Mas Deus não desiste de Suas criaturas e, de acordo com Seu próprio plano, escolhe um homem, Abrão, para através de um dos seus descendentes – Jesus – ajudar aos seres humanos a retornarem à plena comunhão com Deus, não somente neste mundo, mas por toda a eternidade. De acordo com este plano, Deus conduz Abrão para outra terra, diferente daquelas que ele conhecia. Em Gênesis 15:18, Deus revela a Abrão a extensão da terra prometida dizendo o seguinte: “Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”.
Em Gênesis 17:1—8 a promessa anterior é ampliada, pois Deus disse o seguinte a Abrão:
Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente. Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus lhe falou: Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações. Abrão – pai exaltado - já não será o teu nome, e sim Abraão – pai de muitas nações; porque por pai de numerosas nações te constituí. Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão de ti. Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência. Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus.
Esta promessa, por sua vez, foi reiterada a Moisés, com o acréscimo de que a terra era tão maravilhosa, que dela manavam “leite e mel”.
Disse ainda o SENHOR: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu – Êxodo 3:7 - 8.
É claro que estas palavras eram metafóricas, pois na Terra de Canaã jamais existiram mananciais nem de leite nem de mel. Aquela terra é, certamente, uma bela terra, como belas são as muitas outras terras espalhadas pelo nosso planeta. Mas a palavra de Deus não fazia referência à Terra de Canaã e sim ao Jardim do Éden restaurado do futuro. Como já temos visto, as promessas feitas a Abraão, terão que aguardar o advento da Nova Aliança para serem cumpridas de modo apropriado.
Este foi o motivo porque, por exemplo, Deus deu aos antigos hebreus o Seu tabernáculo, o qual não deveria ser fixado em um lugar definitivo e sim se mover entre o povo de Deus, como uma poderosa ilustração do Filho de Deus, que se fez carne e “tabernaculou” ou habitou entre nós na Sua encarnação – ver João 1:14 – e, continua entre nós – e todo o povo de Deus – mediante a presença consoladora do Espírito Santo.
Por semelhante modo, o sistema sacrificial dado aos judeus na Antiga Aliança, jamais poderia remover os pecados, mas cumpria seu propósito em apontar para o sacrifício perfeito do Senhor Jesus – ver Hebreus 10:4 e comparar com Hebreus 9:11—12 e 23—28.
O patriarca Abrão recebeu a promessa da terra, mas ele mesmo nunca chegou a possuí-la! Com isto não estamos querendo “espiritualizar” a promessa feita. O que estamos querendo dizer é que: a promessa se cumprirá de modo pleno e absoluto no Paraíso de Deus – ver Apocalipse 2:7. Este sempre foi o intento das promessas de Deus desenvolvidas em forma de alianças. Deus nunca teve a intenção que Abraão ou seus descendentes herdassem e ocupassem a Terra de Canaã para sempre. Como podemos fazer este tipo de afirmação diante dos textos que acabamos de ler? Trata-se, na realidade, de algo simples. Como já dissemos antes, todas estas promessas-alianças precisam ser interpretadas à luz daquilo que é ensinado nos textos da Nova Aliança, que compõe aquilo que chamamos de Novo Testamento. Quando lemos o capítulo 11 da Epístola aos Hebreus, tomamos conhecimento que Abraão, exatamente por não tomar posse da Terra de Canaã, aprendeu a olhar para frente, para uma “uma cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e o edificador” – ver Hebreus 11:10. Esta, ao contrário de qualquer outra interpretação que possamos dar para a promessa-aliança feita com Abraão, é a única interpretação legítima e válida, porque nos vem diretamente das páginas de Bíblia Sagrada e não de algum livro de teologia ou dos escritos de qualquer homem. Vejamos todo o texto pertinente em Hebreus 11 que diz:
Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador. Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa. Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar. Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade – Hebreus 11:9 - 16.
É importante destacar aqui, que a pátria superior ou celestial aspirada pelos patriarcas, não é algo que deve ser aceito como se fosse alegórico ou espiritual, no sentido de algo não literal. Muito pelo contrário, a pátria superior ou celestial é a única pátria verdadeira. É nela que encontramos a última realidade e vemos consumadas as promessas-alianças feitas por Deus com Seu povo durante todas as eras. A Jerusalém celestial não é algo etéreo ou vago. É, na realidade, o destino final de todos os crentes. É nesta cidade, Jerusalém Celestial, chamada de cidade do Deus vivo, que encontramos o seguinte: incontáveis hostes de anjos, a universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, Deus, o Juiz de todos, Jesus, o Mediador da nova aliança e o sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel – ver Hebreus 12:22—24.
O papel representado pela Jerusalém terrestre em apontar para a Jerusalém celestial é muito significativo na vida de Abraão. A cidade, naqueles dias, era conhecida apenas como Salém e foi desta cidade que surgiu o personagem chamado מַלְכִּי־צֶדֶק – Malkiytsedeq – Melquisedeque, a quem Abraão pagou o dízimo e por quem foi abençoado – ver Gênesis 14:19—20. Note os elementos trazidos por Melquisedeque para celebrar a vitória de Abraão naquela ocasião – ver Gênesis 14:18. Também foi naqueles arredores – אֶרֶץ הַמֹּרִיָּה – eretz haMowriyyah - terra de Moriá – que Abraão se dispôs a oferecer Isaque, seu filho – ver Gênesis 22:2. Foi no monte chamado Moriá que Salomão construiu o Templo do Senhor em Jerusalém seguindo as instruções que recebera de Davi, seu pai – ver 2 Crônicas 3:1. A fé de Abraão salta aos olhos de qualquer leitor, que preste um mínimo de atenção na passagem de Gênesis 22, onde lemos o seguinte:
· Quando inquirido por Isaque com respeito ao holocausto que deveria ser oferecido, a resposta de Abraão foi: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o Holocausto – ver Gênesis 22:6—8.
· Ao final daquela dramática história, Abraão chama, de modo profético, aquele lugar de יהוה יִרְאֶה – YVHY JIREH – o ETERNO Proverá – ver Gênesis 22:14. Mas, ainda mais dramático mesmo, que o proposto sacrifício de Isaque, é a profecia de que, naqueles arredores, o SENHOR, o ETERNO, iria prover o sacrifício perfeito para a nossa salvação. Como poderia Abraão saber estas coisas? Não podia, a menos que tenha recebido uma revelação divina e tivesse acreditado na mesma!
Estes dois eventos da vida de Abraão, seu encontro com Melquisedeque e o proposto sacrifício de Isaque, apontavam, definitivamente, para as realidades maiores que encontramos na Nova Aliança. Melquisedeque representava o sacerdócio celestial e eterno, superior ao sacerdócio levítico, que era terreno e temporário. Não podemos ignorar a relevância das palavras contidas em Hebreus 6:17 até 8:2 e, por este motivo, vamos destacá-las, para não restar nenhuma dúvida acerca do que estamos dizendo:
Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote perpetuamente. Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos. Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão; entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas.
Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior. Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste. Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei. Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar; pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes. E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote, constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel. Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque – ver Salmo 110:4. Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus. E, visto que não é sem prestar juramento (porque aqueles, sem juramento, são feitos sacerdotes, mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre); por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança. Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos pela morte de continuar;
este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável.
Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre. Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem – Hebreus 6:17 – 8:2.
Sendo o Senhor Jesus sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, Ele estabelece Sua Aliança, exatamente, com os mesmos dois elementos usados por aquele, quando se encontrou com Abraão – ver Marcos 14:22 – 25 e comparar com Gênesis 14:18.
O sacrifício proposto de Isaque e a conseqüente profecia feita por Abraão - de que no monte do SENHOR se proverá - também apontavam para o mais elevado e perfeito sacrifício do Senhor Jesus. Foi em um dos montes da região de Moriá – o monte chamado Calvário – que o Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, se ofereceu como o sacrifício perfeito que, de uma vez por todas, resolveu o problema que nossos pecados causam no nosso relacionamento com Deus – ver Isaías 59 e Jeremias 5. A leitura destes dois capítulos de Isaías e de Jeremias, nos mostra os motivos porque Deus considerou a Antiga Aliança rompida e, definitivamente, abolida. O motivo porque Jesus não foi crucificado no monte Sião – na área onde ficava o Templo e que era apenas um dos montes da região de Moriá– ver Gênesis 22:2 - é explicada, pelo autor de Hebreus, com as seguintes palavras:
Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça e não com alimentos, pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam. Possuímos um altar do qual não têm direito de comer os que ministram no tabernáculo. Pois aqueles animais cujo sangue é trazido para dentro do Santo dos Santos, pelo sumo sacerdote, como oblação pelo pecado, têm o corpo queimado fora do acampamento. Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério. Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir – Hebreus 13:9—14.
Note que o local, em si – este ou aquele monte - não é relevante porque buscamos a cidade que há de vir.
A provisão referida por Abraão se concretiza com o advento do Senhor, pois o texto da Nova Aliança nos diz:
Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção – Hebreus 9:11—12.
Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados – Hebreus 9:15.
Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus; nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio. Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado. E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação – Hebreus 9:24—28.
Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem – Hebreus 10:1.
Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados. Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste; não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado. Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade... Remove o primeiro para estabelecer o segundo. – Hebreus 10:4—7 e 9b.
Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito: Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei, acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre. Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado. Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura – Hebreus 10:10—22.
Existe mais um fato acerca da terra de Canaã que precisamos mencionar aqui. No Pentateuco – os cinco primeiros livros da Bíblia escritos por Moisés – a terra de Canaã nunca pertence ao povo de Israel. A terra pertencia ao SENHOR e, por este motivo, não podia nem ser comprada nem ser vendida, de modo permanente. Também não podia ser doada, nem tomada e nem confiscada, de modo definitivo. A terra de Canaã nunca esteve à disposição da nação de Israel para satisfazer propósitos nacionalistas – este é um erro fundamental cometido pelos sionistas do século XXI. Mas enquanto a terra não estava disponível para o povo de Israel, ela estava, completamente, disponível para ser utilizado nos propósitos de Deus. Os judeus de outrora, bem como os nossos contemporâneos, continuam como meros inqüilinos da terra de Canaã, mas não são proprietários da mesma. Levítico 25:23 não deixa nenhuma dúvida a este respeito porque diz: “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos”.
Ora, as promessas feitas a Abraão quando ele foi chamado pelo ETERNO, diziam respeito a como Deus iria:
· Abençoar pessoas de todas as nações.
· Atrair estas pessoas para um relacionamento pessoal com Ele mesmo.
· Estabelecer um relacionamento onde não existiria nenhum tipo de distinção entre judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher. Mas existiria somente um povo: “porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. – ver Gálatas 3:28.
Diante disso, nós temos o seguinte: se cremos que estes aspectos das promessas-alianças feitas por Deus a Abraão se cumpriram, literalmente, na pessoa e obra do Senhor Jesus então, porque insistir que as promessas feitas com relação à terra de Canaã sejam colocadas em uma categoria diferente? Este tipo de raciocínio não faz o menor sentido. Mas, alguém ainda poderia argumentar da seguinte maneira: o que vamos fazer com as expressões “para sempre” – Gênesis 13:12 e “possessão perpétua” – Gênesis 17:8 – que parecem indicar que Deus deu mesmo a terra de Canaã, para sempre, como uma possessão perpétua, a Abraão e seus descendentes? A resposta a este tipo de argumento não é difícil. Primeiro, nós temos que nos lembrar que os verdadeiros descendentes de Abraão não são os judeus e sim os crentes que manifestam o mesmo tipo de fé qua havia em Abraão e que é chamado de Pai de Fé.
Em segundo lugar não se deixe enganar por estas afirmações, tão categóricas e feitas por Deus mesmo, porque elas estão sujeitas a certos constrangimentos culturais. A insistência em literalismo absoluto, pode tornar-se uma espada de dois gumes. Vejamos alguns exemplos:
· 1 Crônicas 15:2 – “Então, disse Davi: Ninguém pode levar a arca de Deus, senão os levitas; porque o SENHOR os elegeu, para levarem a arca de Deus e o servirem para sempre”. Estas palavras estão se cumprindo literalmente nos dias de hoje ou se cumpriram, de forma figurada, em Jesus?
· 1 Crônicas 23:13 – “Arão e Moisés; Arão foi separado para servir no Santo dos Santos, ele e seus filhos, perpetuamente, e para queimar incenso diante do SENHOR, para o servir e para dar a bênção em seu nome, eternamente”. Nem deveríamos nos incomodar em fazer a pergunta neste caso, mas vamos fazê-la do mesmo jeito: Estas palavras estão se cumprindo literalmente nos dias de hoje – Aarão e seus filhos estão queimando incenso diante do Senhor – ou esta promessa se cumpre em Jesus?
· 2 Crônicas 33:7 - 8 – “Nesta casa – o Templo - e em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei o meu nome para sempre e não removerei mais o pé de Israel da terra que destinei a seus pais, contanto que tenham cuidado de fazer tudo o que lhes tenho mandado, toda a lei, os estatutos e os juízos dados por intermédio de Moisés”. Ora, sabemos que o Templo e todo o ritual atrelado a ele foi abolido. Um novo sacerdócio, segundo a ordem de Melquisedeque, foi instituído e um novo povo de Deus, a Igreja, está hoje em formação. Por todos estes motivos as expressões acima precisam ser entendidas dentro do seu próprio contexto cultural.
· 1 Crônicas 23:25 – “Porque disse Davi: O SENHOR, Deus de Israel, deu paz ao seu povo e habitará em Jerusalém para sempre”. Estas palavras estão sendo cumpridas literalmente nos dias de hoje? – Deus mora mesmo em Jerusalém? – ou elas se cumprem em Cristo e na Igreja?
