MATEUS 18:12—14 E LUCAS 15:4—7 — A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA —SERMÃO 037
Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito
recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades
contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo
você encontrará links para os outros artigos dessa série.
A Parábola da Ovelha
perdida
Mateus 18:12—14
12 Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará ele nos montes as noventa e nove, indo procurar a que se extraviou?
13 E, se porventura a encontra, em verdade vos digo que maior prazer sentirá por causa desta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.
14 Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos.
Lucas 15:4—7
4 Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?
5 Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo.
6 E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
7 Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
I. O Tipo da Parábola
Tanto na versão de Mateus quanto
na de Lucas estamos lidando com o que é chamado de “parábola interrogativa”. Em
Mateus a questão introdutória — “Que vos parece” — é seguida por uma série de
circunstâncias hipotéticas, as quais são seguidas pela questão que envolve a
parábola — “não deixará ele”.
A condição que descreve o ato de
encontrar — verso 18:13 “E, se porventura a encontra” — é seguida pela
afirmação das consequências e uma explicação moral ou uma nimshal.
Já em Lucas temos uma parábola do
tipo “Qual, dentre vós?, o que literalmente significa “qual é o homem dentre
vós?”, seguido pela afirmação das consequências e pela moral da história.
Alguns intérpretes costumam classificar essas narrativas como similitudes[1],
enquanto outros defendem a ideia que se tratava, originalmente, de uma parábola
que fazia referência a algum fato real do conhecimento de todos.
Todavia, como não existe nenhuma
trama central fica difícil definirmos essa história, tecnicamente, como uma
parábola. Na melhor das hipóteses estamos diante de uma similitude implícita. É
como se Jesus estivesse querendo dizer: “minha associação com os pecadores é
semelhante à circunstância de um pastor que perdeu uma ovelha e que se alegra
com seus amigos depois de havê-la encontrado”. Entretanto, diante do interesse
maior da clareza, o melhor é rotular nosso texto com sua forma mais simples,
quer dizer, como uma parábola interrogativa.
As parábolas interrogativas não
estão muito distantes das parábolas judiciais, pois elas estabelecem uma
situação hipotética, forçam o ouvinte ou leitor a responder a uma questão e
obrigam o indivíduo a transferir a resposta dada para outra situação. No caso
das parábolas judiciais as mesmas têm ainda um elemento acusatório adicional.
II. Uma Comparação
Entre As Narrativas de Mateus e Lucas
Mateus e Lucas possuem,
relativamente, pouco em comum na narrativa dessa parábola. Além disso, as duas
narrativas nos mostram um fenômeno surpreendente na relação existente entre os
chamados “Evangelhos Sinóticos”. Como é de se esperar, uma tradição tripla de
qualquer material — Mateus, Marcos e Lucas — mantém uma relação de proximidade
muito grande. Mas numa tradição dupla — Mateus e Marcos, Marcos e Lucas ou
Mateus e Lucas —, essa proximidade é ainda maior.
A. Exemplos do que estamos
dizendo podem ser vistos nas seguintes parábolas —
1. A parábola dos dois construtores — Mateus 7:24 e Lucas 6:47—49.
2. A parábola do Fermento — Mateus 13;33 e Lucas 13:20—21.
3. A parábola do servo fiel e do servo infiel — Mateus 24:45—51 e Lucas 12:41—48.
B. Por outro lado, também em
tradições duplas, as parábolas são tão distintas que devemos perguntar se
existe mesmo alguma relação entre as mesmas. Exemplos do que estamos dizendo
podem ser vistos nas seguintes parábolas —
1. A Parábola das Bodas — Mateus 22:1—15 e Lucas 14:15—24.
2. A parábola dos Talentos — Mateus 25;14—30 e Lucas 19:11—27
As duas narrativas da Ovelha
Perdida se encaixam nessa segunda categoria mencionada. Mateus usa 65 palavras
e Lucas 89 palavras. Dessas palavras todas, apenas 14 são idênticas nas duas
narrativas. Ainda quatro outras palavras são compartilhadas, mas que são
expressadas de forma gramatical diferente. As palavras em comum envolvem os
conceitos básicos como “cem ovelhas”, “uma delas” e “noventa e nove”, mas para
todo o resto, cada evangelista usa sua própria coleção de palavras. Entre as
diferenças mais importantes, nós podemos citar as seguintes:
Mateus
|
Lucas
|
A parábola é contada para os
discípulos de acordo com Mateus 18:1. Ela é parte do discurso eclesiástico de
Mateus e seu objetivo principal são discípulos que se desviam
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A parábola é contada por Jesus
como uma resposta contra a murmuração dos fariseus e dos escribas porque o
Senhor recebia e participava de refeições com pecadores — Lucas 15:1—2
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A ovelha se extravia — πλανηθῇ — planethê.
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A ovelha se perde — ἀπολέσας — apolésas.
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A palavra para deixar é — ἀφήσει — afései.
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A palavra para deixar é — καταλείπει —
kataleípei.
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A palavra para deserto é — τὰ ὄρη — tà ore.
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A palavra para deserto é — ἐν τῇ ἐρήμῳ — én tê erémo.
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E, se porventura a encontra
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até encontrá-la
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A parábola é mais curta
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A parábola é mais extensa. O
homem coloca a ovelha sobre seus ombros e se alegra. Quando chega em sua casa
ele chama os amigos para se alegrarem com ele.
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A conclusão permanece dentro da
própria narrativa da parábola e diz que o homem se alegra mais pela ovelha
perdida que ele voltou a encontrar do que pelas outras 99 ovelhas.
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A conclusão move-se na direção
do plano teológico e explica que haverá um maior regozijo no céu sobre um
pecador arrependido do que sobre noventa e nove justos que não precisam de
arrependimento.
|
O texto então se move em
direção ao plano teológico concluindo que é contrário à vontade de Deus que
até mesmo um desses pequeninos venha a se perder — ἀπόληται— apóletai.
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Lucas não tem nada que possa
ser visto como paralelo a essa conclusão.
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INFORMAÇÕES CULTURAIS PERTINENTES À PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA
Conforme várias passagens do Novo
Testamento registram os fariseus se recusavam a manter qualquer tipo de
associação com o que eles chamavam de pecadores.
