quarta-feira, 18 de abril de 2012

CAVALHEIROS, ALGUMAS DAMAS E PICARETAS DA FÉ – PARTE I


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A História de Como Chegamos Onde Estamos

Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.   Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade - Mateus 7:15 – 23.

Introdução

Em outro estudo[1] nós tivemos a oportunidade de notar que os livros de Rick Warren[2] e César Castellanos[3] estão cheios de mentiras de como as pessoas estão insatisfeitas com as igrejas tradicionais tanto no que diz respeito aos programas oferecidos quanto à estrutura organizacional. Mas eles não estão refletindo o sentimento atual das pessoas. Eles estão refletindo um sentimento de frustração com as igrejas institucionais que é bastante antigo e não tem nada de moderno e muito menos de contemporâneo. Este sentimento generalizado de frustração para com a religião cristã institucional surgiu na Europa, logo após o término da assim chamada Guerra dos Trinta Anos – 1618—1648.

Começando na metade do século XVII - a paz de Westfália que decretou o fim da Guerra dos Trinta Anos foi assinada em 1648 - surgiu por toda a Europa um sentimento bastante abrangente de frustração com relação à religião cristã, diretamente relacionado com a carnificina que havia ocorrido entre Católicos, Luteranos e Reformados durante a Guerra dos Trinta Anos. Naqueles dias o vácuo religioso criado pelo abandono da fé cristã tradicional foi completamente preenchido por movimentos evangélicos que enfatizavam o cultivo de uma maior espiritualidade tais como encontramos no Pietismo, no Metodismo e outros grupos semelhantes e por movimentos espiritualistas como o Swedenborgianismo criado por Emmanuel Swedenborg 1688—1772, o Mesmerismo inventado por Fraz Anton Mesmer  - 1735—1815) e finalmente, já no século XIX pelo Espiritismo de Allan Kardec na Europa e das irmãs Margaret e Catherine – Kate - Fox nos Estados Unidos da América.

O século XIX presenciou a falência completa da Cristandade[4] com o surgimento, a partir do século XVIII, dos escritos de críticos virulentos como Paul-Henri Dietrich conhecido como barão d’Holbach, Andréas Lwdwig Feuerbach, David Friedrich Strauss e Walter Bauer na Europa e Thomas Paine nos Estados Unidos da América[5]. No rastro de destruição causado por estes senhores surgiu, já no final do século XIX um movimento que, por falta de um nome melhor, foi chamado de Teosofia. Filosoficamente falando a Teosofia designa o conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que têm por objeto a união do homem com a divindade, mediante a elevação progressiva do espírito até à iluminação absoluta. Como tal estes conceitos já existiam antes do século XIX. Como doutrina espiritualista o termo Teosofia designa a escola religiosa fundada pela renegada aristocrata russa Helena Petrovna Blavatsky e pelo herói da Guerra da Secessão estadunidense, general Henry Olcott. A Teosofia de Blavatsky e Olcott sorveu profundamente do espiritismo “cristianizado” de Swedenborg, de Mesmer, de Kardec e das irmãs Fox. Além disso, o movimento misturou elementos da religião do Egito antigo, do hinduísmo e do budismo originários da Índia.  

Mas a influência de Swedenborg, Mesmer e do espiritismo pode ser vista também no surgimento dos quatro grandes movimentos pseudo-cristãos surgidos nos Estados Unidos da América no século XIX, a saber: Mormonismo, Adventismo do Sétimo Dia, Testemunhas de Jeová e Ciência Cristã. Já na virada do século XIX para o século XX os movimentos religiosos surgidos nos Estados Unidos da América, além de mostrarem a influência do espiritismo começaram a incorporar idéias esposadas pela Teosofia de Blavatsky e Olcott. Dentre estes movimentos nós podemos destacar o advento do Movimento Pentecostal e seus desdobramentos posteriores no Movimento Carismático e a assim chamada Terceira Onda, Quarta Onda etc. Devido à posição de liderança mundial exercida pelos Estados Unidos da América durante todo o século XX, os erros profundamente arraigados nestes movimentos acabaram por se espalhar pelo mundo inteiro, fincando, inclusive, profundas raízes no solo brasileiro como veremos.  

I. A Reforma Protestante

Não é intenção do autor contar nem em poucas nem em muitas palavras a história da Reforma Protestante. Existem inúmeros livros em português, que suprem perfeitamente esta lacuna. Para efeito do nosso estudo basta o que segue.

Movimentos reformadores sempre existiram no seio da igreja chamada cristã. Mas, foi o grande movimento reformador do século XVI, liderado principalmente por Martinho Lutero na Alemanha, Ulrico Zwínglio na Suíça alemã e João Calvino na Suíça francesa que recebeu a distinta menção de núcleo central da Reforma Protestante. A necessidade de Reforma era tão clamorosa no seio da então Igreja Católica Apostólica Romana que precisamos mencionar também os esforços do pérfido Inácio de Loyola para reformá-la.

A Reforma Protestante aconteceu então como um sopro benfazejo trazendo liberdade e esperança a todo um povo escravizado a todo tipo de superstições e à uma igreja completamente corrupta e falida. Talvez o motivo singular, além da ação direta de Deus nos corações daqueles homens através de Sua palavra, para que a Reforma Protestante fosse bem sucedida foi a vibrante tranqüilidade de Espírito manifestada pelos reformadores. Quem teve a oportunidade de se levantar contra qualquer igreja institucional sabe muito bem do que estamos falando!  

O problema é que nem tinham se passado cinqüenta anos da Reforma Protestante e a corrupção já havia se instalado nas igrejas Luteranas e Reformadas com pessoas clamado por uma nova reforma. Historiadores oficiais das igrejas Luteranas e Reformadas procuram minimizar a importância destas vozes dissonantes. O fato é que surgiram, por toda Europa, mas especialmente na Alemanha – o Espiritualismo e o Pietismo[6] e na Inglaterra – os Quacres e o Metodismo[7], movimentos que visavam cultivar a fé e a piedade de modo que fossem mais pessoais e intensas. O abandono do espírito vibrante que tanto caracterizou os principais reformadores e a volta aos velhos esquemas organizacionais fundados principalmente em “castas sacerdotais” foi o primeiro grande e definitivo passo na falência absoluta da cristandade européia.

