SERMÃO 018 – AMAI-VOS UNS AOS OUTROS – Parte 12A
Texto: Romanos 14:13.
• Estamos falando acerca do dever comum que temos de amar uns aos outros do mesmo modo como Jesus nos amou.
• O amor assume variadas formas porque o mesmo é manifestado em diversas ações. Desta forma, o amor não é um sentimento.
• No Novo Testamento encontramos muitos mandamentos baseados no amor que deve existir entre nós. Estes mandamentos são chamados de mandamentos de reciprocidade.
• Eles são assim chamados porque valem para todos os crentes, de forma indiscriminada, e são apresentados acompanhados de expressões, tais como: “uns aos outros”, “de uns para com os outros”, “mutuamente” etc.
• O primeiro grupo destes mandamentos que examinamos foi aquele que nos fala acerca das obrigações que temos, por amor, nos relacionamentos interpessoais. Eles são:
Acolhei-vos ou aceitai uns aos outros.
Saudai uns aos outros.
Tende o mesmo cuidado de uns para com os outros.
Sujeitai-vos uns aos outros.
Suportai uns aos outros.
Confessai vossos pecados uns aos outros.
Perdoai-vos uns aos outros.
• Hoje queremos iniciar a abordagem de uma nova série de mandamentos de reciprocidade que nos ensinam acerca das coisas que NÃO devemos fazer uns aos outros
Introdução
• Da mesma maneira que a Bíblia nos ensina acerca dos mandamentos que devem governar nossas relações interpessoais, a Bíblia também nos ensina acerca de certos comportamentos que são pecaminosos e destrutivos para a comunhão cristã, comportamentos estes, que precisam ser abandonados.
• De modo específico, existem 7 (sete) mandamentos no Novo Testamento que servem para nos ajudar a lembrar que, mesmo como crentes, nós ainda somos influenciados por nossa velha natureza e que precisamos nos empenhar em seguir a Deus em vez de seguir o pecado. Estes mandamentos são os seguintes:
Não julgueis uns aos outros.
Não falem mal uns dos outros.
Não murmureis uns contra os outros.
Não vos mordais nem vos devoreis uns aos outros.
Não provoqueis uns aos outros.
Não tenhais inveja uns dos outros.
Não mintais uns aos outros
• Vamos iniciar com o primeiro destes mandamentos negativos que é aquele que diz
Não Julgueis uns Aos Outros
I. O Perigo que o Novo Testamento quer Combater.
• Uma das maneiras mais rápidas de se destruir o amor que deve existir entre nós e destruir com a unidade da Igreja é mediante a prática deste pecado, tão sutil, de nos julgar uns aos outros
• Isto acontece todas as vezes que alguém, entre nós, acha que suas idéias e seu modo de fazer as coisas é a melhor e tenta impor tais idéias e tais modos sobre todos os irmãos. Quando isto acontece, este tipo de imposição, transforma este irmão ou irmã em juiz dos outros. Como é fácil perceber, isso não tem nada a ver com nossa obrigação de julgar falsos mestres e falsos ensinamentos.
• É difícil, senão impossível, dizer quantas comunidades se dividiram e onde irmãos nutriram sentimentos duros uns contra os outros e que, além disso, o ministério cristão foi, grandemente, prejudicado por questões secundárias relativas a modos e costumes.
• Este é o motivo porque Paulo nos diz, em Romanos 14:13, o seguinte: “Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão”.
II. O Que Este Mandamento Não Está Ensinando.
A. Não Ensina que Todo Tipo de Julgamento é Errado.
• A Bíblia é bem clara quando ensina que uma das ferramentas mais poderosas que temos à nossa disposição é nossa capacidade de discernimento ou de julgamento. É o exercício desta capacidade que, muitas vezes, faz toda a diferença entre a vida e a morte, inclusive.
• Por este motivo, a Palavra de Deus nos ordena:
Julgai todas as coisas, retende o que é bom - 1 Tessalonicenses 5:21.
Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida! Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja. Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade? - 1 Coríntios 6:2 – 5.
Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça. – João 7:24.
B. Não Condena o Julgamento Exercido Pelos Cristãos em Defesa da Verdade.
• A Bíblia é bem clara ao dizer que somos todos convocados para defender a nossa fé cristã:
“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos - Judas 1:3.