Algumas dessas passagens já foram citadas nos estudos anteriores de Lucas 15.
Mais há outras como, por exemplo:
Marcos 2:15—17
15 Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam.
16 Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores?
17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.
Mateus 11:16—19
16 Mas a quem hei de comparar esta geração? É semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos companheiros:
17 Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não pranteastes.
18 Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio!
19 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras.
Quando lemos a literatura
judaica, não é difícil perceber que a recusa dos fariseus em se associar com os
pecadores estava firmemente arraigada em suas próprias tradições. Exemplo disso
podem ser vistos na Melkita Amalek
que diz o seguinte em 3:55—57: “Com
relação a isso os sábios dizem:Que um homem nunca se associe com uma pessoa
perversa, nem mesmo com o propósito de aproximá-lo da Torá”. Em muitas
citações os sentimentos manifestados eram muito intensos, como vemos em:
Eclesiástico 13:17 — O que pode haver de comum entre o lobo e o cordeiro? O mesmo acontece entre o pecador e o piedoso.[2]
Texto rabínico M. Demai 2:3 — Todo aquele que decide tornar-se associado não deve vender para um Am-haaeretz — literalmente, povo da terra, i.e. pessoas comuns — alimentos sejam secos ou molhados, nem comprar os mesmos de tais pessoas; também não deve aceitar o convite para participar numa refeição na casa dum Am-haaeretz, e nem recebê-lo em sua casa com tais propósitos.
Texto rabínico M. Hagigah 2:7 — Para um fariseu, até mesmo as roupas de um Am-Haaeretz são suficientes para contaminá-lo e torná-lo impuro.
Texto rabínico B. Pesahim 49:b, depois de apresentar uma lista das qualidades desejáveis numa esposa, temos essa advertência: Mas que não se case com a filha dum Am-haaretz, porque são detestáveis e suas mulheres não passam de vermes. Também se diz o seguinte de suas filhas: Maldito seja aquele que se deitar com qualquer tipo de besta. E mais: É permitido esfaquear um Am-haaretz até mesmo no dia da expiação, mesmo que esse dia seja um sábado... Ninguém deve se associar com Am-haaretz como companheiro de viagem...Um devoto pode partir um Am-haaretz como faz com um peixe... Qualquer um que dá sua filha em casamento com um Am-haaretz faz o mesmo que amarrá-la e colocá-la diante dum leão; do mesmo modo que um leão não se envergonha de estraçalhar e devorar sua presa, assim também um Am-hararetz que ataca e coabita não tem nenhuma vergonha... Qualquer que estuda a Torá na presença de um Am-haaretz faz o mesmo que manter uma relação sexual com sua noiva na presença dele... Seis coisas são afirmadas acerca dos Am-haaretz: Não damos testemunho a favor deles; não aceitamos o testemunho deles a nosso favor; não revelamos nenhum tipo de segredo para eles; não os designamos com protetores de nossa crianças órfãs; não os indicamos como administradores de fundo de caridade; e não devemos compartilhar da companhia deles andando pelos caminhos.
Diante desse quadro, fica bem mais fácil entender o ódio que os fariseus sentiam pelos publicanos e pelos Am-haaretz e também por Jesus, por se associar com eles e ainda comer com os mesmos.
Nos dias de Jesus as refeições tinham grande importância no desenvolvimento duma amizade e também na identificação daquele que oferecia a refeição com aqueles que participavam da mesma. Isso fica bem evidente no Novo Testamento em passagens, tais como —
Lucas 14:7—14
7 Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola:
8 Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu,
9 vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar.
10 Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas.
11 Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado.
12 Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado.
13 Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos;
14 e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos.
Além disso, o ofício de pastorear
era muito desprezado pelas elites judaicas como podemos perceber, claramente,
no midrash do Salmos 23:2 feito pelo rabino José bar Hanina, que diz: “No mundo inteiro é impossível encontrar uma
profissão mais desprezível do que a do pastor de ovelhas, pelo fato dele
caminhar o dia inteiro com seu bordão e sua algibeira”. Entretanto, tanto
Jacó quanto Davi e Asafe chamam Deus de “pastor”,
conforme podemos ler em —
Gênesis 49:24
O seu arco, porém, permanece firme, e os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo Pastor e pela Pedra de Israel.
Salmos 23:1
O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.
Salmos 80:1
Dá ouvidos, ó pastor de Israel, tu que conduzes a José como um rebanho; tu que estás entronizado acima dos querubins, mostra o teu esplendor.
O escrito rabínico M. Qidusin 4:14 assume que os pastores são todos ladrões, porque conduzem seus rebanhos para pastar nas terras de outras pessoas.
Já o escrito rabínico B. Sanhedrin 25b inclui os pastores de ovelhas na lista de pessoas inelegíveis como testemunhas e associa os mesmos com os cobradores de impostos — publicanos. Além disso, o escrito rabínico B. Baba Qamma 94b afirma que é muito difícil para pastores se arrependerem e fazerem restituição de qualquer coisa que seja. Apesar de existirem várias outras passagens, cremos que essa são suficientes para os nossos propósito. Todavia, gastaríamos de citar apenas mais uma, por causa de sua relevância:
Texto rabínico de M. Qiddusin 4:14 — “Um homem não deve ensinar seu filho a se tornar condutor de jumentos ou de camelos, nem barbeiro ou marinheiro, nem pastor de gado miúdo — ovelhas, cabras e etc. — e nem mesmo proprietário dum comércio, porque esses trabalhos são todos trabalhos executados por ladrões”.
A afirmação de Jesus em Lucas 15:4 — Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas — era suficiente para causar nos escribas e fariseus enormes preocupações quanto a pureza cerimonial quando Jesus pede para que se vejam como pessoas envolvidas num tipo de comércio que consideravam impuro. Tal expressão nos lábios de Jesus era proposital e seria devidamente notada por esses hipócritas, mas fazia parte da estratégia retórica de Jesus[3]. Mas temos que enfatizar que, do ponto de vista bíblico, a figura do pastor é usada para se referir a Deus como aquele que tem profunda compaixão pelo seu povo. E essa mesma figura é usada para descrever a liderança do povo de Israel e do judaísmo no Antigo Testamento, incluindo-se ai a figura do grande libertador escatológico. Pessoas sem líderes ou submetidos a uma liderança ruim são caracterizados como ovelhas que não têm pastor. Para tudo isso basta ver as seguintes referências:
Salmos 28:9
Salva o teu povo e abençoa a tua herança; apascenta-o e exalta-o para sempre.