O segundo passo foi o engessamento da fé. Não tendo mais a vida vibrante dos primeiros reformadores, a segunda geração se preocupou exclusivamente com a correção doutrinária ou a boa doutrina. Surge a ortodoxia que é a absoluta conformidade com um princípio ou doutrina. Primeiro vieram os Luteranos com a confissão de Fé de Augsburgo em 1530 e culminando com a Fórmula de Concórdia promulgada em 25 de Junho de 1580, que visava sanar um cisma interno do Luteranismo que durava aproximadamente três décadas. Depois vieram os Católicos Romanos com o movimento da Contra Reforma que culminou no 19º Concílio em Trento, que se arrastou de 1545 a 1563. Neste concílio se fixou a ortodoxia católica que perdura até os dias de hoje com anátemas, alguns impublicáveis, contra os protestantes. Por fim vieram os protestantes Reformados que fixaram suas doutrinas primeiro no Sínodo de Dordrecht, na Holanda, que se reuniu de novembro de 1618 até Maio de 1619 e que produziu o documento conhecido como os Cânones de Dordrecht e, depois pela Confissão de Fé e Catecismos Maior e Breve da Assembléia dos “Divinos”[8] de Westminster promulgados pelo parlamento inglês em 1647. É importante destacar que todos os movimentos visando a ortodoxia, sejam eles Católicos Romanos sejam Luteranos ou Reformados, tinham por objetivo principal, não a defesa da fé em si, mas o ganho de vantagens políticas. E foi exatamente esta constatação por parte do povo em geral que fez com que buscassem uma “religião” que fosse mais natural e mais de conformidade com os tempos, abandonando a petrificada religião cristã representada pelos movimentos surgidos da Reforma Protestante.

Uma vez petrificada pelas confissões, a fé cristã tinha data certa para morrer no coração das pessoas. É neste vazio que surge, em um primeiro momento, Emmanuel Swedenborg (1688— 1772).

II. Emmanuel Swedenborg[9] – (1688 – 1772)

Emmanuel Swedenborg, que até 1719 chamava-se Emmanuel Swedberg nasceu em Estocolmo na Suécia aos 29 de Janeiro de 1688, e faleceu em Londres, na Inglaterra, em 29 de Março de 1772.
Emmanuel era filho de um capelão cristão da coroa Sueca e sua família era parte da aristocracia. Durante os 30 anos de sua vida profissional ele se dedicou como trabalhador na indústria de mineração. Todavia sua grande paixão jazia em outro lugar. Emmanuel tinha profundo interesse na ciência de seus dias. Este interesse estava centrado na matemática, na filosofia e mais adiante, principalmente na religião cristã. Entre suas conquistas podemos citar a fundação do primeiro jornal científico da Suécia onde, entre outras coisas, antecipou de forma especulativa, o surgimento de aviões e submarinos. Outras áreas de destaque incluem tratados de cosmologia, química, atomística, física, incluído a medição do tamanho da Lua, e um tratado acerca da circulação sanguínea nos seres humanos. Seus estudos de atomística o levaram a antecipar a Atomística[10] contemporânea, pois descrevia a matéria como um sistema de partículas que poderiam ser divididas indefinidamente.
Foi da teoria atômica de Swedenborg que surgiu o projeto ao qual ele dedicou praticamente a totalidade do seu tempo livre. Este projeto consistia em sucessivas tentativas de localizar a alma humana e provar a imortalidade da mesma[11]. Swedenborg acreditava que a alma humana se originava no córtex[12] e que circulava no sangue. Suas crenças o levaram a uma quantidade enorme de experimentos em anatomia humana visando, de alguma forma, confirmar suas teorias. Estas pesquisas foram interrompidas por uma monumental crise espiritual iniciada em 1743. Naquele ano, segundo suas próprias palavras, Swedenborg teve uma série de sonhos, alguns extremamente carnais, que culminaram com uma visão do próprio Senhor Jesus Cristo. O leitor precisa notar muito bem este aspecto, o encontro com Deus ou ouvir a voz de Deus ou do Senhor Jesus, pois o mesmo será a marca registrada de todos os que, voltando às costas para a Bíblia, que é palavra revelada por Deus, pretendem ter recebido “revelações” vindas diretamente da parte de Deus.

Como mencionamos acima Swedenborg era filho de um capelão protestante e este fator garantiu que o mesmo crescesse em um ambiente marcado por um sentimento todo pervasivo com referência ao pecado. O sentimento de culpa experimentado por Swedenborg era enorme porque estava associado ao seu desejo de ser o maior cientista daquela época e por causa de todo o excessivo trabalho que era necessário para concretizar aquele desejo. O alegado encontro com Jesus mudou completamente sua vida - este é outro aspecto que se repete continuamente de Swedenborg até chegar em Rick Warren e César Castellanos. No ano seguinte, 1744, teve outro encontro com Jesus que lhe recomendou que abandonasse seus trabalhos científicos e se concentrasse na exegese bíblica. Seguindo o conselho de Jesus, Swedenborg concentrou os 28 anos seguinte de sua longa vida, à produção de um massivo conjunto de comentários e trabalhos teológicos composto por mais de 30 volumes. Enquanto escrevia esta volumosa obra, suas visões tornavam-se cada vez mais comuns e ele faz referência a inúmeras visitas ao céu e ao inferno[13]. Estas visitas eram permeadas por diálogos com anjos, espíritos e com o próprio Deus mesmo.

