Disputa de Estéfano - Pinacoteca de Brera - Milão
Esse material é parte de uma
série de mensagens pregadas no Livro dos Atos dos Apóstolos. As mensagens
cobrem todos os 28 capítulos do Livro de Atos e no final de cada mensagem, você
poderá encontrar links para outras mensagens.
Introdução
A.
Logo após o derramamento do Espírito Santo, registrado em Atos 2, em cumprimento
à profecia de Joel 2, Lucas nos informa que mal a Igreja cristã começou, também
começaram as perseguições externas e os problemas internos.
B.
Esses fatos fazem ruir, por completo, a pretensão de muitos que dizem que
precisamos retornar aos dias e às práticas da Igreja Cristã Primitiva, como se
ela fosse um modelo isento de dificuldades. Não era! E, como já tivemos
oportunidade de perceber, aqueles irmãos além de sofrerem ataques externos,
estavam também sujeitos a problemas internos, tais como:
1.
A prática de mentira e de atitudes hipócritas como no caso de Ananias e Safira —
ver Atos 5:1—11.
2.
A prática da murmuração como no caso das viúvas dos gregos que estavam sendo
desprezadas na distribuição diária de alimentos – ver Atos 6:1.
C.
Temos que entender que o fato de sermos justificados — declarados justos em
Cristo — não equivale a dizer que nos tornamos moralmente perfeitos. Nós somos
pecadores e, onde existem pecadores, sempre haverá pecado e suas tristes
consequências.
D. Mas a existência do pecado na vida dos indivíduos e das comunidades cristãs
nunca foi empecilho para o Senhor fazer Sua obra. Nem naqueles dias. Nem nos
dias de hoje.
1.
Assim, a missão cristã de levar avante a mensagem do Evangelho prosseguiu,
apesar dos problemas internos.
2.
O evangelho chegou à Samaria — ver Atos 8:4—40 — alcançou o fariseu Saulo de
Tarso — ver Atos 9:1—31 — e, por fim chegou aos gentios através da conversão de
Cornélio — ver Atos 10:1—11.18.
E.
E toda essa expansão teve início com...
UM HOMEM CHAMADO Στέφανος — Stéfanos — ESTÊVÃO = COROADO
I. Estêvão – verso 8.
A.
Estêvão é caracterizado nas páginas do livro de Atos como um homem: ver Atos
6:3 e 8
1.
De boa reputação.
2.
Cheio do Espírito Santo.
3.
Cheio de Sabedoria.
4.
Cheio de graça, i. e., de uma personalidade graciosa parecida com a do próprio
Senhor Jesus.
5.
Cheio de poder que era capaz de fazer prodígios e sinais entre o povo.
B.
Lucas deixa claro que o exercício do poder para praticar sinais e prodígios era
algo exclusivo dos apóstolos —
Atos 2:43
Em cada alma havia temor; e
muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos.
Atos 5:12
Muitos sinais e prodígios eram
feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E costumavam todos reunir-se, de
comum acordo, no Pórtico de Salomão.
—
mas é óbvio que Estêvão e Felipe — dois dos sete escolhidos pela comunidade
para conduzir a distribuição diária dos alimentos — eram exceções à essa regra —
Atos 6:8
Estêvão, cheio de graça e poder,
fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
Atos 8:6
As multidões atendiam, unânimes,
às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava.
C.
A alegação de que tamanha manifestação de poder deve ser exibida nos dias de
hoje por todos os pastores não se sustenta nem pelas Escrituras nem pela
realidade dos fatos.
D.
É óbvio que as ações de Estêvão — suas pregações e milagres — despertavam nos
judeus o mesmo tipo de antipatia e inveja que o Sinédrio já tinha manifestado
pelos apóstolos —
Atos 5:17—18
17 Levantando-se, porém, o sumo
sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita dos saduceus,
tomaram-se de inveja,
18 prenderam os apóstolos e os
recolheram à prisão pública.
E.
A pregação da verdade vai sempre incomodar as pessoas e não foi diferente no
caso de Estêvão com relação aos judeus que frequentavam a Sinagoga dos Libertos,
em Jerusalém. Estêvão ia lá para pregar a salvação em Cristo e estava
enfrentando oposição de muitos naquele ambiente.
F.
Tal oposição é ilustrativa do que aconteceu muitas outras vezes na história da
igreja e do que tem acontecido, inclusive, até mesmo nos dias de hoje.
II. Os Inimigos de Estêvão –
verso 9—10.
A.
Os inimigos de Estêvão estavam centrados em uma sinagoga chamada Sinagoga dos
Libertos.
B.
Sinagoga — As sinagogas foram idealizadas pelos judeus como uma forma de
compensação pela destruição do Templo em Jerusalém pelos babilônios.
1.
Nelas era possível ler as Escrituras Sagradas e ouvir uma exposição das mesmas,
inclusive com tradução para outros idiomas. Era um fórum democrático e qualquer
mestre, reconhecido como tal, podia fazer uso da palavra — ver Lucas 4:16—30.