Jeremias 31:30
Ouvi a palavra do SENHOR, ó nações, e anunciai nas terras longínquas do mar, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor, ao seu rebanho.
Ezequiel 34:15, 31
15 Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o SENHOR Deus.
31 Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois, mas eu sou o vosso Deus, diz o SENHOR Deus.
Miqueias 7:14
Apascenta o teu povo com o teu bordão, o rebanho da tua herança, que mora a sós no bosque, no meio da terra fértil; apascentem-se em Basã e Gileade, como nos dias de outrora.
Marcos 6:34
Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas.
Mateus 26:31
Então, Jesus lhes disse: Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas.
Retornando à parábola da ovelha perdida nós temos a impressão que o pastor citado é, também, o proprietário do rebanho mencionado. O tamanho do rebanho também indica que ele era um homem de posses consideráveis. Ele não era um homem rico, mas um rebanho composto de 100 ovelhas era dum tamanho digno de nota.
De acordo com o conhecimento que temos da vida das ovelhas, uma ovelha perdida, quando exausta, abre mão de continuar procurando o caminho de volta e se deita no chão com o abdômen tocando o solo e as quatro patas abertas, também sobre o chão. Ali ela fica esperando por socorro, ou até mesmo por algo pior[4]. Esse talvez seja o motivo porque o pastor se vê obrigado a deixar as outras 99 ovelhas em lugar seguro e partir em busca da ovelha perdida.[5]
O arrependimento mencionado por Jesus em Lucas 15:7 era o pilar central de todo o pensamento judaico dos seus dias. De acordo com o estudioso George Foot Moore “o arrependimento é a única, porém inexorável condição, para se obter o perdão de Deus e a restauração de seu favor e o perdão e favor divinos nunca são recusados para qualquer pecador genuinamente arrependido”.[6]
A parábola da ovelha perdida é bastante realista com exceção do convite feito aos vizinhos para virem e celebrarem junto com o pastor, que pare certa liberdade poética adicionada à narrativa pelo próprio Jesus. Isso é ainda mais verdadeiro no caso da parábola da moeda perdida, porque tal ajuntamento implicaria num gasto adicional para bancar a celebração que poderia ir muito além do valor do bem encontrado. Por outro lado, as palavras de Jesus servem para enfatizar a realidade do fato de que Jesus estava, de fato, tendo refeições com pecadores, algo que serve para dar um destaque cada vez maior ao tema da verdadeira alegria ou júbilo, inclusive no céu.
A EXPLICAÇÃO DA PARÁBOLA
A. Opções de Interpretação
A Igreja Primitiva, em sua maior
parte, sempre interpretou essa parábola como fazendo referência à encarnação de
Jesus Cristo para salvar a humanidade perdida. Nesse contexto as outras noventa
e nove ovelhas representam os anjos que foram deixados no céu. A maioria dos
intérpretes modernos prefere entender a parábola como sendo a obra salvadora de
Deus ou de Cristo. Eles enfatizam tanto a busca como o regozijo provocado pelo
fato do pastor ter encontrado a ovelha. Alguns poucos intérpretes, todavia,
colocam essa parábola na mesma categoria de outras que nos falam de pessoas que
estão procurando pelo reino de Deus, como a parábola do tesouro escondido e a
pérola de grande valor.
1. Decidindo por uma Interpretação
A relação entre Lucas 15:1—3 com
Lucas 5:29—32 pode ser reconhecida com facilidade —
Lucas 5:29—32
29 Então, lhe ofereceu Levi um grande banquete em sua casa; e numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa.
30 Os fariseus e seus escribas murmuravam contra os discípulos de Jesus, perguntando: Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?
31 Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes.
32 Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.
Lucas 15:1—3
1 Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
2 E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.
3 Então, lhes propôs Jesus esta parábola.
Como as narrativas de Mateus e
Lucas são bastante diferentes os estudiosos entendem que, como acontece com
vários outros ensinamentos de Jesus, trata-se dum mesmo motivo utilizado em
contextos diferentes conforme defende I. Howard Marshall em seu comentário
exegético no texto grego de Lucas.[7]
As duas narrativas — de Mateus e de Lucas — nos falam do esforço de Deus e de
Sua atitude para salvar os perdidos. Muitos autores concluem o seguinte: Mateus
se relaciona com a primeira parte da parábola — a busca — enquanto Lucas com a
última — a alegria.
Da mesma forma como um pastor não
descansa tranquilo ao perder uma ovelha, assim também acontece com Deus que não
deseja que ninguém se perca —
1 Timóteo 2:3—4
3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso
Salvador,
4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.
Concluindo podemos dizer que
temos duas formas distintas da mesma parábola, com a de Lucas sendo mais
precisa quanto às circunstâncias e as pessoas envolvidas. Desse modo não
precisamos e nem devemos priorizar uma apresentação contra a outra.
2. Um pastor abandonaria as
outras noventa e nove ovelhas? Qual a relevância desse fato para a compreensão
da parábola?
Chega a ser quase inacreditável
que muitos comentaristas acreditam que o ato do pastor abandonar as outras
noventa e nove ovelhas é uma prova que a parábola é: 1) Absurda; 2) Que a
misericórdia de Deus é um mistério; 3) Que o pastor é um irresponsável; 4) Que
o pastor é o exemplo típico de alguém que assume riscos. Todavia, devemos
deixar bem claro que tais interpretações violam os contextos culturais e
literários envolvidos na parábola. O cuidado por uma ovelha não representa o
descaso ou descuido pelas outras. Apesar do texto não fazer referência a isso,
não temos como não imaginar que o pastor tenha deixado as noventa e nove dentro
de algum cercado ou sob os cuidados de algum outro pastor[8].
