quinta-feira, 21 de maio de 2015

JONATHAN EDWARDS: A AGONIA DE CRISTO — UM ESTUDO — PARTE 004



O material abaixo é parte de um livro escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:

Fonte: CCEL.org │ Título Original: “Christ’s Agony”

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida 
Revisada Fiel).

Tradução por Camila Almeida │ Revisão William Teixeira

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A AGONIA DE CRISTO

Por Jonathan Edwards

“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.”
– Lucas 22:44 –

“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão” (Lucas 22:44)

Nosso Senhor Jesus Cristo, em Sua natureza original, estava infinitamente acima de todo o sofrimento, pois Ele era “Deus sobre todos, bendito eternamente”; mas, quando Ele se tornou homem, Ele não foi somente capaz de sofrer, mas participou dessa natureza que é extremamente débil e exposta ao sofrimento. A natureza humana, por causa de Sua fraqueza, é nas Escrituras comparada com a erva do campo, que facilmente murcha e se deteriora. Assim, é comparada com uma folha; e ao restolho seco; e uma rajada de vento, e da natureza do homem fraco é dito ser pó e cinza, por ter o Seu fundamento em pó, e por ser esmagada pela traça. Foi esta natureza, com toda a Sua fraqueza e exposição aos sofrimentos, que Cristo, que é o Senhor Deus onipotente, tomou sobre si. Ele não tomou a natureza humana para Ele em Seu primeiro, mais perfeito e vigoroso estado, mas nesse estado desesperadamente fraco em que Ele está desde a queda; e, assim, Cristo é chamado de “renovo”, e “a raiz de uma terra seca”, Isaías 53:2: Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Desta forma, como a principal missão de Cristo no mundo foi sofrer, assim, ele cumpriu de forma consagrada a sua incumbência, Ele veio com tal natureza e, em tais circunstâncias feitas para abrir caminho para o Seu sofrimento; por isso, toda a Sua vida foi repleta de sofrimento, Ele começou a sofrer em Sua infância, mas Seu sofrimento aumentou à medida que Ele se aproximava do fim de Sua vida. Seu sofrimento após o início de Seu ministério público era provavelmente muito maior do que antes; e a última parte do tempo de Seu ministério público parece ter sido distinguido pelo sofrimento. Quanto mais Cristo viveu no mundo, quanto mais os homens viram e ouviram dEle, mais eles O odiavam. Seus inimigos estavam cada vez mais enfurecidos pela continuação da oposição que Ele fez às suas concupiscências; e o Diabo tendo sido muitas vezes confundido por ele, cresceu mais e mais em fúria, e cada vez mais reforçou a batalha contra Ele, de modo que a nuvem sobre a cabeça de Cristo crescia mais e mais escura, enquanto Ele vivia no mundo, até que estivesse em Sua maior escuridão, quando Ele foi pendurado na cruz e clamou: Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste! Antes disso, estava extremamente escuro, no momento de Sua agonia no jardim; do que temos um relato nas palavras agora lidas; as quais proponho-me a fazer o tema do discurso presente. A palavra agonia significa propriamente um conflito sério, como é testificado em batalhar, correr ou lutar. E, portanto, em Lucas 13:24. Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. A palavra no original, traduzida como porfiai é Ἀγωνίζεσθε. “Agonize, para entrar pela porta estreita”. A palavra é usada especialmente para esse tipo de luta, que na época era exibida nos jogos Olímpicos, em que os homens se esforçavam pela maestria na corrida, luta, e outros tipos tais de exercícios; e um prêmio era estabelecido, o qual era concedido ao vencedor. Aqueles que, assim, sustentaram, foram, na linguagem então usada, referidos com agonizantes. Assim, o apóstolo em Sua epístola aos Cristãos de Corinto, uma cidade da Grécia, onde tais jogos eram exibidos anualmente, diz em alusão aos esforços dos combatentes: “E todo aquele que luta”, no original, todo aquele que agoniza, “de tudo se abstém”. O local onde foram realizados os jogos foi chamado Ἀγων, ou o lugar da agonia; e a palavra é particularmente usada nas Escrituras para aquele esforço em fervorosa oração onde as pessoas lutam com Deus; elas dão ditas agonizarem, ou estarem em agonia, em oração. Assim, a palavra é usada em Romanos 15:30: E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus; no original, συναγωνίσασθαί, que vós agonizeis comigo. Assim em Colossenses 4:12: [...]combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus”. No original ἀγωνιζόμενος, agonizando por vós. De modo que quando é dito no texto que Cristo estava em agonia, o significado é, que a Sua alma estava em uma grande e séria luta e conflito. Isto foi assim em dois aspectos:

1. À medida que Sua alma estava em um grande e doloroso conflito com aquelas terríveis e incríveis visões e apreensões, as quais Ele tinha naquela ocasião.

2. À medida que Ele estava, ao mesmo tempo, em grande labor e séria luta com Deus em oração.

Proponho, portanto, ao discursar sobre o tema da agonia de Cristo, distintamente desdobrá-lo nestas duas proposições,

I. Que a alma de Cristo em Sua agonia no jardim tinha com aquelas terríveis e incríveis visões e apreensões, das quais Ele era então sujeito.

II. Que a alma de Cristo em Sua agonia no jardim tinha um grande e sério labor e luta com Deus em oração.

I. A alma de Cristo em Sua agonia no jardim tinha um doloroso conflito com aquelas terríveis, incríveis visões e apreensões surpreendentes, das quais Ele era então sujeito.
Ao ilustrar essa proposição me esforçarei para mostrar:

1. O que eram aquelas visões e apreensões.

2. Que o conflito ou a agonia da alma de Cristo foi ocasionado por aquelas visões e apreensões.

3 Que esse conflito era peculiarmente grandioso e angustiante; e,

4. O que podemos supor ser o plano especial de Deus em dar a Cristo aquelas terríveis visões e apreensões, e levá-Lo a sofrer esse conflito terrível, antes de ser crucificado.
Proponho mostrar,

I. Quais eram aquelas terríveis e incríveis visões e apreensões que Cristo tinha em Sua agonia. Isto pode ser explicado considerando:

1 A causa daquelas visões e apreensões; e,

2. A maneira pela qual elas foram então experimentadas.

1. A causa daquelas visões e apreensões, que Cristo teve em Sua agonia no jardim, foi o cálice amargo que Ele deveria em breve beber, posteriormente, na Cruz. Os sofrimentos aos quais Cristo se submeteu em Sua agonia no jardim, não foram Seus maiores sofrimentos; embora fossem mui grandes. Mas Seus últimos sofrimentos sobre a Cruz foram os Seus principais sofrimentos; e, portanto, eles são chamados de “o cálice que Ele tinha de beber”. Os sofrimentos da cruz, sob a qual Ele foi morto, estão sempre nas Escrituras representados como os principais sofrimentos de Cristo; especialmente aqueles em que “Ele levou os nossos pecados em Seu próprio corpo”, e fez expiação pelo pecado. Seu suportar a cruz, Seu humilhar-se e tornar-se obediente até à morte e morte de cruz, é dito como a principal coisa pela qual os Seus sofrimentos evidenciaram-se. Este é o cálice que Cristo havia colocado diante de Si em Sua agonia. É manifesto que Cristo tinha isso em vista, neste momento, a partir das orações que Ele então ofereceu. De acordo com Mateus, Cristo fez três orações naquela noite enquanto no jardim do Getsêmani, e todas sobre este assunto, o cálice amargo que Ele devia beber. Da primeira, temos um relato em Mateus 26:39: E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o Seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres; sobre a segunda no versículo 42: E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade; e da terceira no versículo 44: E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. A partir disso, parece claramente que se tratava de que Cristo tinha tais visões e apreensões terríveis naquele momento. O que Ele insistiu, portanto, em Suas orações, mostra no que Sua mente tão profundamente se concentrava. Foi Seu sofrimento na cruz, que devia ser suportado no dia seguinte, quando haveria trevas sobre toda a terra, e ao mesmo tempo uma escuridão mais profunda sobre a alma de Cristo, do que Ele tinha agora tais vigorosas visões e apreensões angustiantes.

2. A maneira pela qual este cálice amargo foi agora definido na visão de Cristo.
(1). Ele tinha uma apreensão vigorosa disso impressa em Sua mente, naquele momento. Antes, Ele teve uma apreensão do cálice que devia beber. Sua principal missão no mundo era beber esse cálice, e, portanto, Ele nunca deixou de pensar sobre isso, mas sempre o carregou em Sua mente, e muitas vezes falou disso aos Seus discípulos. Assim, em Mateus 16:21: Desde então começou Jesus a mostrar aos Seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. Novamente em Mateus 20:17-19: E, subindo Jesus a Jerusalém, chamou à parte os Seus doze discípulos, e no caminho disse-lhes: Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e condená-lo-ão à morte. E o entregarão aos gentios para que dEle escarneçam, e o açoitem e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará. O mesmo foi o tema da conversa no monte com Moisés e Elias, quando Ele foi transfigurado. Assim, Ele fala de Seu batismo de sangue, Lucas 12:50: Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; e como me angustio até que venha a cumprir-se! Ele fala disso novamente para filhos de Zebedeu em Mateus:20:22: Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Dizem-lhe eles: Podemos. Ele falou dEle sendo levantado, João 8:28: Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou. João 12:34: Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu que convém que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem? Assim, Ele falou sobre a destruição do templo de Seu corpo, João 2:19: Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. E Ele falou muito sobre isso um pouco antes de Sua agonia, em Seus conselhos agonizantes aos Seus discípulos nos capítulos 12 e 13 de João. Desta forma, esta não foi a primeira vez que Cristo tinha este cálice amargo em Sua visão. Pelo contrário, Ele parece sempre ter tido ele em vista. Mas parece que neste momento Deus lhe deu uma percepção extraordinária sobre ele. Um senso da Ira que devia ser derramada sobre Ele, e dos incríveis sofrimentos aos quais Ele devia se submeter, foi fortemente imprimido em Sua mente pelo poder imediato de Deus, de modo que Ele teve apreensões muito mais plenas e vigorosas da amargura do cálice que Ele devia beber do que Ele já houvera tido antes, e essas apreensões eram tão terríveis, que a Sua fraca natureza humana afundou com a visão, e esteve prestes a sucumbir.

2. O cálice de amargura foi representado neste momento como exatamente à mão. Ele tinha não somente uma visão mais clara e viva disso do que antes; mas isso foi agora estabelecido diretamente à Sua frente, para que Ele pudesse, sem demora, tomá-lo e bebê-lo; pois, em seguida, dentro dessa mesma hora, Judas estava por vir com o Seu bando de homens, e Ele devia, então, entregar a si mesmo em Suas mãos a fim de que Ele pudesse beber o cálice no dia seguinte; a não ser que, de fato, Ele se recusasse a tomá-lo, e assim fizesse a Sua fuga daquele lugar para onde Judas viria; o que Ele teve oportunidade suficiente para fazer se Ele estivesse assim disposto. Tendo, então, demonstrado que essas terríveis visões e apreensões foram as que Cristo teve no momento de Sua agonia; tentarei demonstrar...

CONTINUA...



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UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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