A História de Como Chegamos Onde Estamos
Acautelai-vos dos
falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro
são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura,
uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons
frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir
frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz
bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os
conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus,
mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me:
Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu
nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então,
lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que
praticais a iniqüidade - Mateus 7:15 – 23.
Introdução
Em outro estudo[1]
nós tivemos a oportunidade de notar que os livros de Rick Warren[2]
e César Castellanos[3]
estão cheios de mentiras de como as pessoas estão insatisfeitas com as igrejas
tradicionais tanto no que diz respeito aos programas oferecidos quanto à
estrutura organizacional. Mas eles não estão refletindo o sentimento atual das
pessoas. Eles estão refletindo um sentimento de frustração com as igrejas
institucionais que é bastante antigo e não tem nada de moderno e muito menos de
contemporâneo. Este sentimento generalizado de frustração para com a religião
cristã institucional surgiu na Europa, logo após o término da assim chamada
Guerra dos Trinta Anos – 1618—1648.
Começando na metade do século
XVII - a paz de Westfália que decretou o fim da Guerra dos Trinta Anos foi
assinada em 1648 - surgiu por toda a Europa um sentimento bastante abrangente
de frustração com relação à religião cristã, diretamente relacionado com a
carnificina que havia ocorrido entre Católicos, Luteranos e Reformados durante
a Guerra dos Trinta Anos. Naqueles dias o vácuo religioso criado pelo abandono
da fé cristã tradicional foi completamente preenchido por movimentos
evangélicos que enfatizavam o cultivo de uma maior espiritualidade tais como
encontramos no Pietismo, no Metodismo e outros grupos semelhantes e por
movimentos espiritualistas como o Swedenborgianismo criado por Emmanuel
Swedenborg 1688—1772, o Mesmerismo inventado por Fraz Anton Mesmer - 1735—1815) e finalmente, já no século XIX
pelo Espiritismo de Allan Kardec na Europa e das irmãs Margaret e Catherine – Kate
- Fox nos Estados Unidos da América.
O século XIX presenciou a
falência completa da Cristandade[4]
com o surgimento, a partir do século XVIII, dos escritos de críticos virulentos
como Paul-Henri Dietrich conhecido como barão
d’Holbach, Andréas Lwdwig Feuerbach, David Friedrich Strauss e Walter Bauer na
Europa e Thomas Paine nos Estados Unidos da América[5].
No rastro de destruição causado por estes senhores surgiu, já no final do
século XIX um movimento que, por falta de um nome melhor, foi chamado de
Teosofia. Filosoficamente falando a Teosofia designa o conjunto de doutrinas religioso-filosóficas
que têm por objeto a união do homem com a divindade, mediante a elevação
progressiva do espírito até à iluminação absoluta. Como tal estes conceitos já
existiam antes do século XIX. Como doutrina espiritualista o termo Teosofia
designa a escola religiosa fundada pela renegada aristocrata russa Helena
Petrovna Blavatsky e pelo herói da Guerra da Secessão estadunidense, general
Henry Olcott. A Teosofia de Blavatsky e Olcott sorveu profundamente do
espiritismo “cristianizado” de Swedenborg, de Mesmer, de Kardec e das irmãs
Fox. Além disso, o movimento misturou elementos da religião do Egito antigo, do
hinduísmo e do budismo originários da Índia.
Mas a influência de Swedenborg, Mesmer e do espiritismo
pode ser vista também no surgimento dos quatro grandes movimentos
pseudo-cristãos surgidos nos Estados Unidos da América no século XIX, a saber:
Mormonismo, Adventismo do Sétimo Dia, Testemunhas de Jeová e Ciência Cristã. Já
na virada do século XIX para o século XX os movimentos religiosos surgidos nos
Estados Unidos da América, além de mostrarem a influência do espiritismo
começaram a incorporar idéias esposadas pela Teosofia de Blavatsky e Olcott. Dentre
estes movimentos nós podemos destacar o advento do Movimento Pentecostal e seus
desdobramentos posteriores no Movimento Carismático e a assim chamada Terceira Onda,
Quarta Onda etc. Devido à posição de liderança mundial exercida pelos Estados
Unidos da América durante todo o século XX, os erros profundamente arraigados
nestes movimentos acabaram por se espalhar pelo mundo inteiro, fincando,
inclusive, profundas raízes no solo brasileiro como veremos.
I. A Reforma Protestante
Não é intenção do autor contar
nem em poucas nem em muitas palavras a história da Reforma Protestante. Existem
inúmeros livros em português, que suprem perfeitamente esta lacuna. Para efeito
do nosso estudo basta o que segue.
Movimentos reformadores sempre
existiram no seio da igreja chamada cristã. Mas, foi o grande movimento
reformador do século XVI, liderado principalmente por Martinho Lutero na
Alemanha, Ulrico Zwínglio na Suíça alemã e João Calvino na Suíça francesa que
recebeu a distinta menção de núcleo central da Reforma Protestante. A
necessidade de Reforma era tão clamorosa no seio da então Igreja Católica
Apostólica Romana que precisamos mencionar também os esforços do pérfido Inácio
de Loyola para reformá-la.
A Reforma Protestante aconteceu
então como um sopro benfazejo trazendo liberdade e esperança a todo um povo
escravizado a todo tipo de superstições e à uma igreja completamente corrupta e
falida. Talvez o motivo singular, além da ação direta de Deus nos corações
daqueles homens através de Sua palavra, para que a Reforma Protestante fosse
bem sucedida foi a vibrante tranqüilidade de Espírito manifestada pelos
reformadores. Quem teve a oportunidade de se levantar contra qualquer igreja
institucional sabe muito bem do que estamos falando!
O problema é que nem tinham se
passado cinqüenta anos da Reforma Protestante e a corrupção já havia se
instalado nas igrejas Luteranas e Reformadas com pessoas clamado por uma nova
reforma. Historiadores oficiais das igrejas Luteranas e Reformadas procuram
minimizar a importância destas vozes dissonantes. O fato é que surgiram, por
toda Europa, mas especialmente na Alemanha – o Espiritualismo e o Pietismo[6]
e na Inglaterra – os Quacres e o Metodismo[7],
movimentos que visavam cultivar a fé e a piedade de modo que fossem mais pessoais
e intensas. O abandono do espírito vibrante que tanto caracterizou os
principais reformadores e a volta aos velhos esquemas organizacionais fundados
principalmente em “castas sacerdotais” foi o primeiro grande e definitivo passo
na falência absoluta da cristandade européia.
