Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No
final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem
o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.
Lição 009 – A Revelação
de Deus e o Fim das Religiões — 6.
3. João Batista.
Conforme
tivemos a oportunidade de ver, durante aproximadamente 400 anos existiu em
Israel um notório silêncio profético. Este período, que vai desde o profeta
Malaquias até o surgimento de João Batista pregando no deserto da Judeia, não
obstante, foi um período marcado por uma fervilhante produção literária –
chamada, em parte, de Literatura Apocalíptica - bem como pelo surgimento de
inúmeros partidos políticos entre os judeus. Todos estes partidos, já
discutidos anteriormente, consideravam que qualquer tipo de dano feito aos
dominadores, fossem eles Sírios, Egípcios ou Romanos, era um dano causado em
benefício do Reino de Deus. Incentivados pelo conteúdo de livros apocalípticos,
os judeus haviam se afastado da revelação de Deus concedida através daquilo que
chamamos de Antigo Testamento, para mergulhar em um imaginário grandiloquente
onde se esperava que Deus interviria, de modo soberano e abrupto, para destruir
os inimigos do povo de Israel e levar, este mesmo povo, a uma posição única
entre todas as nações da Terra. Mas ao contrário dos profetas da antiguidade,
que sempre se manifestaram anunciando palavras reveladas diretamente por Deus,
os partidos surgidos entre Malaquias e João Batista - Zelotes, Escribas,
Fariseus, Saduceus, Essênios e Herodianos - não tinham nenhuma mensagem da
parte do SENHOR para transmitir a Israel.
a. Os Antecedentes de
João Batista.
É
neste cenário que surge João Batista. Dentre os autores que nos deixaram
legados escritos concernentes ao ministério do Senhor Jesus, somente Lucas nos
fornece maiores detalhes acerca da vida de João Batista, antes dele iniciar seu
ministério de pregador. De acordo com o relato de Lucas:
- João Batista era filho da velhice de um sacerdote chamado Zacarias e sua esposa Isabel – o nome Isabel é o grego equivalente ao hebraico de אֱלִישֶׁבַע – Eliseba – Deus é seu Juramento - e que era o nome da esposa de Arão, que foi a mãe de Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar – ver Êxodo 6:23. Tanto o pai como a mãe de João eram descendentes de Arão, o que para Zacarias, era uma dupla distinção: ele era sacerdote e casado com a filha descendente de outro sacerdote. Eram também pessoas irrepreensíveis com respeito à Lei do Senhor. Eles não tinham filhos, porquanto Isabel era estéril. Independente desta condição e, por serem pessoas piedosas, eles haviam pedido a Deus que lhes concedesse a alegria de ter filhos.
- Já nos dias de Davi os sacerdotes haviam se tornado tão numerosos que não podiam mais ministrar simultaneamente no altar. Naqueles dias, Davi dividiu os sacerdotes em 24 turmas ou turnos. A Abias coube, por sorte, o oitavo turno. Assim, os sacerdotes de cada turno oficiavam por um período de uma semana – ver detalhes em 1 Crônicas 24. Nos dias de Zacarias a quantidade de sacerdotes continuava muito maior do que as necessidades do Templo em Jerusalém. Por este motivo, os sacerdotes serviam em turnos de poucos dias de cada vez, intercalados por longos períodos em suas próprias cidades onde deveriam agir como mestres e juízes do povo.
- Mesmo servindo em turnos, ainda assim havia muitos sacerdotes para as funções necessárias no Templo em Jerusalém. Um destas funções era a de queimar o incenso sobre o altar de incenso que ficava na parte do Templo que chamamos de “Lugar Santo”[1] – ver Êxodo 30:1 e 7—8. De acordo com a instrução contida nos versos que acabamos de referir, o incenso deveria ser queimado duas vezes por dias: pela manhã junto com os primeiros raios do sol e depois, na parte da tarde, por volta da 15 horas. Como havia muitos sacerdotes de serviço nos dias de Zacarias, a prática comum era sortear, entre os que estavam servindo naquele período, o nome daquele que deveria entrar no “Lugar Santo” para desempenhar determinada função. Assim foi que, em um destes eventos, a sorte caiu sobre Zacarias para que entrasse no “Lugar Santo” e lá queimasse o incenso. A queima diária do incenso, do lado de dentro do Templo em Jerusalém, funcionava como uma ilustração visual daquilo que acontecia com as orações do povo, que se encontrava do lado de fora orando. O incenso era representativo das orações dos crentes que subiam, como um incenso perfumado, até a presença de Deus. Hoje não precisamos mais nem de um templo, nem da intervenção de um sacerdote, nem da queima de incenso porque Jesus Cristo cumpre, de modo plenamente satisfatório e diretamente na presença de Deus, todas estas funções – ver Hebreus 7:25 e 9:24.