• Isto quer dizer que é nosso dever nos levantar e falar em defesa da verdadeira fé cristã contra todas as formas de erro. Algumas vezes os erros são muito descarados e bastante claros, mas outras vezes, os mesmo são sutis e quase imperceptíveis. Mas descarados ou sutis os mesmos são igualmente perniciosos e destruidores.
• Muitos daqueles que têm causado divisões no Corpo de Cristo, mediante a introdução de erros de todos os tipos, costumam usar os seguintes argumentos visando impedir o exercício do julgamento que somos ordenados a executar:
1. Em primeiro lugar, o campeão disparado, é a citação de alguns versículos bíblicos, com especial ênfase nas passagens de Mateus 7:1 – 6 e Romanos 14:4 e 10 visando mostrar quão errado, impróprio e até anti-cristão, é o ato de julgar.
2. Em segundo lugar estão aqueles que sugerem que não é possível julgar a ninguém porque somente Deus sabe os verdadeiros motivos das pessoas. Estes sugerem que devemos deixar tudo correr como tem que correr e aguardar o juízo final de Deus.
3. Em terceiro lugar está a turma do “deixa disso” alegando que toda crítica é perniciosa e causa divisões no corpo de Cristo. “Irmão Alex”, muitos me escrevem “temos que manter a unidade a qualquer custo”.
4. Em quarto lugar estão aqueles que pedem para que nomes não sejam mencionados porque este ato prejudica demais aos citados. Neste último lote se encontram muitos pastores que consideram um sinal de maturidade e maior espiritualidade não citarem nomes quando querem fazer uma crítica.
III. Um Exemplo Bíblico De Como Devemos Tratar os Ataques Contra a Verdade.
Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti -lhe face a face, porque se tornara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar -se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos... Gálatas 2:11 – 14.
Nesta passagem Paulo descreve a maneira rígida como repreendeu a Pedro, a Barnabé e outros irmãos porque, em suas próprias palavras, estes irmãos haviam “se tornado repreensíveis...não procedendo corretamente segundo a verdade do evangelho”. Esta passagem possui alguns ingredientes muito interessantes, que se contrapõe aos argumentos mencionados acima.
1. Em primeiro lugar nós encontramos o apóstolo Paulo julgando o comportamento de outros irmãos porque estavam agindo de forma hipócrita usando dois pesos e duas medidas. Paulo chama este comportamento de dissimulado.
2. Tal dissimulação era, em segundo lugar, um comportamento inconsistente com a verdade do evangelho.
3. Em terceiro lugar Paulo não evita usar nomes citando, nominalmente, a Pedro e a Barnabé.
Esta passagem contém todos os ingredientes que aqueles que querem transgredir contra a verdade do evangelho, mas que não querem ser criticados, costumam usar para se defender. Imagine Pedro e Barnabé argumentando com Paulo e dizendo:
1. Paulo, não nos julgue, lembre-se do que Jesus falou acerca de “não julgar”.
2. Paulo, você não conhece nossos motivos, portanto não diga que estamos agindo de forma dissimulada. Será que você não percebe que está nos julgando?
3. Em terceiro lugar Paulo, sua atitude certamente vai criar divisão entre os irmãos. Você deveria pensar mais na unidade, nas coisas boas que nos unem e deixar um pouco de lado este seu apego tão legalista e farisaico e, porque não, hipócrita até, de amor à verdade do evangelho acima de tudo!
4. E, por favor, Paulo, não cite nomes, isto é muito feio!
Espero que tenha ficado claro quão ridículos estes argumentos, da parte de Pedro e de Barnabé, seriam!
Todavia estes são, de forma mais consistente, os argumentos usados por aqueles que estão agindo de maneira errada e não querem, em nenhuma hipótese e sob nenhum pretexto, serem criticados ou julgados.
São estes mesmos que ensinam, em proveito próprio, que é errado julgar. E o mais surpreendente é que existam pessoas que acreditem nesta mentira, de que é errado julgar, e que ainda tomam as dores do pretenso ofendido e saem em sua defesa.
Conclusão:
1. Hoje começamos a falar acerca do mandamento que nos ensina que não devemos julgar uns aos outros. Iremos continuar na próxima mensagem
2. Mas, nesta primeira parte, procuramos mostrar que o mandamento de reciprocidade que diz que “não devemos julgar uns aos outros”, não pode ser aplicado, de modo indiscriminado, contra todo e qualquer tipo de julgamento.
Não é um mandamento que nos ensina que devemos suspender nossa capacidade de julgar de forma completa e absoluta.
