Yitzhak Herzog propõe congelar os
assentamentos na Cisjordânia, portador da solução dos dois Estados
O artigo abaixo foi publicado
pela revista Carta Capital e é de autoria de Giani Carta.
Israel: Yitzhak Herzog desafia
Netanyahu
A um mês das eleições
legislativas, ganha força a liderança trabalhista de Herzog, a ameaçar o
irredutível belicista Benjamin Netanyahu. Por Gianni Carta
De Paris
Há seis anos no poder, o premier
direitista Benjamin Netanyahu busca seu quarto mandato nas legislativas
antecipadas de 17 de março contra o rival de centro-esquerda Yitzhak Herzog. O
resultado do pleito dependerá de qual será o tema-mor para os eleitores: a
economia, ou segurança? Uma vitória de Netanyahu, 65 anos, significará a
supremacia da “segurança”, defendida por uma coalizão de legendas direitistas e
de ultraortodoxos. Caso Herzog, líder da oposição e secretário-geral do Partido
Trabalhista, seja o novo premier, o quadro será outro: os israelenses terão dado
prioridade à economia, sem descuidar da segurança, área que nenhum líder
deixaria de garantir ao povo.
Herzog, 54 anos, tem boas
relações com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. O líder
trabalhista propõe o congelamento de assentamentos na Cisjordânia. Acredita na
chamada solução de dois Estados, duas áreas que Netanyahu deixou a desejar.
Portanto, os árabes israelenses, cerca de 20% da população israelense de 8
milhões de habitantes no território de Israel, e representados por um bloco
esquerdista no Knesset (Congresso), apoiariam Herzog. A aliança de Herzog
aglutinaria esquerdistas, centristas, ecologistas.
Como de hábito, pesquisas de
intenções de voto oscilam. Em dezembro de 2014, quando as eleições antecipadas
foram anunciadas pelo fato de Netanyahu, mais conhecido como Bibi, ter demitido
dois ministros de seu gabinete, Herzog parecia ter consideráveis chances. Dois
foram os motivos a levar Netanyahu a demitir o ministro de Finanças, Yair
Lapid, líder de 50 anos da centrista Yesh Atid, e a ministra da Justiça, Tzipi
Livni, da agremiação Hatnuah, favorável à solução de dois Estados. Primeiro, a
amortização de impostos para aqueles a comprar a primeira moradia. Segundo, o
reconhecimento de Israel como Estado Judeu. A segunda legislação, mais grave no
canto do mundo a gerar ódios entre civilizacões, chocou vários observadores.
Mokhtar ben Barka, professor de História e Civilização Americana da
Universidade de Valenciennes, diz a CartaCapital: “Segundo essa lógica, o
cidadão árabe israelense se torna de segunda classe. Essa é uma equação
irrefutável e implacável. Árabes israelenses são de fato excluídos”.
O falcão Netanyahu estava em
baixa no fim de 2014. De acordo com uma pesquisa realizada por dois diários
conservadores associados, The Jerusalem Post e Ma’ariv, 60% dos respondentes
não queriam mais ver Bibi no cargo. Para os mesmos, a economia era o tema principal.
O segundo tema era a segurança. No entanto, no início de fevereiro os
israelenses mudaram de opinião. De
acordo com o diário esquerdista Haaretz, a agremiação de Netanyahu, o Likud,
está, por alguns pontos, na dianteira do Partido Trabalhista, este há dez anos
na oposição. A razão? No artigo intitulado “Acorde, Herzog!”, Nehemia
Shtrasler, editorialista do Haaretz, preocupa-se com o fato de Herzog dar mais
importância à economia do que à segurança. Diz Shtrasler: “A vida precede a
qualidade de vida”. E acrescenta: “Quem vai proteger nossas crianças?”
Claramente, o editorialista quer influenciar Herzog a mudar de rumo, visto que
é visível o desgosto dela pelas empreitadas de Bibi.
Shtrasler escreve: “Todo
israelense sabe que nossas vidas dependem da nossa relação com nosso melhor
amigo”. Netanyahu não soube lidar com Obama. E isso às vésperas de o presidente
americano selar um acordo nuclear com o Irã. Além disso, Obama não quer impor
novas sanções econômicas contra os iranianos. Os fatos são preocupantes para os
israelenses. No entanto, por essas e outras, Netanyahu deveria entrar em
sintonia com Obama, pelo interesse de Israel. Bibi não deveria, como fez,
tentar dissuadir Obama de lidar com o Irã. A situação entre os dois estadistas,
que Ben Barka diz se “odiarem”, deteriorou-se.
De passagem pelo Oriente Médio,
Obama preferiu não se encontrar com o premier israelense às vésperas de
eleições. Compreensível. Um presidente não pode intervir em campanhas
políticas. Por sua vez, Bibi aceitou o convite do presidente da Câmara dos
Representantes, o republicano John Boehner, para exprimir suas percepções sobre
o Irã e grupos dissidentes islamitas no Congresso estadunidense, em 3 de março.
Para a oposição americana, a incluir judeu-americanos, a posição de Netanyahu
também foi interpretada como a de um estadista com intenções de esnobar Obama.
James Baker, o ex-secretário de
Estado americano, avaliou, em entrevista à rede de TV CBS, que a decisão de
Netanyahu de se dirigir aos deputados americanos às vésperas do pleito em
Israel como “um erro”. Ademais, Obama, como todo presidente americano, tem
laços bíblicos com Israel. Disse Ben Barka: “Remontam ao século XVII, com a
chegada dos primeiros puritanos. Tratava-se de cristãos, perseguidos na
Inglaterra, após o nascimento da Igreja Anglicana. Assim, esses cristãos ao
fugirem da Inglaterra, comparavam-se aos hebreus do Êxodo. Por isso os EUA são
chamados de “a nação escolhida”. Assim, os puritanos ingleses estabeleceram
paralelos entre eles e os hebreus, que, em busca da Terra Prometida,
atravessaram o Deserto do Sinai quando expulsos do Egito. E é importante
expressar a importância do lobby judeu (Aipac) na eleição de qualquer
presidente americano. Por que Obama faria um acordo com o Irã sem proteger
Israel?
A questão da segurança voltou à
tona. Em 28 de janeiro, o Hezbollah, legenda xiita libanesa com braço armado
apoiado pelo Irã, matou dois soldados israelenses, no sul do Líbano. Uma
retaliação esperada. Dez dias antes, um ataque aéreo israelense em território sírio
havia tirado a vida de seis militantes do Hezbollah, e mais um general da
Guarda Revolucionária Iraniana. A questão é grave, mas o Hezbollah avisou que
não quer mais entreveros, pois tem de se ocupar da Síria. Bibi, por sua vez,
tem um pleito dentro de pouco mais de um mês. Ao que parece, Obama quer alterar
táticas no Oriente Médio. Netanyahu, ou qualquer outro a substituí-lo, deveria
atuar em sintonia com a aliada Washington. Herzog já disse alto e claro que o
fará.
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Alexandros Meimaridis
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