Swedenborg alegava ter descoberto a porta e a forma para se mover entre a dimensão material presente e a outra dimensão onde estavam o céu e o inferno, os anjos, os espíritos e Deus. Suas experiências visionárias foram grafadas na obra chamada Clavis Hieroglyphica que foi traduzida e publicada em inglês em 1784 sob o título de “A Spiritual Key”[14]. Nesta Obra Swedenborg defendia a idéia de que existem três níveis distintos de significado relacionados a qualquer símbolo: existe o significado natural, o significado espiritual e o significado divino. O significado natural diz respeito ao discurso relacionado às coisas materiais, envolvendo tanto as ciências quanto a história. O significado espiritual diz respeito ao mundo das idéias e da imaginação. Por fim o significado divino é aquele que envolve a realidade definitiva que pertence exclusivamente a Deus. Dentro desta perspectiva cada elemento no mundo material corresponde a um significado nos níveis espirituais e divinos. Este aspecto das idéias de Swedenborg foi chamado por ele mesmo de “teoria da correspondência ou da afinidade”. Esta “teoria da correspondência ou da afinidade” pode ser vista tanto na idéia dos “sonhos” defendida por Castellanos quando na teoria das “ondas divinas” defendida por Warren. Para Castellanos Deus “sonha” na Sua dimensão e depois implementa Seu “sonho” na nossa dimensão. Para Warren Deus “cria ondas” na Sua dimensão que se concretizam na nossa dimensão. Esta teoria possui graves implicações tanto teológicas quanto políticas especialmente quando alguém se auto-nomeia como aquele que sabe reconhecer que “sonhos” Deus têm sonhado ou que “ondas” Deus está enviando em nossa direção.

Para Swedenborg o universo é um todo harmonioso que sofre periodicamente alguns distúrbios causados pelo pecado. Mas ele não entendia pecado como definido biblicamente - ver 1 João 3:4 e sim meramente como um erro. Esta concepção caracterizava seu pensamento como uma utopia,[15] que de resto é outro traço comum na longa linha que vai de Swedenborg até Castellanos e Warren. Esta visão utópica o levou a acreditar que tanto o céu quanto o inferno não descrevem estados futuros e sim realidades presentes e permanentes nas quais nós podemos entrar e sair de acordo com nossa própria vontade.

Mas o elemento mais surpreendente na teologia de Emmanuel Swedenborg era sua crença de que a queda do homem poderia ser revertida se tão somente a humanidade pudesse desenvolver a intuição e a imaginação à custa da razão. Esta idéia pode ser vista de forma cristalina em todo o processo que, iniciando com os movimentos espiritualistas pós Reforma Protestante chega em  Emmanuel Swedenborg, passa pela teologia teosófica de Blavatsky e Olcott e deságua na Teoria Geral dos Sistemas de Peter Drucker. A Teoria Geral dos Sistemas, em sua linha mestra, defende a idéia de que a antropologia bíblica - estudo do homem como criado por Deus - precisa ceder lugar a uma nova visão evolucionária onde o próprio homem é o grande responsável pela sua própria transformação, da sua comunidade e da sociedade em geral. E estes conceitos da Teoria Geral dos Sistemas estão profundamente arraigados nos escritos de Robert Schüller, que não é tão conhecido no Brasil, e nos de César Castellanos e Rick Warren.

Emmanuel Swedenborg tinha a profunda convicção de que suas revelações e seus escritos representavam uma nova era na história da experiência religiosa da humanidade. Como o leitor poderá notar qualquer semelhança com as pretensões de Castellanos e Warren não é mera coincidência. Os mesmos afirmam de forma categórica que suas alegadas revelações representam uma nova era na história da experiência religiosa da humanidade. Castellanos diz que “a igreja celular é o paradigma da congregação mais poderosa do mundo. Pode-se dizer que um pastor que não entra nesta dimensão está matando o progresso do evangelho em sua área”. Já Warren não deixa por menos ao afirmar que: “Igrejas com propósitos serão as mais bem equipadas para o ministério durante todas as mudanças que enfrentaremos no século 21”. O leitor é desafiado a tirar suas próprias conclusões diante de tão contraditórias afirmações já que as mesmas procedem alegadamente do mesmo deus.

Imediatamente após a morte de Emmanuel Swedenborg seus seguidores fundaram inúmeras sociedades dedicadas ao estudo de suas revelações bem como da sua extensa obra escrita. Doze anos após sua morte alguns dos seus seguidores decidiram fundar uma denominação eclesiástica que recebeu o pomposo nome de “Igreja da Nova Jerusalém” ou “Nova Igreja”. Apesar dos esforços dos seus seguidores o Swedenborgianismo nunca se tornou popular, mas sua influência foi e continua sendo sentida na miríade de movimentos religiosos que absorveram seus ensinamentos.

A contribuição de Emmanuel Swedenborg para a formação dos movimentos espirituais que a ele se seguiram pode ser resumida da seguinte maneira:

1.    A Teoria da Correspondência comentada acima.

2.    A Crença de que o mundo espiritual é acessível. Esta crença abriu as portas para todo vento de doutrinas que temos visto em nossos dias e que podem ser diretamente traçadas de volta a Emmanuel Swedenborg. Ainda neste estudo, mais adiante, e em outros que, com a graça de Deus, se seguirão, o autor pretende mostrar estes fatos.

3.    A crença na iminência - algo que ameaça acontecer em breve - de uma nova dispensação tanto política quanto religiosa. Esta crença se manifesta de várias maneiras em nossos dias como veremos mais adiante.

4.    A reaproximação entre as várias ordens científicas e filosóficas e a religião e entre a imaginação e a razão. O movimento denominado “Church Growth” –c rescimento da Igreja - desposado por Rick Warren e César Castellanos capitaliza em cima desta reaproximação já que procura, mediante o que está sendo chamado de “evangelismo efetivo”, que não vai além de uma ênfase na igreja para a classe média, fazer a “igreja crescer” através da utilização de práticas gerenciais, do marketing, das ciências do comportamento humano e das comunicações.

Todas estas quatro partes dos ensinamentos de Emmanuel Swedenborg tiveram uma influência marcante na vida e obra de Franz Anton Mesmer, como veremos a seguir.

