Nosso terceiro artigo tratando da
ordenação de mulheres é uma transcrição do material compilado pelo site “Cristianismo
Subversivo” publicado pelo irmão Hermes C. Fernandes. Nele nós vamos encontrar alistadas
7 razões a favor da ordenação de mulheres.
NOTE BEM: O ARTIGO ABAIXO NÃO
REPRESENTA, NECESSARIAMENTE, A POSIÇÃO DO BLOG O GRANDE DIÁLOGO E ESTÁ SENDO
PUBLICADO DENTRO DO NOSSO INTERESSE DE OFERECER AOS NOSSOS LEITORES A
OPORTUNIDADE DE CONHECER AS DIVERSAS POSIÇÕES ACERCA DESSE DELICADO ASSUNTO.
Por Hermes C. Fernandes
Aproveitando o mês em que se comemora o
Dia Internacional da Mulher, resolvi escrever um artigo sobre o tão polêmico
tema. Respeitando os discordantes, quero expor aqui as razões pelas quais defendo
a ordenação feminina, tanto ao pastorado, quanto ao diaconato.
1 – Em Cristo acabam as distinções
étnicas, sociais e sexistas
“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem
livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Gálatas 3:28
Se Deus pode incluir judeus e gentios no
ministério, por que não incluiria tanto homens quanto mulheres? Se vamos manter
a distinção entre sexos, deveríamos também manter a distinção entre dias,
meses, anos, entre judeus e gentios, entre animais limpos e impuros, etc.
2 – A atividade pastoral é, antes de
tudo, um dom – O argumento usado por Pedro para
justificar a inclusão dos gentios na igreja foi o dom do Espírito que lhes fora
concedido da mesma maneira como aos judeus. Como os apóstolos poderiam impedir
a sua inclusão? Semelhantemente, a igreja deve reconhecer o dom pastoral que
tem sido concedido a indivíduos do sexo feminino. Ordenar nada mais é do que
reconhecer o dom. Negar-se a reconhecer o dom conferido por Deus é o mesmo que
resistir a Deus. Confira:
“Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós,
quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que
pudesse resistir a Deus? E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e
glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o
arrependimento para a vida.” Atos 11:17-18
Se os líderes atuais reconhecessem o dom
pastoral que Deus tem concedido à mulheres, toda discussão cessaria. Alguns,
mesmo reconhecendo o dom, negam o título. Algumas denominações preferem
chamá-las de ‘missionárias’, ‘doutoras’, mas jamais ‘pastoras’. Chega a ser
ridículo. Em contrapartida, encontramos muitos homens que ostentam o título sem
jamais terem sido vocacionados para o desempenho do pastorado. Patético e
lamentável.
3 – O Dom de Profecia é dado tanto a
homens quanto a mulheres
“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito
sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos
velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e
sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.” Joel 2:28-29
De acordo com o discurso de Pedro no dia
de Pentecostes, tal profecia cumpriu-se cabalmente quando o Espírito foi
profusamente derramado sobre os 120 discípulos reunidos no cenáculo. Ora, se as
mulheres devem manter-se caladas na igreja, conforme interpretam alguns a
instrução paulina, logo, como elas poderiam profetizar? Por linguagem de
sinais? Lemos em Atos 21:8-9 que Filipe, um dos sete diáconos originais, também
reconhecido como evangelista, tinha quatro filhas que profetizavam. E o que
seria “profetizar” dentro do contexto neotestamentário? Paulo responde: “o que
profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação” (1
Coríntios 14:3). Os mesmos que se manifestam contrários à ordenação feminina
dizem que o exercício do dom de profecia está ligado à atividade pastoral. O
pastor é o profeta da igreja. Através da pregação, ele edifica, exorta e
consola. Ora, ora… Seguindo a mesma linha de raciocínio, uma mulher que tenha
recebido de Deus tal dom, estaria habilitada pelo Espírito a exercer o
ministério pastoral.
4 – O sacerdócio universal dos crentes
Alguém poderá argumentar que embora
encontremos profetizas nas Escrituras, jamais encontramos sacerdotisas. Mas peraí…
Cristo não substitui o sacerdócio levítico por um eterno, onde todos somos
igualmente sacerdotes?
“Vós também, como pedras vivas, sois edificados
casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por Jesus Cristo (…) Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” 1 Pedro 2:5,9
Eis um dos pilares da reforma
protestante. Todos os crentes são sacerdotes, sem importar seu gênero. Manter a
distinção entre clero e leigos é um ranço indesejável que herdamos do
romanismo. E como sacerdotes, temos duas atribuições: a) oferecer sacrifícios
espirituais a Deus b) anunciar as virtudes d’Aquele que nos chamou das trevas
para a luz. Homens e mulheres estão igualmente incumbidos disso. Ora, por que
razão deveríamos privar mulheres de celebrar os sacramentos/ordenanças (Leia-se
Ceia e Batismo)? Conheço denominações em que as mulheres podem ensinar, pregar,
trabalhar na secretaria, evangelizar, mas não podem celebrar a ceia ou o
batismo. Isso não faz o menor sentido. Quem está habilitado a anunciar as
virtudes do Deus vivo e a oferecer sacrifícios espirituais também está
habilitado a partir o pão e batizar. Questão de coerência. O problema é que os
homens não querem abrir mão da proeminência. Durante a celebração da primeira
eucaristia, Jesus despiu-Se diante dos discípulos, cingiu-se de uma toalha e
lavou-lhes os pés. Alguns entendem que o lava-pés seria uma cerimônia
complementar da Ceia do Senhor. Mesmo que não encaremos como uma ordenança, não
podemos fazer vista grossa ao fato de que foi durante a Ceia que Ele nos deu
tal exemplo. Escrevendo a Timóteo, Paulo diz que antes de inscrever uma viúva
para ser socorrida pela igreja, dever-se-ia verificar se a mesma praticou toda
a boa obra, inclusive lavar os pés aos santos (1 Tm. 5:10). À esta altura, o
lavar os pés dos irmãos havia se tornado numa prática constante na igreja.
Jesus deixara o exemplo aos Seus discípulos homens, porém, mesmo as mulheres o
observavam. Isso fazia parte da diaconia, exercida tanto por homens quanto por
mulheres.
5 – Foi a uma mulher que Jesus confiou o
primeiro “ide” após Sua ressurreição
Jesus poderia ter aparecido primeiramente
aos Seus discípulos homens, mas preferiu aparecer primeiro a uma mulher, a quem
confiou Seu primeiro “ide” (Jo.20:17). É possível que os discípulos tenham se
sentido desprestigiados por isso. - Por que a uma mulher, e não diretamente a
nós? Talvez isso indicasse a importância que Jesus atribuía ao gênero feminino
na difusão do Evangelho.
6 – Há evidências de que havia liderança
feminina na igreja primitiva
“Recomendo-lhes nossa irmã Febe, serva da igreja em
Cencréia. Peço que a recebam no Senhor, de maneira digna dos santos, e lhe
prestem a ajuda de que venha a necessitar; pois tem sido de grande auxílio para
muita gente, inclusive para mim. Saúdem Priscila e Áquila, meus colaboradores
em Cristo Jesus. Arriscaram a vida por mim. Sou grato a eles; não apenas eu,
mas todas as igrejas dos gentios. Saúdem também a igreja que se reúne na casa
deles. Saúdem meu amado irmão Epêneto, que foi o primeiro convertido a Cristo
na província da Ásia. Saúdem Maria, que trabalhou arduamente por vocês. Saúdem
Andrônico e Júnias, meus parentes que estiveram na prisão comigo. São notáveis
entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim.” Romanos 16:1-7
Quanta informação valiosa numa simples
saudação! No texto original, Febe é chamada “diaconisa na igreja em Cencréia”.
De acordo com o testemunho do autor patrístico Teodoreto de Ciro (393 – 466
d.C.), Febe era uma pregadora itinerante cuja fama correu o mundo todo. “Ela
era conhecida não apenas entre os Gregos e Romanos, mas entre os bárbaros
também”. E Febe não foi a única. Uma pedra tumular foi achada em 1903 no Monte
de Oliveiras com esta inscrição: "Aqui jaz a serva e virgem noiva de
Cristo, Sofia, a diaconisa, a segunda Febe". Isso demonstra que Febe
tornou-se numa espécie de referência de liderança feminina na igreja primitiva.
Em sua recomendação, Paulo dá testemunho
de que Febe teria sido de grande auxílio para muita gente, inclusive para ele
mesmo. O texto original nos fornece uma compreensão um pouco mais acurada:
"Porque ela tem sido indicada, realmente por minha própria ação, uma
oficial presidindo sobre muitos."
O termo traduzido como “auxílio” é prostatis (Rom.
16:2). Esta palavra não é traduzida dessa maneira em nenhum outro lugar nas
Escrituras gregas. Foi uma palavra comum e clássica que significava
"padroeira ou protetora, uma mulher colocada por cima dos outros". É
a forma feminina do substantivo masculino prostates, que significa
"defensor" ou "guardião" quando se refere aos homens. Em 1
Timóteo 3:4-5,12 e 5:17, o verbo proistemi é usado a respeito
das qualificações dos bispos e diáconos quando Paulo ordenou aos homens a
"governarem" bem as suas casas, que incluiu cuidar das suas
necessidades. O que foi que significou para homens, deve significar o mesmo
para as mulheres. O que foi que estes bispos e diáconos fizeram para as suas
casas, Febe fez para a igreja e Paulo. As posições foram idênticas.
Se nós recusarmos a admitir que Febe
"governou", ou "liderou", ou foi uma "defensora",
ou "guardiã", então nós precisamos rebaixar os diáconos para qualquer
nível em que Febe estava ministrando. Se Febe só "auxiliou”, então é só
isso que os diáconos fizeram. Seria muito inconsistente traduzir a palavra como
"governador" quando se refere aos homens e "auxílio" quando
se refere as mulheres.
Entre os que recebem a saudação paulina,
destacam-se Priscila e Áquila, responsáveis por ensinar o Evangelho com mais
precisão a Apolo, um dos mais eloquentes pregadores da época. Propositadamente,
Paulo menciona Priscila antes de Áquila, o que poderia soar indelicado, para
indicar sua importância ministerial. Um pouco mais adiante, Paulo nos revela
dois personagens curiosos, a saber, Andrônico e Júnias, “notáveis entre os
apóstolos”. Se, de fato, ambos, marido e mulher, eram considerados “apóstolos”,
não sobra margem pra discutir sobre a legitimidade da liderança feminina na
igreja primitiva.
7 – Porque está comprovada a capacidade
feminina em exercer qualquer papel antes atribuído somente aos homens
Tenho sido testemunha do flagrante
sucesso obtido por mulheres no exercício do ministério pastoral. Algumas
obtiveram êxito onde homens falharam. Eu poderia citar vários casos do meu
conhecimento. Depois de todas as conquistas das mulheres na segunda metade do
século XX pra cá, seria, no mínimo, anacrônico acreditar em sua incompetência
para a liderança eclesiástica. Muito antes da revolução cultural, em tempos
bíblicos elas já demonstravam suas habilidades como rainhas, juízas,
profetizas, e, diga-se de passagem, até pastoras. Vide Ester, Débora, Ana e
Raquel. Por que razão Deus as privaria do privilégio de serem instrumentos do
Seu amor para cuidar do Seu rebanho particular?
O artigo original do Hermes poderá ser visto por
meio desse link aqui:
OUTROS ARTIGOS ACERCA DA
ORDENAÇÃO DE MULHERES
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a
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agradecemos a todos.
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