O segundo passo foi o
engessamento da fé. Não tendo mais a vida vibrante dos primeiros reformadores,
a segunda geração se preocupou exclusivamente com a correção doutrinária ou a
boa doutrina. Surge a ortodoxia que é a absoluta conformidade com um princípio
ou doutrina. Primeiro vieram os Luteranos com a confissão de Fé de Augsburgo em
1530 e culminando com a Fórmula de Concórdia promulgada em 25 de Junho de 1580,
que visava sanar um cisma interno do Luteranismo que durava aproximadamente
três décadas. Depois vieram os Católicos Romanos com o movimento da Contra
Reforma que culminou no 19º Concílio em Trento, que se arrastou de 1545 a 1563.
Neste concílio se fixou a ortodoxia católica que perdura até os dias de hoje
com anátemas, alguns impublicáveis, contra os protestantes. Por fim vieram os
protestantes Reformados que fixaram suas doutrinas primeiro no Sínodo de
Dordrecht, na Holanda, que se reuniu de novembro de 1618 até Maio de 1619 e que
produziu o documento conhecido como os Cânones de Dordrecht e, depois pela
Confissão de Fé e Catecismos Maior e Breve da Assembléia dos “Divinos”[8]
de Westminster promulgados pelo parlamento inglês em 1647. É importante
destacar que todos os movimentos visando a ortodoxia, sejam eles Católicos
Romanos sejam Luteranos ou Reformados, tinham por objetivo principal, não a
defesa da fé em si, mas o ganho de vantagens políticas. E foi exatamente esta
constatação por parte do povo em geral que fez com que buscassem uma “religião”
que fosse mais natural e mais de conformidade com os tempos, abandonando a
petrificada religião cristã representada pelos movimentos surgidos da Reforma
Protestante.
Uma vez petrificada pelas
confissões, a fé cristã tinha data certa para morrer no coração das pessoas. É
neste vazio que surge, em um primeiro momento, Emmanuel Swedenborg (1688— 1772).
II. Emmanuel Swedenborg[9]
– (1688 – 1772)
Emmanuel Swedenborg, que até
1719 chamava-se Emmanuel Swedberg nasceu em Estocolmo na Suécia aos 29 de
Janeiro de 1688, e faleceu em Londres, na Inglaterra, em 29 de Março de 1772.
Emmanuel era filho de um
capelão cristão da coroa Sueca e sua família era parte da aristocracia. Durante
os 30 anos de sua vida profissional ele se dedicou como trabalhador na indústria
de mineração. Todavia sua grande paixão jazia em outro lugar. Emmanuel tinha
profundo interesse na ciência de seus dias. Este interesse estava centrado na
matemática, na filosofia e mais adiante, principalmente na religião cristã.
Entre suas conquistas podemos citar a fundação do primeiro jornal científico da
Suécia onde, entre outras coisas, antecipou de forma especulativa, o surgimento
de aviões e submarinos. Outras áreas de destaque incluem tratados de cosmologia,
química, atomística, física, incluído a medição do tamanho da Lua, e um tratado
acerca da circulação sanguínea nos seres humanos. Seus estudos de atomística o
levaram a antecipar a Atomística[10]
contemporânea, pois descrevia a matéria como um sistema de partículas que
poderiam ser divididas indefinidamente.
Foi da teoria atômica de Swedenborg
que surgiu o projeto ao qual ele dedicou praticamente a totalidade do seu tempo
livre. Este projeto consistia em sucessivas tentativas de localizar a alma
humana e provar a imortalidade da mesma[11].
Swedenborg acreditava que a alma humana se originava no córtex[12]
e que circulava no sangue. Suas crenças o levaram a uma quantidade enorme de
experimentos em anatomia humana visando, de alguma forma, confirmar suas
teorias. Estas pesquisas foram interrompidas por uma monumental crise
espiritual iniciada em 1743. Naquele ano, segundo suas próprias palavras,
Swedenborg teve uma série de sonhos, alguns extremamente carnais, que
culminaram com uma visão do próprio Senhor Jesus Cristo. O leitor precisa notar
muito bem este aspecto, o encontro com Deus ou ouvir a voz de Deus ou do Senhor
Jesus, pois o mesmo será a marca registrada de todos os que, voltando às costas
para a Bíblia, que é palavra revelada por Deus, pretendem ter recebido
“revelações” vindas diretamente da parte de Deus.
Como mencionamos acima
Swedenborg era filho de um capelão protestante e este fator garantiu que o
mesmo crescesse em um ambiente marcado por um sentimento todo pervasivo com
referência ao pecado. O sentimento de culpa experimentado por Swedenborg era
enorme porque estava associado ao seu desejo de ser o maior cientista daquela
época e por causa de todo o excessivo trabalho que era necessário para
concretizar aquele desejo. O alegado encontro com Jesus mudou completamente sua
vida - este é outro aspecto que se repete continuamente de Swedenborg até
chegar em Rick Warren e César Castellanos. No ano seguinte, 1744, teve outro
encontro com Jesus que lhe recomendou que abandonasse seus trabalhos
científicos e se concentrasse na exegese bíblica. Seguindo o conselho de Jesus,
Swedenborg concentrou os 28 anos seguinte de sua longa vida, à produção de um
massivo conjunto de comentários e trabalhos teológicos composto por mais de 30
volumes. Enquanto escrevia esta volumosa obra, suas visões tornavam-se cada vez
mais comuns e ele faz referência a inúmeras visitas ao céu e ao inferno[13].
Estas visitas eram permeadas por diálogos com anjos, espíritos e com o próprio
Deus mesmo.
Swedenborg alegava ter
descoberto a porta e a forma para se mover entre a dimensão material presente e
a outra dimensão onde estavam o céu e o inferno, os anjos, os espíritos e Deus.
Suas experiências visionárias foram grafadas na obra chamada Clavis Hieroglyphica que foi traduzida e
publicada em inglês em 1784 sob o título de “A Spiritual Key”[14].