III. Franz Anton Mesmer – (1734—1815)[16]

Franz Anton Mesmer foi um médico alemão que fundiu os ensinamentos do médico inglês Richard Mead – 1673—1754 - com as teorias acerca da Eletricidade e do Magnetismo dos italianos Luigi Galvani – 1737—1798 - e Allesandro Giuseppe Antonio Anastásio Volta – 1745—1827. Em sua tese de doutorado em medicina, apresentada em 1766 diante de uma banca examinadora reunida na Universidade de Viena, Mesmer defendeu a idéia de que a força gravitacional[17] dos planetas afetava a saúde física e mental dos seres humanos porque exercia influência sobre um fluído invisível que existe tanto nos seres humanos como em toda a natureza.

Em 1775 Mesmer influenciado pelas descobertas de Galvani e Volta, revisou sua teoria e passou a chamá-la de “Teoria do Magnetismo Animal” que é também conhecida como “Teoria Eletro-Biológica”. Nesta versão revisada, Mesmer defendia a idéia de que o fluído invisível era afetado e reagia às leis do magnetismo. De acordo com Mesmer este “magnetismo animal” podia ser ativado por qualquer objeto magnetizado e podia ser manipulado por alguém treinado nesta técnica.

Mesmer acreditava que as doenças não passavam de meros obstáculos no livre fluxo dos líquidos através do corpo. Esses obstáculos dizia Mesmer, poderiam ser quebrados através de crises propositadamente provocadas que visavam restaurar a harmonia no fluxo dos fluídos. Suas técnicas para quebrar os obstáculos mencionados, envolviam estados de transe via hipnose, que normalmente culminavam em crises delirantes quando não em convulsões. Como veremos mais adiante muito das técnicas desenvolvidas por Mesmer foram adotadas pelos movimentos pentecostais, carismáticos e da terceira onda e quarta onda[18].

Os ensinamentos de Mesmer tornaram-se moda em Paris durante a década de 1780. A Revolução Francesa jogou para escanteio tudo o que não era pertinente aos interesses revolucionários e as teorias de Mesmer só foram revividas em Paris, a partir de 1820. Quase 20 anos depois estas mesmas teorias chegariam à Inglaterra, mais precisamente a partir de 1837.

Como falamos anteriormente, para Mesmer o corpo humano está circundado e inundado com um fluído ou força magnética. Este fluído, na opinião de Mesmer, podia ser identificado e manipulado por alguém que tivesse a sensibilidade necessária e ser utilizado para fins terapêuticos. As doenças, como já falamos, nada mais eram do que obstáculos à livre circulação deste fluído ou magnetismo. A função dos sensitivos era localizar estes obstáculos e com o uso de passes de ímãs dissolvê-los. Sensitivos mais experientes podiam dispensar o uso de ímãs usando somente as mãos para administrar os passes. O processo de cura envolvia colocar o paciente em um transe, normalmente hipnótico, durante o qual o paciente obedecia às ordens do sensitivo. Existem inúmeros registros de que pessoas submetidas a esses transes acabavam por “profetizar o futuro”. Estas profecias seriam as primeiras manifestações modernas de clarividência[19] que iriam, junto com todo o resto dos ensinamentos de Mesmer, influenciar profundamente as doutrinas espíritas que estavam no horizonte próximo.

Após a morte de Mesmer muitos dos seus discípulos declararam que mantinham contato com o falecido mestre. Este foi outro elemento que influenciou demais o surgimento do espiritismo.

Além destes fatos mencionados acima, os ensinamentos de Mesmer interessam a este nosso estudo pelos dois fatos seguintes:

1.    O fluido ou força magnética comentado por Mesmer não pode ter a sua localização estabelecida com precisão. É impossível determinar, de forma absoluta, se o mesmo pertence ao mundo físico ou ao mundo espiritual. É aqui que Mesmer conecta com Swedenborg de maneira mais significativa.

2.    As qualidades dos sensitivos, de acordo com Mesmer, incluíam “além de um poderoso olhar magnético refinado por concentração e auto controle, um caráter moral de boa qualidade bem como uma firmeza de propósito”. Estas qualidades eram todas necessárias por causa da força desprendida na execução das árduas tarefas.

Olhando para trás, as práticas de Mesmer capitalizavam nos princípios estabelecidos por Swedenborg como, por exemplo, a teoria da “correspondência ou da afinidade” do mago sueco que ensinava que “cada elemento no mundo material corresponde a um significado nos níveis espirituais e divinos”. Olhando para o futuro, os ensinos de Mesmer estavam preparando o mundo para o advento do Espiritismo Kardecista na Europa e das irmãs Fox nos Estados Unidos da América. Através da porta entre o mundo visível e o invisível, que havia sido escancarada por Swedenborg, uma verdadeira invasão de “doutrinas de demônios” começava a se manifestar e, como veremos, muitas destas doutrinas têm, desgraçadamente, sido acolhidas e adotadas por aqueles que se chamam de cristãos.

Mas o Mesmerismo teve ainda profunda influência no desenvolvimento de uma teoria que ficou conhecida como Frenologia. De acordo com o dicionário Aurélio Século XXI Frenologia pode ser definida como sendo a “teoria que estuda o caráter e as funções intelectuais humanas, baseando-se na conformação do crânio”. Para se chegar a alguma conclusão era necessário que o frenologista fizesse uma análise apalpando o crânio do paciente. Esta teoria foi também chamada de “psicologia cerebral”. Em 1824 o inglês John Eliotson fundou a Sociedade Frenológica Britânica ao mesmo tempo em que liderava o reavivamento do Mesmerismo na Inglaterra. Em 1843 este mesmo Eliotson lançou uma revista chamada “The Zoist” que era um periódico que unia o Mesmerismo com a Frenologia.

A Frenologia e o Mesmerismo viriam, por sua vez, juntamente com o fenômeno da clarividência - ver nota #17 para definição de clarividência neste estudo - a formar um trio que se tornaria no mais poderoso ingrediente daquilo que veio a ser conhecido como psicanálise. Sigmund Freud, médico austríaco que viveu entre 1856—1939 foi o inventor desta “ciência” do século XX onde o analista ocupa o papel do sensitivo do mesmerismo ou do médium do espiritismo.

