por eles, então, quão grande é a insensatez
daqueles pecadores que buscam a Sua própria salvação de uma forma tediosa e sem
vigor; que se contentam com um atendimento formal aos deveres da religião, com
Seus corações ao mesmo tempo muito mais intensamente estabelecidos após outras
coisas! Eles depois de participar de um tipo de dever de oração pública, em que
eles oram a Deus para que Ele tenha misericórdia deles e os salve; mas depois
que miserável enfadonho caminho é o que eles o fazem! Eles não aplicam o Seu
coração à sabedoria, nem inclinam os Seus ouvidos ao entendimento; eles não
clamam pela sabedoria, nem levantam a Sua voz pela compreensão; eles não a
buscam como a prata, nem o procuram como a tesouros escondidos. Os clamores
intensos de Cristo em Sua agonia pode nos convencer de que não foi sem razão
que Ele insistiu sobre isso, em Lucas 13:24; de forma que devemos nos esforçar
para entrar pela porta estreita, que é, como já foi observado para você, no
original ἀγωνίζεσθε — agonízesthe: “Agonize por entrar pela porta estreita”. Se os pecadores estivessem num
caminho esperançoso para obter Sua salvação, eles deveriam agonizar sobre a
grande preocupação da necessidade que têm de tomar uma cidade pela
violência, como em —
Mateus 11:12
E, desde os dias de
João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se
apoderam dele.
Quando um corpo de soldados
resolutos está tentando tomar uma cidade forte que lhes oferece grande
oposição, que conflitos violentos ocorrem ali antes que a cidade seja tomada!
Como os soldados pressionam contra as próprias bocas dos canhões dos inimigos,
e sobre as pontas de Suas espadas! Quando os soldados estão escalando os muros,
e fazendo Sua primeira entrada na cidade, que luta violenta ocorre entre eles e
Seus inimigos que se esforçam para mantê-los fora! Como eles, por assim dizer,
agonizam com toda a Sua força! Assim nós devemos buscar a nossa salvação, quando
nos encontramos num caminho semelhante para obtê-la. Quão grande é a loucura
então daqueles que se contentam em buscar com um espírito em forma fria e sem
vida, e assim continuam de mês a mês, e de ano em ano, e ainda assim se gabam
de que eles serão bem sucedidos!
Quanto mais eles continuam a ser
reprovados, quem não está em um caminho de buscar a Sua salvação em absoluto,
mas completamente negligenciam Suas preciosas almas, e atendem os deveres da
religião não mais do que é apenas necessário para manter Seu crédito entre os
homens; e em vez de pressionar em direção ao reino de Deus, estão mui
violentamente pressionando em direção à Sua própria destruição e ruína, estando
apressados e sendo dirigidos por Suas muitas e fortes concupiscências, como a
manada de porcos se apressados pela legião de demônios, correram violentamente
para baixo de um despenhadeiro em direção mar, perecendo nas águas! Mateus
8:32.
CONTINUA...
OUTRAS PARTES DESSE ESTUDO PODERÃO SER VISTAS POR MEIO DOS LINKS ABAIXO
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE
ESTUDO PARTE 001
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE ESTUDO PARTE 002
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE ESTUDO PARTE 003
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 004
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 005
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 006 —http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/jonathan-edwards-agonia-de-cristo-um.html
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 007 —http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/10/jonathan-edwards-agonia-de-cristo-um.html
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 008 —
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JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 010 — APLICAÇÃO 001
JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 011 — APLICAÇÃO 002
UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
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Alexandros Meimaridis
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