Esse artigo é parte da série "Parábolas de
Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os
aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias.
No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.
As
três parábolas que encontramos em Lucas 15 estão intimamente relacionadas. As três
nos falam de algo que se perdeu e foi encontrado. As mesmas foram ensinadas por
Jesus para mostrar a condição de perdição da raça humana e como a mesma pode
ser redimida por Deus. As três parábolas são:
1. A
Parábola da Ovelha Perdida.
2. A
Parábola da Moeda — dracma — Perdida.
3. A
Parábola do Pai e de Seus Dois Filhos Perdidos.
Nessas
parábolas nós vemos Jesus lançando mão de um tema específico pra nos falar
acerca da presença do Reino de Deus e da enorme compaixão de Deus. Desse modo
essas três parábolas devem ser vistas, em primeiro lugar, como parábolas que
enfatizam a graça e a responsabilidade, por causa daquilo que elas nos revelam
acerca de Deus. Depois as mesmas devem sempre ser entendidas com relação ao próprio
Reino de Deus.
O ARRANJO OU O AMBIENTE
DE LUCAS 15
O ARRANJO
QUE Lucas deu ao capítulo 15 do seu Evangelho tem a clara intenção de causar um
efeito retórico em todos os que o leem. Quando entendemos isso, já demos um
passo importante na interpretação de cada uma das parábolas. O fluxo do capítulo
não é difícil de ser entendido:
1.
Lucas 15:1—3 — Dá início a uma descrição editorial da razão porque essas parábolas
foram proferidas. O motivo é a murmuração dos fariseus e dos escribas pelo fato
do Senhor receber e sentar-se para comer com pecadores — devemos apenas notar
que em Lucas 15:3 a expressão “parábola” está no singular.
2.
Lucas 15:4—7 — Apresenta a Parábola da Ovelha Perdida.
3.
Lucas 15:8—10 — Apresenta a Parábola da Moeda ou Dracma Perdida.
4.
Lucas 15:11—32 — Apresenta a Parábola do Pai e de Seus Dois Filhos Perdidos.
Mateus
coloca a Parábola da Ovelha Perdida num contexto completamente diferente e o
pseudoepigráfico Evangelho de Tomé,
também tem essa mesma parábola. As outras duas são exclusivas do Evangelho de
Lucas.
Virtualmente
todas as explicações da origem dessa coleção tem algum representante ou
defensor —
1.
Alguns argumentam que a tradição usada por Lucas já tinha reunido essas três parábolas
numa única perícope[1].
2. Outros
defendem a ideia que foi o próprio Lucas quem juntou as mesmas numa única
passagem.
3.
Outros acham que as parábolas da Ovelha e da Dracma foram reunidas por
terceiros, antes de Lucas lançar mão das mesmas.
4.
Outros discordam da opinião acima.
5.
Outros ainda argumentam que as duas parábolas estavam no documento Q[2] e
que Mateus teria omitido a parábola da Dracma Perdida.
6.
Por fim existem aqueles que acreditam que as versões de Mateus e Lucas estavam
contidas nos chamados documentos M e L[3],
respectivamente.
7.
Nenhuma dessas teorias nos oferece qualquer contribuição prática em nosso
trabalho de interpretação das três parábolas.
O
que podemos demonstrar é como essa seção do Evangelho de Lucas consegue atingir
o propósito retórico intencionado por seu autor. Podemos afirmar, com toda
certeza, que Lucas 15, para não dizer Lucas 14:1 — 17:10 está centrado na
pregação do Evangelho para os párias da sociedade[4].
Lucas 15 é o coração da chamada “Narrativa da Última Viagem de Jesus Até
Jerusalém”, na qual o autor do Evangelho nos apresenta a “espinha dorsal” dos
ensinamentos de Jesus, bem como de todo o Evangelho do Senhor. O agrupamento de
três e até mesmo de quatro parábolas é algo comum nos escritos rabínicos e até
mesmo nos escritos sacerdotais entre os gregos. Sem diminuir a importância das
duas primeiras parábolas, Lucas faz com que as mesma funcionem como um prelúdio,
mais do que adequado, para a terceira e mais longa parábola que trata do Pai e
de Seus Dois Filhos Perdidos. O movimento que passa de 100 ovelhas para 10
dracmas e para dois filhos perdidos, dá o suporte necessário para a natureza
dramática de toda a estrutura.
Lucas
15 possui conexões com Lucas 14 no que diz respeito às atitudes dos fariseus
que eram antagônicas ao que Jesus ensinava e fazia. Comparar —
Lucas 14:1—6
1 Aconteceu que, ao
entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis
que o estavam observando.
2 Ora, diante dele se
achava um homem hidrópico.
3 Então, Jesus,
dirigindo-se aos intérpretes da Lei e aos fariseus, perguntou-lhes: É ou não é
lícito curar no sábado?
4 Eles, porém, nada
disseram. E, tomando-o, o curou e o despediu.
