O material abaixo foi publicado
pelo site “Voltemos ao Evangelho”.
A primeira parte desse resumo poderá ser vista por meio desse link aqui:
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/05/resumo-do-comentario-de-calvino-na.html
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Um
resumo de Romanos por João Calvino
CONTINUAÇÃO
No capítulo sete, ele inicia uma
discussão imparcial concernente à utilidade da lei. Ele mencionara este fato ao
discutir previamente outro tema. Fomos libertados da lei, diz ele, porque ela,
em si mesma, nada pode fazer senão nos condenar. Todavia, para que seu
argumento não expusesse a lei à reprovação, ele insiste veementemente que ela
está livre de toda e qualquer acusação. A culpa é toda nossa, explica ele, se a
lei, que nos fora dada para a vida, provou ser veículo de morte. Ao mesmo
tempo, explica como a lei faz o pecado avolumar-se. Deste tema, ele transita
para a descrição da batalha que se deflagra entre o Espírito e a carne, experimentada
pelos filhos de Deus enquanto se acham presos pelas cadeias de nosso corpo
mortal. Os crentes levam consigo restos de cobiça, por meio dos quais são
continuamente extraviados de sua obediência à lei.
O capítulo oito contém consolações
que vêm em socorro da consciência dos crentes, a fim de que ela não seja
estrangulada pelo terror ou a sucumbir-se, descobrindo que infringiu a lei, ou
percebendo que sua obediência é por demais imperfeita, do quê já éramos
acusados desde outrora. Mas, para que os ímpios não tenham, por esse motivo,
razão para enfatuar-se, ele, antes de tudo, afirma que este benefício pertence
unicamente aos regenerados, em quem o Espírito de Deus vive e a quem ele
enriquece. Ele, pois, explica duas verdades. Em primeiro lugar, aqueles que se
acham enxertados em Cristo, nosso Senhor, por meio de seu Espírito, estão fora
de perigo ou da probabilidade de sofrer condenação, ainda que sejam
responsabilizados por seus pecados [atuais]. Em segundo lugar, se os que permanecem
na carne estão destituídos da santificação do Espírito, nenhum deles tem
qualquer participação nesta grande bênção. Em seguida, ele explica quão
imensurável é a segurança de nossa fé, visto que ela, pelo próprio testemunho
do Espírito de Deus, afasta todas nossas dúvidas e temores. Ele ainda mostra, à
guisa de antecipar objeções, que nossa segurança de vida eterna não pode ser
interrompida nem perturbada pelas ansiedades desta vida atual, às quais estamos
sujeitos em nossa vida mortal. Ao contrário disso, nossa salvação é promovida
por tais tribulações, e, em comparação com a excelência de nossa salvação,
todos nossos atuais sofrimentos são reputados como nada. Ele afirma isso com
base no exemplo de Cristo, ou, seja: visto ser ele o Primogênito e Cabeça da
família de Deus, é a imagem à qual devemos nos conformar. Visto, pois, que
nossa salvação está garantida, ele conclui com uma nota de esplêndido louvor,
na qual ele com exultação triunfa sobre o poder e estratagema de Satanás.
A maioria dos homens ficava
terrivelmente conturbada ao olhar para os judeus – que eram os principais
guardiães e herdeiros do pacto – rejeitarem a Cristo, pois este fato lhes
provava, ou que o pacto era removido da semente de Abraão, que desdenhava seu
cumprimento, ou que Cristo não era o Redentor prometido, visto que ele não
fizera melhor provisão para o povo de Israel.
Paulo, portanto, começa a
responder esta objeção no início do capítulo nove. Ele inicia falando do amor
divino para com o próprio povo do pacto, para que não ficasse a impressão de
que falava com malícia. Ao mesmo tempo, ele faz uma graciosa referência àquelas
distinções pelas quais os judeus excediam outras nações, e passa paulatinamente
à sua tarefa de remover o escândalo que emana da cegueira de Israel. Ele divide
os filhos de Abraão em duas estirpes, com o fim de mostrar que nem todos
aqueles que eram seus descendentes físicos devem ser considerados sua progênie
e participantes na graça do pacto. Ao contrário disso, mesmo os estrangeiros se
convertem em seus filhos uma vez introduzidos no pacto, pela fé. Há um exemplo
desta verdade no caso de Jacó e Esaú. Paulo, pois, nos remete, aqui, à eleição
divina, a qual devemos considerar como a fonte de toda esta questão. Visto que
nossa eleição repousa tão somente na misericórdia divina, debalde buscamos sua
causa na dignidade humana. Não obstante, por outro lado temos a rejeição
divina. Ainda que a justiça desta rejeição esteja fora de qualquer dúvida, não
há nenhuma outra causa para ela além da vontade de Deus. Chegando ao final do
capítulo, ele mostra que tanto a vocação dos gentios quanto a rejeição dos
judeus foram testemunhadas pelos profetas.
