sábado, 17 de dezembro de 2011

1 Coríntios 13 - Parte 2 - Uma Exposição Bíblica do Amor



Atenção: esse estudo é parte de uma série e é da maior importância que o leitor prossiga para as outras partes seguindo os links que se encontram no final desse estudo.

Caso o leitor não tenha lido a parte um do estudo poderá fazê-lo acessando esse link aqui:

http://ograndedialogo.blogspot.com/2011/12/1-corintios-13-parte-1-uma-exposicao.html

III. Exposição de 1 Coríntios 13:4.

Introdução:

A. O amor como o bem maior:

• 1 Coríntios 13:13 diz: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”.

• 1 Pedro 4:8 diz: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados.”

• 1 João 4:8 diz: “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.”

• Romanos 13:10 diz: “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da Lei é o amor”

B – O amor em falta onde deveria existir.

Infelizmente o amor estava em falta na Igreja em Corinto. Eles tinham tanto, mas sem amor era como se nada tivessem!

C – Tentativa de definir amor.

• A palavra grega é ἀγάπη – agápe - amor. O Dicionário Teológico do Novo Testamento editado por Gerhard Kittel, no século XIX, discute a palavra ἀγάπη – agápe - amor, tentando defini-la, em longas 31 páginas.

• A Bíblia, por sua vez, nunca procura definir ἀγάπη – agápe - amor. Isto é: a Bíblia nunca define o amor em termos abstratos, sentimentos, sentimentais ou ideológicos.

• A Bíblia descreve o amor em termos de ação. Por quê? Porque o amor não é algo abstrato e muito menos sentimental. O Amor é uma decisão de agir em benefício de outrem. Note o texto de 1 Coríntios 13:4—8a:

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba.

Na nossa tradução em Português de Almeida Revista e Atualizada – ARA - dois adjetivos são usados – paciente e benigno - mas na sua grande maioria, note que verbos são usados para expressar o amor. No texto grego original, somente verbos são utilizados.

• É exatamente esta característica que descreve sempre algum tipo de “ação”, que faz o amor ser amor.

• Uma pergunta antes de prosseguir: Leia 1 Coríntios 13:4—8a. E ai, como você se sai na vida real diante do que acabamos de ler? A descrição de amor que acabamos de ler não é algo que EU e VOCÊS não entendemos. E algo que nós decidimos não aplicar em nossas vidas. Decidimos que não queremos praticar ou exercer atos de amor. Eu quero expor este texto para vocês, mas acima de tudo quero mostrar como aplicar o mesmo no nosso dia a dia!

1.1 Coríntios 13:4 –

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,

1. O amor é μακροθυμεῖ - macrothumeî – paciente.
Essa palavra indica um espírito constante, que nunca desiste. Literalmente descreve a atitude de possuir um ânimo longo ou longanimidade. Caracteriza alguém que nunca desiste do outro.

Quando encontramos a palavra μακροθυμεῖ - macrothumeî – paciente, nós precisamos nos lembrar que seu significado é bastante amplo, e que as implicações representadas são muito profundas. μακροθυμεῖ - macrothumeî descreve alguém que:

1. Possui um espírito paciente, que não perde o ânimo.

2. Persevera pacientemente e bravamente ao sofrer infortúnios e aborrecimentos.

3. É paciente em suportar as ofensas e injúrias de outros.

4. É moderado e tardio em irar-se.

5. É longânimo, tardio para irar-se, tardio para punir.

• Essa palavra é usada 22 vezes no Novo Testamento, a maioria das vezes, para descrever a paciência que devemos ter com outras pessoas. Um excelente exemplo, pode ser encontrado em 1 Tessalonicenses 5:14 onde lemos: “Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos”.

• A paciência bíblica, que se manifesta como amor, é aquela capacidade de ser ofendido, vez após vez, ter o poder de retaliar, mas nunca considerar isto como uma opção válida. A pessoa paciente de verdade é aquela que nunca revida. De fato, nunca fica sequer zangada. Mas isto é impossível!! Será mesmo? Ou será que somos nós que não estamos dispostos a procurar em Deus e no seu Espírito Santo a força para manifestarmos esta característica do amor?

• Paciência com pessoas é uma virtude exclusivamente cristã. No mundo grego em que os primeiros cristãos viviam, a paciência não era considerada uma virtude e sim um sinal de fraqueza. Aristóteles dizia que uma das grandes virtudes dos gregos era a recusa absoluta de tolerar qualquer insulto ou ferimentos e a disposição de retaliar imediatamente, até mesmo a menor das ofensas.

• Um exemplo de paciência: Atos 7:52—60:

Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos, vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes. Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus. Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.

• Estevão era um homem cheio da paciência que só Deus pode dar: sem sentimento de vingança, sem querer retaliar, sem amargura, sem animosidade e sem querer dar o troco, pediu que Deus não levasse em conta as injúrias que lhe estavam fazendo.

• Vocês podem imaginar comigo, por um instante, o que aconteceria com nossas igrejas se ninguém, nunca procurasse se vingar de outro irmão?

• Será que nos podemos imaginar como seria nossa vida familiar se cada membro procurasse em Deus - através da oração - ter mais paciência com os outros membros da família?

• Ilustração acerca da paciência do Deus Eterno: O ateu Robert Ingersoll em muitas de suas palestras costumava fazer uma pausa e dizer, que: se Deus existisse, então que se manifestasse em 5 minutos, matando-o. Como sua morte não acontecia nos 5 minutos propostos, ele prosseguia com sua palestra, tentando convencer seus ouvintes de que Deus não existe. Quando este fato foi contado a um irmão, pastor chamado Theodore Parker, ele fez o seguinte comentário: “Aquele cavaleiro achava mesmo que poderia esgotar a paciência do Deus Eterno em apenas 5 minutos?”

2. O amor é χρηστεύεται – christeúetai – benigno. Isto quer dizer que o amor é útil, agradável e gentil. Descreve alguém que presta serviços a outras pessoas de modo gracioso e bem disposto.

• A benignidade é o outro lado da moeda da paciência.

• A Paciência:

 Agüenta as feridas causadas por outros.

 A paciência diz: “eu posso suportar qualquer coisa vinda dos meus inimigos”

• A Benignidade:

 Retribui as feridas causadas fazendo o bem para o ofensor.

 A benignidade diz: “eu farei qualquer coisa que possa satisfazer alguma necessidade dos meus inimigos”

• A raiz da palavra benignidade ou ser benigno está sustentada pela idéia de ser útil. Assim temos que o amor não é um conceito abstrato, e sim um ato de bondade, um ato de generosidade, um ato visando beneficiar alguém em necessidade. É se dispor a ser útil a alguém, mesmo que este alguém seja seu inimigo.

• Note as palavras de Cristo em Mateus 5:44—48:

Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.

• A palavra suave em Mateus 11:30 é a mesma palavra benignidade. Pense nas implicações do convite que Cristo nos faz. Ao contrário do pesado fardo dos fariseus, Cristo nos convida a tomarmos sobre nós seu jugo o qual é qualificado como suave. Ou seja, o jugo de Cristo, além de não nos ser pesado como o dos fariseus é útil, agradável e gentil.

• Uma pergunta para os casais: Vocês têm demonstrado a benignidade bíblica um para com o outro? Ou seja, vocês tem se perguntado “o que eu posso fazer para ser útil e beneficiar meu cônjuge... logo depois de ter sido irritado ou magoado pelo mesmo?

• E vocês pais? Vocês têm sido benignos para com vossos filhos?

• E vocês, filhos, tem tido a preocupação de se perguntarem “o que eu posso fazer que possa ser útil ou benéfico à minha mãe ou pai?

• Ilustração: Dois homens estavam andando por uma estreita trilha que havia sido escavada nas encostas de uma montanha. Eles estavam indo em direções opostas. A trilha era suficiente para somente uma pessoa andar nela. De repente eles se encontraram. Um vinha descendo e outro subindo. De um lado a montanha rochosa. Do outro um abismo! Não havia nenhuma maneira daqueles homens passarem um pelo outro. Ou melhor, havia somente uma maneira. Num flash, um dos homens deitou-se no chão e permitiu que o outro passasse por cima dele pisando em suas pernas e costas. Assim cada homem pode seguir seu caminho.

• Assim é o verdadeiro amor. É benigno, procura sarar feridas, e aguarda com paciência. O amor é capaz de suportar qualquer coisa, capaz de nunca retaliar e retornar somente bondade!

3. O Amor não arde em ζηλοῖ - zeloî – ciúmes. Isto faz referência a ser fervente ou intenso, ferver com inveja, ser invejoso.

As palavras inveja e ciúmes são sinônimas em português. E Shakespeare costumava dizer que a inveja era aquela doença que fazia com que as pessoas ficassem da cor verde! Existe um antigo provérbio latino que diz que a inveja é a inimiga da honra. O livro de Provérbios em 14:30, diz: que a inveja é a podridão dos ossos. E nós podemos dizer, no nosso modo brasileiro, que: a inveja é a dor de cotovelo dos tolos.

a – Analisando a inveja ou ciúmes podemos perceber que a mesma tem dois níveis:

• Inveja superficial.