2.
Era também possível oferecer orações e participar de eventos comunitários. Não
havia a apresentação de nenhum tipo de sacrifício como acontecia no Templo.
3.
A sinagoga foi um passo importante na transformação da fé judaica, de uma fé
centrada no
sacerdócio, no Templo em Jerusalém e nas Escrituras do Antigo
Testamento, para uma fé centrada nos rabinos, na sinagoga e no Talmude — essa
horrorosa invenção dos rabinos judeus escrita para descaracterizar o texto do
Antigo Testamento.
4.
Ela também serviu de modelo para a forma adotada pela Igreja Cristã com seus
“prédios”, chamados de “igreja” e seus líderes, chamados de “pastores”.
C.
Libertos. Essa é uma palavra curiosa. Ela nos é apresentada no Novo Testamento
como Λιβερτίνων —
Libertínon
— e é uma transliteração do termo latino equivalente: “libertini”. Eram
chamados de “libertos” todos aqueles que, alguma vez em suas vidas, haviam sido
escravos dos romanos e que haviam sido postos em liberdade.
D.
Aparentemente, muitos desses escravos libertados eram judeus da diáspora e
alguns se mudaram para Jerusalém vindo de regiões distantes, como o norte da
África — Cirenaica e Alexandria — do norte da Palestina — Cilícia, onde estava
localizada a cidade de Tarso — e da Ásia. Eles retornavam para: 1) se aposentar
em Jerusalém; 2) morrer e ser sepultado próximo do templo de Deus, pois
consideravam isso, de forma supersticiosa, um privilégio que os distinguia das
outras pessoas.
E.
Era nessa sinagoga que Estêvão costumava congregar e, como era mestre, ensinar
acerca de Jesus e da ressurreição. O texto de Atos nos diz que aqueles homens
não podiam resistir “à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava” – ver
Atos 6:10 e comparar com Lucas 12:11—12 e 21:14—15.
III. As Táticas Utilizadas Pelos
Inimigos de Estêvão – versos 11—15.
A.
Tudo começou com um questionamento acerca daquilo que Estêvão estava ensinando.
B.
Não tendo argumentos para discutir — grego συζητέω
—
suzetéo
= procurar ou examinar algo juntos; no Novo Testamento é usado no sentido de:
discutir, disputar e questionar — os inimigos de Estêvão resolveram apelar para
a ignorância.
C.
Quando faltam argumentos sobram atos de violência e crueldade. Alguns desses
atos são sutis, mas outras vezes, são bem acintosos. Nesse caso, para os
inimigos de Estêvão, não havia nada que “um pouco de lama” não fosse suficiente
para resolver o problema.
1.
Eles subornaram alguns homens para inventarem mentiras contra Estêvão, alegando
que ele havia proferido blasfêmias — denegrido — contra Moisés e contra Deus —
verso 11.
2.
Com isso eles conseguiram criar um movimento de oposição a Estêvão e seus
ensinamentos, que era suficiente para sublevar o povo, os anciãos e os escribas
— verso 12a.
D.
Dessa forma, com toda essa mobilização, eles foram capazes de prender Estêvão e
arrastá-lo para o Sinédrio — verso 12b.
E.
Assim, a oposição ao nível teológico degenerou em falsas acusações e mentiras
até culminar com a violência da prisão.
Conclusão
A.
A Comunidade Boas Novas é uma comunidade de pessoas justificadas — declaradas
justas por Deus — mas não pretende que seus membros sejam moralmente perfeitos.
Somos todos pecadores e se alguém está aqui à procura da igreja perfeita,
queremos deixar claro que esse não é o lugar certo para você.
B.
Nós somos como a Igreja Cristã Primitiva, somos uma comunidade de pessoas
imperfeitas que luta contra o pecado no indivíduo, na comunidade cristã e na
sociedade. Não temos, em nenhum momento que seja, a pretensão de sermos
moralmente perfeitos. Nós somos todos pecadores.
C.
Infelizmente, temos que compreender que:
1.
Sempre existirão aqueles que usam as dificuldades causadas pelo pecado, como
uma desculpa que acham aceitável, para se afastarem da comunhão cristã. No
fundo essas pessoas se acham “boas demais” para se misturar com reles
pecadores. É fácil identificar essas pessoas:
a.
Elas não aceitam que cometem erros também e nunca pedem perdão por seus
pecados.
b.
Sendo assim “perfeitos”, essas pessoas além de não reconhecerem seus erros e
pedir perdão pelos mesmos, não admitem o pecado na vida dos outros e não estão
dispostos a perdoar quando alguém lhes é ofensivo. Tudo isso não passa de
grossa hipocrisia.
c.
Sempre existirão aqueles que não irão aceitar os ensinamentos das Escrituras e
irão preferir se apegar às suas tradições e aos ensinamentos a que estão
acostumados. Para esses também é mais fácil largar mão de tudo e se afastar da
comunhão ou, quando possuem o poder em suas mãos, agir de forma truculenta.
D.
Temos que entender, de uma vez por todas que:
1.
A expressão “igreja” em grego se refere sempre ao um grupo de pessoas e nunca é
usada no Novo Testamento para se referir a nenhum tipo de construção.
2.
As palavras gregas “pastor”, “bispo” e “presbítero” são meros descritores de
função e nunca foram usadas no Novo Testamento com títulos para indicar a
importância de uma pessoa ou destacar e diferenciar um irmão dentre os outros.
E.
Nossa força deve centrada em Deus e na Sua Palavra — a Bíblia. É dela que
devemos derivar todos os nossos argumentos e depender de Deus para vê-los
triunfar.
F.
Não podemos em nenhuma hipótese ou circunstância e, sob nenhum tipo de
alegação, lançar mão de meios escusos ou violentos para fazer prevalecer nosso
ponto de vista ou forma como entendemos algo.
G.
Que outros façam uso desses recursos contra nós. E que nós possamos sempre
confiar em Deus para que Ele nos livre de fazer uso de tais coisas perversas.
Que
Deus ilumine e abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
OUTRAS
MENSAGENS DO LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
SERMÃO 001 — INTRODUÇÃO AO LIVRO DOS ATOS DOS
APÓSTOLOS — Lucas 1:1—4 e Atos 1:1—2
SERMÃO
002 — INTRODUÇÃO AO LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS — PARTE 2 — Lucas 1:1—4 e Atos
1:1—2
SERMÃO
003 — A TRANSIÇÃO DO VOLUME ANTERIOR — Atos 1:1—5
SERMÃO
004 — A NOVA DIREÇÃO EXPLICADA — Atos 1:6—8
SERMÃO
005 — A ASCENSÃO DE JESUS — Atos 1:9—11
SERMÃO
006 — PERSEVERANDO UNÂNIMES — Atos 1:12—26
SERMÃO
007 — O DIA DO PENTECOSTES – PARTE 001 — Atos 2:1—4
SERMÃO
008 — O DIA DO PENTECOSTES – PARTE 002 — Atos 2:5—15
SERMÃO
009 — A PROFECIA DE JOEL — Atos 2:14—21
SERMÃO
010 — O PRIMEIRO SERMÃO — PARTE 001 — Atos 2:22—36
SERMÃO
011 — O PRIMEIRO SERMÃO — PARTE 002 — Atos 2:37—41
SERMÃO
012 — A VIDA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS — Atos 2:42—47
SERMÃO
013 — A VIDA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS — Atos 2:42—47 — PARTE 002
SERMÃO
014 — A CURA DE UM PARALÍTICO DE NASCENÇA — Atos 3:1—10
SERMÃO
015 — A EXALTAÇÃO DE JESUS E A CONDENAÇÃO DOS HOMENS — Atos 3:11—21
SERMÃO
016 — SALVAÇÃO E REFRIGÉRIO: BÊNÇÃOS DAS DUAS VINDAS DE JESUS— Atos 3:17—21
SERMÃO
017 — JESUS CUMPRE AS PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO — Atos 3:22—26
SERMÃO
018 — INÍCIO DAS PERSEGUIÇÕES — Atos 4:1—22
SERMÃO
019 — A IGREJA ORA EM COMUNHÃO — Atos 4:23—31
SERMÃO
020 — A IGREJA VIVE EM COMUNHÃO — Atos 4:32—37
SERMÃO
021 — ANANIAS E SAFIRA — Atos 5:1—11
SERMÃO
022 — A COMUNIDADE DOS CRENTES — Atos 5:12—16
SERMÃO
023 — PRISÃO, JULGAMENTO, AÇOITES = ALEGRIA E O PARECER DE GAMALIEL — Atos 5:17—42
SERMÃO
024 — DIVERSIDADE DE DONS = CRESCIMENTO DA IGREJA — Atos 6:1—7
SERMÃO
025 — UM HOMEM CHAMADO ESTÊVÃO — Atos 6:8—12
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/05/atos-dos-apostolos-sermao-025-um-homem.html
SERMÃO 027 — A DEFESA DE ESTÊVÃO E O DEUS DA GLÓRIA — Atos 7:1—8
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/05/atos-dos-apostolos-sermao-025-um-homem.html
SERMÃO 026 — ACUSAÇÕES CONTRA UM HOMEM HONESTO — Atos 6:13—15
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/04/atos-dos-apostolos-sermao-027-defesa-de.html
SERMÃO 028 — A DEFESA DE ESTÊVÃO E A MOBILIDADE DE DEUS — Atos 7:9—16
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/04/atos-dos-apostolos-sermao-028-defesa-de.html
SERMÃO 029 – A DEFESA DE ESTEVÃO – Parte 3 — Atos 7:17—43
SERMÃO 030 — A DEFESA DE ESTEVÃO — Três Acusações Devastadoras — Parte 4 — Atos 7:44—53
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