A reportagem abaixo foi publicada
pela revista ISTOÉ em 21 de Fevereiro de 2014 e trata desse importante assunto
que discute os caminhos do Islã no Brasil. Segue a reportagem:
Os caminhos do Islã no
Brasil
Aumento
no número de mesquitas no País, de sheiks que agora falam português e de
brasileiros no topo da hierarquia de centros islâmicos explica a expansão dos
muçulmanos no Brasil
Por
Rodrigo Cardoso
Quando
decidiu se aproximar da cultura islâmica, o soteropolitano Wilton José de
Carvalho não poderia imaginar que ganharia um lugar de destaque entre os
seguidores brasileiros do profeta Maomé – cerca de 1,5 milhão. Católico
praticante, Carvalho foi apresentado ao islã por um amigo em 1990. Desde então,
já como Yussuf, ele, o amigo, outros quatro brasileiros e três africanos
passaram a se reunir e fazer orações em uma pequena sala alugada, no centro de
Salvador, em uma rua de nome sugestivo: Mesquita. Quatro anos depois, o grupo
se mudou para um imóvel comercial arrematado por um árabe. Nascia o Centro
Cultural Islâmico da Bahia, em 1994. Na instituição, o baiano foi diretor
patrimonial, passou pela vice-presidência e é, desde 2010, o primeiro
brasileiro a comandá-la. Histórias como a de Yussuf revelam uma transformação
pela qual o islã vem passando no Brasil. Especialistas tratam como fenômeno
religioso o fato de cada vez mais brasileiros ascenderem ao topo da hierarquia
de entidades muçulmanas. “Em algumas cidades, como Salvador e Recife, centros
islâmicos que historicamente eram presididos por muçulmanos de origem árabe
hoje têm brasileiros ocupando o posto”, afirma o sheik sírio Jihad Hassan
Hammadeh, que preside o conselho de ética da União Nacional Islâmica (Uni).
OPINIÃO
A carioca
Karina, 28 anos, reverteu-se ao islã aos 14 e nunca mais deixou de usar o véu:
"Não
sou forçada a usá-lo"
Yussuf,
53 anos, foi eleito presidente em substituição a um egípcio, que ocupou o cargo
por oito anos. Supervisor da área de telecomunicações, o soteropolitano enverga
a veste islâmica Jalabia para posar para ISTOÉ e conta que dá expediente na
entidade de forma voluntária das 9 horas às 18 horas, quando necessário. O
muçulmano hoje trabalha para erguer a primeira mesquita da Bahia. “Abriremos
uma conta em um banco para receber doações. Temos um terreno de mil metros
quadrados em vista”, diz. “Eu não poderia chegar à presidência se não houvesse
uma expansão do islã em curso propiciada por muçulmanos revertidos
brasileiros.” Para os adeptos do islã, todos nascem muçulmanos e o retorno a
Deus dos que se afastam é chamado de reversão e não conversão, que, para eles,
seria o ato de migrar de denominação religiosa. Yussuf tem razão. Em
aproximadamente dez anos, o número de mesquitas, de acordo com a Uni, saltou de
70 para 115. Nesse mesmo intervalo, triplicou a quantidade de sheiks que falam
português. Não para por aí. Os brasileiros não só ascenderam ao topo da
hierarquia de instituições já estabelecidas como têm erguido novos espaços
religiosos. “No Nordeste, entidades islâmicas estão sendo criadas por
brasileiros cuja adesão à religião não vem de berço”, afirma o antropólogo
Paulo Hilu, que dirige o Núcleo de Estudos do Oriente Médio da Universidade
Federal Fluminense (UFF). O islã, religião que aportou no Brasil pelas mãos de
mouriscos (muçulmanos convertidos ao cristianismo) de Portugal no século XVI,
vem deixando de ser uma incógnita na cabeça do brasileiro porque o terreno para
seu crescimento nunca esteve tão fértil. “Há 94 instituições islâmicas aqui,
hoje. Em 2002, havia 58 e, em 1983, 33”, diz o pesquisador Hilu, da UFF.
Manaus,
por exemplo, levantou uma mesquita há três anos apenas. Onde não há
possibilidade de erguer templos, a comunidade dá um jeito de fazer a religião
se propagar. Quatro meses atrás, o ex-evangélico Cesar Mateus Rosalino, hoje
muçulmano sob o nome de Kaab Al Qadir, construiu uma mussala (sala de reuniões)
na favela Cultura Física, em Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo,
onde vive. No local, que ganhou o nome de mussala Rahmah, Kaab exibe uma barba
comprida digna de um muçulmano padrão e conta que recebe aproximadamente 20
pessoas em algumas reuniões. O local já contou, inclusive, com a presença de um
sheik moçambicano. “A gente lutou para ter um espaço porque não há condições de
os irmãos daqui atravessarem a cidade, três horas de viagem, para ir à mesquita
mais próxima”, diz Kaab, que matriculou o filho em uma escola turca neste ano.
Nela, o garoto de 10 anos, batizado de Bryan Luther King, encara um intensivo
sobre estudos islâmicos. “Ele quer ser o primeiro médico muçulmano”, diz o pai,
com orgulho.
PIONEIRO
Yussuf,
53 anos, é o primeiro brasileiro a presidir o centro islâmico da Bahia
A maior
frequência do uso do português no dia a dia de mesquitas, entidades islâmicas e
mussalas é, para Francirosy Ferreira, coordenadora do Grupo de Antropologia em
Contextos Islâmicos e Árabes, um dos principais fatores que impulsionam o
avanço da religião. “Há mais líderes falando e ensinando o islã em português.
Isso ajuda no entendimento e divulgação da religião”, afirma a professora de
antropologia do departamento de psicologia social da Universidade de São Paulo
(USP). O sheik Jihad, 48 anos, que dá expediente em São Bernardo do Campo (SP),
onde está uma das maiores comunidades islâmicas do Brasil, é um dos 15 líderes
religiosos que falam fluentemente o português. Numa sexta-feira à tarde, depois
de fazer as devidas reverências na mesquita Abu Bakr Assidik cercado por
aproximadamente 300 muçulmanos, entre homens e mulheres, crianças e idosos, ele
explicou à ISTOÉ que, antigamente, o idioma era pouco adotado porque os sheiks
desembarcavam vindos de um país islâmico já com a vontade de retornar à sua
terra natal. “Isso não os encorajava a se dedicar ao português. Atualmente, a
aproximação ao idioma é maior porque grande parte dos que chegam ao Brasil
pretende se estabelecer aqui”, diz ele.
Mesquita
lotada em São Paulo (acima) e Kaab, o líder comunitário muçulmano (abaixo)
que
inaugurou uma mussala (sala de oração) em uma favela
O sírio
Jihad, um dos 15 sheiks daqui que dominam o português
A
realidade, hoje, aponta para uma evolução. Há no País sete sheiks brasileiros.
Dez anos atrás, havia três. Em todos os Estados da federação há alguma
mesquita, mussala, sociedade beneficente ou cemitério islâmico. No Rio de
Janeiro, por exemplo, encontra-se uma das comunidades pioneiras em realizar
sermões em português e não em árabe – o islã praticado no Brasil, atualmente,
deriva da imigração árabe do Oriente Médio do fim do século XIX e século XX.
Essa movimentação toda pela qual passa o islã teve como gatilho os atentados
terroristas de 11 de setembro de 2001. A partir de então, a mesma esteira que
trouxe para cá notícias distorcidas sobre os fundamentos islâmicos e o medo
semeou nas pessoas uma grande curiosidade sobre a religião. Muitos foram os
brasileiros que saíram da estagnação em busca de mais informações sobre a
cultura muçulmana. Foi o que ocorreu com a socióloga carioca Karina Arroyo, que
estreitou os laços com o islã após os atentados terroristas atraírem os
holofotes para a religião.
Aos 14
anos, ela optou pela reversão, passou a frequentar uma comunidade islâmica, fez
aulas de árabe e aprendeu os ensinamentos da religião. Hoje, aos 28 anos,
casada com um muçulmano e mãe duas vezes, ela usa o hijab (o véu) pelas ruas do
Rio de Janeiro porque quer ser reconhecida como muçulmana. “Não sou forçada a
usá-lo. A mulher percebe uma valorização feminina ao cobrir o corpo”, afirma
Karina. O uso sem receio dessa peça do vestuário muçulmano tem crescido no
País, um reflexo, segundo Francirosy, da USP, do maior conhecimento da doutrina
islâmica e da expansão da religião. “Em 2008, cerca de 60% das mulheres usavam
o véu. Hoje, entre 90% e 95% delas o fazem”, diz a professora. “A cada dez
revertidos, sete são mulheres”, informa o sheik Jihad. “Tem gente que se
reverte comigo por telefone, por WhatsApp.”
Tais
métodos são possíveis porque, para aderir ao islã, a pessoa precisa apenas
proferir três vezes a um interlocutor: “Não há Deus senão Deus e o Profeta
Muhammad é seu mensageiro.” Pronto, eis um novo muçulmano. Daí para a frente
vem a prática, como cinco orações diárias, a caridade aos mais necessitados, o
jejum no mês do Ramadã, a peregrinação à cidade saudita de Meca pelo menos uma
vez na vida, se o muçulmano tiver condições físicas e financeiras. Mas aí é uma
outra história...
Fotos:
Eduardo Zappia; EDSON RUIZ, Gabriela Biló/Futura Press; Rafael Hupsel/Ag. Istoé
O artigo original da ISTOÉ poderá
ser acessado por meio desse link aqui:
É bem evidente que o Islã está se
abrasileirando, como também aconteceu com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos ou Mórmons, que não aceitava negros em suas fileiras, mas depois de
uma revelação recebida diretamente de deus pelo presidente da igreja, os negros
passaram a ser aceitos.
Para os membros do Islã de origem
árabe, esse negócio de ter o Alcorão em português e fazer sermões em português
não faz muito sentido, já que o mesmo foi originalmente produzido em árabe — a
mais bela das línguas segundo os árabes — e o próprio deus do Alcorão fala o
árabe.
Mas é digno de nota o fato que a
religião muçulmana tem permitido uma ascensão meteórica de brasileiros a postos
chaves dentro da sua estrutura. Isso é algo completamente novo no Brasil, um
país de missões, onde, independentemente da origem e da religião, o controle
das mesmas sempre se manteve por longas décadas nas mãos dos estrangeiros,
passando vagarosamente para as mãos de brasileiros. Nesse sentido o Islã dá uma
lição exemplar.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2012/04/lideres-evangelicos-proclamam-que-o.html
OUTROS ARTIGOS ACERCA
DO O ISLÃ
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2012/04/lideres-evangelicos-proclamam-que-o.html
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
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Desde já agradecemos a todos.
Isso, com certeza, não é bom. Em breve, teremos mais escolas de terrorismo no Brasil. #FORADILMA #FORAPT #LULANACADEIA #FORADESAFORODESÃOPAULO
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