No capítulo dez, ele começa
novamente testificando de seu amor para com os judeus, e declara que sua
infundada confiança em suas obras era a causa de sua destruição. Ele os priva
de fazer uso da lei como escusa, dizendo que a lei também nos guia à justiça
[procedente] da fé. Esta justiça, acrescenta ele, é oferecida, sem distinção, a
todas as nações mediante a munificência divina, mas só é aceita por aqueles a
quem o Senhor ilumina com a graça especial. Ainda que mais gentios que judeus
tenham obtido esta bênção, ele mostra que isso também foi profetizado por
Moisés e Isaías: o primeiro profetizou sobre a vocação dos gentios; e o último,
sobre o endurecimento dos judeus.
Restava, contudo, a pergunta se o
pacto divino fizera alguma diferença entre a progênie de Abraão e as demais
nações. Em busca de resposta, Paulo primeiramente nos lembra que a obra de Deus
não deve ser confinada ao que os olhos podem ver, pois a eleição às vezes vai
além de nossa compreensão. Elias estava inicialmente equivocado quando concluiu
que a religião havia perecido em Israel, porquanto havia ainda sete mil vivos.
O apóstolo também nos convida a não nos afligirmos ante o vasto número de
incrédulos, para quem o evangelho não passa de algo repugnante. Finalmente, ele
assevera que o pacto persiste mesmo nos descendentes físicos de Abraão, mas só
é eficaz naqueles a quem o Senhor predestinou por sua eleição soberana. Ele,
pois, volta em direção dos gentios e os adverte a não se esquecerem de refrear
sua vanglória em relação a sua adoção. Eles não podem excluir os judeus como se
houvessem sido rejeitados peremptoriamente, visto que eles só são aceitos pelo
Senhor pelo prisma da graça, a qual deve ser-lhes causa de humildade. O pacto
divino não foi totalmente apagado da progênie de Abraão, pois os judeus são, de
certo modo, provocados à emulação pela fé dos gentios, para que Deus pudesse
atrair a si todo o Israel.
Os três capítulos que se seguem
são de caráter hortativo, porém cada um é distinto do outro. O capítulo doze
contém normas gerais para a vida cristã. O capítulo treze trata, em sua maior
parte, da autoridade dos magistrados. É uma provável pressuposição que houvesse
algumas pessoas irrequietas que imaginavam que não pode haver liberdade cristã
sem que o poder civil seja antes destruído. Para evitar a aparência de estar
impondo deveres sobre a Igreja além daqueles atinentes ao amor, Paulo mostra
que esta obediência também é uma parte do amor. Em seguida ele adiciona aqueles
preceitos que regulamentam nossa vida, o que já havia mencionado.
No capítulo quatorze, ele dirige
uma exortação que era particularmente necessária para aquele período. Houve
alguns, cuja obstinada superstição os levou a insistir na observância dos ritos
mosaicos, porque não suportavam vê-los sendo negligenciados sem que se
sentissem ainda mais fortemente ofendidos. Em contrapartida, aqueles que tinham
consciência de sua anulação, para destruir tal superstição, davam a entender,
deliberadamente, que não tinham por eles nenhuma consideração. Ambos os lados
ofendiam com seus excessos. Os supersticiosos desprezavam os outros como sendo
zombadores da lei divina; enquanto que os últimos injuriosamente motejavam da
ingenuidade daqueles. O apóstolo, pois, recomenda a ambos aquela discrição
judiciosa, e convida os primeiros a refrear seu desprezo e exagero, e os
últimos a evitar todo gênero de escândalo. Ao mesmo tempo, ele prescreve a
melhor forma de se exercer a liberdade cristã, a qual é mantida dentro dos
limites do amor e da edificação. Aos fracos, ele dá um bom conselho,
proibindo-os de fazer alguma coisa que ofenda sua própria consciência.
O capítulo quinze começa com uma
repetição de seu argumento geral como uma conclusão de todo seu tema, ou, seja:
os fortes devem usar sua força na confirmação dos fracos. Visto que os judeus e
os gentios viviam em contínua controvérsia sobre as cerimônias mosaicas, ele
resolve toda a rivalidade entre eles, removendo a causa de seu orgulho. Mostra
que a salvação de ambos repousa tão-somente na misericórdia divina. É nela que
devem pôr sua confiança, e devem pôr de lado todo e qualquer pensamento em sua
própria exaltação, pois é pela misericórdia divina que são mantidos unidos na
esperança de uma única herança e podem abraçar-se com toda cordialidade.
Finalmente, desejando desviar-se
com o propósito de enaltecer seu próprio apostolado, o qual assegurava não
pouca autoridade a sua doutrina, ele aproveita a ocasião para defender-se e
reprovar a suspeita de haver assumido o ofício de mestre entre eles com
demasiada confiança. Ele ainda lhes oferece algumas bases para a esperança de
sua visita entre eles, ainda que, como dissera no início da Epístola, até agora
buscara e tentara em vão fazer isso. Ele explica por que fora até então
impedido de visitá-los, ou seja: as igrejas da Macedônia e da Acaia o
incumbiram da tarefa de levar a Jerusalém os donativos que coletaram com o
intuito de aliviar as necessidades dos crentes que viviam naquela cidade.
O capítulo dezesseis é quase
inteiramente dedicado a saudações, embora haja alguns admiráveis preceitos aqui
e ali. Conclui-se com uma notável oração.
O artigo original poderá ser
visto por meio do link abaixo:
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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