3. Pelo contrário, somos ordenados a julgar até mesmo pelo Senhor Jesus, desde que nossos julgamentos estejam baseados na verdade e tenham como alvo o engano e o erro, venham estes de organizações ou de indivíduos. Ninguém tem o direito de ensinar o erro. E os crentes têm a obrigação de julgar o erro, pela palavra de Deus, e confrontá-lo. Nossos inimigos não são nem as instituições nem as pessoas e sim o erro que propagam contra a verdade.
4. Por fim, faremos bem em ouvir as sábias palavras do Dr. Martin Lloyd-Jones quando diz:
“Há muitos que asseveram que as palavras “não julgueis” precisam ser compreendidas simples e literalmente como elas estão, como se indicasse que o crente verdadeiro jamais expressa uma opinião sobre outra pessoa. Esses homens afirmam que não se deve exercer juízo algum porquanto deveríamos ser suaves, indulgentes, e tolerantes, permitindo quase qualquer coisa em troca da paz e da concórdia e, especialmente, da unidade. Essa não é a hora certa para juízos, dizem eles; o de que precisamos agora é de unidade e companheirismo. Todos deveríamos ser um.
Levanta-se, pois, a pergunta: é possível esta interpretação? Em primeiro lugar, sugiro que esta interpretação é impossível. Todavia, se nos alicerçarmos sobre os próprios ensinamentos bíblicos veremos que tal interpretação não tem razão de ser. Consideremos o próprio contexto dessa afirmação, e certamente veremos que esta interpretação das palavras “não julgueis” é inteiramente descabida. Leia Mateus 7:6 – “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés, e, voltando-se vos dilacerem”. Como poderia eu pôr em prática essa recomendação do Senhor se me fosse vedado exercer juízo? Como eu poderia identificar o individuo do titulo descritivo “cão” se eu não pudesse fazer juízo nenhum a seu respeito? Em outras palavras, a injunção que se segue imediatamente após essa declaração sobre o “não julgar” de imediato me pede que exerça juízo e discriminação. Mas também poderíamos tomar um contexto mais remoto tal como Mateus 7:15 – “Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores”? Como poderíamos entender esta injunção? Como poderei “acautelar-me dos falsos profetas” se não puder pensar, se eu tiver tanto receio de fazer juízo critico que jamais possa fazer uma avaliação dos ensinamentos de alguém? Esses falsos profetas, além disso, se nos apresentam vestidos de em “peles de ovelhas”, o que equivale a dizer que são extremamente melífluos e empregam a terminologia cristã. Parecem pessoas inofensivas, honestas, e invariavelmente, mostram-se muito “gentis”. Entretanto, não nos devemos deixar enganar pelas suas atitudes estudadas, acautelemo-nos diante de gente dessa ordem. Nosso Senhor também diz: “Pelos seus frutos os conhecereis...” (Mateus 7:16). Porém, se eu não puder usar qualquer critério, e nem exercer minha capacidade de discriminação, como poderei testar a autenticidade desses frutos e determinar entre o que é certo e o que é errado? Por conseguinte, sem necessidade de elaborarmos o nosso argumento, afirmamos a interpretação não pode ser verdadeira quando sugere que as palavras de Jesus “não julgueis”, recomendam que sejamos pessoas caracterizadas por uma atitude frouxa e indulgente, diante de qualquer individuo que use o nome de “cristão”. Tal interpretação é inteiramente impossível.
Temos nesse trecho bíblico o problema dos falsos profetas, para o qual o Senhor Jesus chamou a nossa atenção. Espera-se de nós que possamos detectá-los e evitá-los, porém, isso é impossível sem o conhecimento da doutrina, e sem o exercício desse conhecimento em juízo.
5. Na próxima mensagem iremos falar acerca de como o mandamento de “não julgarmos uns aos outros” se aplica, de modo verdadeiro, entre os cristãos.
O artigo 016 dessa série poderá ser encontrado aqui:
http://ograndedialogo.blogspot.com/2011/10/perdoai-uns-aos-outros-amai-vos-uns-aos.html
O primeiro artigo - 001 - dessa série poderá ser encontrado aqui:
http://ograndedialogo.blogspot.com/2010/05/o-custo-do-discipulado.html
Para todos que têm interesse em aprofundar o estudo sobre o direito que os cristãos Têm de julgar ver esse link:
http://ograndedialogo.blogspot.com/2011/05/o-cristao-pode-julgar.html
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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