Nesta Obra Swedenborg defendia a idéia de que existem três níveis distintos de
significado relacionados a qualquer símbolo: existe o significado natural, o
significado espiritual e o significado divino. O significado natural diz
respeito ao discurso relacionado às coisas materiais, envolvendo tanto as
ciências quanto a história. O significado espiritual diz respeito ao mundo das
idéias e da imaginação. Por fim o significado divino é aquele que envolve a
realidade definitiva que pertence exclusivamente a Deus. Dentro desta
perspectiva cada elemento no mundo material corresponde a um significado nos
níveis espirituais e divinos. Este aspecto das idéias de Swedenborg foi chamado
por ele mesmo de “teoria da correspondência ou da afinidade”. Esta “teoria da
correspondência ou da afinidade” pode ser vista tanto na idéia dos “sonhos”
defendida por Castellanos quando na teoria das “ondas divinas” defendida por
Warren. Para Castellanos Deus “sonha” na Sua dimensão e depois implementa Seu
“sonho” na nossa dimensão. Para Warren Deus “cria ondas” na Sua dimensão que se
concretizam na nossa dimensão. Esta teoria possui graves implicações tanto teológicas
quanto políticas especialmente quando alguém se auto-nomeia como aquele que
sabe reconhecer que “sonhos” Deus têm sonhado ou que “ondas” Deus está enviando
em nossa direção.
Para Swedenborg o universo é um
todo harmonioso que sofre periodicamente alguns distúrbios causados pelo
pecado. Mas ele não entendia pecado como definido biblicamente - ver 1 João 3:4
e sim meramente como um erro. Esta concepção caracterizava seu pensamento como
uma utopia,[15]
que de resto é outro traço comum na longa linha que vai de Swedenborg até
Castellanos e Warren. Esta visão utópica o levou a acreditar que tanto o céu
quanto o inferno não descrevem estados futuros e sim realidades presentes e
permanentes nas quais nós podemos entrar e sair de acordo com nossa própria
vontade.
Mas o elemento mais
surpreendente na teologia de Emmanuel Swedenborg era sua crença de que a queda
do homem poderia ser revertida se tão somente a humanidade pudesse desenvolver
a intuição e a imaginação à custa da razão. Esta idéia pode ser vista de forma
cristalina em todo o processo que, iniciando com os movimentos espiritualistas
pós Reforma Protestante chega em Emmanuel
Swedenborg, passa pela teologia teosófica de Blavatsky e Olcott e deságua na
Teoria Geral dos Sistemas de Peter Drucker. A Teoria Geral dos Sistemas, em sua
linha mestra, defende a idéia de que a antropologia bíblica - estudo do homem
como criado por Deus - precisa ceder lugar a uma nova visão evolucionária onde
o próprio homem é o grande responsável pela sua própria transformação, da sua
comunidade e da sociedade em geral. E estes conceitos da Teoria Geral dos
Sistemas estão profundamente arraigados nos escritos de Robert Schüller, que
não é tão conhecido no Brasil, e nos de César Castellanos e Rick Warren.
Emmanuel Swedenborg tinha a
profunda convicção de que suas revelações e seus escritos representavam uma
nova era na história da experiência religiosa da humanidade. Como o leitor
poderá notar qualquer semelhança com as pretensões de Castellanos e Warren não
é mera coincidência. Os mesmos afirmam de forma categórica que suas alegadas
revelações representam uma nova era na história da experiência religiosa da
humanidade. Castellanos diz que “a igreja
celular é o paradigma da congregação mais poderosa do mundo. Pode-se dizer que
um pastor que não entra nesta dimensão está matando o progresso do evangelho em
sua área”. Já Warren não deixa por menos ao afirmar que: “Igrejas com propósitos serão as mais bem
equipadas para o ministério durante todas as mudanças que enfrentaremos no
século 21”. O leitor é desafiado a tirar suas próprias conclusões diante de
tão contraditórias afirmações já que as mesmas procedem alegadamente do mesmo
deus.
Imediatamente após a morte de
Emmanuel Swedenborg seus seguidores fundaram inúmeras sociedades dedicadas ao
estudo de suas revelações bem como da sua extensa obra escrita. Doze anos após
sua morte alguns dos seus seguidores decidiram fundar uma denominação
eclesiástica que recebeu o pomposo nome de “Igreja da Nova Jerusalém” ou “Nova
Igreja”. Apesar dos esforços dos seus seguidores o Swedenborgianismo nunca se
tornou popular, mas sua influência foi e continua sendo sentida na miríade de
movimentos religiosos que absorveram seus ensinamentos.
A contribuição de Emmanuel
Swedenborg para a formação dos movimentos espirituais que a ele se seguiram
pode ser resumida da seguinte maneira:
1.
A Teoria
da Correspondência comentada acima.
2.
A Crença
de que o mundo espiritual é acessível. Esta crença abriu as portas para todo
vento de doutrinas que temos visto em nossos dias e que podem ser diretamente
traçadas de volta a Emmanuel Swedenborg. Ainda neste estudo, mais adiante, e em
outros que, com a graça de Deus, se seguirão, o autor pretende mostrar estes
fatos.
3.
A crença
na iminência - algo que ameaça acontecer em breve - de uma nova dispensação
tanto política quanto religiosa. Esta crença se manifesta de várias maneiras em
nossos dias como veremos mais adiante.
4.
A
reaproximação entre as várias ordens científicas e filosóficas e a religião e
entre a imaginação e a razão. O movimento denominado “Church Growth” –c rescimento
da Igreja - desposado por Rick Warren e César Castellanos capitaliza em cima
desta reaproximação já que procura, mediante o que está sendo chamado de
“evangelismo efetivo”, que não vai além de uma ênfase na igreja para a classe
média, fazer a “igreja crescer” através da utilização de práticas gerenciais,
do marketing, das ciências do comportamento humano e das comunicações.
Todas estas quatro partes dos
ensinamentos de Emmanuel Swedenborg tiveram uma influência marcante na vida e
obra de Franz Anton Mesmer, como veremos a seguir.
Franz Anton Mesmer foi um
médico alemão que fundiu os ensinamentos do médico inglês Richard Mead – 1673—1754
- com as teorias acerca da Eletricidade e do Magnetismo dos italianos Luigi
Galvani – 1737—1798 - e Allesandro Giuseppe Antonio Anastásio Volta – 1745—1827.
Em sua tese de doutorado em medicina, apresentada em 1766 diante de uma banca
examinadora reunida na Universidade de Viena, Mesmer defendeu a idéia de que a
força gravitacional[17]
dos planetas afetava a saúde física e mental dos seres humanos porque exercia
influência sobre um fluído invisível que existe tanto nos seres humanos como em
toda a natureza.
Em 1775 Mesmer influenciado
pelas descobertas de Galvani e Volta, revisou sua teoria e passou a chamá-la de
“Teoria do Magnetismo Animal” que é também conhecida como “Teoria
Eletro-Biológica”. Nesta versão revisada, Mesmer defendia a idéia de que o
fluído invisível era afetado e reagia às leis do magnetismo. De acordo com
Mesmer este “magnetismo animal” podia ser ativado por qualquer objeto
magnetizado e podia ser manipulado por alguém treinado nesta técnica.
Mesmer acreditava que as doenças
não passavam de meros obstáculos no livre fluxo dos líquidos através do corpo.
Esses obstáculos dizia Mesmer, poderiam ser quebrados através de crises
propositadamente provocadas que visavam restaurar a harmonia no fluxo dos
fluídos. Suas técnicas para quebrar os obstáculos mencionados, envolviam
estados de transe via hipnose, que normalmente culminavam em crises delirantes
quando não em convulsões. Como veremos mais adiante muito das técnicas
desenvolvidas por Mesmer foram adotadas pelos movimentos pentecostais,
carismáticos e da terceira onda e quarta onda[18].
Os ensinamentos de Mesmer
tornaram-se moda em Paris durante a década de 1780. A Revolução Francesa jogou
para escanteio tudo o que não era pertinente aos interesses revolucionários e as
teorias de Mesmer só foram revividas em Paris, a partir de 1820. Quase 20 anos
depois estas mesmas teorias chegariam à Inglaterra, mais precisamente a partir
de 1837.
Como falamos anteriormente, para
Mesmer o corpo humano está circundado e inundado com um fluído ou força
magnética. Este fluído, na opinião de Mesmer, podia ser identificado e manipulado
por alguém que tivesse a sensibilidade necessária e ser utilizado para fins
terapêuticos. As doenças, como já falamos, nada mais eram do que obstáculos à
livre circulação deste fluído ou magnetismo. A função dos sensitivos era
localizar estes obstáculos e com o uso de passes de ímãs dissolvê-los.
Sensitivos mais experientes podiam dispensar o uso de ímãs usando somente as
mãos para administrar os passes. O processo de cura envolvia colocar o paciente
em um transe, normalmente hipnótico, durante o qual o paciente obedecia às
ordens do sensitivo. Existem inúmeros registros de que pessoas submetidas a esses
transes acabavam por “profetizar o futuro”. Estas profecias seriam as primeiras
manifestações modernas de clarividência[19]
que iriam, junto com todo o resto dos ensinamentos de Mesmer, influenciar
profundamente as doutrinas espíritas que estavam no horizonte próximo.
Após a morte de Mesmer muitos
dos seus discípulos declararam que mantinham contato com o falecido mestre.
Este foi outro elemento que influenciou demais o surgimento do espiritismo.
Além destes fatos mencionados
acima, os ensinamentos de Mesmer interessam a este nosso estudo pelos dois
fatos seguintes:
1.
O fluido
ou força magnética comentado por Mesmer não pode ter a sua localização
estabelecida com precisão. É impossível determinar, de forma absoluta, se o
mesmo pertence ao mundo físico ou ao mundo espiritual. É aqui que Mesmer
conecta com Swedenborg de maneira mais significativa.
2.
As
qualidades dos sensitivos, de acordo com Mesmer, incluíam “além de um poderoso olhar magnético refinado por concentração e auto controle,
um caráter moral de boa qualidade bem como uma firmeza de propósito”. Estas
qualidades eram todas necessárias por causa da força desprendida na execução
das árduas tarefas.
Olhando para trás, as práticas
de Mesmer capitalizavam nos princípios estabelecidos por Swedenborg como, por
exemplo, a teoria da “correspondência ou da afinidade” do mago sueco que
ensinava que “cada elemento no mundo material corresponde a um significado nos
níveis espirituais e divinos”. Olhando para o futuro, os ensinos de Mesmer
estavam preparando o mundo para o advento do Espiritismo Kardecista na Europa e
das irmãs Fox nos Estados Unidos da América. Através da porta entre o mundo
visível e o invisível, que havia sido escancarada por Swedenborg, uma
verdadeira invasão de “doutrinas de demônios” começava a se manifestar e, como
veremos, muitas destas doutrinas têm, desgraçadamente, sido acolhidas e
adotadas por aqueles que se chamam de cristãos.
Mas o Mesmerismo teve ainda
profunda influência no desenvolvimento de uma teoria que ficou conhecida como
Frenologia. De acordo com o dicionário Aurélio Século XXI Frenologia pode ser
definida como sendo a “teoria que estuda o caráter e as funções intelectuais
humanas, baseando-se na conformação do crânio”. Para se chegar a alguma
conclusão era necessário que o frenologista fizesse uma análise apalpando o
crânio do paciente. Esta teoria foi também chamada de “psicologia cerebral”. Em
1824 o inglês John Eliotson fundou a Sociedade Frenológica Britânica ao mesmo
tempo em que liderava o reavivamento do Mesmerismo na Inglaterra. Em 1843 este
mesmo Eliotson lançou uma revista chamada “The Zoist” que era um periódico que
unia o Mesmerismo com a Frenologia.
A Frenologia e o Mesmerismo
viriam, por sua vez, juntamente com o fenômeno da clarividência - ver nota #17
para definição de clarividência neste estudo - a formar um trio que se tornaria
no mais poderoso ingrediente daquilo que veio a ser conhecido como psicanálise.
Sigmund Freud, médico austríaco que viveu entre 1856—1939 foi o inventor desta
“ciência” do século XX onde o analista ocupa o papel do sensitivo do mesmerismo
ou do médium do espiritismo.
IV. Hippolyte-León-Denizard
Rivail - (1804—1869)[20]
O francês
Hippolyte-León-Denizard Rivail que ficou conhecido como a reencarnação de um
poeta celta chamado Allan Kardec foi o “codificador” da doutrina chamada de
espiritismo sob a alegada auréola de um grupo de espíritos chamados de
“benfeitores da Humanidade”. Este Kardec era francês do século XIX e nasceu no
dia 3 de Outubro de 1804 em Lyon e veio a falecer em 31 de Março de 1869.
Kardec sempre se interessou por questões científicas e filosóficas. Advindo de
uma família tradicional de advogados e que possuía membros na magistratura
francesa foi enviado para Yverdon, na Suíça, para estudar na escola fundada por
Johann
Heinrich Pestalozzi. Sendo católico, mas
estudando em uma escola na Suíça protestante, Kardec sentia-se profundamente
incomodado com o antagonismo existente entre aqueles dois ramos da cristandade.
Kardec passou a sonhar com uma “reforma” visando unir todas as religiões ou crenças.
Foi somente a partir de 1855 que
Allan Kardec se interessou pelo curioso fenômeno das manifestações espíritas. Nestas
manifestações Kardec “entreviu, desde o início, o princípio das novas leis
naturais: as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível;
reconheceu na ação deste último uma das forças da Natureza, cujo conhecimento
deveria lançar luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e
compreendeu-lhe a importância do ponto de vista religioso[21]”. Ou
seja, aquilo que representava um conjunto de “novas leis naturais” para Kardec
não passava de velhas idéias desposadas por Emmanuel Swedenborg há mais de um
século. A iluminação pretendida por Kardec visando resolver “uma multidão de
problemas reputados como insolúveis” demonstra tanto sua ignorância concernente
àqueles que o antecederam neste mesmo exercício, como sua pretensão de oferecer
algo “novo” que de novo mesmo, não tinha absolutamente nada. Ao compreender as
implicações religiosas destas “novas descobertas” Kardec certamente estava
ofuscado pela teoria acerca da Origem das Espécies de Charles Robert Darwin que
para os espíritas havia arrasado a história de Adão e Eva e do jardim do Éden.
Allan Kardec reintroduziu o
conceito de reencarnação no espiritismo codificado, o que era considerado
absurdo por outras sociedades espíritas da Europa. Um inimigo radical deste
ensino kardecista foi o escocês Sir Arthur Conan Doyle, o autor dos livros que
descrevem as aventuras do detetive Sherlock Holmes, do seu amigo Dr. Watson e
do seu arquiinimigo o professor Moriarty. Sir Arthur tomou interesse no
espiritismo após perder seu único filho durante a Primeira Guerra Mundial de
1914—1918. Ele foi um ferrenho opositor da doutrina da reencarnação apesar de
acreditar nas manifestações espíritas. A própria Sociedade Espírita Francesa
aboliu a crença na reencarnação na segunda metade do século XX.
Com a codificação Kardec emprestou
certo ar de seriedade ao espiritismo. Assim a porta aberta por Swedenborg
aliada ao surgimento dos sensitivos de Mesmer encontrou na codificação de
Kardec os elementos necessários para multiplicar por milhares o que ficou
conhecido como “séances” ou
sessões espíritas.
Kardec, como sabemos, foi por
fim grandemente enganado pelos tais espíritos benfeitores da humanidade. Mas
deixemos que ele mesmo nos conte como a estória se passou. Em seu livro
intitulado originalmente “Oeuvres Posthumes ou Obras Póstumas” existe uma divisão - Segunda
Parte - que trata das “Previsões Concernentes ao Espiritismo” que de acordo com
a notação existente é um manuscrito “composto com um cuidado todo especial por
Allan Kardec”. Nesta divisão Kardec descreve uma séance acontecida em 10 de Junho de
1860 em sua própria casa, onde uma médium chamada de Sra. Schmidt encarnou um
espírito que se apresentava como sendo “a Verdade”. O subtítulo lê com todas as
letras o seguinte: “MEU RETORNO”. É Kardec quem escreve o seguinte:
“Pergunta (À Verdade) - Acabo de receber uma carta de Marselha, na qual
se me diz que, num seminário desta cidade, se ocupou seriamente do estudo do
Espiritismo e de O Livro dos Espíritos. O que é possível disso augurar? É que o
clero tomou a coisa com interessa?
Resposta do Espírito – Não podes disto duvidar: ele toma
as coisas muito a sério, porque nelas prevê as conseqüências para ele, e as
suas apreensões são grandes. O clero, sobretudo a parte esclarecida do clero,
estuda o espiritismo mais do que não o crês: mas não pense que seja por
simpatia; ao contrário, nisso procura meios para combatê-lo, e assegura-te que
lhe fará uma rude guerra. Não te inquietes com isso, continua a agir com
prudência e circunspecção; tenha-te em guarda contra as armadilhas que te serão
estendidas; evita cuidadosamente em tuas palavras e em teus escritos, tudo o
que poderia fornecer armas contra ti.
Prossegui o caminho sem medo, e se ele está semeado de
espinhos, asseguro-te que terás grande satisfação antes de retornares “por um
pouco” entre nós.
Pergunta feita por Kardec ao espírito chamado “Verdade” –
Que entendeis por estas palavras “por um pouco”?
Resposta do espírito – Não ficará muito tempo entre nós; é
necessário que retornes para terminar a tua missão, que não pode ser rematada
nesta existência. Se isso fosse possível, não te irias daí de modo algum, mas é
preciso suportar a lei da Natureza. Estarás ausente durante alguns anos e,
quando voltares, isso será em condições que te permitirão trabalhar cedo. No
entanto, há trabalhos que é útil que termines
antes de partir; é porque te deixaremos o tempo necessário para acabá-los.
A seguir Kardec comete uma grave
indiscrição que literalmente põe todo seu trabalho a perder. Em uma “nota” que
segue imediatamente as palavras do espírito chamado “Verdade” como relatadas
acima, Kardec diz, textualmente, o seguinte:
“Supondo aproximadamente a duração dos trabalhos que me
restam a fazer, e tendo em conta o tempo da minha ausência e os anos da
infância e da juventude, até a idade que um homem pode desempenhar um papel no
mundo, isso nos leva, forçosamente, ao fim deste século ou ao começo do outro”[22].