 IV. Hippolyte-León-Denizard Rivail - (1804—1869)[20]

O francês Hippolyte-León-Denizard Rivail que ficou conhecido como a reencarnação de um poeta celta chamado Allan Kardec foi o “codificador” da doutrina chamada de espiritismo sob a alegada auréola de um grupo de espíritos chamados de “benfeitores da Humanidade”. Este Kardec era francês do século XIX e nasceu no dia 3 de Outubro de 1804 em Lyon e veio a falecer em 31 de Março de 1869. Kardec sempre se interessou por questões científicas e filosóficas. Advindo de uma família tradicional de advogados e que possuía membros na magistratura francesa foi enviado para Yverdon, na Suíça, para estudar na escola fundada por Johann Heinrich Pestalozzi. Sendo católico, mas estudando em uma escola na Suíça protestante, Kardec sentia-se profundamente incomodado com o antagonismo existente entre aqueles dois ramos da cristandade. Kardec passou a sonhar com uma “reforma” visando unir todas as religiões ou crenças.

Foi somente a partir de 1855 que Allan Kardec se interessou pelo curioso fenômeno das manifestações espíritas. Nestas manifestações Kardec “entreviu, desde o início, o princípio das novas leis naturais: as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu na ação deste último uma das forças da Natureza, cujo conhecimento deveria lançar luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu-lhe a importância do ponto de vista religioso[21]”. Ou seja, aquilo que representava um conjunto de “novas leis naturais” para Kardec não passava de velhas idéias desposadas por Emmanuel Swedenborg há mais de um século. A iluminação pretendida por Kardec visando resolver “uma multidão de problemas reputados como insolúveis” demonstra tanto sua ignorância concernente àqueles que o antecederam neste mesmo exercício, como sua pretensão de oferecer algo “novo” que de novo mesmo, não tinha absolutamente nada. Ao compreender as implicações religiosas destas “novas descobertas” Kardec certamente estava ofuscado pela teoria acerca da Origem das Espécies de Charles Robert Darwin que para os espíritas havia arrasado a história de Adão e Eva e do jardim do Éden.

Allan Kardec reintroduziu o conceito de reencarnação no espiritismo codificado, o que era considerado absurdo por outras sociedades espíritas da Europa. Um inimigo radical deste ensino kardecista foi o escocês Sir Arthur Conan Doyle, o autor dos livros que descrevem as aventuras do detetive Sherlock Holmes, do seu amigo Dr. Watson e do seu arquiinimigo o professor Moriarty. Sir Arthur tomou interesse no espiritismo após perder seu único filho durante a Primeira Guerra Mundial de 1914—1918. Ele foi um ferrenho opositor da doutrina da reencarnação apesar de acreditar nas manifestações espíritas. A própria Sociedade Espírita Francesa aboliu a crença na reencarnação na segunda metade do século XX.

Com a codificação Kardec emprestou certo ar de seriedade ao espiritismo. Assim a porta aberta por Swedenborg aliada ao surgimento dos sensitivos de Mesmer encontrou na codificação de Kardec os elementos necessários para multiplicar por milhares o que ficou conhecido como “séances” ou sessões espíritas.

Kardec, como sabemos, foi por fim grandemente enganado pelos tais espíritos benfeitores da humanidade. Mas deixemos que ele mesmo nos conte como a estória se passou. Em seu livro intitulado originalmente “Oeuvres Posthumes ou Obras Póstumas” existe uma divisão - Segunda Parte - que trata das “Previsões Concernentes ao Espiritismo” que de acordo com a notação existente é um manuscrito “composto com um cuidado todo especial por Allan Kardec”. Nesta divisão Kardec descreve uma séance acontecida em 10 de Junho de 1860 em sua própria casa, onde uma médium chamada de Sra. Schmidt encarnou um espírito que se apresentava como sendo “a Verdade”. O subtítulo lê com todas as letras o seguinte: “MEU RETORNO”. É Kardec quem escreve o seguinte:

Pergunta (À Verdade) - Acabo de receber uma carta de Marselha, na qual se me diz que, num seminário desta cidade, se ocupou seriamente do estudo do Espiritismo e de O Livro dos Espíritos. O que é possível disso augurar? É que o clero tomou a coisa com interessa?

Resposta do Espírito – Não podes disto duvidar: ele toma as coisas muito a sério, porque nelas prevê as conseqüências para ele, e as suas apreensões são grandes. O clero, sobretudo a parte esclarecida do clero, estuda o espiritismo mais do que não o crês: mas não pense que seja por simpatia; ao contrário, nisso procura meios para combatê-lo, e assegura-te que lhe fará uma rude guerra. Não te inquietes com isso, continua a agir com prudência e circunspecção; tenha-te em guarda contra as armadilhas que te serão estendidas; evita cuidadosamente em tuas palavras e em teus escritos, tudo o que poderia fornecer armas contra ti.

Prossegui o caminho sem medo, e se ele está semeado de espinhos, asseguro-te que terás grande satisfação antes de retornares “por um pouco” entre nós.

Pergunta feita por Kardec ao espírito chamado “Verdade” – Que entendeis por estas palavras “por um pouco”?

Resposta do espírito – Não ficará muito tempo entre nós; é necessário que retornes para terminar a tua missão, que não pode ser rematada nesta existência. Se isso fosse possível, não te irias daí de modo algum, mas é preciso suportar a lei da Natureza. Estarás ausente durante alguns anos e, quando voltares, isso será em condições que te permitirão trabalhar cedo. No entanto, há trabalhos que é útil que termines antes de partir; é porque te deixaremos o tempo necessário para acabá-los.

A seguir Kardec comete uma grave indiscrição que literalmente põe todo seu trabalho a perder. Em uma “nota” que segue imediatamente as palavras do espírito chamado “Verdade” como relatadas acima, Kardec diz, textualmente, o seguinte:

“Supondo aproximadamente a duração dos trabalhos que me restam a fazer, e tendo em conta o tempo da minha ausência e os anos da infância e da juventude, até a idade que um homem pode desempenhar um papel no mundo, isso nos leva, forçosamente, ao fim deste século ou ao começo do outro”[22].

