Esse artigo é parte da
série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor
procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com
aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para
os outros artigos dessa série.
AS PARÁBOLAS DE JESUS
Sermão 013
a
parábola dos DOIS IRMÃOS
Mateus 21:28—32
28 E que vos parece? Um
homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai hoje
trabalhar na vinha.
29 Ele respondeu: Sim,
senhor; porém não foi.
30 Dirigindo-se ao
segundo, disse-lhe a mesma coisa. Mas este respondeu: Não quero; depois,
arrependido, foi.
31 Qual dos dois fez a
vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo
que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus.
32 Porque João veio a
vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que
publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos
arrependestes, afinal, para acreditardes nele.
Introdução
A.
Existem 39 parábolas contadas por Jesus registradas nos
Evangelhos.
B.
Dez parábolas aparecem exclusivamente no Evangelho segundo Mateus. Essa é uma
delas.
O
enfoque desta parábola tem a ver com a autoridade divina e a maneira como as
pessoas reagem de maneira diferente à essa mesma autoridade.
Para
entendermos melhor esta parábola vamos ler o contexto imediatamente anterior
Mateus 21:23—27
23 Tendo Jesus
chegado ao templo, estando já ensinando, acercaram-se dele os principais
sacerdotes e os anciãos do povo, perguntando: Com que autoridade fazes estas
coisas? E quem te deu essa autoridade?
24 E Jesus
lhes respondeu: Eu também vos farei uma pergunta; se me responderdes, também eu
vos direi com que autoridade faço estas coisas.
25 Donde era o
batismo de João, do céu ou dos homens? E discorriam entre si: Se dissermos: do
céu, ele nos dirá: Então, por que não acreditastes nele?
26 E, se
dissermos: dos homens, é para temer o povo, porque todos consideram João como
profeta.
27 Então,
responderam a Jesus: Não sabemos. E ele, por sua vez: Nem eu vos digo com que
autoridade faço estas coisas.
I. Um Pouco de História
A. A
religião e os “Dominadores dos Segredos ou Mistérios Religiosos”
B.
A raça humana tem expressado manifestações religiosas desde a mais remota antiguidade:
1. O
indivíduo se identifica com o grupo ao qual ele pertence. O indivíduo passa,
mas o grupo permanece. Surge daí a idéia de que existe algo que é
transcendente. Algo que não morre. Surgem os primeiros conceitos de “alma”.
Teoria da Alma
2. Os
guerreiros mortos nas batalhas anteriores acompanham os outros guerreiros vivos
em novas batalhas. Surge o conceito de “anjo da guarda”.
Anjo
da guarda - concepção artística
3. Observação
da natureza cria os primeiros mitos da existência de deus ou deuses para
explicar os fenômenos não compreendidos. Surge o dualismo Luz/Trevas, Sol/Lua,
Dia/Noite, Bem/Mal, Yin/Yang.
Dualismo na pintura de Magritte
4.
Seres humanos começam a encenar os ciclos da vida — festivais atrelados às
estações — visando manipular as divindades para garantir a manutenção da vida.
Nestas encenações indivíduos representam animais. Alguns começam a acreditar
que o espírito do animal os possui. Surge a fusão das divindades com corpos de
animais.
Ritual
Sagrado
5. Assim
o que era uma encenação, uma representação torna-se um ritual — repetido vez
após vez — e uma vez tornado ritual assume dimensões religiosas. Surgem os
ritos.
Stonehenge
6. Para
funcionar o ritual precisa ser efetuado em um local especialmente consagrado
para este fim. Surgem os lugares sagrados! — Stonehenge na Inglaterra, Teotihuacán
no México, a Acrópole na Grécia, o Cemitério de Arlington na Virgínia, etc.
Teotihuacán: Avenida dos Mortos com a Pirâmide do Sol à direita
7. O
ritual para funcionar, além de um local sagrado, precisa ser executado conforme
regras fixas. Surgem os manuais, as constituições e etc. Aqueles que não se
conformam são postos para fora, repudiados, ignorados e ostracizados.
8. Neste
momento aparece também um bando de homens enganadores que utilizando as regras
existentes — muitas delas estabelecidas por eles mesmos — se aproveitam da
religião para explorar as pessoas. Surgem os clérigos profissionais. Os
sacerdotes, os pastores, os reverendos, os bispos, os apóstolos, os pajés, os
pais e mães de santos, os anciãos, os xamãs etc.
II. Os Dominadores em
Israel nos dias de Jesus.
A.
A religião de Israel era diferente de tudo que falamos anteriormente. Não era
uma religião baseada em observação. Ela estava baseada em REVELAÇÃO – ver
Sol
e lua são apenas objetos criados por Deus
Gênesis 1:14—18
14 Disse também Deus:
Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a
noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos.
15 E sejam para
luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez.
16 Fez Deus os dois
grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite;
e fez também as estrelas.
17 E os colocou no firmamento dos céus para
alumiarem a terra,
18 para governarem o
dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso
era bom.
B.
Mas o fato de existir uma revelação divina não é garantia de que as coisas irão
bem.
C.
O Deus que se revelou no Antigo Testamento exigia, na prática, somente duas
coisas:
1. Deuteronômio 6:5
Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e
de toda a tua força.
2. Levítico 19:18 Não te
vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.
D.
Para regular essas duas obrigações Deus havia concedido inúmeras leis para que
ninguém alegasse ignorância, já que o ser humano é especialista em torcer os
fatos.
E.
Com o passar dos anos os homens foram acrescentando mais e mais mandamentos — novas
regras — formulados por eles mesmos e não revelados por Deus. A Palavra
revelada de Deus é posta de lado enquanto as novidades inventadas pelos homens
passam a ter um peso cada vez maior. Estas novas regras são chamadas
na Bíblia de “tradições dos anciãos”. Essas tradições podem ser quaisquer
coisas: uma nova forma de fazer algo — um novo ritual — uma nova doutrina, uma
nova “revelação” supostamente vinda de Deus, mas que de fato é contrária à Sua
vontade revelada nas Escrituras, etc.
F.
Todas estas invencionices possuem apenas um proposto: fornecer elementos para a
dominação, para o controle e para o abuso espiritual. O profeta Jeremias já havia denunciado estas
práticas com um agravante – ver
Jeremias 5:30—31
30 Coisa espantosa e
horrenda se anda fazendo na terra:
31 os profetas
profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o
que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas coisas chegarem ao seu
fim?
Qual
é o agravante? O povo estava de acordo com esta exploração!
G.
Nos dias de Cristo a religião revelada de Israel havia degenerado em uma
religião legalista, rigorosa e inclemente. Os dominadores eram os sacerdotes,
os anciãos, os doutores da Lei e os fariseus.
H.
Jesus entra em rota de colisão com esses dominadores. A parábola que estamos
vendo hoje e as próximas duas parábolas no Evangelho de Mateus mostram,
exatamente, o choque que existiu entre Jesus e os líderes religiosos
dos Seus dias.
I.
O problema em questão, que é o tema desta parábola é a questão da
AUTORIDADE.
J.
Os sacerdotes, os anciãos, os doutores da Lei e os fariseus se consideravam a autoridade
máxima em Israel, acima de Deus mesmo e estavam dispostos a defender seu feudo
com todas as forças.
III. A Questão da
Autoridade – Mateus 21:23—27
A.
Jesus vai ao Templo e expulsa os que ali comerciavam — Mateus 21:12.
B.
Jesus cura cegos e coxos na área do Templo — Mateus 21:14.
C.
Jesus recebe perfeito louvor dos lábios das crianças e é condenado
pelos principais sacerdotes e fariseus – Mateus 21:15—16.
D.
Os líderes religiosos se sentem ameaçados pelas coisas que Jesus fazia e
ensinava e exigem que Ele explique com que autoridade Ele fazia as coisas que
fazia e as coisas que ensinava — Mateus 21:23—27. Antes de responder, porem, Jesus exige
deles uma resposta, mas eles se recusam a fornecer. Com isso, Jesus também se
recusa a atendê-los.
E.
Mas Jesus segue em frente e força-os a responder a Sua pergunta — ver Mateus
21:25 — contando a parábola que estamos vendo hoje.
