sábado, 10 de janeiro de 2015

ÊXODO: DEUSES E REIS: A ILUSÃO E AS MENTIRAS DE RIDLEY SCOTT


 
Atores que representam Moisés e o Ramsés no filme Êxodo;Deuses e Reis

No final do mês de dezembro de 2014 estreou mundo afora o novo filme dirigido por Ridley Scott, que, SUPOSTAMENTE, pretende recontar, à moda de Hollywood, a história bíblica do livro do Êxodo. O filme tem o seguinte título: Êxodo: Deuses e Reis.

Quando paramos para analisar essa nova produção de Hollywood voltada, como sempre, para desmentir e descaracterizar as Escrituras Sagradas existe uma pergunta que logo nos vem à mente: a pessoa que está assistindo ao filme acredita em coincidências? Essa pergunta é importante, porque sabemos que a maior parte da audiência não acredita na Bíblia, mas talvez acredite em coincidências. Nem mesmo a maioria do chamado povo evangélico, que consome avidamente esse lixo sem refletir nas consequencias, acredita nas Sagradas Escrituras. Dizemos isso porque são incapazes de reconhecer qualquer coisa de errado no filme, e põe erros nisso.

No filme, o pai do personagem Josué acredita que seu encontro casual com Moisés foi algo ordenado pelo próprio Deus. Nesse momento estamos bem no início do Filme e seu diretor faz questão de nos apresentar um Moisés cético diante das revelações feitas por Num, revelações que, diga-se de passagem, não estão no texto bíblico.. Mas as coincidências vão se multiplicando até o ponto em que, mesmo de forma inconsciente, a audiência começa a aceitar que as mesmas são fruto de algum tipo de projeto intencional, como algo organizado por um ser inteligente.

Em outros momentos, quando algo incomum acontece somos, imediatamente, levados a pensar que estamos apenas diante de uma coincidência mesmo, pura e simples. Nem todo desastre natural é resultado de algum juízo de Deus e nem todos os sonhos trazem alguma mensagem do Altíssimo.


Coincidência ambíguas são estabelecidas desde o início do filme com o intuito de criar profundas dúvidas na mente da audiência acerca do ensino assertivo das Escrituras Sagradas. Dessa forma, aquilo que está solidamente apresentado na Bíblia torna-se aberto a qualquer tipo de interpretação que a que o leitor esteja inclinado. Mas existe uma armadilha nisso tudo que é: o próprio filme torna-se também aberto a qualquer tipo de interpretação a que o expectador esteja inclinado. E isso é uma possibilidade real de suceder tanto com o crente como com o incrédulo. Os crentes tendem a aceitar de forma passiva a inserção de conceitos e ideias que não podem ser encontradas na história original. Para os incrédulos nada é mesmo relevante. E isso faz com que eles, por não terem conhecimento da verdadeira narrativa, aceitem o filme como se fosse compatível com a narrativa bíblica ou pior, como se o mesmo fosse a própria narrativa bíblica. E nada poderia estar mais longe da verdade.

Ridley Scott se autodefine como um ateu, portanto, sua abordagem ao texto bíblico irá, obviamente, refletir o fato de que ele não crê na existência do Deus ETERNO. É aí que a ambiguidade entra com toda sua força. Ela é usada como argumento para atrair o universo de evangélicos que não iriam assistir ao filme, de nenhuma forma, se os críticos avisassem o público que o filme nega o que as Escrituras dizem, apesar do resultado final ser esse mesmo. Mas tudo é feito de modo camuflado e sutil como bem descreveu Paulo ser a atuação dos enganadores, quando disse:

Efésios 4:14

Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.  