- Tendo entrado no “Lugar Santo”, o povo permanecia do lado de fora, no pátio, orando. Uma vez do lado de dentro, “eis que lhe apareceu um anjo – Gabriel - do Senhor, em pé, à direita do altar do incenso”. A visão perturbou a Zacarias e ele ficou tomado de temor. Este é um traço comum com todos aqueles que experimentam estes tipos de visões – ver Juízes 6:22 que descreve a experiência de Gideão; Daniel 10:8 onde Daniel nos diz como se sentiu diante da visão e Apocalipse 1:17 que descreve a visão que João teve do Senhor Jesus glorificado. Portanto, a reação de Zacarias foi semelhante à de outros personagens bíblicos a quem o Senhor concedeu o privilégio de ter uma visão. Todavia, o anjo lhe assegurou que havia sido enviado para lhe dizer que sua oração, acerca de um descendente, havia sido ouvida! O anjo prosseguiu descrevendo como Isabel iria conceber e dar a luz a um menino e que o mesmo deveria ser chamado de “João”. Além disto, o anjo descreveu um pouco da vida e ministério do menino que deveria ainda nascer, dizendo que ele “será grande diante do Senhor”, e que iria converter “muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus... ser cheio do Espírito Santo já do ventre materno”.
- Além do mais, o anjo diz a Zacarias, que este João viria no espírito e poder de Elias, o que indica que seu trabalho alcançaria o mesmo resultado do trabalho feito por Elias no monte Carmelo, quando Elias enfrentou os 400 profetas de Baal – ver 1 Reis 18:19—40. A expressão “no espírito e poder de Elias” não quer dizer que João seria uma reencarnação do profeta Elias, e sim, que ele lembraria Elias tanto nas atitudes quanto no alcance da sua obra. Através do ministério de João muitos iriam se converter ao Deus de Israel, como foi nos dias de Elias quando o povo deixou de coxear entre dois pensamentos e declarou com o rosto em terra: O SENHOR é Deus! O SENHOR é Deus! Assim João iria “habilitar para o Senhor um povo preparado”. De maneira muito peculiar, as últimas palavras registradas pelo profeta Malaquias dizem literalmente o seguinte: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição” – Malaquias 4:5—6.
- Zacarias duvida das palavras do anjo, pois conhecia muito bem as condições físicas em que tanto ele quanto Isabel, se encontravam. Zacarias, como todo bom judeu, pede então um sinal ao anjo. Gabriel não desiste e, diante da incredulidade de Zacarias, lhe dá o seguinte sinal de que suas palavras se cumpririam: a partir daquele instante Zacarias iria ficar mudo até o dia do nascimento do menino João.
- Saindo do Templo, Zacarias não podia falar e assim permaneceu mudo. Cumpridos seus dias de serviço retornou à sua casa.
- Passados aqueles dias, sua esposa Isabel, concebeu, mas ocultou o fato durante 5 meses, pois dizia: “Assim me fez o Senhor, contemplando-me, para anular o meu opróbrio perante os homens” — Ver Lucas 1:5—25.
OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:
001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo
002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001
003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.
004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —
005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.
006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.
007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.
008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.
009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.
010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.
011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.
012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.
013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.
014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.
015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12
016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13
017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A
017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B
017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C
017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D
018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A
018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B
019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A
019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B
020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] Tanto o Tabernáculo erigido no
deserto quanto o Templo construído em Jerusalém possuíam, basicamente a mesma
configuração: Um pátio externo onde
ficavam localizados o grande altar dos sacrifícios e o tanque que os sacerdotes
usavam para se lavar; e, uma construção
dividida em duas partes, a saber: uma primeira metade que ocupava 2/3 da
construção e era chamada de “Lugar Santo”,
e onde estavam colocados o altar de incenso, o candelabro e a mesa com os pães
da proposição; e uma segunda metade que ocupava 1/3 da construção e era chamada
de “Lugar Santíssimo ou Santo dos Santos”,
e onde se encontravam a arca da aliança e o propiciatório. Os sacerdotes em
geral entravam, periodicamente, no chamado Lugar Santo para acender o
candelabro, queimar incenso e trocar os pães da mesa. No Lugar Santíssimo,
somente o Sumo Sacerdote podia entrar — duas vezes por anos — e isto somente no
dia da expiação, para oferecer o sangue necessário para fazer propiciação,
primeiro, pelos seus próprios pecados e depois, pelos pecados do povo,
aspergindo-o sobre o propiciatório.
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