IV. A Parábola dos dois
filhos – Mateus 21:28—32.
A.
Um homem tinha uma vinha. Era um negócio familiar e todos na família precisavam
ajudar.
B.
Procurou um dos filhos e lhe pediu que fosse trabalhar na vinha naquele dia. O
filho educadamente disse: “Sim senhor; porém não foi”.
C. Procurou
o outro filho e lhe pediu o mesmo. A resposta ríspida deste foi: “Não quero,
depois, arrependido foi”.
D.
Jesus então pergunta aos líderes religiosos: “Qual dos dois fez a vontade do
pai?”
E. Os
líderes religiosos ofereceram a resposta correta. Essa era a resposta que Jesus
estava esperando. O que eles não estavam esperando eram as implicações da conclusão
que Jesus tirou da resposta que eles deram: publicanos e prostitutas vos precedem no reino de
Deus. Quem eram os publicanos? Eram os cobradores de impostos a favor do
império romano. Eles eram considerados traidores no maior grau e se encontravam
em uma condição imperdoável pelos judeus. As prostitutas todos nós sabemos quem são.
Jesus diz que este tipo de pessoas e não os líderes religiosos estavam entrando
no reino de Deus.
Líderes
judeus nos dias de Jesus
F.
Por quê? Porque publicanos e prostitutas ouviram a mensagem pregada por João e
se arrependeram e foram batizados confessando seus pecados. Os líderes
religiosos estavam cheios de orgulho, arrogância e cegueira – ver Mateus 24:4—7.
Eles haviam rejeitado a João e à sua mensagem, quiseram apenas se divertir um
pouco à custa de João — ver
João 5:35
Ele era a lâmpada que
ardia e alumiava, e vós quisestes, por algum tempo, alegrar-vos com a sua luz.
Mas
a mensagem de João Batista tinha origem Divina — João estava revelando a
vontade de Deus. Rejeitá-la era cometer o pior erro possível – ver
Lucas 7:29—30
29 Todo o povo que o
ouviu e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados
com o batismo de João;
30 mas os fariseus e os
intérpretes da Lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não
tendo sido batizados por ele.
Conclusão:
1.
Desde a mais remota antiguidade da revelação divina obediência —conformação
interna — é melhor do que sacrificar — conformação externa – ver
1 Samuel 15:22
Porém Samuel disse:
Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em
que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar,
e o atender, melhor do que a gordura de carneiros.
2.
Pessoas que se conformam externamente apenas serão “barrados na porta do baile”
– ver
Mateus 7:21
Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus.
3. O
Senhor Jesus disse que:
João 15:14.
Vós sois meus amigos,
se fazeis o que eu vos mando.
4.O
próprio Senhor Jesus não veio para fazer Sua própria vontade mas para fazer a
vontade do Pai – ver
João 4:34
Disse-lhes Jesus: A
minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua
obra.
5. E
nós?
OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:
001 – O Sal
002 – Os Dois Fundamentos
003 – O Semeador
004 – O Joio e o Trigo =
005 – O Credor Incompassivo
006 — O Grão de Mostarda e o Fermento
007 — Os Meninos Brincando na Praça
008 — A Semente Germinando Secretamente
009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor
011 — A Eterna Fornalha de Fogo
012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha
013 — A Parábola dos Dois Irmãos
014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1
014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2
015 — A Parábola das Bodas —
016 — A Parábola da Figueira
017 — A Parábola do Servo Vigilante
018 — A Parábola do Ladrão
019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente
020 — A Parábola das Dez Virgens
021 — A Parábola dos Talentos
022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos
023 — A Parábola dos Dois Devedores
024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa
025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai
026 — A Parábola da Mão no Arado
027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo
027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1
027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote
027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita
027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano
027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro
027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria
027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final
027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei
028 — A Parábola do Rico Tolo —
029 — A Parábola do Amigo Importuno —
030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé
031 — A Parábola da Figueira Estéril
032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares
033 — A Parábola do Grande Banquete
034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro
035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001
036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002
037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001
037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002
037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003
037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento
037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida
037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
Que
Deus abençoe a todos
Alexandros
Meimaridis
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