Hoje estamos vivendo em dias em que a adesão às religiões está em declínio conforme uma pesquisa recente do Instituto Gallup e o ateísmo está em alta. Ver nosso artigo acerca dessa questão por meio desse link aqui:


Então o filme de Ridley Scott capitaliza sobre essa condição, que é mais notória em seu próprio pais — os EUA — onde ele se aproveita para enfatizar e reforçar a ideia de que, em nossos dias, as religiões de modo geral, são apenas superstições irracionais e que o Deus da Bíblia, como já defendiam os inimigos das Escrituras Holbach[1] no século XVIII e Feuerbach[2] no século XIX, não passa de uma criatura monstruosa, do ponto de vista moral. Nesse aspecto Ridley Scott se aproveita da nova roupagem das idéias dos séculos passados, supridas pelo nigeriano Richard Dawkins — autor de Deus, Um Delírio — para criar seu próprio delírio e embuste.

Assim o filme de Ridley Scott é uma produção segura para o cientifismo contemporâneo. O Faraó do Egito acredita na tolice de que a vontade dos deuses egípcios pode ser adivinhada pela análise das entranhas de um animal sacrificado com esse propósito — ter suas entranhas lidas e interpretadas por um sacerdote ou uma sacerdotisa. Durante esse tempo, na ilusão patética de Ridley Scott, Moisés que ainda acredita que é apenas o filho ilegítimo da filha do Faraó, zomba daqueles que abandonam a razão para seguirem presságios. Isso é claro, é uma evidente zombaria sobre todos os crentes que acreditam nas Sagradas Escrituras. É a genialidade a serviço da maldade suprema: Fazer o próprio Moisés zombar dos crentes do tempo presente com suas palavras, mesmo que as mesmas estejam sendo dirigidas ao Faraó dos seus dias!

Mais adiante, uma invencionice inominável: a cena nos mostra Moisés numa discussão religiosa com os anciãos dos escravos hebreus. Moisés diz que deseja “convencê-los” que a religião deles é falsa, porque “crenças falsas conduzem ao fanatismo” e isso pode conduzir a uma rebelião. Em seguida Moisés diz para Zípora, sua esposa, que “acreditar em si mesmo” é preferível a acreditar em alguma religião e, mais adiante ainda, em uma conversa com um de seus filhos, Moisés parece dizer que religião é apenas “dizer aquilo que o povo quer ouvir”. E, desse modo sutil e insidioso, a mentira vai sendo infiltrada nas mentes de toda a audiência e até mesmo dos chamados evangélicos que saíram da sala de cinema elogiando o filme!

À medida que o filme avança é fácil notar que o roteiro foi escrito de modo a lançar dúvidas sobre o próprio conteúdo do filme. Como exemplo disso podemos citar a cena em que uma pedra bate na cabeça de Moisés, pouco antes de avistar a sarça ardente. Nada poderia estar mais distante da verdade da narrativa bíblica. Até mesmo Zípora “duvida” de Moisés alegando que a tal visão da sarça poderia ser apenas uma alucinação devido à pancada sofrida na cabeça pouco antes. Essa ideia largada no meio do filme é fortalecida pelo fato de ninguém mais, a não ser Moisés, ouvir ou perceber qualquer manifestação vinda de Deus, o que é uma evidente mentira, quando comparada com o texto bíblico. A intenção de Ridrley Scott é apresentar Moisés como um personagem esquizofrênico, como afirmou o ator Christian Bale que fez o papel do legislador.  

A forma de contar uma história sem mostrar nenhuma cena e ter, tempos depois, tal história também confirmada apenas de modo verbal é uma técnica cinematográfica conhecida, para indicar que não se trata de uma história verdadeira. E é isso mesmo que é feito com a história do nascimento de Moisés.

Os próprios milagres são mostrados seguindo as teorias antigas — de Werner Keller “E A Bíblia tinha Razão” — e modernas — como o filme de Stephen Miller — como sendo apenas acidentes da natureza, sem nenhuma intervenção divina verdadeira. Também como poderia? O diretor do filme não acredita em Deus! Mesmo os momentos hilários oferecidos pelos idiotas conselheiros do Faraó servem apenas para plantar ainda mais fundo as dúvidas nas mentes dos espectadores.

Mas o mais curioso é o seguinte. No texto bíblico depois de Deus convencer Moisés a retornar ao Egito e apavorar o Faraó e seu povo com o poder de Deus mediante o uso do bastão que Moisés usava, mas que Moisés já estava deixando para trás, quando Deus lhe diz:

Êxodo 4:17 na NTLH

Leve este bastão porque é com ele que você vai fazer os milagres.

o filme, de forma estranha, não mostra Moisés em nenhuma das cenas usando o bastão — seja na produção das pragas ou mesmo às margens do Mar Vermelho. Tais eventos simplesmente acontecem sem nenhum envolvimento de Moisés. Essa é a forma entediante de Hollywood sempre contar as histórias bíblicas. Mais duas curiosidades: o bastão de Moisés é substituído por uma espada — Moisés é transformado num “espadachim medieval” — e o Mar Vermelho se abre pela força da queda de um meteorito no mesmo, que cria um tsunami formado por duas ondas gigantescas!

As pragas são apresentadas como uma técnica de terrorismo religioso. Tudo é feito de modo a criar nas pessoas uma falsa ideia que o verdadeiro relacionamento com Deus, como ensinado na Bíblia — e não a religião como apresentada no filme — é a razão de muito da violência que existe no mundo nos dias de hoje. Apesar disso não ser verdadeiro, já que a grande parte do mal que existe no mundo tem sua origem na política e nas injustiças econômicas, com a religião sendo apenas manipulada para ocupar esse espaço. Além do mais, isso não tem nada a ver com a narrativa do Êxodo, das Bíblia nem com os cristãos verdadeiros.

A maior afronta do filme fica por conta da decisão de Ridley Scott, de caracterizar Deus como um menino de onze anos, petulante, irracional e raivoso por não ver seus desejos atendidos. Quão longe essa representação está da verdadeira encarnação de Deus na pessoa de Jesus Cristo, só pode ser medida pela distância entre o glorioso céu onde Moisés está e o pavoroso inferno e lago de fogo onde Ridley Scott irá terminar, se não se arrepender e se voltar para o nosso Deus.

Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.




[1] Paul-Henri Dietrich, barão d’Holbach enciclopedista (contribui com nada menos do que 376 artigos para a grande enciclopédia publicada por Diderot) e filósofo alemão naturalizado francês nascido em Dezembro de 1723 em Edesheim próximo a Landau e tendo falecido em Paris em 21 de Julho de 1789. Suas duas obras mais significativas com relação à crítica da Cristandade são: 1)”O Sistema da Natureza” publicada em 1770 sob o pseudônimo de J. B. Mirabaud e; 2) “Le Christianisme Dévoilé” de 1761 publicado sob o nome de um amigo já falecido, N. A. Boulanger. Nas duas obras d’Holbach ataca a Cristandade como sendo contrária tanto à natureza quanto à razão. Em tempos mais recentes um inglês chamado M. D. Magee tem publicado um site na Internet com o título “Christianity Revealed” o que é uma inegável cópia da obra do barão d’Holbach.

[2] Andréas Lwdwig Feuerbach filósofo e humanista alemão que exerceu enorme influência sobre Karl Marx com suas idéias teológicas centradas no homem e não em Deus. Feuerbach abandonou os estudos teológicos e tornou-se discípulo de G. W. F. Hegel durante dois anos em Berlim. Publicou seu primeiro livro acerca da morte e da imortalidade — “Gedanken über Tod und Unsterblichkeit” em 1832 – de forma anônima. Em 1839 publica “Über Philosophie und Christentum” onde defende a idéia de que a Cristandade já havia desaparecido não somente da razão, mas da própria existência humana e que não passava de uma idéia fixa somente. Sua obra mais importante, todavia, “Das Wesen des Christentums” foi publicada em 1841. Feuerbach, mesmo negando ser ateísta, defendia a idéia de que o “deus” da Cristandade não passava de uma ilusão. Ele exerceu profunda influência sobre o editor anticristão David Friedrich Strauss, que escreveu um dos livros mais controvertidos dos quais se tem notícia “Das Leben Jesu Kritisch Bearbeitet” entre 1835-36 bem como sobre Bruno Bauer, outro severo crítico da Cristandade. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário