Ministérios da Igreja
CONTINUAÇÃO
I – Escolas Teológicas — Instituições
Educacionais
Nossas escolas teológicas começaram como Institutos
Bíblicos o que, em outras palavras, significava a admissão implícita de que
ofereciam, uma educação “meia boca”. Essas escolas estavam, quase sempre,
repletas de professores que eram pastores bem intencionados, porém mal
preparados. Naqueles dias a formação de pastores seguia modelos importados e
não se preocupava com as reais necessidades do povo brasileiro[1].
Os currículos eram cópias traduzidas da educação que os estrangeiros haviam
recebido. Naqueles tempos o patrulhamento ideológico era tão intenso que
qualquer menção às ciências sociais, para se discutir, por exemplo, as questões
da miséria e da fome, eram vistas como subversivas, comunistas e desagradáveis
a Deus mesmo. Muitos daqueles senhores que nos ensinavam firmemente a orarmos
pelas “autoridades constituídas”, mesmo pelos brutais ditadores e torturadores
brasileiros, mostraram-se reticentes quanto a incentivarem as orações pelo
presidente eleito pelo povo Luis Inácio Lula da Silva, e hoje demonstram uma
atitude antibíblica contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Enquanto ela era
candidata esse blog assumiu a posição de não recomendar o voto nela, mas uma
vez eleita, ela encontra-se debaixo das palavras que mencionamos logo adiante.
A palavra bíblica que nos manda orar pelos governantes continua válida, se
desejamos viver em paz, conforme —
1 Timóteo
2:1—2
1 Antes de tudo, pois, exorto que se use a
prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos
os homens,
2 em favor dos reis e de todos os que se acham
investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda
piedade e respeito.
O
resultado direto deste tipo de educação é que nossos pastores não aprenderam a
pensar nas necessidades do nosso povo e consequentemente não podiam pensar em
formas de satisfazê-las.
Não foi até a década de 80 que começaram a surgir, em
quantidade, pastores e professores brasileiros com formação de mestres e
doutores vindos do exterior. Todavia, fomos novamente contaminados, pois nossos
mestres e doutores estavam, como seus mentores estrangeiros, mais preocupados
em manter o status de estudiosos, gastando mais tempo estudando do que
ensinando ou pregando. Encastelados em um conhecimento distante e alienados das
reais necessidades do povo, acreditaram que haviam “chegado lá”, quando na verdade
estavam a anos-luz da realidade vivida pelo povo brasileiro. Tais mestres
costumam se levar muito a sério[2].
Da mesma maneira que os estrangeiros usam o saber como um instrumento de
dominação, nossos mestres e doutores não nos estenderam a cortesia de sermos
todos servos de Jesus. Pelo contrário, mantiveram de todas as maneiras a
separação imposta pelos estrangeiros entre “nós e eles”. As consequências não
se fizeram esperar. Nossos mestres se negaram a nos transmitir os meios de
produção acadêmica e se concentraram em expor suas idéias e exibir seus “vastos
conhecimentos” sobre todos os assuntos. O resultado foi a produção massiva de
pastores que não entendem as ciências bíblicas, principalmente as ciências da
interpretação. Por esse motivo, tais pastores produzem sermões que não fazem o
menor sentido e não conseguem integrar a verdade bíblica à realidade
brasileira. Por não entenderem o significado do texto bíblico para os
leitores/ouvintes originais, os mesmos têm enormes dificuldades em aplicar e
integrar as verdades bíblicas com as necessidades dos tempos presentes. Como
diria um conhecido, nossos pastores são peritos em sermões de três pontos: 1)
Ele entra no texto; 2) Ele sai do texto e 3) Ele nunca mais retorna para o
texto.
O ensino foi também caracterizado por uma enorme
ênfase em teologia sem a existência das pontes necessárias entre o que era
ensinado e a importância que estes mesmos ensinamentos tinham para os dias de
hoje e a vida comum do povo de Deus. Uma vez formados, a grande maioria dos
pastores descobria que, o dia a dia da vida da igreja local, demandava
conhecimentos e práticas que não haviam, em muitos casos, sequer sido
mencionados nas escolas teológicas. Matérias fundamentais relacionadas à
educação cristã foram relegadas ao último plano e rotuladas de “matérias só
para mulheres”. Com isso nossos pastores, já tão machistas, pela formação
natural do homem brasileiro, desprezaram as únicas matérias que poderiam
levá-los a questionar as necessidades do povo e buscar supri-las através dos
ministérios da igreja. Hoje em dia, a situação é terrível já que o ensino
formal é considerado desnecessário por muitas denominações —neopentecostais
principalmente —, outras tem uma obsessão compulsiva pela teologia do culto — pentecostais
— e outras continuam mantendo o distanciamento entre a teologia e a prática —
reformados e protestantes. Com tudo
isso, o despreparo ainda é quase absoluto e faz parte da herança amarga que nos
foi imposta.
OUTROS ESTUDOS ACERCA DE EDUCAÇÃO CRISTÃ
001 — A EXCELÊNCIA DA VIDA PESSOAL DAQUELES QUE DESEJAM ENSINAR — PARTE 001
002 — A EXCELÊNCIA DA VIDA PESSOAL DAQUELES QUE DESEJAM ENSINAR — PARTE 002
003 —A EXCELÊNCIA DA VIDA PESSOAL DAQUELES QUE DESEJAM ENSINAR — PARTE 003
004 — A IMPORTÂNCIA DA ALIANÇA COM DEUS
005 — OS ALVOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ
006 — A IGREJA NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XXI – PARTE 001 — INTRODUÇÃO — OS COLONIZADORES VÊM EM NOME DE DEUS
007 — A IGREJA NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XXI – PARTE 002 — NOSSAS ESCOLAS TEOLÓGICAS
008 — A IGREJA NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XXI – PARTE 003 — IGREJAS CORPORATIVISTAS E INSTITUCIONALIZADAS E EDUCAÇÃO CRISTÃ PADRONIZADA
009 — A IGREJA NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XXI – PARTE 004 — CONSUMISMO E CELEBRITISMO
010 — O PROPÓSITO SINGULAR DE DEUS PARA OS NOSSOS DIAS
011 — A PALAVRA IGREJA NO NOVO TESTAMENTO
012 — A EXPRESSÃO GREGA “EM CRISTO” — ἐν Χριστῷ
013 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA
014 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA — Parte 002
015 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA — Parte 003
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/09/educacao-crista-estudo-015-o-que-o-novo.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/09/educacao-crista-estudo-015-o-que-o-novo.html
016 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA — Parte 004 — A IGREJA COMO PLENITUDE
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/12/educacao-crista-estudo-016-o-que-o-novo.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/12/educacao-crista-estudo-016-o-que-o-novo.html
017 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA — Parte 005 — A UNIDADE DA IGREJA CRISTÃ
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/educacao-crista-estudo-017-o-que-o-novo.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/educacao-crista-estudo-017-o-que-o-novo.html
018 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA — Parte 006 — HUMILDADE E AMOR EM MEIO À DIVERSIDADE DE DONS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/educacao-crista-estudo-018-o-que-o-novo.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/educacao-crista-estudo-018-o-que-o-novo.html
019 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA — Parte 007 — A IGREJA COMO MISTÉRIO DE DEUS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/educacao-crista-estudo-019-o-que-o-novo.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/educacao-crista-estudo-019-o-que-o-novo.html
020 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA — Parte 008 — COMO A IGREJA É FORMADA OU CRIADA?
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/03/educacao-crista-estudo-020-o-que-o-novo.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/03/educacao-crista-estudo-020-o-que-o-novo.html
021 — O ENSINO DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA IGREJA — PARTE 009 — QUANDO A IGREJA COMEÇOU?
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que
puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] De acordo com o Iniq — Índice
de Iniquidade Social — do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
publicado em 2003 e citado por Clóvis Rossi em seu editorial na folha de São
Paulo de 8 de Setembro de 2003, cerca de 94,5% da população Brasileira vive
abaixo dos padrões mínimos de qualidade de vida que incluem: habitar em
moradias resistentes (alvenaria ou madeira), ter água e
[2] Aqui cabem bem as palavras do
poeta cearense Belchior quando diz: “Nesta terra de Doutores, Magníficos
Reitores, leva-se a sério a comédia...”.
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