quinta-feira, 31 de outubro de 2013

REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO XVI — ANO 496 — PARTE 3


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Reforma Protestante

Se você chegou diretamente nessa página, recomendamos que antes de ler essa parte 2, que leia a parte 1 desse artigo que pode ser acessada por meio desse link aqui:



Hoje — 31 de Outubro de 2013 — comemorando o 496º aniversário da Reforma Protestante do Século XVI.

Continuação

Martinho Lutero

Impossível falar da REFORMA PROTESTANTE sem darmos a devida importância àquela figura que dominou a mesma desde seu princípio. Estamos, é claro, falando de Martinho Lutero — 1483—1546. Lutero era filho de um mineiro que trabalhava nas minas de cobre da região da Saxônia. O nome de seu pai era Hans Lutero. Esse homem havia se especializado no trabalho das minas e tinha criado uma condição razoável para o sustento de sua família. De fato, quando Lutero nasceu, já na cidade de Eisleben, seu pai, Hans, já era proprietário de várias minas de cobre. Isso tinha lhe aberto a possibilidade de uma razoável ascensão social e certa proeminência entre o povo local.

Universidade em Erfrut

Hans Lutero tinha planos para seu filho, Martinho, e quando o mesmo ainda era um adolescente, seu pai decidiu que o mesmo iria estudar as leis e tornar-se um Doutro das Leis. Desejoso de seguir a orientação paterna, o jovem Martinho, então com apenas 17 anos, tendo terminado sua educação média, ingressou na Universidade da cidade de Erfrut. Naqueles dias a Universidade em Erfrut era a mais importante em toda a Alemanha.

Cícero

Erfrut era também o centro principal do conflito entre o Renascimento Humanista e os religiosos chamados de Escolásticos. Esses últimos eram adeptos da combinação da filosofia medieval com a teologia. Lutero ingressou na faculdade de Filosofia e estudou também teologia e as leis. Foi durante esse período que ele entrou em contato com os autores clássicos, especialmente os romanos Cícero e Virgílio. Logo estava completando seus estudos com o grau de Mestre. Lutero formou-se como o segundo melhor aluno numa classe de dezessete estudantes. Em 1505, tudo isso lhe prometia uma bem sucedida carreira na área legal.
Lutero estava agora com 21 anos. E foi, exatamente, nesse momento da sua vida, em 1505, que ele decidiu abandonar tudo aquilo pelo que havia lutado até então. É o próprio Lutero que nos diz que naquele ano ele “experimentou o primeiro grande evento de sua vida”. Numa noite de tempestade, Lutero estava voltando para sua casa. Ele estava tão aterrorizado pela quantidade de raios que caiam por todos os lados, à sua volta, que passou por algum tipo de “conversão” espiritual. Do meio da tempestade ele clamou: “Socorro! Santa Ana[1]. Eu irei me tornar um monge”. Naquele instante ele se sentiu tocado pela mão de Deus e sentiu que deus estava em todas as coisas. Ao mesmo tempo ele tinha dúvidas atrozes. Era-lhe praticamente impossível reconciliar sua decisão religiosa com suas ambições sociais. Essa ambiguidade gerou em Lutero uma sensação avassaladora que misturava culpa, temor e terror. Para tentar aliviar sua profunda nagústia ele se uniu á Ordem dos Ermitas de Santo Agostinho.

Agostinho de Hipona

Naquele local, Lutero imaginava que estaria protegido das tentações e das distrações do mundo. Era ali, ele pensava, que iria encontrar o verdadeiro caminho para o céu. Lutero começou a jejuar, a orar e se flagelar de forma contínua. Mas, mesmo assim as dúvidas persistiam. Um dia, sentado em sua cela no mosteiro, ele jogou sua Bíblia aberta sobra a mesa e colocou seu dedo sobre um verso qualquer. A passagem em questão era de Romanos 1. Lutero aproximou o rosto e leu o verso 17 que dizia: Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

Porta da Catedral em Witenberg

Durante o ano de 1508, Lutero foi transferido do mosteiro em Erfrut para o de Wittenberg. Ali, em pouco tempo Lutero uniu-se ao corpo docente da Universidade de Wittenberg como professor de filosofia e, rapidamente, tornou-se líder na disputa para transformar a Universidade em um centro do Humanismo em vez do Escolasticismo. Por esse tempo Lutero estava mais interessado em pregar um religião que cultivasse a piedade pessoal, do que se dedicar aos estudos tanto da teologia quanto da filosofia. Durante o ano de 1510, Lutero se dedicou a descobrir Deus e foi nesse ano que realizou uma viagem à Roma, onde agiu mais como um verdadeiro peregrino, do que como um estudioso do humanismo. Em Roma Lutero subiu os degraus da Catedral de São Pedro, ele se ajoelhou diante de muitos altares oferecendo orações. Mas, enquanto estava na cidade, ele não teve como não notar a vida de rasgada imoralidade tanto dos padres quanto dos cardeais. Lutero ficou convencido que todos aqueles homens não passavam de cínicos e que eram, completamente indiferentes, aos rituais que impunham ao povo.

















Roma no Século XVI

Em 1512 Lutero retornou para Wittenberg para ensina e prega. Nessa altura ele decidiu rejeitar por completo o Escolasticismo medieval e concentrar seus esforços como professor no livro dos Salmos e nas Epístolas de Paulo. Os anos se passaram e em 1517 não existia nenhum motivo para que alguém pudesse imaginar que Lutero estivesse insatisfeito com a Igreja Católica Apostólica Romana. Mas, como iremos ver, o ano de 1517 tem tanta importância para a Igreja Romana, quanto o ano 1215 que mencionamos nos artigos anteriores.

Alberto de Hohenzollern

No ano de 1517, foi oferecido ao bispo Alberto de Hohenzollern o arcebispado da cidade de Mainz, desde que ele pudesse pagar a taxa estipulada. O curioso é que naquele momento Alberto já controlava dois bispados, apesar de não ter atingido a idade requerida para alguém tornar-se bispo. O papa Leão X pediu que Alberto pagasse 12.000 ducados — mil ducados por cada um dos apóstolos — mas Alberto fez uma contra oferta de apenas 7.000 ducados — compatível com os sete pecados capitais! Depois de Muitas discussões chegaram a um acordo e Alberto concordou em pagar 10.000 ducados. O Papa Leão X proclamou um indulgência  válida nos territórios de Alberto com a metade do dinheiro recolhido indo para Alberto e a outra metade para a construção da Basílica de São Pedro em Roma.

Papa Leão X

A aparente tranquilidade foi violentamente sacudida por uma poderosa “tempestade” no dia 31 de Outubro de 1517, véspera do dia do Todos os Santos. Foi naquele dia — 31 de Ou rubro — que Lutero fixou uma cópia de sua 95 teses — trata-se realmente de 95 afirmações, sendo algumas breves e outras mais extensas — nas portas da Catedral do Castelo de Wittenberg que eram uma única estrutura.

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Lutero prega suas teses

As teses de Lutero tinham, em sua maioria, como alvo principal a questão envolvendo as indulgências. Com essas teses Lutero estava interessado em despertar na Igreja Católica Romana uma discussão acerca do valor das indulgências. Uma ou outra tese dizia respeito ao papado e ao papa Leão X. O dia escolhido por Lutero — véspera do dia de Todos os Santos — fazia parte da sua estratégia, pela importância do mesmo na liturgia Católica Romana. A cidade de Wittenberg estava lotada naqueles dias com peregrinos vindos de vários lugares, pois a Catedral de Wittenberg seria consagrada no grandioso dia dedicado a Todos os Santos. As palavras das Teses de Lutero se espalharam rapidamente entre o povo. Mas esse estava muito prejudicado, pois Lutero havia escrito as mesmas em latim. Logo levantou-se um clamor para que as mesmas fossem traduzidas para o alemão local. Um aluno da Universidade de Wittenberg copiou as teses de Lutero, traduziu as mesmas para o Alemão e a gráfica da Universidade se encarregou em reproduzir as mesmas aos milhares e espalhá-las por toda a Alemanha. Foi graças à impressão que as ideias de Lutero foram distribuídas e foram tão longe em bem pouco tempo.

A indulgência em especial que mais irritava Lutero era uma vendida por toda a Alemanha por um frade dominicano chamado João Tetzel. A intenção de Tetzel era levantar dinheiro para a construção da Catedral de São Pedro em Roma e para isso ele estava disposto a lançar mão de todo e qualquer recurso que pudesse atrair compradores para o “produto tão precioso” que ele vendia: perdão dos pecados.
Em geral quando uma indulgência é outorgada sobre uma pessoa, líber a mesma, pelo período adquirido de sofrer no purgatório antes que possa ir para o céu. Como vimos, o purgatório que era uma invenção da Igreja Católica Apostólica Romana, fez com que a mesma permitisse o surgimento desse sistema imoral de lidar com o pecado alheio e a prática foi e continua sendo abusada até os dias de hoje.

Junto com suas teses, Lutero enviou uma carta ao Arcebispo de Mainz atacando a prática das indulgências em geral que representavam uma grande fonte de renda para todos os participantes do lado da Igreja Romana. A carta de Lutero manifestava suas objeções à VENDA das indulgências. Mas segundo a  falsa doutrina da Igreja Católica Romana as indulgência deviam sua existência á graça superabundante acumulada pela igreja através da vida de Jesus, dos Santos e dos Mártires. A Igreja Romana se sentia no direito de vender essa graça para que as pessoas evitassem o sofrimento no purgatório. Era um esquema bem azeitado e que funciona maravilhosamente bem até os dias de hoje. De acordo com a Igreja Romana a compra duma indulgência colocava o comprador em contato com a graça detida pela igreja e esse contato libertava a pessoa da penitência terrestre de um pecado específico, mas não do próprio pecado em si. Ou seja, o que se vendia era pura fumaça! Mas Tetzel afirmava que o comprador não se livrava apenas da penitência terrestre, mas do próprio pevado em si mesmo. Além disso, Tetzel introduziu a idéia que uma indulgência podia ser comprada a favor de algum parente que, porventura, já estivesse no purgatório. Isso significava que o pagamento na terra, libertava a alma do purgatório e a mesma poderia subir sireto para o céu.

João Tetzel

João Tetzel ficou imortalizado pela seguinte malfadada frase que ele mesmo proferiu em 1517: “Tão logo as moedas batam no fundo do baú das coletas, as almas saltarão, imediatamente, em direção ao céu”. A essa imoralidade e comércio da fé, Lutero respondeu em sua tese # 28 dizendo: “É certo que quando o dinheiro fizer barulho dentro do cofre, a avareza e a ganância poderão crescer mais um pouco, mas a intercessão da Igreja depende exclusivamente da vontade de Deus”.

Mas para Lutero não era apenas Tetzel quem espalhava os falsos ensinamentos acerca das indulgências. Para nosso monge, tais ensinamentos estavam profundamente arraigados na própria instituição do papado e isso seria usado, de forma categórica, contra ele. Afinal de contas não é à toa que o papa é chamado de “Sua Santidade”. Desse modo, quando Lutero decidiu atacar as indulgências eles estava, na realidade, atacando o papa, o papado e toda a infernal estrutura da Igreja Católica Apostólica Romana. Ao individualizar a responsabilidade da salvação, Lutero aboliu, na prática a maioria dos sacramentos da Igreja Romana e a ridícula obrigatoriedade de ter, esses mesmos sacramento, validados apenas por meio de mãos devidamente consagradas, ou seja, as mãos do clero romano.

Para Lutero era apenas a fé — que é um dom concedido por Deus — independente de quaisquer obras humanas — boas obras — que conduzia o pecador em direção à salvação, exclusivamente pela Graça de Deus, por meio da pessoa de Jesus Cristo. Nenhuma obra meritória poderia salvar ninguém e muito menos o pagamento imoral pelas indulgências.

A mensagem de Lutero, amparada pelas Escrituras Sagradas e uma fé inabalável no Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é a única explicação aceitável porque tantas pessoas, rapidamente abandonaram os ensinamentos da Igreja Romana. Ensinamentos esses aos quais estavam escravizados por séculos. Ricos e, igualmente pobres, tinham a possibilidade de se reconciliarem com Deus, sem sofrer nenhuma intermediação da Igreja Romana e melhor, sem ter que pagar pelos serviços que a mesma deveria prestar graciosamente como Jesus havia ensinado:

Mateus 10:8

Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai.

Lutero conseguiu restituir a dignidade pessoal dos indivíduos como criaturas de um Deus amoroso que já havia feito tudo o que era necessário para a salvação dos mesmos, por meio de seu Filho Unigênito, Jesus Cristo. Nenhuma obra meritória nem escravidão à Roma seria capaz de oferecer aquilo que Deus nos oferece de graça e pela Sua graça. Além disso, o povo alemão, também entendeu que o luteranismo era uma maneira segura de atacar não apenas Roma e o papado, mas também a tirania representada pelo sanguinário imperador Carlos V — 1500—1558.

Creio que foi Voltaire quem disse certa vez o seguinte: O Sacro Império Romano, não era nem santo, nem romano e muito menos um império. E apesar de termos que reconhecer que a Alemanha tornou-se luterana por motivos que iam muito além da teologia, o fato que permanece é que muitos tiveram a oportunidade de ouvir o evangelho, multidões se converteram de verdade e o pesado jugo exercido por Roma sobre toda a Europa teve sua espinha dorsal quebrada, graças ao movimento teológico iniciado por Lutero. O luteranismo tornou-se uma espécie de alternativa para o Catolicismo Romano.


João Calvino

João Calvino — 1509—1564 — representa a segunda geração de reformadores, que adotaram o nome de Protestantes. Apesar de Calvino e Lutero serem, em parte contemporâneos, os dois eram homens bem diferentes.

João Calvino foi educado em Paris em meio a grande influência do humanismo correte. Entre os anos de 1520 e 1530, Calvino estudou as leis na Universidade de Paris. Depois prosseguiu seus estudos em Orleãs e estudou o grego na localidade de Bourges. A formação de Calvino era uma formação humanista. Ele estudou, por conta própria, o hebraico, o grego, o latim e os textos clássicos bem como aqueles produzidos pelos humanistas da época. Foi em 1533, com apenas 24 anos de idade que Calvino foi despertado para os estudos do Novo Testamento e os escrito dum monge alemão chamado Martinho Lutero. Jamais poderemos considerar Calvino um calvinista, mas certamente ele foi um luterano no princípio da sua vida de fé.

No dia de “Todos os Santos” do ano 1533 Calvino pregou um sermão em Paris defendendo com toda a clareza a “justificação pela fé somente”. Com isso ele estava renunciando, formalmente, ao Catolicismo Romano. Calvino partiu em seguida para a Basileia, na Suíça, onde escreveu a primeira versão de obra prima “As Institutas da Religião Cristã”. Essa obra sofreu diversas revisões até ficar completa e satisfatória para seu autor com 80 capítulos.

Seus ensinamentos foram adotados por vários reformadores — suíços, escandinavos, franceses, escoceses e etc. — que, ao normatizar os mesmos criaram aquilo que hoje chamamos de calvinismo. Segundo esses ensinamentos:

1. O ser humano estava completamente perdido diante do Deus Santo e Todo Poderoso.

2. Calvino concluiu que não existia nada que pudesse ser chamado de “livre-arbítrio” e que os seres humanos estavam predestinados ou ao céu ou ao inferno. Os seres humanos não podem fazer nada para alterar seus respectivos destinos.

3. Foi Calvino e não Lutero que supriu os reformadores franceses e suíços com as ideias fundamentais para uma reforma geral da igreja cristã. O maior exemplo dessa influência pode ser visto no fato dos reformadores de Genebra terem convidado o próprio Calvino para ajudá-los no processo da reforma naquela cidade.


As Institutas

Calvino ao chegar em Genebra, logo impôs uma severa disciplina e ordem sobre a cidade. Mesmo diante da reclamação de muito, a população em geral, entendia que aquelas medidas eram benéficas para eles e para seus filhos. Mesmos assim a força política dos opositores era tão grande que Calvino acabou sendo expulso de Genebra. Seu exílio durou três anos. Tempo esse em que as condições se deterioram tanto na cidade que houve um clamor geral pelo seu retorno. Os que se opunham ao seu retorno a Genebra, deixaram a cidade, ou foram presos e alguns chegaram a ser executados.


Girolano Savanarola

Calvino impôs sobre a cidade um rigoroso código de conduta baseado em seu entendimento da Bíblia. Sua carreira em Genebra é muito semelhante à do padre Girolano Savanarola em Florença na Itália, que acabou sendo executado como herege pela Igreja Romana.


O código de Calvino dizia que os cidadãos de Genebra deveriam levantar cedo, trabalhar duro, ter uma preocupação constante com a moral e os bons costumes, viver vidas modestas, deviam também, abster-se dos prazeres mundanos, permanecerem sóbrios e serem sérios em todas as suas responsabilidades. Tudo isso pode ser visto como muito benéfico ou muito castrador, dependendo do ponto de vista e daquilo que um indivíduo deseja para sua vida. Mas os que não gostavam daquela forma de vida eram livres para partir. Alguns críticos, pouco caridosos, chamam a Genebra de Calvino de “Mosteiro Asceta”, mas isso está muito longe de ter qualquer coisa a ver com a realidade dos fatos.

Calvino também trouxe de volta a prática de “boas obras” no sentido em que as mesmas são ensinadas por Paulo em

Efésios 2:8—10

8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;

9 não de obras, para que ninguém se glorie.

10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.

Aos pouco a Genebra de Calvino foi se tornando numa cidade regida pelos mandamentos da Palavra de Deus — dentro do possível é claro — e o povo experimentou grande paz e prosperidade material, apesar de serem constantemente lembrados da necessidade de levarem vidas simples.

Calvino trouxe de volta o canto congregacional que havia sido substituído séculos antes pelo apático canto gregoriano da Igreja Romana. Calvino pregou um sermão em cada capítulo da Bíblia, com exceção do livro do Apocalipse, o qual ele considerava um livro fechado e de difícil compreensão.

CONCLUSÃO

A Reforma Protestante do Século XVI foi um movimento que resgatou a dignidade humana enquanto criaturas de Deus, colocou a Bíblia no centro do ensino do povo de Deus e Jesus Cristo de volta como único e suficiente Salvador da humanidade. A reforma aboliu, definitivamente o poderoso jugo romano sobre as pessoas, pois possibilitou o início do movimento missionário, genuinamente, cristão que se espalhou mundo afora levando a gloriosa mensagem da salvação em Cristo Jesus.

Enquanto o luteranismo se espalhou rapidamente pela Alemanha e pela Escandinávia, as doutrina protestante de Calvino, posteriormente chamadas de Calvinismo, se espalharam pela Europa em geral. Calvino conseguiu produzir um movimento inigualado por qualquer outro movimento reformado do século XVI. Suas Institutas da Religião Cristã tornaram-se a teologia prática adotada em todos os rincões onde o protestantismo se estabelecia. Uma disciplina rígida, porém amorosa, era o segredo que mantinha seu movimento coeso.

Pregadores Calvisnista, apesar de todas as acusações que pesavam sobre eles, partiram do centro da Europa levando a boa nova da Salvação para todos aqueles que estivessem dispostos a ouvir a mesma. De Genebra, graças à inveção da imprensa, fluía um gigantesco rio de material impresso de panfletos, livros e sermões cujo objetivo era instruir o povo de Deus nas verdades das Escrituras Sagradas.

No ano da morte de Calvino, os protestantes ou huguenotes como eram chamados na França somavam mais de meio milhão. Na Escócia o país foi ganho para o modelo de Calvino e a Igreja Presbiteriana da Escócia tornou-se a igreja oficial do país. A doutrina calvisnista também penetrou fundo na Inglaterra, nos países baixos, especialmente na Holanda, e ma Hungria.

Enquanto isso, o patético apelo do papa Leão X, em sua Bula,  continua sem resposta. Ele disse:

“Levanta-te, oh! Senhor e julga Tua causa. Um porco selvagem invadiu Tua vinha. Levanta-te oh! Pedro, e considera o causo da tua Santa Igreja Romana, a mãe de todas as igrejas, consagrada pelo teu próprio sangue. Levanta-te oh! Paulo, que pelos teus ensinos tens iluminado e iluminas a Igreja. Levanta-vos todos os santos e toda a Igreja Universal, cuja interpretação das Escrituras têm sido atacada”.

O resto é história.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] Santa Ana — segundo uma das muitas invenções da Igreja Católica Romana, esse era o nome da mãe de Maria que foi a mãe terrestre do Salvador Jesus.

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