· 2 Samuel 7:12 – 16 – “Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens. Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre”. A quem estas palavras se referem? A algum rei terreno e estão sendo cumpridas literalmente nos dias de hoje? Ou elas se referem ao Senhor Jesus?
Todos estes versículos nos mostram que as afirmações do tipo – “perpetuamente, eternamente, para sempre, etc. – não são interpretadas, de forma literal, pela revelação da Nova Aliança. Elas encontram seu verdadeiro e, definitivo cumprimento, na pessoa do Senhor Jesus e na Igreja, que é o Seu Corpo.
Mas os que defendem o cumprimento literal das profecias e das promessas feitas por Deus, se apegam a mais um fiapo de esperança alegando que: como promessa de que o povo de Israel iria ocupar toda a terra “desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates” – ver Gênesis 15:18b – não se cumpriu, literalmente, então, precisamos, pelo menos, aguardar o cumprimento desta promessa. Ora tudo isto não passa de um argumento falacioso por dois motivos:
· Primeiro porque nos dias de Salomão, a extensão territorial física do Reino de Israel é descrita como sendo a seguinte: “Dominava Salomão sobre todos os reinos desde o Eufrates até à terra dos filisteus e até à fronteira do Egito; os quais pagavam tributo e serviram a Salomão todos os dias da sua vida -1 Reis 4:21”.
· Em segundo lugar e, muito mais importante, é a compreensão teológica desta conquista. Senão vejamos:
Ø Em Josué 1:6, Deus faz a seguinte promessa a Josué: “Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais”. Esta é, sem sombra de dúvida, uma referência às promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó que inclui aquela que mencionamos acima e que se encontra em Gênesis 15:18b. Note que, nesta ocasião, ao falar com Josué, Deus não está preocupado em dimensionar a terra, mas em fazer cumprir a promessa. Cumpriu Deus sua promessa para aquela geração, como disse que o faria? O que nos diz o Livro de Josué? Vejamos duas passagens significativas:
Assim, tomou Josué toda esta terra, segundo tudo o que o SENHOR tinha dito a Moisés; e Josué a deu em herança aos filhos de Israel, conforme as suas divisões e tribos; e a terra repousou da guerra – Josué 11:23.
Desta maneira, deu o SENHOR a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a possuíram e habitaram nela. O SENHOR lhes deu repouso em redor, segundo tudo quanto jurara a seus pais; nenhum de todos os seus inimigos resistiu diante deles; a todos eles o SENHOR lhes entregou nas mãos. Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu – Josué 21:43—45.
As palavras de Josué quando diz: “Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu”; servem mesmo, como uma verdadeira “pá de cal”, nas pretensões de todos aqueles que, lendo apenas o Antigo Testamento, esperam uma verdadeira “ressurreição” do povo de Israel, em condições de receber um cumprimento literal das promessas feitas durante os dias da Antiga Aliança.
Mesmo Neemias, após o retorno do cativeiro babilônico, olha para o primeiro êxodo e testifica, com gratidão e louvor a Deus, dizendo as seguintes palavras:
Também lhes deste reinos e povos, que lhes repartiste em porções; assim, possuíram a terra de Seom, a saber, a terra do rei de Hesbom e a terra de Ogue, rei de Basã. Multiplicaste os seus filhos como as estrelas do céu e trouxeste-os à terra de que tinhas dito a seus pais que nela entrariam para a possuírem – Neemias 9:22—23.
Esta passagem de Neemias nos fala da primeira vez que o povo de Israel ocupou a “Terra Prometida”. Ele fala inclusive do cumprimento da promessa feita, de modo metafórico, de que os israelitas seriam tão numerosos quanto as estrelas dos céus – ver Gênesis 22:17.
Em conclusão, podemos dizer que: uma vez que a promessa dada a Abraão, referente à terra, deve ser entendida como algo que está relacionado, de maneira bem próxima, às promessas relativas à Aliança, o que inclui a extensão da bênção de Deus a todos os povo da Terra então, insistir em uma interpretação que concede ao povo de origem judaica uma escritura de propriedade da terra da Palestina e isto, em caráter de perpetuidade, pode ser considerada como uma verdadeira ofensa, tanto à promessa feita por Deus, durante os dias da Antiga Aliança, como ao cumprimento desta mesma promessa, como a encontramos nos dias do Novo Testamento. Todos os elementos contidos na promessa feita a Abraão estão interligados e não podem ser desmembrados. O cumprimento final e completo de todas as promessas de Deus feitas durante os dias da Antiga Aliança é alcançado na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio - 2 Coríntios 1:20.
Outro artigo sobre Israel pode ser encontrado aqui:
http://ograndedialogo.blogspot.com/2009/08/o-significado-da-alianca-feita-com.html
Que Deus Abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
página no facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário