Muitas vezes nos escrevemos
artigos comentando as atitudes destemperadas do falso mestre Silas Malafaia.
Muitas vezes terminamos nossos artigos pedindo para as pessoas acordarem para a
realidade enquanto, ao mesmo tempo, orávamos para Deus desmascará-lo e conduzi-lo ao arrependimento. Bem
parece que tudo isso está começando a acontecer e o antes “todo poderoso pastor
midiático” já não convence mais a todos, como pretende que ainda faz.
Abaixo reproduzimos um artigo publicado pela revista Cristianismo Hoje em sua edição 34 / ano 6 / abril e maio de 2013.
Abaixo reproduzimos um artigo publicado pela revista Cristianismo Hoje em sua edição 34 / ano 6 / abril e maio de 2013.
A reportagem deixa claro que:
apesar de ainda ter muitos fãs e ser um verdadeiro ídolo para muito adoradores,
muitos do meio evangélico rejeitam as investidas de Malafaia de querer
representá-los. Muitos já tiveram os olhos abertos e não aceitam nem sua
riqueza particular nem seus falsos ensinamentos acerca da “Prosperidade”.
Acompanhe abaixo, o texto completo do material publicado pela revista:
SILAS
MALAFAIA: Afinal Ele Representa os Evangélicos?
O dedo em
riste, os gestos amplos e o olhar desafiador já viraram suas marcas
registradas. Há mais de três décadas no ministério pastoral, Silas Lima
Malafaia, de 54 anos, é hoje uma das personalidades mais famosas do país. Nem
tanto pela exposição na TV, que vem desde 1982, quando entrou no ar com o
programa Renascer (não, nada a ver com a igreja de Estevam
Hernandes): foram a pregação eloquente, muitas vezes aos gritos, e as polêmicas
nas quais sempre se meteu que o tornaram conhecido, requisitado e combatido.
Dizendo-se chamado para falar o que muito crente não tem coragem, Malafaia é
tido como porta-voz por aqueles que o veem como profeta levantado por Deus. Por
outro lado, o líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo –
denominação que criou em 2010, quando desligou-se da Convenção Geral das
Assembleias de Deus, a CGADB, denunciando desmandos e irregularidades na
entidade que integrou por muitos anos – coleciona desafetos. E não é apenas a
militância gay quer vê-o pelas costas. Dentro da Igreja Evangélica, são muitos
os que o desautorizam, inconformados por ver sua fé representada por alguém
como ele.
Hoje, o
Silas Malafaia que o Brasil conhece é muito diferente do jovem pregador que
começou seu ministério na Assembleia de Deus da Penha, subúrbio do Rio. À
frente das câmeras, diante de congregações lotadas ou nas constantes aparições
via mídia, o pastor tem sempre algo a dizer sobre tudo – da política nacional à
bioética, passando pelo aborto e pela questão dos direitos civis dos
homossexuais, sua principal bandeira hoje. As pregações, geralmente, não se
aprofundam na teologia que aprendeu nos bancos do Instituto Bíblico
Pentecostal. Gravadas e comercializadas aos borbotões de CDs e DVDs, têm
caráter essencialmente prático na vida do crente – "vitória",
"conquista" e "colheita" são expressões recorrentes,
inclusive nos livros que publica. Além da ADVEC, o pastor dirige um
conglomerado empresarial que inclui a Editora Central Gospel, a gravadora do
mesmo nome e a Associação Vitória em Cristo, além do site Verdade Gospel.
Com
tamanha projeção, Silas Malafaia é o pastor mais conhecido do país. Porém, sua
liderança é severamente questionada toda vez que ele aparece afrontando
adversários ou pedindo que as pessoas lhe deem dinheiro. "O pastor Silas
fala para agredir. Muitos têm a mesma opinião que ele, mas a maneira como as
expressa demonstra arrogância", aponta a universitária Natália Conceição,
evangélica de Recife (PE). "Não concordo com a visão dele, e por isso,
Malafaia não me representa". Uma página na rede social Facebook,
intitulada Bereanos, circula na internet com o mote "Sou evangélico e o
pastor Silas Malafaia não me representa", pedindo assinaturas de apoio.
"Se você é evangélico e está cansado de ter um pseudo-representante,
falando em seu nome. Você que se envergonha das grosserias deste pastor. De sua
teologia da prosperidade, que transforma Deus em um servo e não Senhor. Das
suas intenções políticas em época de eleições. De sua sede de crescimento de
igrejas a qualquer custo. De sua presunção e arrogância", diz o texto.
"Imaginar-se
a voz de mais de 40 milhões de fiéis é algo completamente irreal e sem nenhum
sentido", avalia o pastor Oswaldo Prado, da Igreja Presbiteriana
Independente e secretário executivo do ministério Servindo pastores e Líderes
(Sepal). "A Igreja, no decorrer da história, teve seus piores períodos
quando esteve nas mãos de líderes que não foram colocados por ela mesma nessa
posição".
MUDANÇA
Em
diversos momentos, Silas já surgiu tentando mobilizar os evangélicos. Foi assim
por volta do ano 2000, quando chegou com força ao país, oriundo da Colômbia, o
movimento eclesiástico conhecido como G12. Discordando do que chamou de heresia
e "palhaçada de gente que não conhece a Bíblia", Malafaia chamou para
a briga os lideres do G12 no Brasil, pastores Renê Terranova e Valnice
Milhomens. Contudo, não conseguiu impedir a expansão do movimento, que foi
adotado por denominações inteiras, como a Igreja do Evangelho Quadrangular. Com
o tempo, até aproximou-se de Terranova, líder do Ministério Internacional da
Restauração, em Manaus (AM).
Na esfera
política, Malafaia também tem tentado ser formador de opinião. Sem sucesso,
muitas vezes: na corrida presidencial de 2010, após retirar seu apoio a Marina
Silva, ligada à Assembleia de Deus, criticando-a por defender a legalização
mais ampla do aborto no Brasil, viu a então candidata do PV se transformar num
fenômeno das urnas. O maciço apoio evangélico quase a levou ao segundo turno.
Já na segunda etapa daquela disputa, o pastor usou seu programa para defender
José Serra, tendo até um vídeo seu usado na campanha de TV do tucano. Mas Dilma
Rousseff venceu com ampla margem de votos. Ano passado, conclamou os crentes a
"cair de pau em cima de [Fernando] Haddad" na corrida pela Prefeitura
de São Paulo. É que o candidato petista, ex-ministro da Educação, promovera a
distribuição do famigerado "kit gay" – conjunto de materiais contra a
discriminação aos gays que conteria apologia à homossexualidade – nas escolas
de ensino fundamental. Porém, Haddad ganhou a cadeira de prefeito.
Em 2002,
o pastor tentou conclamar os eleitores do Rio de Janeiro a derrotar o petista
Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Planalto, dizendo que o Estado, então
governado por Benedita da Silva, também do PT, estava "uma bagunça".
No segundo turno, diante da perspectiva da vitória inevitável de Lula, que
obteve maciça votação dos fluminenses, Malafaia juntou-se a outros pastores e
líderes para apoiá-lo. Mas a proximidade com o mundo político também dá bons
resultados. O pastor Silas ajudou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB) na sua
primeira eleição, em 2008, num disputado segundo turno contra o deputado verde
Fernando Gabeira. Já à frente da Prefeitura, Paes aprovou verba de cerca de R$
2,5 milhões para organizar a Marcha por Jesus na cidade, evento que contou com
a liderança do pastor. Depois do evento, Malafaia até anunciou a devolução de
410 mil reais, valor que não teria sido usado, aos cofres públicos. Em 2012, na
corrida pela reeleição, Malafaia novamente declarou seu voto ao prefeito, desta
vez negociando o apoio de Paes ao candidato a vereador Antonio Isquierdo.
Ligado à ADVEC, foi eleito com quase 33 mil votos.
Diversos
líderes procurados por CRISTIANISMO HOJE preferiram não se manifestar ao saber
o teor da matéria. O pastor Renato Vargens, da Igreja Cristã da Aliança, em
Niterói (RJ), é um dos que expõem seu desconforto: "Eu, particularmente,
preocupo-me com esse tipo de exposição. A forma como Malafaia se dirige à
imprensa dá a impressão de que fala em nome de todos os evangélicos, o que não
é verdade". Mantenedor de um blog com reflexões e mensagens à luz da
teologia reformada, Vargens lembra com "saudosismo" do Malafaia de
antigamente, que usava seu programa de TV para evangelizar aqueles que não
conheciam a Cristo e combater desvios teológicos da Igreja Evangélica
brasileira. "É evidente que Silas se transformou radicalmente. Ele mudou
seus pressupostos teológicos", continua.
Vargens
discorda do modo altivo como Malafaia tem se manifestado. "Isso vem
contribuindo para uma beligerância desnecessária entre a sociedade civil e a
Igreja", aponta. "Deslizes assim terminam, infelizmente, afetando o
grupo como um todo". E destaca outro aspecto da mensagem de Silas Malafaia
que merece críticas: a pregação com forte ênfase nos desafios de fé regados a
dinheiro. "Discordo veementemente quanto à sua teologia, principalmente
quando prega sobre confissão positiva. Na verdade, considero herético o seu
ensino sobre prosperidade", critica Vargens. Para ele, o fato de muitos
líderes evangélicos viverem nababescamente tem contribuído para que a sociedade
construa a imagem de que todo pastor é rico. "Ora, todos sabemos que a
realidade não é essa."
Não há,
claro, nenhuma lei que proíba ninguém de pedir dinheiro. O pastor Silas faz
apelos frequentes por ofertas para os mais variados fins – a manutenção de seus
programas no ar, as ações sociais da Associação Vitória em Cristo, a
implantação e reforma de templos e até a compra de um avião para o ministério,
o que lhe rendeu muitas críticas. Muita gente torce o nariz não apenas para os
apelos insistentes, mas para os métodos empregados. Causaram rebuliço as
campanhas financeiras baseadas em valores específicos de ofertas, como as
chamadas "sementes". Morris Cerullo, pastor americano de origem
judaica, esteve ao seu lado na campanha dos 900 reais, lançada em 2009 no Vitória
em Cristo .Sobre ele, há acusações em seu país, que vão desde
charlatanismo a crimes fiscais, passando por enriquecimento ilícito.
Milionário, Cerullo reside numa mansão avaliada no equivalente a mais de R$ 20
milhões e é conhecido por sua habilidade na arrecadação de ofertas para o
ministério internacional que capitaneia, sediado em San Diego, na Califórnia.
Outro
colaborador de Malafaia nas campanhas financeiras pela TV, Mike Murdoch, também
tem trajetória controvertida. Seu ministério recebe muitas doações para obras
assistenciais, mas o pastor americano é criticado por levar um estilo de vida
principesco. A Associação Evangelística Mike Murdoch já teve problemas com o
Fisco e seu líder foi apontado por um ex-colaborador como alguém que leva uma
vida mundana paralela. Entusiasta da prosperidade, Murdock lançou com Silas a
campanha "Campeões da fé". Qualquer telespectador que se dispusesse a
doar R$ 1 mil como teria sua oferta contabilizada na tentativa de arrecadar R$
3 milhões para projetos da Associação Vitória em Cristo e ganharia livros de
Murdock – além de bênçãos financeiras, é claro. Outra campanha lançada pela
dupla, o "Clube 1 Milhão de Almas", tem objetivo mais ousado:
conquistar um milhão de novos convertidos através dos ministérios de Malafaia.
Para fazer parte, também é necessário uma doação de 1 mil reais. Até o
fechamento desta reportagem, a quantidade de doadores anunciada pelo site da campanha
era de pouco mais de 62 mil. “Embora Silas Malafaia tenha um pé na
teologia da prosperidade, ele usa o artifício de colocar os apelos mais
fortes para suas campanhas de aumento de ofertas na boca de pastores
americanos”, aponta Romulo Amorim Correa, mestre em Sociologia e professor do
Seminário Presbiteriano de Brasília.
"MAL ESTAR"
A
reportagem encaminhou a Silas Malafaia uma pauta com perguntas. Através de sua
Coordenadoria de Comunicação, o pastor respondeu de maneira pronta e atenciosa,
agradecendo o convite e explicando que, devido a uma série de compromissos
pré-agendados, não poderia atender a revista naqueles dias. Uma das questões
era sobre o desconforto que suas campanhas pela TV em busca de doações de
valores específicos, como 800, 900 ou 1 mil reais – que teriam significados
espirituais e redundariam em bênçãos materiais como retorno – têm causado à
Assembleia de Deus, denominação na qual fez sua carreira ministerial. "O
mal estar é explícito e inegável. Muitos membros e pastores assembleianos e de
outras denominações tiveram que passar pelo constrangimento de explicar os
apelos financeiros vexatórios (semeaduras), feitos em plena TV aberta",
reclama o teólogo Altair Germano, pastor auxiliar na Assembleia de Deus em
Abreu e Lima (PE) e vice-presidente do Conselho de Educação e Cultura da CGADB.
Germano
deixa claro que suas observações não visam a atingir a vida pessoal do colega,
mas carrega nas críticas aos seus posicionamentos. "Ao promover e vender
abertamente a Bíblia de estudo batalha espiritual e vitória financeira em
seu programa, de forma clara e direta o pastor Silas Malafaia se posicionou
como promotor de posturas que antes combatia", observa. Ele acrescenta que
Malafaia não é um caso isolado. "Vários pastores assembleianos têm abraçado
a teologia da prosperidade, distanciando-se dos ensinos bíblicos sobre a
verdadeira prosperidade dos crentes, das motivações e dos meios para
alcançá-la". Acontece que, como estes não possuem muita visibilidade,
prossegue, "passam desapercebidos". No entanto, o teólogo acha que há
pontos positivos no ministério de Malafaia. "Com seu jeito peculiar, ele
tem se posicionado acerca de questões como a homossexualidade. Penso que, se
corrigir o deslize doutrinário aqui tratado, estará dando um grande passo para
voltar a contribuir de forma plena com a pregação do Evangelho e para a
edificação da Igreja. Oro por isso."
A luta
contra a suposta mordaça que os gays estariam tentando colocar na Igreja é a
guerra santa de Malafaia. Tudo por causa do Projeto de Lei 122/06, a famigerada
lei anti-homofobia, que prevê punições contra quem discriminar homossexuais. Um
de seus maiores adversários tem sido o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ),
defensor da causa gay dentro e fora do Congresso. O movimento homossexual tem
feito todo tipo de chacota com o nome de Malafaia, pintado e apresentado como
um nazista homofóbico, enquanto o debate sobre os direitos da comunidade gay
ocupa o topo de agenda nacional. Na recente e comentadíssima aparição no
programa De frente com Gabi, apresentado pela jornalista Marília
Gabriela no SBT, um Silas agressivo fez afirmações sobre a inexistência de um
gene ligado à homossexualidade. No dia seguinte, foi desmentido por um
geneticista e rebateu desconstruindo o "pseudodoutor", numa polêmica que,
como a do sexo dos anjos, parece não ter fim.
O
programa de Gabriela foi apenas mais um no qual Silas Malafaia tem sido
destaque. Nos últimos tempos, ele deu entrevistas a revistas de circulação
nacional, como Veja, IstoÉ e Época; foi citado em reportagens de
grandes jornais como Folha de São Paulo e O Globo; apareceu
no Jornal Nacional e o Fantástico, da Rede Globo. Deu as caras até
em atrações populares, como o Programa do Ratinho, do SBT, e Pânico na
Band, entrevistado pela apresentadora-modelo Sabrina Sato em um sofá.
Embora declare seu respeito à opção de vida de cada um, o pastor tem insistido
na ideia de que o patrulhamento gay visa a impedir que qualquer crente ou
pastor diga publicamente que a prática homossexual é pecado à luz das
Escrituras. Ele denuncia que setores articulados da militância gay querem
fazê-lo perder seu registro profissional de psicólogo, já que uma norma do
Conselho Federal de Psicologia proíbe terapias voltadas a mudança de opção
sexual, embora ele não atue como terapeuta. Com seu jeito, ele diz que "a
bicharada" o detesta porque prega a verdade. Por via das dúvidas, desde
que seu nome passou a despertar tamanha rejeição, anda acompanhado por
seguranças. "Se eu levar tapa de gay, vai ficar ruim para mim",
declarou, zombeteiro, numa entrevista a IstoÉ.
HIPEREXPOSIÇÃO NEGATIVA
A veia,
digamos, combativa do pastor Silas Malafaia já foi destaque até em reportagem
do jornal americanoNew York Times. A publicação destacou seu papel na
Igreja brasileira, dizendo que seus "ataques verbais contra uma ampla gama
de inimigos" atraem cada vez mais atenção – não necessariamente, no
sentido positivo do termo. "Não surpreendentemente, sua proeminência
crescente fez dele fonte de admiração e mal-estar", avalia a matéria. O
jornal cita as polêmicas de Malafaia em relação aos direitos civis dos gays,
dos defensores do direito irrestrito ao aborto e da descriminalização do
consumo de maconha.
A
hiperexposição do pastor Silas Malafaia só pode ser prejudicial à imagem de uma
Igreja que é múltipla e diversa. Esta é a opinião do antropólogo Flávio
Conrado, pesquisador ligado ao Instituto de Estudos da Religião (Iser) e editor
da revista Novos diálogos. "Ele é resultado do fenômeno do
televangelismo brasileiro que se consolidou nos anos 1990 através de figuras
como Miguel Ângelo, Caio Fábio, Nilson Fanini, Estevam e Sônia Hernandes e Edir
Macedo", compara. "Silas nem sequer é representativo da diversidade
de sua própria denominação, a Assembleia de Deus; que dirá do que se tornou
hoje o que chamamos de Igreja Evangélica brasileira". Avalia. À luz
da Sociologia da religião, continua, o estudioso, lideranças com esse perfil
têm usado a retórica da perseguição religiosa, da vitimização e da escolha de
inimigos para alimentar uma espécie de guerra espiritual. "Os inimigos já
foram o catolicismo idólatra, o comunismo ateu e agora parece ser a ditadura
gay e a defesa da família brasileira". Silas Malafaia já até espalhou
out-doors em praças de grande visibilidade defendendo o casamento apenas entre
homem e mulher pela preservação "da família e da espécie humana".
"Infelizmente", conclui Conrado, "quando se trata dos
evangélicos, uma parte da mídia brasileira busca, muitas vezes, o espetáculo,
visando à audiência, e isso Malafaia pode dar pelas posições controversas que
assume e defende e a maneira teatral e histriônica como as apresenta".
Já na
Igreja Vitória em Cristo, uma indisfarçada "lei do silêncio" parece
reger seus fiéis. Procurados por CRISTIANISMO HOJE, membros da denominação
disseram que nada falariam sobre Malafaia, mesmo após a explicação de que a
reportagem buscava apenas sua opinião pessoal. Um dos pastores auxiliares foi
claro ao dizer que somente o próprio presidente poderia falar.
Para o
pastor batista e professor de Teologia Lourenço Stelio Rega, tamanha
concentração de poder eclesiástico, bem como a insistência e agressividade nos
pedidos por dinheiro, não apenas caracterizam a guinada neopentecostal de
Malafaia como contaminam sua pregação. "Para poder tocar toda estrutura
que criou, Silas Malafaia acabou tendo de focalizar parte de sua mensagem no
tema do dinheiro. É uma armadilha terrível essa em que ele e os outros
protagonistas da teologia de mercado, com o evangelho da prosperidade, têm
caído", alerta. Quanto àquela que, um dia, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso chamou de "a voz rouca das ruas", mesmo quem dispõe
de tanto conhecimento teológico sabe muito bem discernir o que está
acontecendo. "Relógio de ouro no pulso, avião particular, casa na Flórida;
campanhas e mais campanhas por ofertas, 'sementes' e dízimos... Silas Malafaia
perdeu-se em meio às riquezas deste mundo", afirma o taxista paulistano
Antônio Fernando Gonçalves, fiel da Igreja O Brasil para Cristo.
CONTRA E A FAVOR
Ao redor
do Brasil, a opinião dos crentes sobre o pastor Silas Malafaia varia muito
"Fiquei
surpreso quando o pastor Silas Malafaia disse que ganhava mais dinheiro das
pessoas não cristãs do que dos crentes. Será que a função da igreja é tornar os
pastores milionários ou pregar o Evangelho a toda criatura até os confins da
terra, para que haja salvação?" Antonio
José Braga, pastor auxiliar do Ministério El-Shaddai, de São Gonçalo
(RJ).
"Não
concordo com as críticas que fazem ao pastor Silas Malafaia. Elas provêm,
principalmente, de gente que quer calar a sua voz, e nisso acaba fazendo o jogo
do diabo. O que me surpreende é que haja tantos crentes falando mal desse
irmão. O que há de ser do Reino de Deus, tão dividido?" Roseneide Cunha de Carvalho, dona
de casa, membro da Igreja Internacional da Graça de Deus e moradora de Ilhéus,
na Bahia.
"Eu
acho que ele é um excelente pregador do Evangelho, mas fala algumas coisas com
as quais que não concordo. Malafaia disse que é idiotice crente subir no monte;
falou sobre a vestimenta das mulheres, que é ridículo usarem vestido comprido.
Cada um tem que andar do jeito que se sente bem, com ordem e decência". Leila Pereira de Assis Franklin é
manicure e membro da Assembleia de Deus Tabernáculo do Soberano Deus, no Rio de
Janeiro.
"A
partir do momento que usamos o 'achismo' em nossas palavras e entramos em
discussões banais, que não nos edificam – e muito menos aos outros –, deixamos
de ser guiados pelo Espírito Santo e passamos a ficar sozinhos na briga. O
pastor Silas Malafaia é um homem de Deus e muito sábio, mas que costuma cair
muito neste erro". Alexandre
Ferreira Braga, militar, membro da Igreja de Nova Vida em Parque
Lafaiete, Duque de Caxias (RJ).
"Sempre
assisti à palavra dele pela televisão. Aprendi bastante com o pastor Silas. De
um tempo para cá, contudo, não assisto mais porque sinto que ele perdeu o foco
na palavra de Deus. Ele está priorizando agora discussões com outros lideres e
ataques a outras denominações". Marta
da Graça Pitta Godines, autônoma, membro da Igreja Batista da Água
Branca, em São Paulo.
"O
pastor Silas Malafaia é um homem que teme a Deus e tem convicção naquilo que
acredita. Ele defende como ninguém a sua fé. Por ser assim, agrada e também
desagrada pessoas". Clarice de
Oliveira, funcionária pública, membro da Igreja Ágape de Curitiba (PR).
"Não
concordo com todos os argumentos utilizados pelo pastor Silas. Em relação a
temas como homossexualidade e aborto, ele tem razão no que diz, mas demonstra
uma atitude preconceituosa. Em relação ao evangelho da prosperidade, sou
totalmente contra o que ele prega". Márcio
de Barros e Silva Filho, turismólogo, membro da Igreja Presbiteriana
das Graças, em Recife (PE).
"Silas
sempre vai falar na televisão o que lhe convém. De bobo, ele não tem nada.
Assim como Satanás, fala algumas verdades para encobrir muitas outras
mentiras"
Flávio Magalhães, empresário e pastor da Igreja do Evangelho Simples, no Rio de Janeiro.
Flávio Magalhães, empresário e pastor da Igreja do Evangelho Simples, no Rio de Janeiro.
"O pastor Silas Malafaia fala para agredir. Vários pastores têm a mesma opinião que ele, mas a maneira como as expressa demonstra arrogância. O que ele fala não pode ser tratado dessa maneira. Não concordo com a visão dele, e por isso, Malafaia não me representa." Natália Conceição, universitária e professora de maternal, integrante da Comunidade Doxxa, na capital pernambucana.
SILAS
MALAFAIA SOLTA O VERBO
O líder
da Assembleia de Deus Vitória em Cristo é conhecido por suas declarações
fortes. Confira o que ele já disse no púlpito, em seus programas e em
entrevistas:
Bênção financeira e prosperidade
Antes...
"Esse negócio de teologia da
prosperidade, nos Estados Unidos, é lindo. Agora, vem falar disso na favela da
Rocinha. Isso é uma afronta, gente. Isso é uma covardia! Besteirol teológico da
América que o pessoal no Brasil está engolindo"
"Não pensa que todo mundo vai ficar rico não, isso é balela, é cascata.
Qualquer pastor que promete riqueza a todo mundo é um cara de pau safado, um
pilantra, ludibriador da fé. Quem falou que todo mundo vai ficar bem
financeiramente?"
... e depois
"Deus
tem falado ao meu coração e vou dizer a você: quero ser profeta de Deus para
quem está me vendo: Deus quer dar riqueza para os crentes"
"Tem gente com cara de supersanto que me diz: 'Pastor, eu dou oferta pelo
simples ato de dar'. Sim, trouxa, ok, trouxa, eu respeito você, trouxa. 'Eu dou
oferta simplesmente porque amo a Deus e está acabado...' Mas a Bíblia não manda
você fazer isso. A Bíblia faz uma analogia da oferta com a semente, porque você
deve dar oferta na expectativa do que vai colher em sua vida"
Ministério
"Gasto
milhões e milhões por mês com horários na televisão, congressos, cruzadas
evangelísticas, treinamento de pastores e abrindo novas igrejas. Como se paga
isso? Não é um anjo do céu que desce comum cheque em branco para mim"
"São
uns bandidos, uns pastores fracassados, desocupados, insolentes, falsos crentes,
caluniadores, invejosos"(Falando de pastores e blogueiros que o
criticaram pelas campanhas de arrecadação na TV)
"Eu
sou o único pastor que realmente prega a palavra de Deus na televisão"
Militância gay
"É o
grupo mais intolerante da pós-modernidade"
"Eu vou funicar esse bandido, esse safado" (Em resposta a Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, que pediu ao Ministério Público que o investigasse sobre suposto incentivo à violência contra homossexuais).
"Eu amo os homossexuais como amo os bandidos" (Em entrevista ao programa De frente com Gabi).
"OBSESSÃO
SEM CONTROLE"
Diretor e
professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, o pastor Lourenço Stelio
Rega é doutor em Ciências da Religião e mestre em Teologia. Autor do
livro Dando um jeito no jeitinho (Editora Mundo Cristão), no
qual trata da ética cristã, Rega é um dos maiores especialistas brasileiros no
tema. Sob esta ótica, ele avalia a atuação do pastor Silas Malafaia:
CRISTIANISMO
HOJE – Como o senhor avalia a presença midiática e a atuação pastoral de Silas
Malafaia?
LOURENÇO
STELIO REGA – Malafaia não sabe dialogar, só gritar, para alimentar a sede
belicosa de seus fãs. Com o uso de uma estratégia apologética tão guerreira, está
causando um prejuízo incalculável à imagem dos evangélicos. Ele está numa
obsessão sem controle. Quem vai conseguir convencê-lo disso?
Por que ele atrai tanto o interesse da mídia,
já que, até recentemente, pastores praticamente não tinham espaço na grande
imprensa?
Porque
ele grita, e bem alto; então a imprensa o quer ouvir – mas será que também a
imprensa, com isso, não quer nos expor ao ridículo? Quando Malafaia se vale de
argumentos inconsistentes e se expressa da maneira como o faz, parece que a soma
disso tudo acaba por enfraquecer a visão geral sobre o que é ser evangélico.
Silas Malafaia passa à opinião pública a ideia de que somos infantis,
extremados, fechados, sem diálogo.
A compra de um avião por Silas Malafaia
provocou críticas ao seu ministério, assim como a recente reportagem da revista
Forbes apontando-o como um dos pastores mais ricos do Brasil. Quais os efeitos
dessa ostentação por parte de um líder religioso?
Uma das
características do ministério cristão é a humildade, não necessariamente a
pobreza. Assim, o líder evangélico deve ser comedido em suas posses, com
cuidado para evitar comentários e evitando sempre a empáfia, a soberba, a
altivez. Para poder tocar toda estrutura que criou, Silas Malafaia acabou tendo
de focalizar parte de sua mensagem no tema do dinheiro. É uma armadilha
terrível essa em que ele e os outros protagonistas da teologia de mercado, com
o evangelho da prosperidade, têm caído.
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
página no facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
Colaciono dois trechos da matéria, entre outros que poderia ressaltar, sobre o que penso também de Silas Malafaia, e que o sintetizam atualmente:
ResponderExcluir"Hoje, o Silas Malafaia que o Brasil conhece é muito diferente do jovem pregador que começou seu ministério na Assembleia de Deus da Penha, subúrbio do Rio."
"As pregações, geralmente, não se aprofundam na teologia que aprendeu nos bancos do Instituto Bíblico Pentecostal."
Muito DIFERENTE de quando era jovem pregador, e FALTA de aprofundamento na TEOLOGIA, atualmente, são palavras emblemáticas, que explicam o seu afastamento da vontade de Deus e de sua Palavra.
Caro Joel,
ExcluirInfelizmente quando ele era fiel eu morava fora do país e não tive a oportunidade de conhecer esse lado dele. Mesmo vindo ao Brasil periodicamente nunca tinha ouvido falar dele até depois que retornei e ainda assim depois de algum tempo já que ficamos os primeiros nove meses sem TV por nossa própria opção.
Mas hoje, como você mesmo afirma, tendo conhecido as duas fases, ele prega apenas um evangelho aguado e de auto ajuda que não conduz ninguém para o céu. Seus últimos disparates foram tão grandes que nem me interessei mais em publicá-los. Existem muitos blogs especializados apenas em apologética e eles fizeram um excelente trabalho.
Grande abraço
irmão Alex