Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No
final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem
o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.
Lição 011 – A Revelação
de Deus e o Fim das Religiões — 8.
c. A Reação das Pessoas
a Todos os Eventos Relativos ao Nascimento de João Batista – ver Lucas 1:64—66.
Uma
vez que estava, novamente, de posse de sua capacidade de falar, Zacarias falou
louvando a Deus — ver Lucas 1:64. Isto tudo deixou os vizinhos possuídos de
temor e todos se perguntavam acerca do que viria a se tornar aquele menino,
nascido na região montanhosa da Judéia, a um casal de pessoas idosas e naquelas
circunstâncias? Pelas manifestações observadas, as pessoas sabiam que aquela
criança estava destinada a algo muito especial e isto criava bastante ansiedade
e incerteza em seus corações, daí o temor mencionado — ver Lucas 1:65. A
pergunta que todos deviam estar se fazendo naqueles dias era: como aquilo em
que este menino iria se transformar, iria também afetar suas vidas no
futuro? E todos “guardavam estas coisas
em seus corações” é uma expressão comum, usada para descrever o fato que
aquelas pessoas estavam ocupadas refletindo acerca destas coisas. Certamente,
desde o seu nascimento em diante, o menino João deve ter sido acompanhado, em
seu desenvolvimento, por pessoas incomodadas com todos aqueles eventos e
circunstâncias que haviam cercado a promessa do seu nascimento, sua concepção,
sua gestação, seu nascimento e sua circuncisão — ver Lucas 65—66.
Lucas
registra as palavras de Zacarias, que serão objetos da nossa atenção em
seguida, como uma verdadeira manifestação de uma “voz profética da parte de
Deus”. Como tal, esta manifestação estava na mesma categoria das outras vozes
proféticas do passado, como, por exemplo, foi o caso do profeta Ezequiel a quem
Deus disse: “Mas, quando eu falar contigo, darei que fale a tua boca, e lhes dirás:
Assim diz o SENHOR Deus: Quem ouvir ouça, e quem deixar de ouvir deixe; porque
são casa rebelde — Ezequiel 3:27.
d. O Louvor de Zacarias
– Lucas 1:67 – 79.
Note
como o verso 67 de Lucas 1 enfatiza o fato de que Zacarias estava cheio do
Espírito Santo[1].
Note também que o fato dele estar cheio do Espírito Santo, foi expresso
mediante a manifestação de uma forma verbal, conforme o que dissemos na nota de
rodapé # 1: “Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo”.
As palavras de Zacarias são uma manifestação da “voz profética de Deus”, em
primeiro lugar concernente ao - מָּשִׁיחַ — Mashiyach –
Messias ou Ungido do Senhor e, depois com respeito a seu filho João. Acerca do
Messias, Zacarias diz:
i. Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque
visitou e redimiu o seu povo — Verso 68.
Esta
fórmula usada por Zacarias e que diz “Bendito
seja o Senhor”, era uma maneira tradicional, entre os judeus, de se
referirem ao único Deus verdadeiro; ao Deus que os havia redimido da escravidão
do Egito, através de grandes sinais e maravilhas – ver Deuteronômio 6:22 e
Salmos 72:18. Bendizer Deus não quer dizer que uma bênção é invocada sobre
Deus. Deus é a fonte de todas as bênçãos, portanto, ele não pode ser abençoado
neste sentido por nós ou por qualquer outra criatura que seja. Ao usar esta
expressão, Zacarias estava realmente, louvando e glorificando a Deus por aquilo
que Deus é: o Deus Bendito. O uso desta expressão, “Bendito seja o Senhor”, era
a maneira como os antigos reconheciam as misericórdias e a bondade de Deus para
com eles. Nos versos a seguir podemos ter uma compreensão melhor da forma como
Zacarias usou esta expressão:
1. Salmos 28:6 —
Bendito seja o SENHOR, porque me ouviu as vozes súplices!
2. Salmos 31:21 —
Bendito seja o SENHOR, que engrandeceu a Sua misericórdia para comigo, numa
cidade sitiada!
3. Salmos 66:20 —
Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a Sua graça.
4. Salmos 68:19 —
Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa
salvação!
Nessa
capacidade, o Deus Bendito era exclusivamente o Deus da Aliança ou o “Deus de
Israel” — ver Êxodo 19:5—6. Para Zacarias, a manifestação iniciada com o
nascimento de seu filho, João, significava exatamente o mesmo que significou o
encontro de Deus com Moisés no monte Sinai — ver Êxodo 3:7—9. Deus conhecia
muito bem a situação sofrida pelo seu povo no Egito, apesar de manter um longo
período de “silêncio”. Cerca de quatrocentos anos haviam se passado entre José
e Moisés. Durante aqueles anos, Deus esteve como que “ausente e distante” e em
“silêncio”. Mas agora, Deus estava novamente, como que “visitando” seu povo,
depois de uma longa ausência e de um longo silêncio — ver Êxodo 3:16.
Para
Zacarias, o longo período representado pelos quatrocentos anos de silêncio
profético, iniciados com o final do ministério do profeta Malaquias, estavam,
como no caso de Moisés, sendo agora quebrados pelo nascimento de João e pelo
prenúncio da vinda do próprio Messias, através da visita que Maria, já com
menino Jesus crescendo em seu ventre, fez à sua prima, Isabel, que era esposa
de Zacarias e mãe de João Batista — ver Lucas 1:39—45. Estes são os motivos
porque Zacarias diz que Deus visitou e redimiu seu povo, da mesma maneira como
ele tinha feito nos dias de Moisés e do Êxodo.
Deus
visita seu povo tanto para juízo como por misericórdia. Zacarias percebia
aquela visitação, como algo que viria libertar o povo de Israel do jugo em que
se encontrava — ver Lucas 1:71 e 74. Neste sentido, a linguagem que Zacarias
usa é reminiscente daquela que encontramos em Êxodo 5:1.
A
palavra grega ἐπεσκέψατο – epesképsato –
traduzida por “visitou” é bastante reveladora:
1. Em
primeiro lugar ela significa o ato de cuidar ou preocupar-se no sentido de quem
inspeciona ou examina com os olhos. O propósito desta inspeção ou exame é o de
descobrir como o objeto observado está e, neste sentido, a palavra liga-se
diretamente ao conceito de visitar alguém com o objetivo específico de ajudar
ou prover algum tipo de benefício. É exatamente nestes sentidos que Jesus usa
esta palavra na descrição do Juízo Final pelo qual todas as criaturas humanas
terão de passar — ver Mateus 25:31 – 45. Note que, na descrição que Jesus faz
do Juízo Final, os justos são aqueles que “examinaram ou inspecionaram”
determinadas condições e agiram no sentido de ajudar ou prover algum benefício
aos necessitados. De modo semelhante, os ímpios são aqueles que, mesmo sabendo
das necessidades, não fizeram nada para vê-las satisfeitas. Deus viu a nossa
necessidade, e veio ao nosso encontro para nos socorrer e ajudar, isto é, Deus
viu nossa miséria no pecado, pois éramos escravos do pecado e estávamos
condenados por causa deste mesmo pecado, e veio nos salvar. Assim devemos
proceder nós também, diante das situações de necessidades que se nos
apresentam.
2. Deus
é o redentor do Seu povo porque Ele é um Deus compassivo que é incapaz de ver a
dor e o sofrimento e não fazer nada para ajudar. Pelo contrário, como Deus
visitou os Israelitas no Egito, agora estava novamente visitando Seu povo. A
diferença é que desta vez, Ele não iria enviar nenhum emissário, como foi o
caso de Moisés. Deus iria intervir direto e em pessoa, sem usar intermediários!
OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:
001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo
002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001
003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.
004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —
005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.
006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.
007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.
008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.
009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.
010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.
011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.
012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.
013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.
014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.
015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12
016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13
017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A
017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B
017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C
017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D
018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A
018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B
019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A
019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B
020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] O autor gostaria de chamar a
atenção dos leitores para o seguinte fato: todas as vezes que a expressão
“cheio do Espírito Santo” ou formas similares a esta expressão aparecem no Novo
Testamento, elas são imediatamente seguidas por algum tipo de manifestação
verbal – ver, por exemplo, Atos 2:4 e 4:31. Note especialmente a instrução
paulina em Efésios 5:18—20 onde podemos ler: E não vos embriagueis com vinho,
no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com
salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos
espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.
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