Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, os ensinamentos da Bíblia acerca do pecado, com uma ênfase
especial na questão do chamado “pecado para a morte”. Os demais estudos dessa
série poderão ser acessados por meio dos links alistados no final desse estudo.
10. O Pecado Original
O pecado original é um conceito teológico e como tal não lança
nenhuma luz sobre a origem do pecado.
Também por esse mesmo motivo o mesmo não se trata de ensinamento bíblico
direto, mas apenas de um conceito derivado dos ensinamentos bíblicos. O pecado original não se refere ao primeiro
pecado cometido entre todos os pecados, tampouco se refere ao primeiro pecado
cometido na história da humanidade. Refere-se exclusivamente ao primeiro pecado
cometido por Adão e somente a esse primeiro pecado e a nenhum outro pecado
posteriormente cometido por Adão. Na história da humanidade, Eva foi a primeira
a transgredir; não obstante, o pecado somente entrou no mundo através do pecado
posterior de Adão — posterior ao de Eva — conforme o que lemos em
Romanos 5:12
Portanto, assim como
por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também
a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
O pecado original é o primeiro
pecado cometido por Adão, que se tornou por sua vez, a origem de todos os
outros pecados cometidos pela raça humana, inclusive os outros pecados
cometidos pelo próprio Adão. E é por causa do poder deste primeiro pecado de
Adão que a morte passou a todos os homens, mesmo para aqueles que não pecaram a
semelhança de Adão.
Romanos 5:14
Entretanto, reinou a
morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança
da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
Neste contexto é da maior
importância notar que quando Deus deu o mandamento para não comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal Eva ainda não havia sido criada —
Gênesis 2:15—17
15 Tomou, pois, o
SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.
16 E o SENHOR Deus lhe
deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente,
17 mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres,
certamente morrerás.
11. Depravação Total
O pecado original nos fornece uma
pista acerca da natureza do pecado e
da morte. De acordo com o relato que encontramos no Gênesis o pecado é um ato destrutivo de auto-afirmação baseado em orgulho, falta
de amor, rebeldia, falta de gratidão, primeiro contra Deus que deu ao homem sua
realidade, mas simultaneamente contra si mesmo e contra todas as outras formas
de realidade criadas. Por meio deste ato inicial de pecado, Adão
quebrou seu relacionamento com Deus, com Eva e com a natureza dos quais, em
diferentes graus, dependiam tanto sua vida como seu bem-estar. O pecado de Adão
é uma declaração de autossuficiência. Era desejo de Adão seguir seu caminho
sozinho. Por meio daquele primeiro pecado de Adão tudo é alienado. Adão e Eva
se escondem um do outro por meio da tentativa de costurar roupas para si; Adão
se esconde de Deus; Adão põe a culpa em Deus e em Eva, Eva culpa a serpente e o
próprio ser se torna alienado de si mesmo —
Gênesis 3:7—13
7 Abriram-se, então, os
olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e
fizeram cintas para si.
8 Quando ouviram a voz
do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da
presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.
9 E chamou o SENHOR
Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?
10 Ele respondeu: Ouvi
a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.
11 Perguntou-lhe Deus:
Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não
comesses?
12 Então, disse o
homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.
13 Disse o SENHOR Deus
à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e
eu comi.
Esta alienação de si mesmo produz
uma depravação correspondente que priva o homem de todas aquelas qualidades
morais e espirituais que constituem seu “ser” autêntico. O homem perdeu a
capacidade de auto-realização e tornou-se seu pior inimigo. O “ser” está completamente depravado,
pois não existe nada pior nem mais destrutivo que ele possa fazer contra Deus,
seu semelhantes, seu mundo e contra si mesmo do que pecar. Desta maneira, a morte e o inferno não são mais do que
consequências das exageradas qualidades de culpa do próprio pecado. O pecado
original, e todos os outros pecados subsequentes meramente enfatizam essa
realidade, de que o homem está completamente alienado de si mesmo, de Deus, de
seus semelhantes e da natureza. E mais, neste estado de alienação o homem é
incapaz de instaurar relações autênticas como existiam originalmente. O momento histórico que mostra de maneira mais contundente esta alienação
é quando os seres humanos, na cruz do calvário, matam Aquele em quem toda a
realidade divina e criada subsiste —
Atos 3:15
Dessarte, matastes o
Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos
testemunhas.
Colossenses 1:15—16
15 Este é a imagem do
Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
16 pois, nele, foram
criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades.
Tudo foi criado por meio dele e
para ele. Dessa maneira o pecado original como aquele ato que quebra todos os
relacionamentos criados por Deus não é meramente moral, intelectual ou afetivo,
mas algo muito mais profundo do que tudo isso. O pecado é essencialmente
religioso. Como Davi disse:
Salmos 51:4
Pequei contra ti,
contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos.
É essa referência divina que
constitui a essência do pecado original e, por meio dessa mesma referência o pecado
se torna pecado contra o próprio homem, contra seus semelhantes e contra a
natureza. A natureza do pecado é completamente destruidora.
O pecado introduz aquelas realidades que a Bíblia descreve como sendo “morte” e
“ira de Deus” —
Efésios 2:1
Ele vos deu vida,
estando vós mortos nos vossos delitos e pecados.
Ver também Efésios 5:1—12.
Que o pecado torna o homem
completamente depravado não pode ser observado exclusivamente pela história da
humanidade. Apesar do fato que a história da humanidade está repleta de atos
pecaminosos, um reconhecimento verdadeiro do pecado, como algo distinto de
erros humanos, ignorância, tolices ou fragilidade, não ocorre dentro do campo
da observação nem da experiência humana. Não existe uma estrada que nos conduza
da experiência do pecado ao conhecimento daquilo que o pecado é. A dimensão religiosa do pecado como um ato primariamente contra Deus, só
pode ser percebida pela revelação divina. O comportamento moral do
homem é normalmente melhor do que a depravação total nos faz esperar. Esta
ambiguidade, entre o esperado e o real, é fruto da ação permanente e graciosa
de Deus sobre a humanidade caída, e isto constitui outra verdade que só pode
ser reconhecida mediante revelação. Que cada e todo pecado cometido contra o
próximo, contra o meio ambiente, é também um pecado contra Deus só pode ser
entendido dessa maneira se for revelado por Deus. Da mesma maneira, é somente
mediante a revelação divina que podemos saber que a única maneira de
reconstruir, de maneira correta, os relacionamentos com Deus, com o próximo e
com o meio ambiente é mediante a graça da regeneração.
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O PECADO — ESTUDOS 013D — PECADO E O CASTIGO PARTE D — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 003
O PECADO — ESTUDOS 013E — PECADO E O CASTIGO PARTE E — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 004
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O PECADO — ESTUDOS 014B — O PECADO PARA A MORTE — PARTE B —DIFERENTES TIPOS DE PENAS E CASTIGOS PARA O PECADO IMPERDOÁVEL
O PECADO — ESTUDOS 014C — O PECADO PARA A MORTE — PARTE C —DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS QUE PODEM COMETER O PECADO IMPERDOÁVEL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/um-estudo-sobre-o-pecado-parte-014_13.html
Grande Abraço e que Deus possa
abençoar a todos.
Alexandros Meimaridis
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