Ou seja, em suas próprias palavras, inspirado pela revelação do espírito chamado “Verdade”, Kardec estimou que estaria de volta, reencarnado, nesta vida e pronto para continuar seu trabalho de codificador, no final do século XIX ou no mais tardar no início do século XX. É óbvio que tal feito não se concretizou. Foi uma profecia falsa. O espírito chamado “Verdade” parece que não era muito partidário de falar a verdade. E se Kardec foi clamorosamente enganado nesta questão, talvez a mais fundamental de todas, não poderia ter sido também enganado em todas as outras? A reencarnação não funcionou nem para o próprio “codificador” do espiritismo. Mas, infelizmente, nada disso impediu que as doutrinas codificadas por Allan Kardec se firmassem nos corações de milhares de seguidores diretos e como veremos em muitos mais corações de forma indireta.

V. Margaret e Catherine ou Kate Fox

Margaret e Catherine Fox eram duas irmãs canadenses nascidas na gélida região da província de New Brunswick. Margaret nasceu por volta do ano de 1833 perto da cidade de Bath e faleceu em 8 de Março de 1893 na cidade de New York, nos Estados Unidos da América. Catherine Fox, conhecida com Kate também nasceu perto da cidade de Bath por volta de 1839 e como sua irmã, também veio a falecer em New York, em 2 de Julho de 1892.

As irmãs Fox nem de longe tiveram tanto impacto quanto Allan Kardec no desenvolvimento da doutrina espírita. Todavia o papel desempenhado por elas não pode ser ignorado porque as mesmas foram as grandes catalisadoras do movimento espiritista nos Estados Unidos da América.

Tudo começou com a mudança da família Fox para uma fazenda próxima da cidade de Heydesville, no condado de Wayne, no estado de New York em 1847. No ano seguinte rumores começaram a se espalhar pela vizinhança acerca de estranhas estórias envolvendo “batidas e pancadas” que estariam acontecendo na casa da família Fox. Estas “batidas e pancadas” eram atribuídas à ação de espíritos por Margaret e Catherine e por muitos vizinhos. Em pouco tempo, uma multidão de curiosos entre os quais encontravam-se tanto pessoas incrédulas como ingênuas começou a se dirigir para a casa dos Fox, para observar os alegados acontecimentos. A partir daí a reputação das irmãs era tão grande que uma irmã mais velha das duas meninas, Ann Leah Fish, que morava em Rochester também no estado de New York, decidiu administrar apresentações públicas pagas onde os dons mediúnicos das meninas eram a principal atração.
  
Em 1850 a irmã mais velha decidiu levar as meninas para a cidade de New York. Esta mudança mostrou-se bastante interessante, pois em pouco tempo as duas começaram a participar de séances regulares e bastante lucrativas. Um dos elementos que contribuiu de forma significativa para o sucesso das pequenas médiuns foi o fato de que figuras proeminentes da literatura e da intelectualidade levaram-nas à sério. Nesta época o jornalista e editor Horace Greeley[23] ficou convencido da autenticidade das séances das irmãs Fox e passou a endossar de forma entusiástica as atividades das mesmas através do jornal “New York Tribune”.

As irmãs Fox começaram então a fazer excursões por todos os Estados Unidos da América e isto trouxe duas conseqüências imediatas: a primeira foi o fato de que o espiritismo tornou-se rapidamente um modismo pelo país inteiro e a segunda foi que o espiritismo tornou-se também motivo de grandes controvérsias. Muito imitadores atraídos pelo dinheiro fácil que poderiam ganhar, surgiram e séances se tornaram a última moda e mania entre os estadunidenses por volta de 1850. É muito importante notar que antes das irmãs Fox aparecerem no horizonte não há registros de qualquer natureza descrevendo ações mediúnicas nos Estados Unidos da América. As irmãs Fox são o divisor preciso do surgimento do espiritismo nas terras do Tio Sam.

Margaret Fox se envolveu com o explorador Elisha Kent Kane[24]. Ele tentou persuadir Margaret a abandonar as práticas espíritas e a buscar educação formal. Logo após a morte prematura de Elisha, em 1857, Margaret reivindicou para si a prerrogativa de ter se casado com ele em um compromisso particular estabelecido apenas entre os dois e em 1865 publicou um livro com as cartas que havia recebido dele. Alguns críticos da época acreditavam que as cartas eram verdadeiras, mas que haviam sido manipuladas por Margaret. O livro com as cartas de Elisha foi publicado com o título de “The Love-Live of Dr. Kane”.  Margaret professou a fé Católica Romana em 1858 e depois disto raramente serviu como médium para os espíritos.

Kate Fox, por sua vez, seguiu caminhos diferentes. Em 1855 uma “Sociedade para a Difusão do Conhecimento Espiritual” foi estabelecida para suas séances. Nesta altura as coisas já haviam se sofisticado bastante e além das batidas e das pancadas agora existiam também manifestações musicais, materialização de espíritos, e psicografia entre outras.

Em meados da década de 1860 a pressão das performances públicas e da propaganda ao redor das irmãs Fox associadas aos aspectos ocultistas do espiritismo, aspectos estes que nunca foram realmente compreendidos por Margaret e Kate, acabaram por conduzir as duas ao alcoolismo. Na década seguinte as duas irmãs viajaram para a Inglaterra onde o Espiritismo havia se tornado uma espécie de moda atraindo um público considerável.

Em 1872 Kate Fox casou-se com Henry D. Jencken passando a adotar o nome hifenado de Fox-Jencken. Kate finalmente retornou aos Estados Unidos da América em 1885. Os problemas com o alcoolismo se agravaram e ela perdeu a guarda dos próprios filhos em 1888.

