segunda-feira, 29 de setembro de 2014

PARÁBOLAS DE JESUS - LUCAS 10:25—37 — A PARÁBOLA DO SAMARITANO — SERMÃO 027E — PARTE 005 — O SOCORRO





Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.

As partes anteriores da Parábola do Samaritano poderão ser encontradas por meio dos links abaixo:

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1
027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote
027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano


Sermão 027E

A PARÁBOLA DO SAMARITANO — PARTE 5 — O SOCORRO

lUCAS 10:25—37

25 E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

26 E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?

27 E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.

28 E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.

29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

31 E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.

32 E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo.

33 Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão.

34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;

35 E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar.

36 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

37 E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira.

Continuação

5. O Socorro

Lucas 10:34
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;

O momento central da narrativa de Jesus descreve o inesperado aparecimento de um samaritano compassivo. O resto da ação, de agora em diante, é a manifesta expressão dessa profunda e comovente compaixão. Na cena que iremos estudar hoje o samaritano — que não tinha nenhuma obrigação legal — oferece ao homem ferido o socorro que lhe havia sido negado tanto pelo sacerdote como pelo levita — os dois tinham obrigações legais de ajudar.

Como é comum nas parábolas de Jesus, a simplicidade da linguagem pode nos fazer seguros do caminho que estamos seguindo, mas é mais comum estarmos completamente errados.

O samaritano ao se aproximar do homem ferido, curiosamente, sabe o que precisa fazer:

1. Primeiro ele precisa limpar e amolecer as feridas com óleo.

2. A seguir ele precisa desinfetar os machucados com vinho.

3. Por fim, os ferimentos precisavam ser cobertos com ataduras.

Agora se você olhar o verso acima verá que essa não foi a ordem em que Jesus descreveu os acontecimentos. Sim, é necessário dizer que o texto no grego nos dá uma visão dessas coisas acontecendo simultaneamente. Mas no texto grego é a ação que envolve as ataduras que vem primeiro. Porque Jesus menciona as ataduras primeiro? Certamente porque ele quer enfatizar a teologia por trás desse gesto. Essa é a linguagem que os profetas estavam acostumados a usar no relacionamento ente Deus e o povo de Israel.

Jeremias 30:17

Porque te restaurarei a saúde e curarei as tuas chagas, diz o SENHOR; pois te chamaram a repudiada, dizendo: É Sião, já ninguém pergunta por ela.    

Note essa detalhada descrição do profeta Oséias e como a mesma nos faz lembrar o socorro do samaritano e também o desprezo do sacerdote e do levita para com a Lei de Deus:

Oséias 6:1—10

1 Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará.
2 Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele.
3 Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.
4 Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa.
5 Por isso, os abati por meio dos profetas; pela palavra da minha boca, os matei; e os meus juízos sairão como a luz.
6 Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.
7 Mas eles transgrediram a aliança, como Adão; eles se portaram aleivosamente contra mim.
8 Gileade é a cidade dos que praticam a injustiça, manchada de sangue.
9 Como hordas de salteadores que espreitam alguém, assim é a companhia dos sacerdotes, pois matam no caminho para Siquém; praticam abominações.
10 Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel: ali está a prostituição de Efraim; Israel está contaminado.

Depois de ferir, o primeiro ato do Deus ETERNO é “ligar” as feridas! De fato, a narrativa de Oséias está tão próxima da parábola contada por Jesus, que o início das palavras de Oséias serviriam perfeitamente como uma introdução para a parábola. Cada parte das palavras de Oséias pode ser aplicada à história contada por Jesus. De modo específico nos vemos no texto acima que Efraim é ferido e clama pelo Senhor que então intervém e:

1. Nos sarará

2. Fez a ferida e a ligará.

3. Nos revigorará.

4. Nos levantará, e viveremos diante dele. 

Deus, Deus, Deus e Deus outra vez. Só Deus é Salvador e é Ele quem escolhe os instrumentos que irá usar para realizar Sua vontade. É por isso, que na parábola contada por Jesus a salvação de Deus vem por meio das mãos de um odiado e desprezado samaritano. Como iremos ver a seguir, as duas narrativas têm profundas implicações cristológicas.

Além do mais, tanto o óleo quanto o vinho não eram apenas materiais para primeiros socorros, eles eram também elementos importantes da adoração no templo. Assim como o ato de derramar qualquer líquido na presença de Deus, também ara parte da adoração. Essas eram chamadas de libações e estavam, intimamente, ligadas aos sacrifícios. No entanto por muitos séculos o chamado ao povo de Israel tinha ido muito além das obrigações relativas aos sacrifícios. Deus desejava que seu povo oferecesse uma resposta adequada ao amor que tinham recebido de Deus e que tal resposta se manifestasse na forma de amor perseverante e não tanto na forma de sacrifícios:

Oséias 6:6

Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.

Miquéias 6:7—8

7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma?

8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.

Nós temos essa mesma linguagem e atitude na ação de Paulo descrita como uma libação derramada sobre o sacrifício da fé dos filipenses:

Filipenses 2:17

Entretanto, mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me e, com todos vós, me congratulo.

Paulo também desafia os cristãos em Roma a apresentarem seus próprios corpos como sacrifícios vivos a Deus:

Romanos 12:1

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

É desse modo que para os profetas a linguagem do altar evoca o autossacrifício de amor. Para Paulo tal oferta está unida ao chamado que o cristão tem recebido para servir o próximo de modo sacrificial. O sacerdote e o levita eram aqueles que conheciam muito bem a ordem prescrita para os rituais e a liturgia do culto no templo. Durante a adoração eles eram os que oficiavam os sacrifícios e as libações. Eles eram os que derramavam o óleo e o vinho diante e sobre os sacrifícios oferecidos ao Senhor. Na parábola que Jesus está contando aqui o samaritano executas esses gestos simples que tanto o sacerdote quanto o levita haviam evitado, apesar de estarem acostumados a realizarem os mesmos no templo. O homem ferido é a perfeita oportunidade para o sacerdote e o levita manifestarem o sacrifício vivo, algo que o samaritano demonstra cumpre, satisfazendo assim a perfeita vontade de Deus. É o doado Samaritano quem derrama a libação sobre o altar das feridas do homem atacado. Não existe nenhuma maneira de demonstrar חֶסֶד chesed — bondade, fidelidade ou benignidade para com o homem caído à beira da estrada do que esses simples gestos do samaritano de derramar óleo e vinhos sobre as feridas do mesmo. São esses gestos simples que demonstram toda a misericórdia e compaixão que Deus sente por cada um de nós, suas criaturas. Era isso pelo que clamavam os últimos profetas enviados ao povo de Israel. Mas é o samaritano quem derrama a verdadeira oferta aceitável a Deus.

Todavia, diante situação de relacionamento existente entre judeus e samaritanos naqueles dias, era bem possível que se o homem ferido fosse um judeu, ainda se desse o direito de insultar àquele que lhe fizera bem e lhe salvara a vida. Óleo e vinho são totalmente proibidos para os judeus se a origem dos mesmos for samaritana. E isso por dois motivos: 1) primeiro porque os samaritanos eram pessoas consideradas impuras; 2) Depois era necessário que o dízimo desses elementos tivesse sido paga, algo que, evidentemente, o samaritano não tinha feito, até porque se tentasse fazer seria rejeitado de pronto. Assim, o judeu quando despertasse também teria que pagar o dízimo corresponde ao óleo e ao vinho usado pelo samaritano. Como ele tinha acabado de ser assaltado, ele não tinha dinheiro sequer para pagar sua própria hospedagem numa hospedaria. Alguém jpa disse que o mestre da lei que havia iniciado a conversa com Jesus sentiria verdadeiro prazer se o homem ferido tivesse despertado e gritado: longe de mim seu samaritano imundo que eu aceite óleo e vinho de tuas mãos impuras. Bem, durma-se com um barulho desses.    

CONTINUA...   



OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

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