De qualquer maneira um rebanho desse tamanho teria, certamente, mais do que um
pastor apenas. Se o pastor tivesse abandonado
as outras noventa e nove no deserto, então a narrativa de Lucas não faria
sentido, pois depois de encontrar a ovelha perdida o pastor não retorna para as
outras noventa e nove e sim para sua casa. Não teria o pastor retornado para o
rebanho depois de ter encontrado a extraviada? O que o pastor fez com a ovelha
perdida quando convidou seus vizinhos para se alegrarem com ele? Perguntas,
perguntas. Mas o fato é que uma das muitas características da parábola é que as
mesmas são marcadas por foco e brevidade e não se preocupam com detalhes desnecessários.
Quem se preocupa com esses detalhes somos nós. A parábola da Ovelha Perdida não se ocupa com nenhum
detalhe representado pelas perguntas acima. O foco da parábola está na busca e
na resultante alegria após ter encontrado a perdida. Nada mais é importante.
Tornar as questões secundárias em questões relevantes, geralmente, produz
resultados desastrosos para a interpretação. Toda tentativa de se produzir
qualquer interpretação que tenha como base elementos que não estejam no texto,
na maioria das vezes, se mostrará errada. Com isso em mente, podemos afirmar
que qualquer foco centrado nas
noventa e nove está fora do propósito original da parábola. Dizemos isso por
dois motivos: 1) É apenas natural que os ouvintes/leitores da parábola tivessem
a expectativa que o pastor devia deixar as noventa e nove e buscar a perdida;
2) A ideia que o pastor, simplesmente, abandonou as outras noventa e nove no
deserto não encontra analogia semelhante nas duas próximas parábolas que seguem
na narrativa de Lucas — a parábola da dracma perdida e a parábola dos dois
filhos perdidos. Qualquer interpretação baseada nas noventa e nove, não deve
ser levada a sério.
3. A Parábola da Ovelha Perdida
foi Moldada com Base em Textos do Antigo Testamento?
Já tivemos a oportunidade de
mencionar em outra parte dessa mesma parábola que imagens dum pastor conduzindo
seu rebanho no Antigo Testamento fazem referência a Deus e aos líderes do povo
de Israel. Ezequiel 34 é uma dessas passagens, porque ali encontramos um
vocabulário muito parecido com o que temos na parábola que estamos estudando.
Ezequiel 34 se refere a uma ovelha que se perdeu ou que se extraviou que são as
duas expressões utilizadas por Mateus e Lucas na narrativa da Ovelha Perdida —
ver Ezequiel 34:4 e 16 e comparar com Mateus 18:2 e Lucas 15:4.
O texto de Ezequiel 34 diz mais
ainda. Nele temos afirmado o seguinte:
a. Ovelhas desgarradas por todos os montes — Ezequiel 34:6.
b. O próprio Deus irá procurar e buscar suas ovelhas — Ezequiel 34:11.
c. O próprio Deus irá cuidar de suas ovelhas — Ezequiel 34:16.
d. Deus irá julgar os que oprimem suas ovelhas — Ezequiel 34:17, 20—22.
e. O texto afirma que Deus levantará a Davi para cuidar de suas ovelhas — Ezequiel 34:23—24.
Outros textos também têm essas mesmas ênfases: Que Deus irá cuidar de seu povo e que levantará a Davi como pastor sobre elas. Algumas das outras passagens são:
Jeremias 23:1—6
1 Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! —diz o SENHOR.
2 Portanto, assim diz o SENHOR, o Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas ações, diz o SENHOR.
3 Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; serão fecundas e se multiplicarão.
4 Levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e elas jamais temerão, nem se espantarão; nem uma delas faltará, diz o SENHOR.
5 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.
6 Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.
Zacarias 11:3—17
3 Eis o uivo dos pastores, porque a sua glória é destruída! Eis o bramido dos filhos de leões, porque foi destruída a soberba do Jordão!
4 Assim diz o SENHOR, meu Deus: Apascenta as ovelhas destinadas para a matança.
5 Aqueles que as compram matam-nas e não são punidos; os que as vendem dizem: Louvado seja o SENHOR, porque me tornei rico; e os seus pastores não se compadecem delas.
6 Certamente, já não terei piedade dos moradores desta terra, diz o SENHOR; eis, porém, que entregarei os homens, cada um nas mãos do seu próximo e nas mãos do seu rei; eles ferirão a terra, e eu não os livrarei das mãos deles.
7 Apascentai, pois, as ovelhas destinadas para a matança, as pobres ovelhas do rebanho. Tomei para mim duas varas: a uma chamei Graça, e à outra, União; e apascentei as ovelhas.
8 Dei cabo dos três pastores num mês. Então, perdi a paciência com as ovelhas, e também elas estavam cansadas de mim.
9 Então, disse eu: não vos apascentarei; o que quer morrer, morra, o que quer ser destruído, seja, e os que restarem, coma cada um a carne do seu próximo.
10 Tomei a vara chamada Graça e a quebrei, para anular a minha aliança, que eu fizera com todos os povos.
11 Foi, pois, anulada naquele dia; e as pobres do rebanho, que fizeram caso de mim, reconheceram que isto era palavra do SENHOR.
12 Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de prata.
13 Então, o SENHOR me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do SENHOR.
14 Então, quebrei a segunda vara, chamada União, para romper a irmandade entre Judá e Israel.
15 O SENHOR me disse: Toma ainda os petrechos de um pastor insensato,
16 porque eis que suscitarei um pastor na terra, o qual não cuidará das que estão perecendo, não buscará a desgarrada, não curará a que foi ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas e lhes arrancará até as unhas.
17 Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o braço, completamente, se lhe secará, e o olho direito, de todo, se escurecerá.
Diante dessas passagens não temos como contra-argumentar acerca da influência de passagens do Antigo Testamento na criação da parábola da Ovelha Perdida.
Tudo isso nos leva outros dois
aspectos muito importantes na narrativa da parábola da Ovelha Perdida:
a. A parábola é uma severa
crítica contra as lideranças daqueles dias por falharem em cuidar das ovelhas
representadas pelo povo de Israel. Eles não estavam fazendo nada no sentido de
buscar e salvar as ovelhas perdidas.
b. Jesus, por sua vez, assume o
papel de pastor do povo e se declara como aquele que faz a vontade de Deus
colocando-se a serviços das ovelhas.
Outras implicações de textos do
Antigo Testamento poderá ser vista na longa defesa que Kenneth Bailey faz
acerca do uso de imagens do Salmo 23 no contexto da Parábola da Ovelha Perdida[9].