Mas o ano de 1888 tinha ainda outras surpresas mais interessantes. Margaret Fox reaparece em cena e em uma pública confissão de “mea culpa” diante de um atônito público reunido na New York Academy of Music, admite que toda a questão envolvendo as batidas e pancadas dos espíritos não haviam passado de um embuste. De acordo com Margaret, ela e sua irmã Kate inventaram toda a história como uma forma de enganar e zombar da própria mãe a quem consideravam ignorante e muito supersticiosa. As pancadas eram produzidas, de acordo com Margaret, usando vários recursos, mas principalmente mediante o movimento dos dedos dos pés das duas irmãs. O problema é que no tempo da confissão a quantidade de pessoas que se considerava genuinamente espírita era muito grande, uma verdadeira legião se o leitor sabe o que estamos querendo dizer. Estas pessoas condenaram severamente a confissão de Margaret e alegaram que a mesma teria sido motivada por dinheiro ou mesmo com fruto de alguma alucinação alcoólica. Pouco tempo depois da confissão de embuste Margaret fez outra confissão se retratando da primeira - ainda precisa ser determinado se ela estava sóbria desta vez para usar o mesmo critério alegado quando da confissão de que tudo não havia passado de uma grande mentira artificiosa.

A história registra que as duas irmãs Fox morreram vítimas do alcoolismo e em extrema pobreza.  

 VI. Conclusão

Concluindo podemos dizer que a síntese das doutrinas de Emmanuel Swedenborg com os ensinamentos de Franz Anton Mesmer e as pretensas revelações espiritualistas de Hippolyte-León-Denizard Rivail serviram para pavimentar um caminho para uma “ciência espiritual” que prometia resolver todos os mistérios desta vida e da vida no além. De quebra, esta “ciência” prometia explicar o significado de todas as coisas.

Este caminho inventado pela tríade acima deu ímpeto a um novo tipo de “cristandade científica” que se manifestou de maneira exemplar durante o século XIX, principalmente nos movimentos pseudo-cristãos liderados por Joseph Smith, o falso profeta do Mormonismo; Mary Baker Eddy e a Ciência Cristã; com a falsa profetisa Ellen Gould Harmon White e o Adventismo do Sétimo Dia e Charles Taze Russell e Joseph Franklin Rutherford que inventaram as Testemunhas de Jeová, bem como no Movimento Teosófico de Madame Blavatsky e do General Olcott. Já no final do século XIX estas influências deletérias se manifestariam no ceio da cristandade tradicional através do movimento Pentecostal e seus desdobramentos posteriores.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] Ver o artigo ENGANADOS DE PROPÓSITO - A Diferença entre Alimentar Ovelhas e Entreter Cabritos nesse link: http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2011/01/enganados-de-proposito.html

2 Warren, Rick. Uma Igreja com Propósitos. Editora Vida, São Paulo, 2ª Edição, 4ª Impressão, 1999.

3 Castellanos, César. Sonha e Ganharás o Mundo. Palavra da Fé Produções Ltda, São Paulo, Edição em Português, 1999.

[4] O autor chama de “Cristandade” esta religião falsa, espalhada pelo mundo, que se auto-intitula de cristã.

[5] Paul-Henri Dietrich, barão d’Holbach enciclopedista (contribui com nada menos do que 376 artigos para a grande enciclopédia publicada por Diderot) e filósofo alemão naturalizado francês nascido em Dezembro de 1723 em Edesheim próximo a Landau e tendo falecido em Paris em 21 de Julho de 1789. Suas duas obras mais significativas com relação à crítica da Cristandade são: 1)”O Sistema da Natureza” publicada em 1770 sob o pseudônimo de J. B. Mirabaud e; 2) “Le Christianisme Dévoilé” de 1761 publicado sob o nome de um amigo já falecido, N. A. Boulanger. Nas duas obras d’Holbach ataca a Cristandade como sendo contrária tanto à natureza quanto à razão. Em tempos mais recentes um inglês chamado M. D. Magee tem publicado um sítio na Internet com o título “Christianity Revealed” o que é uma inegável cópia da obra do barão d’Holbach.
Andréas Lwdwig Feuerbach filósofo e humanista alemão que exerceu enorme influência sobre Karl Marx com suas idéias teológicas centradas no homem e não em Deus. Feuerbach abandonou os estudos teológicos e tornou-se discípulo de G.W.F. Hegel durante dois anos em Berlim. Publicou seu primeiro livro acerca da morte e da imortalidade em 1832 anonimamente (Gedanken über Tod und Unsterblichkeit). Em 1839 publica “Über Philosophie und Christentum” onde defende a idéia de que a Cristandade já havia desaparecido não somente da razão, mas da própria existência humana e que não passava de uma idéia fixa somente. Sua obra mais importante, todavia, “Das Wesen des Christentums” foi publicada em 1841. Feuerbach, mesmo negando ser ateísta, defendia a idéia de que o “deus” da Cristandade não passava de uma ilusão. Feuerbach exerceu profunda influência sobre o editor anti-cristão David Friedrich Strauss, que escreveu um dos livros mais controvertidos dos quais se tem notícia “Das Leben Jesu Kritisch Bearbeitet” entre 1835—36 bem como sobre Bruno Bauer outro severo crítico da Cristandade.
Thomas Paine escritor anglo-americano nascido em 29 de Janeiro de 1737 em Thetford, Norfolk na Inglaterra e falecido em 8 de Junho de 1809 em New York nos Estados Unidos da América. Publicou uma obra intitulada “The Age of Reason” onde discutiu o lugar da religião na sociedade. Foi outro crítico severo da cristandade.


[6] É da maior importância que o leitor procure se familiarizar com os líderes destes movimentos religiosos. Para facilitar segue a lista dos indivíduos mais significativos de cada um: 1) Movimento Espiritualista - Jacob Boheme e Emmanuel Swedenborg); 2) Movimento Quacre, originalmente chamado de “Sociedade de Amigos” - George Fox e William Penn; 3) Movimento Pietista no continente Europeu - Jacob Spener, Augusto Francke e Nicolaus Ludwig, Graf (conde) Von Zinzendorf que liderou o movimento que ficou conhecido como dos “Irmãos Morávios”; 4) Movimento Pietista na Inglaterra - John Wesley e o Movimento Metodista. É importante destacar que todos esses movimentos tiveram influência na formação religiosa dos habitantes do Novo Mundo, especialmente daqueles que habitavam o que hoje chamamos de Estados Unidos da América.

[7] Ver nota número 6 acima.

[8] A palavra “divine” em inglês pode significar uma pessoa treinada em questões teológicas, um teólogo. O mesmo significado não existe em português.