• Inveja profunda.

Inveja superficial: A inveja superficial é aquela que diz “eu quero o que você tem”.

Inveja profunda: A inveja profunda é aquela que diz “eu gostaria que ele não tivesse o que ele tem”. É ressentir-se do fato de que alguém possui algo. William Barclay diz que a alma humana não pode se afundar mais do que ressentir-se de algo que outra pessoa possui.

b. Aprofundando nossa discussão sobre a inveja.

Se formos honestos nós temos que admitir que é muito difícil não sermos invejosos ou ciumentos das outras pessoas. Exemplo: eu como pregador. É muito difícil a gente se regozijar com alguém que faz exatamente o que fazemos, e faz melhor do que a gente.

c. O problema da inveja ou ciúmes na Igreja em Corinto.

A raiz da palavra inveja ou ciúmes, no grego, quer dizer ferver. Refere-se àquele “ferver” intenso e interno, que todos já experimentamos.

Os membros da igreja em Corinto queriam e desejavam ardentemente os dons espirituais mais mirabolantes. Mas os dons mirabolantes não são, necessariamente, os melhores. Por este motivo, Paulo os exorta a procurarem com “zelo” os melhores dons – ver 1 Coríntios 12:30—31.

Em 1 Coríntios 3:3 Paulo já havia deixado bem claro que o ciúme era prova da imaturidade deles.

d. Paulo, um exemplo para nós.

Ver Filipenses 1:12—18 que diz:

Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus. Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias. Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei.

e. A inveja nas páginas da Bíblia: uma seleção brevíssima.

Adão e Eva – queriam ser como Deus.

Caim e Abel.

Os irmãos de José – Venderam-no por que estavam com inveja dele.

O irmão do chamado filho pródigo de Lucas 15.

Os judeus contra Estevão – Não podiam resistir-lhe e o invejavam – ver Atos 6—7.

Conclusão

Duas ilustrações:

1. Oscar Wilde escreveu um conto procurando ilustrar o horror que nós somos como seres caídos. Nesse conto ele nos diz que havia um ermitão que vivia dentro de uma caverna e que dezenas de demônios se empenhavam em fazê-lo pecar. Alguns lhe mostravam riquezas, outros mulheres e, outros ainda, campos paradisíacos e reinos majestosos. Mas nada parecia funcionar. O ermitão não se deixava seduzir por nenhuma dessas tentações. Um dia o próprio Diabo decidiu mostrar para seus servos como deveriam proceder para fazer o ermitão pecar. O Diabo se aproximou da entrada da caverna e como quem não queria nada, apenas disse: eu ouvi dizer que teu irmão foi nomeado arcebispo da cidade do Cairo. Num piscar de olhos já era possível ver o velho ermitão “arder” de ciúmes. Pronto, aí estava o pecado da inveja e do ciúme plenamente consumado.

2. Toscanini e Mascagni eram dois famosos maestros contemporâneos na Itália. Mascagni invejava Toscanini por causa da popularidade que esse gozava junto ao público. Não que Toscanini fosse um maestro melhor. Era apenas uma questão de gosto por parte do público. Mascagni era orgulhoso, egocêntrico e tinha um gênio terrível. Isso talvez explicasse a preferência do público por Toscanini. Numa determinada ocasião a cidade de Turim decidiu promover um festival para honrar o compositor Giuseppe Verdi. Para esse festival, a cidade convidou os dois grandes maestros para regerem a orquestra da cidade em dias alternados. Mascagni tinha tanta inveja de Toscanini, que ele foi logo dizendo aos organizadores que só faria o trabalho, apenas se fosse pago uma quantia maior que aquela que Toscanini havia cobrado. A cidade concordou e os contratos foram assinados. Os dias do festival vieram e passaram com absoluto sucesso. Mascagni então procurou a tesouraria para receber seu pagamento. O tesoureiro da cidade abriu uma gaveta e de dentro dela retirou uma moeda de um florim. Sem dizer nada, entregou a moeda ao maestro Mascagni e agradeceu sua cooperação. Mascagni ficou enfurecido e exigiu uma explicação. O tesoureiro então lhe mostrou que Toscanini havia assinado um contrato, em que oferecia seus serviços de graça para a cidade. Mascagni fez um tolo de si mesmo em menos de uma fração de segundos.

OUTROS ESTUDOS EM 1 CORÍNTIOS 13









Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis 

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário