O BATISMO CRISTÃO

Antigo Local de Batismo

O Batismo Cristão[1]

Introdução

Nosso desejo nesse estudo é apresentar algumas ideias acerca do batismo cristão, especialmente da perspectiva reformada. Pedimos a todos os leitores que tiverem interesse verdadeiro nessas questões que leiam o material abaixo com o coração aberto. Não desejamos fazer aqui nenhum tipo de apologia e sim um estudo bíblico que possa beneficiar a todos.

I – O significado do batismo

O batismo é um sinal.

O batismo nos foi dado por Deus para servir aos seguintes propósitos:

·       Servir nossa fé diante de Deus. 

·       Servir nossa confissão diante dos homens.

Além disso, o batismo traz à nossa fé outros elementos importantes:

·       O batismo é um sinal e uma prova do processo de limpeza do qual somos participantes. 

·       O batismo é como um documento selado que confirma que nossos pecados foram abolidos, remidos e evaporados, de tal maneira, que nunca mais podem ser trazidos à presença de Deus, nem serem lembrados ou trazidos em forma de acusação contra nós:

Veja os versos abaixo:

Hebreus 9:11—12

Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.

Atos 2:38—39

Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.

II – A virtude central do batismo não está na água e sim na Palavra de Deus

O apóstolo Paulo afirma que:

Efésios 5:25b—26

Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra.

Em outra passagem do apóstolo Paulo nós lemos:

Tito 3:5

Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo.

E o apóstolo Pedro diz:

1 Pedro 3:18—22 na Nova Tradução na Linguagem de Hoje.

Pois o próprio Cristo sofreu uma vez por todas pelos pecados, um homem bom em favor dos maus, para levar vocês a Deus. Ele morreu no corpo, mas foi ressuscitado no espírito, e no espírito foi e pregou aos espíritos que estavam presos. Estes eram os espíritos daqueles que não tinham obedecido a Deus, quando ele ficou esperando com paciência nos dias em que Noé estava construindo a barca. As poucas pessoas que estavam nela, oito ao todo, foram salvas pela água. Aquela água representava o batismo, que agora salva vocês. Esse batismo não é lavar a sujeira do corpo, mas é o compromisso feito com Deus, o qual vem de uma consciência limpa. Essa salvação vem por meio da ressurreição de Jesus Cristo, que foi para o céu e está do lado direito de Deus, governando os anjos, as autoridades e os poderes do céu.

Nem Paulo nem Pedro tinham a intenção de nos ensinar que a limpeza e a salvação são alcançadas pela água e, muito menos, que a água contém, em si mesma, qualquer poder para limpar, regenerar ou renovar, ou ainda, que o batismo é a causa da salvação. O BATISMO NÃO SALVA! O que eles querem dizer é que com esse sacramento recebemos o conhecimento destes dons tão preciosos.

A única limpeza que o batismo nos oferece é aquela derivada da similaridade de termos sido aspergidos — a bíblia não reconhece ninguém tendo sido imerso no sangue de Cristo[2] — com o sangue de Cristo — ver Hebreus 12:24 e 1 Pedro 1:2 – e, de onde emprestamos a idéia, por assemelhação, da lavagem e da limpeza.

III – O batismo como sinal de uma limpeza permanente. O batismo é apenas um sinal — parte 1.

O batismo representa que todos os nossos pecados — passados, presentes e futuros — foram completamente perdoados. Cristo, “cancelou o escrito de dívida — toda nossa dívida — e, removeu-o completamente, encravando-o na cruz — Colossenses 2:13—15”.

Quando presenciamos um batismo nos dias de hoje, devemos nos alegrar pela lembrança permanente que ele nos trás, acerca do fato que todos os nossos pecados foram, completamente, perdoados. Fomos agraciados pelo Senhor com uma redenção — libertação — eterna.

IV – O batismo como um sinal da nossa morte e renovação em Cristo. O batismo é apenas um sinal — parte 2.

Romanos 6:3—4

Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.

Romanos 6:5

Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos.

Romanos 6:8

Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.

