ESSA É UMA SÉRIE DE ESTUDOS QUE
VISA ABORDAR DA MANEIRA COMO CONSIDERAMOS APROPRIADA A IMPORTANTE QUESTÃO
RELATIVA À RESSURREIÇÃO DE CRISTO. TOMANDO COMO BASE AS OBRAS DE GEERHARDUS VOS
E HERMAN RIDDERBOS. NOSSA INTENÇÃO É MOSTRAR A CENTRALIDADE DA RESSURREIÇÃO DE
CRISTO NA TEOLOGIA PAULINA.
CONTINUAÇÃO
2. Abordar Paulo como um teólogo
nos ajuda a definir melhor o problema da interpretação da teologia paulina.
Desde o início, a Igreja Cristã teve dificuldades com os escritos de Paulo,
conforme atestado pelo próprio apóstolo Pedro —
2 Pedro 3:15—16
15 e tende por salvação
a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada,
16 ao falar acerca
destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas
quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis
deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição
deles.
Pedro admite que nos escritos de
Paulo há certas coisas difíceis de entender e com isso
ele faz referência para as consequências desastrosas que resultam do mau uso
daquilo que Paulo escreveu em certos lugares. Mas Pedro deixa claro que a
dificuldade e a deturpação não estão restritas aos escritos paulinos, mas se
estendem a todo corpo das Escrituras. Todavia, essa afirmação de Pedro, atesta
a antiguidade do problema relacionado com a interpretação paulina. Podemos até
dizer que a afirmação de Pedro dá a essa questão verdadeiras dimensões
canônicas.
A história da interpretação
paulina tem sido caracterizada por um excesso de capacidade de invenções, por
um lado, e, uma escassez de profundidade, pelo outro. Tal tipo de interpretação
tende mais a realizar explorações distantes daquilo que Paulo escreveu, em vez
de decidir aprofundar o conhecimento sobre seus escritos. É bastante raro
descobrirmos que alguém, realmente, tenha aprofundado a discussão em si. Todavia,
não é apenas a grande variedade de defeitos da parte dos intérpretes que
geralmente impede o aprofundamento das questões que dizem respeito à nossa
compreensão de Paulo. Mas aqui, estamos diante do próprio problema que envolve
a interpretação paulina.
A verdadeira dificuldade para a
interpretação encontra-se no fato que nos escritos paulinos descobrimos um
pensador dotado de imensa genialidade construtiva e com uma tendência
dogmática. Mas isso só acontece quando ele direciona seu interesse para situações
específicas e questões nas quais ele se expressa de forma pouco corriqueira. Em
resumo, o verdadeiro problema na compreensão do apóstolo Paulo é que ele é,
como um teólogo, um pensador cuidadoso e sistemático, acessível apenas por meio
de cartas pastorais e suas mensagens pregadas. Deve ficar claro que seus
escritos não se tratam de tratados teológicos. Mas por outro lado, os mesmos
também não são apenas uma variedade de formulações ad hoc não relacionadas, nem mesmo uma multiplicação de conceitos
agrupados de forma não sistemática. Seus manuscritos refletem uma estrutura
clara de pensamentos.
As epístolas paulinas podem ser
comparadas, de modo apropriado, a uma porção visível dum iceberg. O que se
encontra acima da linha da água é apenas uma pequena porção de tudo que se
encontra submerso. A verdadeira proporção de tudo está escondida abaixo da
superfície. Os contornos daquilo que pode ser visto, num primeiro momento,
podem se provar muito enganosos. Colocado de forma menos pictórica, tal
concepção ou linha de pensamento, tendo relativamente pouco suporte textual
explícito, numa reflexão, pode provar-se como tendo o significado constitutivo
mais básico. Essa situação torna a interpretação de Paulo, especialmente quando
tentamos alcançar uma compreensão abrangente, uma missão extremamente difícil e
bastante precária.
CONTINUA
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Alexandros Meimaridis
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