A contribuição singular de Bailey
na discussão da parábola da Ovelha Perdida e seu relacionamento com o Salmo 23
está em seu argumento que a afirmação “refrigera-me a alma” em Salmos 23:3 pode
ser traduzida pela expressão “resgata minha alma”. Nesse sentido a mesma teria
então os seguintes sentidos: a) Ele me faz voltar; b) Ele me faz com que me
arrependa. Para Bailey o arrependimento representa a “aceitação de ter sido encontrado”.
Concluindo essa parte, podemos
afirmar o seguinte: O uso de figuras retiradas do Antigo Testamento suprem as
palavras do Senhor Jesus com imagens poderosas e facilmente compreendidas pelos
ouvintes que apontam para: a) uma acusação direta de Jesus contra os líderes
judeus de sua época no que diz respeito ao cuidado que deveriam ter com as
ovelhas; b) o caráter amoroso de Deus e seu próprio ministério caracterizado
pelas palavras buscar e salvar:
Lucas 19:10
Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.
4. As características da parábola
representam realidades teológicas? O pastor deve ser identificado com Deus, com
Jesus, com os discípulos ou com qualquer pessoa que esteja buscando o reino de
Deus? E, acima de tudo, existem implicações cristológicas nessa parábola?
Na parte anterior nós tivemos a
oportunidade de destacar que os Pais da Igreja enxergavam a encarnação do Filho
de Deus na narrativa dessa parábola. Além disso, vimos que o professor K.
Bailey, em seu comentário nas Parábolas de Jesus em Lucas, visualizou a
expiação no empenho demonstrado pelo pastor[10].
Outros autores, como J. Bengel chegaram à conclusão que o retorno do pastor
para sua casa, na narrativa, corresponde ao retorno de Jesus para o lar
celestial[11].
Para nós esse tipo de interpretação alegórica está fora dos limites que nos
impomos, mas entendemos que, quando estamos lidando com parábolas,
especialmente com essa parábola, as mesmas ensinam teologia sim. Se não for
assim, elas seriam inúteis para qualquer propósito, salvo o mero entretenimento
dos ouvintes.
Isso nos leva para a pergunta
número um quando abordamos uma parábola, qualquer parábola: quanto da parábola
possui importância teológica? A chave para isso é determinar de que maneira a
analogia funciona dentro da parábola. Precisamos também tomar muito cuidado com
a linguagem utilizada pelo autor: primeiro Jesus, depois Lucas. A parábola da
ovelha perdida não afirma que Deus é um pastor, do mesmo modo que as duas
parábolas seguintes não afirmam que Deus é uma mulher ou um pai. Essas três
parábolas são analogias implícitas. As ações e as atitudes descritas — e não as
pessoas envolvidas — refletem as ações e as atitudes do próprio Deus e do
Senhor Jesus. A parábola da ovelha perdida é uma analogia que leva em conta o
argumento que diz: se as coisas são
assim, então quanto mais elas serão se... O pastor não é Deus, nem Jesus
nem qualquer outra pessoa. E a ovelha não é representativa duma pessoa ou de um
grupo de pessoas. Todas essas figuras encontram-se na história e devem
permanecer, estritamente, dentro da história. Por outro lado, é mais certo
ainda que as montanhas, o deserto e os vizinhos não representam nada mesmo. Mas
ao mesmo tempo, as imagens selecionadas para compor as narrativas não são
escolhidas ao acaso. Elas são escolhidas para provocarem certas reações, pois
ao mencionarem o pastor e as ovelhas auxiliam as pessoas com imagens do Deus do
Antigo Testamento, da liderança do Povo de Israel no passado e da esperança
prometida ao povo de Deus — ver parte anterior.
Não existe absolutamente nada na
parábola que nos possa fazer acreditar que a mesma descreve uma pessoa que está
buscando o reino de Deus, conforme alega o pessoal do chamado Seminário de
Jesus, na pessoa de seu mentor John Dominic Crossan. A opinião de Crossan é a
grande responsável pelo surgimento da grande onda de pessoas correndo atrás da salvação — chamados de seeker ou buscadores — como defendida
pelos papas do evangelismo de passado recente, como Rick Warren e Carlos
Castellanos. Como acontece com todos os que não sabem nadar, eles acabaram se
afogando na própria onda que tentaram surfar. Mas ganharam muito dinheiro com
isso.
Dessa forma podemos afirmar que a
lógica da parábola, mais coerente com a narrativa é: Como deve ser do
entendimento geral, em condições normais, um pastor sempre irá em busca duma
ovelha perdida, e irá se alegrar muito quando conseguir encontrá-la. Se isso é
assim entre os homens, então quanto mais tais condições serão verdadeiras a
respeito de Deus, que veio buscar e salvar o perdido? Tanto Mateus quanto Lucas
procuram nos mostrar a pessoa de Deus como sendo análoga à pessoa do pastor na
forma como estruturam suas narrativas. Com isso, se aproveitam das imagens já
conhecidas pelas pessoas acerca do que afirmam as Escrituras do Antigo
Testamento com respeito a esses fatos.
E a parábola é sim importante do
ponto de vista cristológico. As associações com as narrativas do Antigo
Testamento estabelecem, fortemente, a esperança que Deus irá estabelecer um
descendente de Davi como pastor sobre seu povo.
Jeremias 23:4—5
4 Levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e elas jamais temerão, nem se espantarão; nem uma delas faltará, diz o SENHOR.
5 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.
Ezequiel 34:23—24
23 Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor.
24 Eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o SENHOR, o disse.
Ezequiel 37:24
O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão.
Miquéias 5:2—4
2 E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
3 Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel.
4 Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra.
Se Jesus defende seu ato de se
alimentar junto com pecadores apontando para o caráter de Deus e afirmando que
Deus é como um pastor em busca dos perdidos, então o Senhor Jesus está, de modo
implícito, afirmando que ele está fazendo a vontade de Deus. Pelo menos na
parábola narrada em Lucas, nós temos plena certeza que a menção do pastor
aponta tanto para o caráter de deus, como para as atividades de Jesus. Sem o
entendimento ou a aceitação desses aspectos cristológicos, qualquer explicação
da parábola torna-se superficial.
5. O que a parábola nos ensina acerca do arrependimento? Algumas
pessoas não precisam de arrependimento?
A primeira coisa que devemos
registrar quando tentamos responder as perguntas acima é que a posição de Jesus
no que diz respeito ao arrependimento é frontalmente contrária à posição
sustentada pelo judaísmo e pelo nacionalismo judaico da época, que viam o
arrependimento como mérito da parte dos judeus[12].
Mas a parábola trata do tema do
arrependimento? Temos que admitir que, a parábola em si mesma, não trata da
questão do arrependimento. A parábola não nos apresenta uma definição de
arrependimento e nem culpa a ovelha por ter se extraviado. O que a parábola faz
é nos apresentar uma analogia do modo como Deus age, ou reage, com respeito às
atitudes dos que estão perdidos. A ideia do arrependimento é mencionada apenas
no texto de Lucas e a mesma está ausente do texto de Mateus. Nesse último a
ênfase está colocada na alegria experimentada no céu pela restauração dos
perdidos. Já para Lucas, a restauração do perdido está relacionada ao
arrependimento. De qualquer forma que seja, a ideia do arrependimento não pode
ser minimizada, independentemente do que falamos na abertura desse parágrafo.
Ainda nessa questão envolvendo o arrependimento, a pergunta mais intrigante diz respeito aos noventa e nove justos que não necessitam do mesmo, conforme Lucas 15:7. Uma vez que, da perspectiva teológica, assume-se que tais pessoas justas não existem e que os evangelhos entendem que os próprios fariseus precisavam de arrependimento, então a afirmação de Jesus é vista como sendo: irônica, exagerada ou, até mesmo, sarcástica. Mas analisando bem o texto não creio que essa seja a solução mais viável para a dificuldade apresentada pelo mesmo. É fato que o judaísmo atribuía uma ausência absoluta de pecado a certos personagens. Por outro lado, a expressão justo não indicava a ausência absoluta de pecado na vida duma pessoa descrita dessa maneira. Ela se refere a todas as pessoas que, de alguma maneira, acertaram sua condição diante de Deus. O arrependimento era algo tão central no pensamento judaico que é difícil de imaginar que os judeus pensassem que eles ou até mesmo a maioria das pessoas não necessitavam de arrependimento. A ideia que poderiam existir, entre eles, 99 pessoas que não necessitavam de arrependimento era incabível no pensamento judaico. Todavia, uma ideia semelhante é apresentada em —
Lucas 5:31—31
31 Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes.
32 Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.
E em Lucas 15, na parábola dos
dois filhos perdidos, o mais velho alega nunca ter transgredido nem mesmo um
mínimo mandamento de seu pai. Era, portanto, junto nesse sentido — Lucas 15:29.
Por outro lado, temos as palavras
de Jesus que ensinam, com clareza, que todos precisam se arrepender ou
perecerão.
Lucas 13:3
Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.
Os pais da Igreja procuraram
evitar a dificuldade alegando que o número noventa e nove fazia referência aos
anjos.
Já o renomado autor I. Howard
Marshall[13]
sugere que falta no texto uma palavra que precisa ser suprida. Para ele, então,
a leitura em vez de ser:
“do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”
Deveria ser:
“Mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”
Com isso, os noventa e nove justos são relativizados e é como se os mesmos fossem citados apenas como uma ilustração e não algo real. Todavia, nesse caso devemos ponderar dois importantes aspectos:
1. Modificações no texto original não devem ser bem-vindas, independentemente de onde tenham se originado.
2. Nossa necessidade é centrarmos o foco na função exercida pelas palavras utilizadas pelo Senhor Jesus. A intenção primordial de Jesus é valorizar os perdidos e os desprezados pela sociedade daqueles dias, especialmente pelos fariseus, e não devemos centrar nosso foco nos noventa e nove chamados justos. A importância de entendermos as palavras de Jesus de modo adequado em Lucas 15:7 é perceptível pelo fato das últimas palavras serem a consequência natural duma escalada que se inicia com a expressão digo-vos utilizada por Jesus, para enfatizar a verdade de sua afirmação.
Lucas 15:7
Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
Leituras parafraseadas do verso acima, tentando entender a intenção de Jesus — algo muito subjetivo — apresentam as seguintes possibilidades:
1. Um pecador arrependido traz mais alegria para Deus, que noventa e nove pessoas que já estão reconciliadas com Deus.
Ou,
2. Um pecador arrependido traz mais alegria para Deus do que noventa e nove pessoas que estão reconciliadas com Deus.
Que a ênfase de Jesus está no
valor colocado sobre os perdidos fica mais evidente na passagem paralela de
Mateus onde lemos o seguinte, já no início da passagem:
Mateus 18:10
Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste.
As palavras de Jesus acima são uma forma metafórica de indicar a grande importância dos chamados pequeninos. Desse modo, a ênfase de Jesus está na importância dos perdidos que precisam de salvação e não tanto na ideia de arrependimento. Esse último é crucial para a salvação, mas não é o elemento principal da parábola da ovelha perdida.
6. O Que Essa Parábola nos Ensina?
O propósito principal porque
Jesus proferiu essa parábola era defender sua escolha deliberada em se associar
com pessoas que eram notoriamente caracterizadas como sendo pecadoras. Ao se unir e realizar
refeições na companhia de tais pessoas, Jesus demonstrava, de modo inequívoco,
a presença do reino de Deus e o consequente perdão dos pecados. Por outro lado,
a parábola também pode ser considerada como sendo ainda mais uma acerca do
reino de Deus, pois com ela Jesus afirma que a promessa feita por Deus no
passado, de cuidar como pastor do Seu próprio povo, estava, de fato, se
cumprindo. Por fim, Jesus desejava mostrar por meio dessa parábola, a todos que
estavam reclamando de Suas atitudes, que tal reclamação era incompatível tanto
com o caráter, como com os desejos manifestos de Deus. Jesus convida a todos
para participarem da alegria produzida pelo perdão gratuito oferecido a todos
por meio da manifestação do reino de Deus.