Romanos 6:11

Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.

V – O batismo como um sinal da nossa união com Cristo. O batismo é apenas um sinal — parte 3.

O batismo nos ensina que, somos também recipientes de todas as bênçãos que são de Cristo. Paulo nos diz que somos filhos de Deus porque nos revestimos de Cristo no batismo:

Gálatas 3:26—27

Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes.

Todas as promessas e dons de Deus que nos são oferecidos no batismo encontram sua plena satisfação somente na pessoa de Cristo.

VI – O Batismo de João Batista e o Batismo Cristão.

O batismo de João Batista, bem como a batismo apostólico tinham em comum vários pontos:

·       Eram ordenanças divinas, isto é, feitos em nome de Deus. 

·       Eram batismos de arrependimento. 

·       Eram batismos para perdão — ou remissão — os pecados. 

A expressão de João Batista: “Ἴδε ὁ ἀμνὸς τοῦ θεοῦ ὁ αἴρων τὴν ἁμαρτίαν τοῦ κόσμου — Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo — encontrada em João 1:29, é completa em si mesma e nada pode ser acrescentada a ela por ninguém. Com esta expressão, João Batista está declarando que:

·       Cristo é um sacrifício aceitável a Deus. 

·       Cristo é a propiciação para a nossa justificação.

  

·       Cristo é o autor da salvação.

Desta maneira, a única diferença que podemos aceitar entre os dois tipos de batismo é a seguinte: João Batista batizava em nome daquele que iria vir e os apóstolos em nome daquele que havia trazido a revelação completa da parte de Deus, isto é, Cristo – ver Lucas 3:16 e Atos 19:4. Talvez, apenas talvez, este seja o motivo por que:

Os 11 apóstolos que receberam o batismo de João Batista e a quem Jesus enviou com a instrução explícita de que deveriam batizar “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” — ver Mateus 28:19 — não tenham recebido, eles mesmos, o batismo cristão. 

O apóstolo Paulo que não recebeu o batismo de João Batista e a quem o Senhor não enviou para batizar — ver 1 Coríntios 1:17 — tenha sido o único dos apóstolos a receber o batismo cristão — ver Atos 9:17—18. 

Os fatos que acabamos de narrar possuem consequências graves para todos os que insistem em fazer do batismo cristão algo que represente mais do que o sinal que deve representar.

VII – O Que Acontece com o Batismo Quando ele Deixa de Ser um Sinal.

Quando perdemos a compreensão bíblica de que o batismo é, e deve apenas ser um sinal, nós acabamos por transformá-lo em algo que possui um fim em si mesmo. O propósito do batismo é apontar para Cristo. Mas quando o batismo passa a ser um fim em si mesmo... nós começamos a dar importância e a distinguir o batismo mediante o uso de argumentos artificiais, tais como:

Modo do batismo – aspersão, efusão ou imersão. 

Idade dos batizandos — crianças e pessoas já com a “idade da razão” ou somente pessoas com a “idade da razão”. 

Local do batismo — um lugar seco, um tanque ou piscina ou um rio de águas correntes, etc.

Não é o modo do batismo que é importante, é a analogia.

A idade do batizando não é importante, é a analogia representada pelo batismo como sinal o que importa.

O local do batismo não é relevante, é a analogia que é importante.

·       Sinal de uma limpeza permanente. 

·       Sinal da nossa morte e renovação em Cristo. 

·       Sinal da nossa união permanente com Cristo. 

Uma última palavra faz-se necessária, neste item, para todos aqueles que acham que possuem um argumento imbatível, quando dizem que: “batizar crianças é algo inútil, porque a criança não entende nada”. Bem, este argumento poderia ser considerado se o batismo não fosse um sinal, mas tivesse algum outro significado. Mas, como vimos, o batismo é um sinal e serve não apenas para quem o recebe, mas também para quem o assiste como testemunha. O batismo, quando ministrado a uma criança serve como um sinal externo de que os privilégios outorgados ao povo de Deus são estendidos a todo Seu povo — ver exposição mais ampla destas idéias no outro estudo sobre o “Batismo Infantil” — e não apenas aos chamados professos[3]. E mais, desde quando eu preciso estar consciente para ser abençoado por Deus? Quando Isabel ouviu a voz de Maria, João Batista — ainda um feto — agitou-se de alegria no ventre de sua mãe — ver Lucas 1:39—44. E mais ainda, Quando Deus decidiu nos abençoar em Cristo, com toda sorte de bênçãos celestiais, Ele o fez antes da criação do mundo — ver Efésios 1:3—14. Não só eu não tinha consciência, como não havia sequer nascido e nem o mundo havia sido criado. O amor que nosso amoroso Pai nutre por nós, transcende nossa consciência, bem como o tempo e o espaço. Compreender as doutrinas da eleição e da predestinação neste contexto pode ajudar bastante.  

VIII – O batismo tipificado na Antiga Aliança

1 Coríntios 10:1—2[4]

Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés.

Como os israelitas do passado, nós também:

·       Fomos libertos do Egito, isto é, da escravidão do pecado.

·       Vimos nosso faraó e seu exército, isto é, o Diabo e seus anjos, serem completamente derrotados e expostos ao ridículo — Colossenses 2:11—15.

·       A nuvem de dia e a coluna de fogo à noite eram símbolos da presença de Deus no meio de Seu povo e serviam para protegê-los e impedir que desanimassem no meio ao calor, a escuridão e o frio intensos dos dias e noites no deserto - Êxodo 13:21—22. Hoje temos o Espírito Santo de Deus habitando em nós! – ver 1 Coríntios 6:19—20.

IX – Devemos nos Esforçar para Vencer, na Prática, o Pecado Persistente.

1 Coríntios 10:1—13

Paulo deixa bem claro que devemos aprender com a história do povo de Israel. E, nesta mesma passagem recebemos de Deus, a promessa que, Ele não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças. Além disto, Deus promete suprir um livramento especial de modo que possamos suportar as tentações. Quem quer poder? Deus quer nos dar todo o poder que precisamos para vencer o pecado em nossas próprias vidas. Temos que responder, honestamente, a esta pergunta: Eu quero o poder de Deus para vencer o pecado na minha própria vida? Cuidado: a luta contra o pecado é árdua e pode fazer você sangrar — Hebreus 12:1—4.

X. O Batismo não Tem Relação Obrigatória com Água como Muitos Desejam.

Vejam apenas essas duas referências que vinculam o batismo com atos que não envolvem água e pessoas numa mesma situação:

Lucas 12:50 

Tenho, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize!

É obvio que Jesus estava se referindo à sua morte na cruz.

A outra passagem, já mencionamos acima e é de 1 Coríntios 10:1—13.

Como a passagem deixa claro, os únicos que entraram em contato com a água nessa passagem acabaram morrendo afogados!

 

Conclusão

Isto é o que devemos crer e praticar: nós somos batizados em Cristo visando a mortificação da nossa carne — o despir das obras da carne. Esta mortificação começa com o batismo e deve ser perseguida, dia a dia, até que seja plenamente alcançada, quando passarmos desta vida para estarmos, definitivamente, com o Senhor. Ver Romanos capítulos 6, 7 e 8:1.

Que Deus abençoe a Todos

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

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[1] Todas as referências citadas neste trabalho são da versão de Almeida Revista e Atualizada, 

2ª Edição, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação explícita em contrário.

[2] O substantivo feminino “imersão” não existe na Bíblia em Português. O mesmo é verdade com relação ao verbo “imergir”.

[3]  Alguns gostam de argumentar que a mera “apresentação” da criança diante da igreja cumpre plenamente este propósito, sem necessidade da criança ser batizada. Mas o problema que existe com esse argumento é que a tal da “apresentação” não é bíblica, ao passo que o batismo é, claramente, ensinado no Novo Testamento.

[4]  É curioso o fato de que os únicos que foram literalmente “imersos” nas águas do Mar Vermelho foram os egípcios, que acabaram morrendo por esse mesmo motivo.