[9] O resumo da vida e obra de Emmanuel Swedenborg podem ser encontrados em obras tais como a de S. Toksvig, Emmanuel Swedenborg, Scientist and Mystic, Yale University Press, 1948.    
 [10] Teoria da constituição atômica da matéria.

[11] Suas várias teorias acerca da localização da alma podem ser vistas em filmes como “Anjos Caídos” estrelando Christopher Walken e “Constatine” estralando Keanu Reeves.

[12]  Camada externa de todos os órgãos animais ou vegetais, de estrutura mais ou menos concêntrica.

[13] Em tempos recentes não podemos evitar achar engraçado as pretensiosas histórias de Mary K. Baxter que escreveu dois livros declarando que visitou o céu e o inferno em tours conduzidos pelo próprio Senhor Jesus. Estes livros, infelizmente, estão disponíveis em português. Os mesmos não passam de uma apresentação com nova roupa das invencionices de Swedenborg. Existem também versões católicas romanas sobre o mesmo tema escritos por autores que pertencem a religião de Roma

[14] O autor do presente trabalho desconhece se este material, no todo ou em parte, encontra-se disponível em português.

[15] Projeto irrealizável; quimera; fantasia.

[16] O resumo da vida e obra de Franz Anton Mesmer pode ser encontrado em obras tais como a de R. Danton, Mesmerism and the End of the Enlightenment in France, Harvard University Pres, 1968.   

[17] Richard Mead defendia a idéia de que a força gravitacional da Lua tinha influência sobre a vida das pessoas. 

[18] O caso moderno mais evidente é o “touch” (tocar) do mestre hipnotizador conhecido como Benny Hinn que ao “tocar” uma pessoa faz com que a mesma perca temporariamente a noção de equilíbrio vindo a desabar.

[19] Para efeito deste estudo estamos usando a seguinte definição de clarividência como fornecida por Rudolf Tischner: a experiência ultra-sensível de perceber coisas objetivas e que se desdobra em: 1) conhecimento do passado - retroscopia; 2) do presente - criptoscopia ou telescopia; e 3) do futuro - profecia seja ela religiosa ou profana – Rudolf Tischner. Ergebnisse Okkulter Forschung. Deuttsche Verlagsabstalt, Stuttgart, 1950.

[20] O resumo da vida e obra de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail pode ser encontrado em suas próprias obras, todas em domínio público atualmente, e que possuem inúmeras edições em português por diversas entidades espíritas.  

[21] Revista Espírita, Maio de 1869, citada em Allan Kardec, Obras Póstumas, Instituto de Difusão Espírita, Araras, 16ª Edição, 1993.

[22] Kardec, Allan. Obras Póstumas. Instituto de Difusão Espírita, Araras, 16ª edição, 2003.

[23] Horace Greeley nasceu em 3 de Fevereiro de 1811 em Amherst no estado de New Hampshire e veio a falecer em 29 de Novembro de 1872 na cidade de New York. Foi um notável jornalista e editor bem como um político de influência que chegou a ser eleito presidente do Partido Republicano Liberal. Concorreu à presidência dos Estados Unidos da América na eleição de 1872 onde obteve significativos 40% dos votos contra o General Ulisses S. Grant. Sua realização mais importante foi a fundação de uma revista literária em 1834 e que existe até os dias de hoje chamada “The New Yorker”.

[24] Elisha Kent Kane nasceu na cidade da Filadéfia no estado da Pennsylvania em 3 de Fevereiro de 1820 e faleceu em 16 de Fevereiro de 1857 na ilha de Cuba na cidade de Havana. Dr. Kane se notabilizou como físico, mas principalmente como explorador do ártico.

2 comentários:

  1. È triste, para dizer o mínimo, quando alguém da classe religiosa, ocupando alguma posição de liderança, distorce fatos e acontecimentos com o único objetivo de transformar em "verdade absoluta" seus pontos de vista, sua religião, sua honestidade.
    As pessoas mais simples e aquelas outras que embora mais preparadas não disporiam de tempo para um estudo aprofundado dos temas que foram trazidos neste texto, tendem a acompanhar suas idéias. Este é o pior tipo de proselitismo e o que depõe da pior maneira contra as religiões de um modo geral. Todas, atacando umas as outras, na verdade não querem "largar o osso", que eu chamaria de filé; ou seja, sua própria estabilidade financeira, sua posição de destaque na comunidade e o sentimento de que está fazendo algo útil a favor da alma dos homens, quando apenas levam a descrença generalizada.
    Pessoas que se servem da cultura, da inteligência e da facilidade para se comunicar, e apenas usam estes dons que Deus lhes concedeu para assacar contra as diversas formas de revelação divina, que ao seu tempo têm significado "degraus" a um conhecimento maior em relação aos propósitos do Criador par sua criatura, demonstram imaturidade psicológica e moral. Mas, creia-me, irmão, isto é simples falta de fé em Deus. Fé na sua justiça que no tempo certo o chamará a contas. E aqui faço questão de me fazer compreendido: crença em Deus não é o mesmo que fé em Deus. Na primeira, sua razão e conveniência ditam a possibilidade real da existência de Deus; tão somente. E este Deus estará a serviço de seus interesses.
    Mas a fé, é resultado da sublimação do sentimento, da busca e da experiência amadurecida e refletida, fazendo com que este Deus esteja de fato em sua vida, em todos os momentos e passa a ser a motivação de seus atos e intenções.
    O preço que se paga por disseminar a descrença e levar falso julgamento sobre os homens que com suas limitações temporárias serviram a um determinado propósito divino, é mais alto do que supões.
    Mas a misericórdia divina é infinita e envolve a sua justiça, mas constrange e pode levar às lágrimas; portanto não perca tempo, companheiro: examina o teor de sua vaidade humana e busca a recomposição de seu destino desde o momento atual. Deus o acompanhará, como fez com o Filho pródigo quando do retorno ao lar paterno.
    Arthur Spencer

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    1. Caro Zarthur,

      Sugiro que procure conhecer melhor O Blog O Grande Diálogo, onde temos mais de 2000 artigos publicados.

      Abraço,

      irmão Alex

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