5 A seguir, lhes
perguntou: Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo,
mesmo em dia de sábado?
6 A isto nada puderam
responder.
Lucas 15:1—2
1 Aproximavam-se de
Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
2 E murmuravam os
fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.
Comparar
também Lucas 14:23, 33 com Lucas 15:1—2 acima —
Lucas 14:23, 33
23 Respondeu-lhe o
senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique
cheia a minha casa.
33 Assim, pois, todo
aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu
discípulo.
As três
parábolas que encontramos em Lucas 15, convidam a todos que têm ouvidos para
ouvir, para se reunirem e se alegrarem com as Boas Novas.
Lucas
15 também mantém relações com Lucas 16 já que as parábolas de Lucas 15:11 e
Lucas 16:1 têm inícios semelhantes —
Lucas 15:11
Continuou: Certo homem
tinha dois filhos.
Lucas 16:1
Disse Jesus também aos
discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador; e este lhe foi
denunciado como quem estava a defraudar os seus bens.
As
duas parábolas nos falam de “certo homem”
e também que os bens de alguém foram desperdiçados, e de um personagem que tem
que enfrentar uma grave crise financeira, conforme –
Lucas 15:14—16
14 Depois de ter
consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar
necessidade.
15 Então, ele foi e se
agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a
guardar porcos.
16 Ali, desejava ele
fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.
Lucas
16:3
Disse
o administrador consigo mesmo: Que farei, pois o meu senhor me tira a
administração? Trabalhar na terra não posso; também de mendigar tenho vergonha.
Mesmo
assim, essas conexões não servem como chaves para interpretar as parábolas de
forma correta, mas serviram para ajudar os ouvintes a processarem o material
que estavam ouvindo.
CONTINUA...
OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:
001 – O Sal
002 – Os Dois Fundamentos
003 – O Semeador
004 – O Joio e o Trigo =
005 – O Credor Incompassivo
006 — O Grão de Mostarda e o Fermento
007 — Os Meninos Brincando na Praça
008 — A Semente Germinando Secretamente
009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor
011 — A Eterna Fornalha de Fogo
012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha
013 — A Parábola dos Dois Irmãos
014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1
014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2
015 — A Parábola das Bodas —
016 — A Parábola da Figueira
017 — A Parábola do Servo Vigilante
018 — A Parábola do Ladrão
019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente
020 — A Parábola das Dez Virgens
021 — A Parábola dos Talentos
022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos
023 — A Parábola dos Dois Devedores
024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa
025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai
026 — A Parábola da Mão no Arado
027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo
027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1
027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote
027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita
027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano
027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro
027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria
027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final
027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei
028 — A Parábola do Rico Tolo —
029 — A Parábola do Amigo Importuno —
030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé
031 — A Parábola da Figueira Estéril
032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares
033 — A Parábola do Grande Banquete
034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro
035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001
036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/11/parabolas-de-jesus-lucas-15-uma-exegese.html
037 — Parábolas de Jesus — Mateus
18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Completa
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/06/parabolas-de-jesus-sermao-037-parabola.html
037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001
037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002
037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003
037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento
037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida
037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/11/parabolas-de-jesus-mateus-181214-e.html
037G — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 007 — O
que essa parábola nos ensina.
037H — Parábolas de Jesus —
Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 008 — Conclusão.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/05/parabolas-de-jesus-sermao-037h-parabola.html
037 — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Completa
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/06/parabolas-de-jesus-sermao-037-parabola.html
038A — PARÁBOLAS DE JESUS — A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA — LUCAS 15:8—10 —— PARTE 001
Que
Deus Abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS.
Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no
facebook através do seguinte link:
Desde
já agradecemos a todos.
[1] Perícope — subs. Fem. — do latim
pericope. Seção ou parágrafo falando de livros sagrados.
[2] Documento Q – do alemão Quelle
ou fonte — que alguns estudiosos acreditam antecedeu a a confecção do Evangelho
de Marcos, mas acerca do qual não existe nenhuma evidência concreta. Trata-se
de mera especulação da parte daqueles que não acreditam na inspiração das
Escrituras Sagradas.
[3] Esses documentos chamados M e
L seriam os protótipos nos quais Mateus e Lucas teriam baseado a confecção de
seus próprios Evangelhos. Tudo não passa de outra especulação vazia daqueles
que não acreditam na inspiração das Sagradas Escrituras.
[4] Ver as obras de Major, H. D.
A., Manson, T. W. e Wright, C. J. The
Mission and Message of Jesus — A Missão e a Mensagem de Jesus. E.P. Dutton
and Co., Inc., New York, 1938. Fitzmayer, J. The Gospel According to Luke – Volume 2 – X—XXIV in The Anchor
Bible Series. Double Day and Co. Inc., New York, Seventh Printing, 1991.
Seus estudos são muito bons, obrigado por nos acrescentar conhecimento. Só acho ser um grande erro pensar que ps críticos do texto não acreditam na inspiração.
ResponderExcluir