O desejo de Lucas é que seus
leitores entendessem o evangelho de Jesus e adotassem a mesma atitude
demonstrada pelo Senhor. Uma implicação adicional no texto de Lucas é que nele
encontramos uma acusação de que os líderes religiosos de Israel não estavam
cumprindo com suas verdadeiras responsabilidades. Mateus, por sua vez, deseja
que seus leitores se apropriem das características de caráter do próprio Deus e
de Sua vontade revelada e apliquem as mesmas a todos os seus relacionamentos na
comunidade, especialmente com relação àqueles que se encontram marginalizados.
O elemento que deve controlar a vida do povo de Deus é o conhecimento do
caráter do próprio Deus. E aqui, não estamos falando de uma abstração qualquer,
porque o caráter de Deus é manifestado e revelado nas ações e no ministério do
próprio Senhor Jesus.
O que essa parábola nos revela
acerca do caráter de Deus é o valor que o Senhor atribui a todas as pessoas,
especialmente às menos favorecidas, e o cuidado que Ele dedica a todos, sem
exceção. Deus não está distante, como que aguardando que nos aproximemos dEle.
Pelo contrário, Ele é o Deus que toma a iniciativa e vai à busca do perdido com
o objetivo de encontrá-los e trazê-los de volta para a plena comunhão consigo.
Isso é realizado por Deus, independentemente, de quão perdido o pecador esteja.
Ninguém, absolutamente, ninguém, está fora do alcance da mão misericordiosa de
Deus. Esse ensinamento de Jesus — de que o próprio Deus vai à busca dos
pecadores — é, de acordo com o estudioso judeu Claude Montefiore, parte do novo
material que o próprio Jesus trouxe e que ainda não tinha sido revelado no
Antigo Testamento e também não fazia parte dos ensinamentos rabínico daquela
época.[14]
Todavia, devemos contra-argumentar que tal afirmação é bastante exagerada.
Dizemos isso pela longa lista de versos do Antigo Testamento que já foram
apresentados e que nos falam do interesse de Deus pelas pessoas e de como o
próprio Deus é quem inicia todos os processos salvíficos e de oferecimento de
perdão. Assim, o Deus revelado por Jesus é um Deus interessado e cuidadoso que
valoriza até mesmo os que não têm valor algum, e se empenha em procurá-los até
encontrá-los. Isso está bem claro nas seguintes afirmações:
Romanos 5:6—8
6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer.
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
Romanos 8:31–38
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Se o reino de Deus se manifesta com graça sem limites, mas também com exigências sem limites então, essa parábola enfatiza a graça ilimitada. Não temos dúvidas que Deus irá buscar e restaurar o perdido. A busca e a alegria resultante de encontrar o que estava sendo buscado, são os dois pilares que sustentam essa parábola. Todavia, devemos deixar claro que a busca de Deus é graciosa e não interesseira. Autores como J. Jeremias e J. Fitzmyer defendem a ideia que Lucas 15:7 introduz a ideia do juízo por meio do uso da expressão haverá.[15], [16] Mas isso está aberto a muita discussão. A alegria mencionada por Jesus reflete tanto a atitude de Deus em conseguir resgatar o perdido, quanto a celebração pelo fato de que as boas novas de salvação trazidas pelo reino de Deus já começaram a se manifestar. Tal manifestação de alegria é comunitária e todos os ouvintes de Jesus, inclusive eu e você, devem se unir nessa celebração.
7. Adaptando a Parábola aos Nossos Dias.
A parábola da ovelha perdida é
tanto teológica quanto cristológica, e o fator mais importante na adaptação da
mesma para os nossos dias é entendermos como Deus é e qual era a natureza do
ministério de Jesus. Poucas coisas são mais importantes do que nossa percepção
acerca de Deus, uma vez que é da mesma que nós temos a possibilidade de
perceber nossa própria identidade, como devemos pensar e agir, e como o mundo
deve ser.
Se Deus é um Deus que busca o
perdido e cuida do mesmo, então sua graça assim demonstrada, deve caracterizar
a forma como nós percebemos e tratamos outros seres humanos. A percepção que
Deus cuida e tem interesse em nossas vidas produz confiança e liberdade de
viver. Com a graça de Deus para conosco como fator determinante em nossas
vidas, nós devemos tratar outros seres humanos com respeito e sensibilidade.
Nossa tendência é reconhecer essas verdades apenas da perspectiva abstrata. Mas
é da maior importância que as mesmas sejam transformadas em coisas práticas no
que dizem respeito:
a. À forma com enxergamos a nós
mesmos.
b. No modo com tratamos outros
seres humanos.
c. Como organizamos a vida de
nossas igrejas locais.
Nós temos a tendência de sempre
pensar que Deus é mais duro do que ele realmente é e, por isso, nos preocupamos
mais com as noventa e nove ovelhas que estão seguras do que com a ovelha que
está perdida. Será que as pessoas perdidas, desobedientes a Deus e que
consideramos insignificantes,
conseguem ver em nós que o Deus Verdadeiro tem amor por elas e está empenhado
em procurá-las e salvá-las?
O texto de Mateus nos mostra que
Deus está interessado não apenas nas ovelhas que estão perdidas, mas também
naquelas que estão marginalizadas dentro do próprio rebanho. Muitas vezes nós
estamos mais interessados em arrebanhar novas pessoas do que em trabalhar com
aqueles que já se encontram entre nós. A graça de Deus manifestada em sua busca
e cuidado se revela a favor de todos os seres humanos e nós devemos tomar Deus
como nosso exemplo e nos envolver com todas as pessoas, tanto os perdidos como
os marginalizados dentro de nossas próprias comunidades.
O texto da parábola que
encontramos em Lucas enfatiza o arrependimento, um passo que se exige de cada
um de nós. Não precisamos temer que o arrependimento nos exponha como se
estivéssemos tentando alcançar nossa salvação por méritos próprios. Quando o
assunto é salvação, as Escrituras são claras: a iniciativa é sempre de Deus:
Jonas 2:9
Mas, com a voz do
agradecimento, eu te oferecerei sacrifício; o que votei pagarei. Ao SENHOR
pertence a salvação!
Para que não tenhamos nenhuma
dúvida acerca de como dependemos completamente do Senhor para nossa salvação,
basta nos lembrar que, quando Jonas falou as palavras acima ele estava no
ventre do grande peixe e nas profundezas do mar. Não havia nada que ele pudesse
fazer para se salvar.
Além disso, as Escrituras também
nos ensinam que toda reação humana é sempre motivada pela graça do próprio
Deus. A Salvação pertence a Deus, mas nós estamos completamente envolvidos
nesse processo.
Outro aspecto da parábola que
merece nossa atenção nessa conclusão tem a ver com a alegria. A adoração cristã
dos nossos dias está tão submetida a certos padrões fixos que, na maioria das
vezes, não percebemos nenhum sinal de verdadeira alegria. Nossa adoração é
profissional, músicos competentes, cantores afinados, pastores sempre dispostos
a falar o que a audiência deseja ouvir. Mas alegria verdadeira mesmo que é bom
é difícil de ser encontrada. A alegria que reina no céu deve ser uma das marcas
mais evidentes na vida daqueles que estão sendo preparados para habitar no céu
por toda a eternidade. Os céus vibram de alegria com cada pecador que se
arrepende. O próprio Deus que se alegra em buscar e salvar o que está perdido
deve ser maior motivo para adotarmos uma vida onde a alegria seja mais visível.
Como Deus nós também devemos celebrar toda e qualquer recuperação, seja de
pessoas perdidas ou pela integração daqueles que estão marginalizados dentro
das nossas comunidades.
Outras
Parábolas de Jesus Podem ser encontradas nos Links abaixo:
001 – O Sal
002 – Os Dois Fundamentos
003 – O Semeador
004 – O Joio e o Trigo =
005 – O Credor Incompassivo
006 — O Grão de Mostarda e
o Fermento
007 — Os Meninos Brincando
na Praça
008 — A Semente Germinando
Secretamente
009
e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor
011
— A Eterna Fornalha de Fogo
012
— A Parábola dos Trabalhadores na Vinha
013
— A Parábola dos Dois Irmãos
014 — A Parábola dos
Lavradores Maus — Parte 1
014A — A Parábola dos
Lavradores Maus — Parte 2
015
— A Parábola das Bodas —
016
— A Parábola da Figueira
017
— A Parábola do Servo Vigilante
018
— A Parábola do Ladrão
019
— A Parábola do Servo Fiel e Prudente
020 — A Parábola das Dez
Virgens
021
— A Parábola dos Talentos
022
— A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos
023
— A Parábola dos Dois Devedores
024
— A Parábola dos Pássaros e da Raposa
025 — A Parábola do
Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai
026 — A Parábola da Mão no
Arado
027 — A Parábola do Bom
Samaritano — Completo
027A — A Parábola do Bom
Samaritano — Parte 1
027B — A Parábola do Bom
Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote
027C — A Parábola do Bom
Samaritano — Parte 3 — O Levita
027D
— A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano
027E
— A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro
027F
— A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria
027G
— A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final
027H
— A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o
doutor da Lei
028
— A Parábola do Rico Tolo —
029
— A Parábola do Amigo Importuno —
030
— A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé
031
— A Parábola da Figueira Estéril
032
— A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares
033
— A Parábola do Grande Banquete
034
— A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro
035
— Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana —
Parte 001
036 — Introdução a Lucas 15
— Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002
037 — Parábolas de Jesus — Mateus
18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Completa
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/06/parabolas-de-jesus-sermao-037-parabola.html
037A — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001
037B — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002
037C — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003
037D — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A
Influência do Antigo Testamento
037E — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 —
Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida
037F — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A
importância das pessoas perdidas.
037G — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 007 — O
que essa parábola nos ensina.
037H — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 008 —
Conclusão.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/05/parabolas-de-jesus-sermao-037h-parabola.html
037 — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Completa
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/06/parabolas-de-jesus-sermao-037-parabola.html
038A — PARÁBOLAS DE JESUS — A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA — LUCAS 15:8—10 —— PARTE 001
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
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Desde já agradecemos a todos.
NOTAS
NOTAS
[1] Similitude — s.f. Característica ou estado do
que é similar; semelhança.
[2]
A Bíblia de Jerusalém, Eclesiástico 13:17. Edições Paulinas, São Paulo, 1980.
[3] Bailey, Kenneth E. Poet and Peasant: A Literary Cultural
Approach to the Parables in Luke. William B. Eerdmans Publishing Company,
Grand Rapids, 1983.
[4] Fitzmyer, A. Joseph. The Gospel According to Luke in Two Volumes
— The Anchor Bible Series volumes 28 e 28A. Double day and Company,
Garden City, 1981.
[5]
Jeremias, Joachim. As Parábolas de Jesus
na Nova Coleção Bíblica. Paulus, São Paulo, 1997.
[6] Moore, Foot George. Judaism in the First Centuries of The Chistian
Era: The Age of the Tanaim. Harvard University Press, Cambridge, 1950.
[7] Marshall, I. Howard. The Gospel of Luke em The New
International Greek Testament Commentary. Eerdmans Publishing House
[8]
Jeremias, J. As Parábolas de Jesus na
Nova Coleção Bíblica. Editora Paulus, São Paulo, 2004
[9]
Bailey, Kenneth E. As Parábolas de Lucas.
Edições Vida Nova, São Paulo, 1995
[10]
Bailey, Kenneth E. As Parábolas de Lucas.
Edições Vida Nova, São Paulo, 1995.
[11] Bengel, Jonh Albert. Gnomon of the New Testament — 3 Volumes. T. & T. Clark, Edimburgh,
1873.
[12]
Para maiores detalhes a esse respeito ver as seguintes obras de Kenneth Bailey:
Finding the Lost: Cultural Keys to Luke
15. Concordia Publishing,
St. Loius, 1992; Jacob & the
Prodigal: How Jesus Retold Israel´s Story. IVP Academics, Downers Grove,
2003.
[13] Marshall, I. Howard. The Gospel of Luke: A Commentary on the
Greek Text. William B. Eerdmans, Grand Rapids, 1978.
[14] Montefiore, C. G. The Synoptic Gospels — 2 Volumes. Macmillan,
Londres, 1927.
[15]
Jeremias, J. As Parábolas de Jesus. Paulus, São Paulo, 1976.
[16] Fitzmyer, Joseph A. The Gospel According to Luke X—XXIV.
Doubleday & Company, INC, Garden City, 1983.
Os comentários não representam a opinião do Blog O Grande Diálogo; a responsabilidade é do autor da mensagem, sujeito à legislação brasileira.
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