Ou seja, em suas próprias
palavras, inspirado pela revelação do espírito chamado “Verdade”, Kardec
estimou que estaria de volta, reencarnado, nesta vida e pronto para continuar
seu trabalho de codificador, no final do século XIX ou no mais tardar no início
do século XX. É óbvio que tal feito não se concretizou. Foi uma profecia falsa.
O espírito chamado “Verdade” parece que não era muito partidário de falar a
verdade. E se Kardec foi clamorosamente enganado nesta questão, talvez a mais
fundamental de todas, não poderia ter sido também enganado em todas as outras?
A reencarnação não funcionou nem para o próprio “codificador” do espiritismo.
Mas, infelizmente, nada disso impediu que as doutrinas codificadas por Allan
Kardec se firmassem nos corações de milhares de seguidores diretos e como
veremos em muitos mais corações de forma indireta.
V. Margaret e Catherine ou Kate Fox
Margaret e Catherine Fox eram
duas irmãs canadenses nascidas na gélida região da província de New Brunswick.
Margaret nasceu por volta do ano de 1833 perto da cidade de Bath e faleceu em 8
de Março de 1893 na cidade de New York, nos Estados Unidos da América. Catherine
Fox, conhecida com Kate também nasceu perto da cidade de Bath por volta de 1839
e como sua irmã, também veio a falecer em New York, em 2 de Julho de 1892.
As irmãs Fox nem de longe
tiveram tanto impacto quanto Allan Kardec no desenvolvimento da doutrina
espírita. Todavia o papel desempenhado por elas não pode ser ignorado porque as
mesmas foram as grandes catalisadoras do movimento espiritista nos Estados
Unidos da América.
Tudo começou com a mudança da
família Fox para uma fazenda próxima da cidade de Heydesville, no condado de
Wayne, no estado de New York em 1847. No ano seguinte rumores começaram a se
espalhar pela vizinhança acerca de estranhas estórias envolvendo “batidas e
pancadas” que estariam acontecendo na casa da família Fox. Estas “batidas e
pancadas” eram atribuídas à ação de espíritos por Margaret e Catherine e por
muitos vizinhos. Em pouco tempo, uma multidão de curiosos entre os quais
encontravam-se tanto pessoas incrédulas como ingênuas começou a se dirigir para
a casa dos Fox, para observar os alegados acontecimentos. A partir daí a
reputação das irmãs era tão grande que uma irmã mais velha das duas meninas, Ann
Leah Fish, que morava em Rochester também no estado de New York, decidiu
administrar apresentações públicas pagas onde os dons mediúnicos das meninas
eram a principal atração.
Em 1850 a irmã mais velha
decidiu levar as meninas para a cidade de New York. Esta mudança mostrou-se
bastante interessante, pois em pouco tempo as duas começaram a participar de
séances regulares e bastante lucrativas. Um dos elementos que contribuiu de
forma significativa para o sucesso das pequenas médiuns foi o fato de que
figuras proeminentes da literatura e da intelectualidade levaram-nas à sério.
Nesta época o jornalista e editor Horace Greeley[23]
ficou convencido da autenticidade das séances das irmãs Fox e passou a endossar
de forma entusiástica as atividades das mesmas através do jornal “New York
Tribune”.
As irmãs Fox começaram então a
fazer excursões por todos os Estados Unidos da América e isto trouxe duas
conseqüências imediatas: a primeira foi o fato de que o espiritismo tornou-se
rapidamente um modismo pelo país inteiro e a segunda foi que o espiritismo
tornou-se também motivo de grandes controvérsias. Muito imitadores atraídos
pelo dinheiro fácil que poderiam ganhar, surgiram e séances se tornaram a última
moda e mania entre os estadunidenses por volta de 1850. É muito importante
notar que antes das irmãs Fox aparecerem no horizonte não há registros de
qualquer natureza descrevendo ações mediúnicas nos Estados Unidos da América. As
irmãs Fox são o divisor preciso do surgimento do espiritismo nas terras do Tio
Sam.
Margaret Fox se envolveu com o
explorador Elisha Kent Kane[24].
Ele tentou persuadir Margaret a abandonar as práticas espíritas e a buscar
educação formal. Logo após a morte prematura de Elisha, em 1857, Margaret
reivindicou para si a prerrogativa de ter se casado com ele em um compromisso
particular estabelecido apenas entre os dois e em 1865 publicou um livro com as
cartas que havia recebido dele. Alguns críticos da época acreditavam que as cartas
eram verdadeiras, mas que haviam sido manipuladas por Margaret. O livro com as
cartas de Elisha foi publicado com o título de “The Love-Live of Dr. Kane”. Margaret professou a fé Católica Romana em
1858 e depois disto raramente serviu como médium para os espíritos.
Kate Fox, por sua vez, seguiu
caminhos diferentes. Em 1855 uma “Sociedade para a Difusão do Conhecimento
Espiritual” foi estabelecida para suas séances. Nesta altura as coisas já
haviam se sofisticado bastante e além das batidas e das pancadas agora existiam
também manifestações musicais, materialização de espíritos, e psicografia entre
outras.
Em meados da década de 1860 a
pressão das performances públicas e da propaganda ao redor das irmãs Fox
associadas aos aspectos ocultistas do espiritismo, aspectos estes que nunca
foram realmente compreendidos por Margaret e Kate, acabaram por conduzir as
duas ao alcoolismo. Na década seguinte as duas irmãs viajaram para a Inglaterra
onde o Espiritismo havia se tornado uma espécie de moda atraindo um público
considerável.
Em 1872 Kate Fox casou-se com
Henry D. Jencken passando a adotar o nome hifenado de Fox-Jencken. Kate
finalmente retornou aos Estados Unidos da América em 1885. Os problemas com o
alcoolismo se agravaram e ela perdeu a guarda dos próprios filhos em 1888.
Mas o ano de 1888 tinha ainda
outras surpresas mais interessantes. Margaret Fox reaparece em cena e em uma
pública confissão de “mea culpa” diante de um atônito público reunido na New
York Academy of Music, admite que toda a questão envolvendo as batidas e
pancadas dos espíritos não haviam passado de um embuste. De acordo com
Margaret, ela e sua irmã Kate inventaram toda a história como uma forma de
enganar e zombar da própria mãe a quem consideravam ignorante e muito
supersticiosa. As pancadas eram produzidas, de acordo com Margaret, usando
vários recursos, mas principalmente mediante o movimento dos dedos dos pés das
duas irmãs. O problema é que no tempo da confissão a quantidade de pessoas que
se considerava genuinamente espírita era muito grande, uma verdadeira legião se
o leitor sabe o que estamos querendo dizer. Estas pessoas condenaram
severamente a confissão de Margaret e alegaram que a mesma teria sido motivada
por dinheiro ou mesmo com fruto de alguma alucinação alcoólica. Pouco tempo
depois da confissão de embuste Margaret fez outra confissão se retratando da
primeira - ainda precisa ser determinado se ela estava sóbria desta vez para
usar o mesmo critério alegado quando da confissão de que tudo não havia passado
de uma grande mentira artificiosa.
A história registra que as duas
irmãs Fox morreram vítimas do alcoolismo e em extrema pobreza.
VI. Conclusão
Concluindo podemos dizer que a
síntese das doutrinas de Emmanuel Swedenborg com os ensinamentos de Franz Anton
Mesmer e as pretensas revelações espiritualistas de Hippolyte-León-Denizard
Rivail serviram para pavimentar um caminho para uma “ciência espiritual” que
prometia resolver todos os mistérios desta vida e da vida no além. De quebra,
esta “ciência” prometia explicar o significado de todas as coisas.
Este caminho inventado pela
tríade acima deu ímpeto a um novo tipo de “cristandade científica” que se
manifestou de maneira exemplar durante o século XIX, principalmente nos
movimentos pseudo-cristãos liderados por Joseph Smith, o falso profeta do
Mormonismo; Mary Baker Eddy e a Ciência Cristã; com a falsa profetisa Ellen Gould
Harmon White e o Adventismo do Sétimo Dia e Charles Taze Russell e Joseph
Franklin Rutherford que inventaram as Testemunhas de Jeová, bem como no Movimento
Teosófico de Madame Blavatsky e do General Olcott. Já no final do século XIX
estas influências deletérias se manifestariam no ceio da cristandade
tradicional através do movimento Pentecostal e seus desdobramentos posteriores.
Que Deus abençoe a todos.
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
Desde já agradecemos a todos.
PS. Pedimos a todos os nossos
leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte
link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] Ver o artigo ENGANADOS DE
PROPÓSITO - A Diferença entre Alimentar Ovelhas e Entreter Cabritos nesse link:
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2011/01/enganados-de-proposito.html
2 Warren, Rick. Uma Igreja com Propósitos. Editora Vida,
São Paulo, 2ª Edição, 4ª Impressão, 1999.
3 Castellanos, César. Sonha e Ganharás o Mundo. Palavra da Fé
Produções Ltda, São Paulo, Edição em Português, 1999.
[4] O autor chama de
“Cristandade” esta religião falsa, espalhada pelo mundo, que se auto-intitula
de cristã.
[5] Paul-Henri Dietrich, barão
d’Holbach enciclopedista (contribui com nada menos do que 376 artigos para a
grande enciclopédia publicada por Diderot) e filósofo alemão naturalizado
francês nascido em Dezembro de 1723 em Edesheim próximo a Landau e tendo
falecido em Paris em 21 de Julho de 1789. Suas duas obras mais significativas
com relação à crítica da Cristandade são: 1)”O Sistema da Natureza” publicada
em 1770 sob o pseudônimo de J. B. Mirabaud e; 2) “Le
Christianisme Dévoilé” de 1761 publicado sob o nome de um amigo já falecido, N.
A. Boulanger. Nas duas obras d’Holbach ataca a Cristandade como sendo contrária
tanto à natureza quanto à razão. Em tempos mais recentes um inglês chamado M.
D. Magee tem publicado um sítio na Internet com o título “Christianity
Revealed” o que é uma inegável cópia da obra do barão d’Holbach.
Andréas Lwdwig Feuerbach filósofo e humanista
alemão que exerceu enorme influência sobre Karl Marx com suas idéias teológicas
centradas no homem e não em Deus. Feuerbach abandonou os estudos teológicos e
tornou-se discípulo de G.W.F. Hegel durante dois anos em Berlim. Publicou seu
primeiro livro acerca da morte e da imortalidade em 1832 anonimamente (Gedanken
über Tod und Unsterblichkeit). Em 1839 publica “Über Philosophie und
Christentum” onde defende a idéia de que a Cristandade já havia desaparecido
não somente da razão, mas da própria existência humana e que não passava de uma
idéia fixa somente. Sua obra mais importante, todavia, “Das Wesen des
Christentums” foi publicada em 1841. Feuerbach, mesmo negando ser ateísta,
defendia a idéia de que o “deus” da Cristandade não passava de uma ilusão. Feuerbach
exerceu profunda influência sobre o editor anti-cristão David Friedrich Strauss,
que escreveu um dos livros mais controvertidos dos quais se tem notícia “Das
Leben Jesu Kritisch Bearbeitet” entre 1835—36 bem como sobre Bruno Bauer outro
severo crítico da Cristandade.
Thomas Paine escritor anglo-americano nascido em 29
de Janeiro de 1737 em Thetford, Norfolk na Inglaterra e falecido em 8 de Junho
de 1809 em New York nos Estados Unidos da América. Publicou uma obra intitulada
“The Age of Reason” onde discutiu o lugar da religião na sociedade. Foi outro
crítico severo da cristandade.
[6] É da maior importância que o
leitor procure se familiarizar com os líderes destes movimentos religiosos.
Para facilitar segue a lista dos indivíduos mais significativos de cada um: 1)
Movimento Espiritualista - Jacob Boheme e Emmanuel Swedenborg); 2) Movimento
Quacre, originalmente chamado de “Sociedade de Amigos” - George Fox e William
Penn; 3) Movimento Pietista no continente Europeu - Jacob Spener, Augusto
Francke e Nicolaus Ludwig, Graf (conde) Von Zinzendorf que liderou o movimento
que ficou conhecido como dos “Irmãos Morávios”; 4) Movimento Pietista na
Inglaterra - John Wesley e o Movimento Metodista. É importante destacar que
todos esses movimentos tiveram influência na formação religiosa dos habitantes
do Novo Mundo, especialmente daqueles que habitavam o que hoje chamamos de
Estados Unidos da América.
[7] Ver nota número 6 acima.
[8] A palavra “divine” em inglês
pode significar uma pessoa treinada em questões teológicas, um teólogo. O mesmo
significado não existe em português.
[9] O resumo da vida e obra de
Emmanuel Swedenborg podem ser encontrados em obras tais como a de S. Toksvig, Emmanuel Swedenborg, Scientist and Mystic,
Yale University Press, 1948.
[11] Suas várias teorias acerca da
localização da alma podem ser vistas em filmes como “Anjos Caídos” estrelando
Christopher Walken e “Constatine” estralando Keanu Reeves.
[12] Camada externa de todos os órgãos animais ou
vegetais, de estrutura mais ou menos concêntrica.
[13] Em tempos recentes não podemos
evitar achar engraçado as pretensiosas histórias de Mary K. Baxter que escreveu
dois livros declarando que visitou o céu e o inferno em tours conduzidos pelo
próprio Senhor Jesus. Estes livros, infelizmente, estão disponíveis em
português. Os mesmos não passam de uma apresentação com nova roupa das
invencionices de Swedenborg. Existem também versões católicas romanas sobre o
mesmo tema escritos por autores que pertencem a religião de Roma
[14] O autor do presente trabalho
desconhece se este material, no todo ou em parte, encontra-se disponível em
português.
[15] Projeto irrealizável; quimera;
fantasia.
[16] O resumo da vida e obra de Franz
Anton Mesmer pode ser encontrado em obras tais como a de R. Danton, Mesmerism and the End of the Enlightenment
in France, Harvard University Pres, 1968.
[17] Richard Mead defendia a
idéia de que a força gravitacional da Lua tinha influência sobre a vida das
pessoas.
[18] O caso moderno mais
evidente é o “touch” (tocar) do mestre hipnotizador conhecido como Benny Hinn
que ao “tocar” uma pessoa faz com que a mesma perca temporariamente a noção de
equilíbrio vindo a desabar.
[19] Para efeito deste estudo
estamos usando a seguinte definição de clarividência como fornecida por Rudolf
Tischner: a experiência ultra-sensível de perceber coisas objetivas e que se
desdobra em: 1) conhecimento do passado - retroscopia; 2) do presente -
criptoscopia ou telescopia; e 3) do futuro - profecia seja ela religiosa ou
profana – Rudolf Tischner. Ergebnisse
Okkulter Forschung. Deuttsche Verlagsabstalt, Stuttgart, 1950.
[20] O resumo da vida e obra de Hippolyte-Léon-Denizard
Rivail pode ser encontrado em suas próprias obras, todas em domínio público
atualmente, e que possuem inúmeras edições em português por diversas entidades
espíritas.
[21] Revista Espírita, Maio de
1869, citada em Allan Kardec, Obras
Póstumas, Instituto de Difusão Espírita, Araras, 16ª Edição, 1993.
[22] Kardec, Allan. Obras Póstumas. Instituto de Difusão
Espírita, Araras, 16ª edição, 2003.
[23] Horace
Greeley nasceu em 3 de Fevereiro de 1811 em Amherst no estado de New Hampshire
e veio a falecer em 29 de Novembro de 1872 na cidade de New York. Foi um
notável jornalista e editor bem como um político de influência que chegou a ser
eleito presidente do Partido Republicano Liberal. Concorreu à presidência dos
Estados Unidos da América na eleição de 1872 onde obteve significativos 40% dos
votos contra o General Ulisses S. Grant. Sua realização mais importante foi a
fundação de uma revista literária em 1834 e que existe até os dias de hoje
chamada “The New Yorker”.
[24] Elisha Kent Kane nasceu na
cidade da Filadéfia no estado da Pennsylvania em 3 de Fevereiro de 1820 e
faleceu em 16 de Fevereiro de 1857 na ilha de Cuba na cidade de Havana. Dr.
Kane se notabilizou como físico, mas principalmente como explorador do ártico.
È triste, para dizer o mínimo, quando alguém da classe religiosa, ocupando alguma posição de liderança, distorce fatos e acontecimentos com o único objetivo de transformar em "verdade absoluta" seus pontos de vista, sua religião, sua honestidade.
ResponderExcluirAs pessoas mais simples e aquelas outras que embora mais preparadas não disporiam de tempo para um estudo aprofundado dos temas que foram trazidos neste texto, tendem a acompanhar suas idéias. Este é o pior tipo de proselitismo e o que depõe da pior maneira contra as religiões de um modo geral. Todas, atacando umas as outras, na verdade não querem "largar o osso", que eu chamaria de filé; ou seja, sua própria estabilidade financeira, sua posição de destaque na comunidade e o sentimento de que está fazendo algo útil a favor da alma dos homens, quando apenas levam a descrença generalizada.
Pessoas que se servem da cultura, da inteligência e da facilidade para se comunicar, e apenas usam estes dons que Deus lhes concedeu para assacar contra as diversas formas de revelação divina, que ao seu tempo têm significado "degraus" a um conhecimento maior em relação aos propósitos do Criador par sua criatura, demonstram imaturidade psicológica e moral. Mas, creia-me, irmão, isto é simples falta de fé em Deus. Fé na sua justiça que no tempo certo o chamará a contas. E aqui faço questão de me fazer compreendido: crença em Deus não é o mesmo que fé em Deus. Na primeira, sua razão e conveniência ditam a possibilidade real da existência de Deus; tão somente. E este Deus estará a serviço de seus interesses.
Mas a fé, é resultado da sublimação do sentimento, da busca e da experiência amadurecida e refletida, fazendo com que este Deus esteja de fato em sua vida, em todos os momentos e passa a ser a motivação de seus atos e intenções.
O preço que se paga por disseminar a descrença e levar falso julgamento sobre os homens que com suas limitações temporárias serviram a um determinado propósito divino, é mais alto do que supões.
Mas a misericórdia divina é infinita e envolve a sua justiça, mas constrange e pode levar às lágrimas; portanto não perca tempo, companheiro: examina o teor de sua vaidade humana e busca a recomposição de seu destino desde o momento atual. Deus o acompanhará, como fez com o Filho pródigo quando do retorno ao lar paterno.
Arthur Spencer
Caro Zarthur,
ExcluirSugiro que procure conhecer melhor O Blog O Grande Diálogo, onde temos mais de 2000 artigos publicados.
Abraço,
irmão Alex