segunda-feira, 6 de junho de 2016

PECADOS QUE PODEM NOS DESTRUIR POR COMPLETO – PARTE 009 — A AUTOADULAÇÃO — PARTE 001

Essa é uma série na qual pretendemos, dentro do possível, discutir alguns dos mais insidiosos pecados que ameaçam nossas almas. Trata-se de ações ou reações que caracterizam um coração perverso diante de Deus, algo com o que muitos personagens bíblicos tiveram que lutar, mas que pela graça de Deus conseguiram vencer. Nós também, como seres humanos iguais a eles estamos sujeitos a enfrentar esses mesmos pecados e temos que entender como essas situações funcionam, para poder lançar mão da graça de Deus e vencer as mesmas. A NONA questão que devemos analisar é:

9. Autoadulação

Não é algo incomum para um coração mau e descrente assumir uma exaltação por conta de algum triunfo que muito nos agradou, por alguma coisa que achamos que é verdadeiramente inteligente, criativa ou bem considerada e pela qual somos reconhecidos. Esses motivos são mais do que suficientes para nos mostrar que todo tipo de orgulho precisa ser erradicado dos nossos corações. Uma das afirmações mais claras das Escrituras Sagradas no que diz respeito à irracionalidade do orgulho, está em —

1 Coríntios 4:7

Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?

Essa passagem tem profundas implicações na vida de todas as pessoas, crentes ou não e por isso, devemos analisar a mesma com detalhes, como faremos a seguir —

A conjunção “Pois” com a qual o versículo inicia tem a função de unir as perguntas do verso 7 com o conteúdo de 1 Coríntios 4:6, uma vez que Paulo está pronto a demonstrar o modo como a soberba de alguns em Corinto estava fora de lugar. O orgulho que alguns manifestavam por causa de pessoas revela, de fato, uma perspectiva imprópria da realidade e uma absoluta falta de gratidão, para com aquele a quem a gratidão era devida, i. e., o próprio apóstolo Paulo.

O orgulho que podemos perceber aqui é, geralmente, o resultado de uma perspectiva equivocada, tanto de nós mesmos — seja por causa de alguma realização ou por causa do status — e também acerca da verdadeira condição do ser humano diante de Deus — como alguém que merece algo em vez de alguém desesperado e sem chance. A queda no pecado produziu em nós, seres humanos caídos, uma falsa perspectiva do nosso verdadeiro valor diante das pessoas e, até mesmo, do próprio Deus. Como somos patéticos. Além disso, essa falsa perspectiva também gera em nós uma apreciação, nivelando por baixo, todas as outras pessoas. Em vez de oferecerem ações de graças com verdadeira humildade pelos dons recebidos da parte de Deus — 1 Coríntios 1:4 — nossos irmãos em Corinto entenderam os dons da graça de Deus, como resultado de algum tipo de status que possuíam. Essa postura da parte de alguns causava uma profunda divisão entre os irmãos. Isto posto, podemos entender melhor a verdadeira intenção de Paulo ao fazer as três perguntas encontradas em nosso texto central.

Pois quem é que te faz sobressair? — A intenção precisa do apóstolo Paulo na primeira pergunta não é totalmente transparente. A dificuldade surge por causa do significado do verbo διακρίνειdiakrínei — cujo significado é: separar, fazer distinção, discriminar, preferir. O uso desse verbo é, provavelmente, um jogo de palavras praticado por Paulo tendo como referência dois outros verbos a saber: ἀνακρίνωanakrino — cujo significado é examinar e κρίνω kríno — cujo significado é julgar, conforme os mesmos são mencionados em 1 Coríntios 4:3—5. É necessário que saibamos essas coisas, porque um dos pecados mais perceptíveis na igreja em Corinto era o orgulho praticado, de formas diversas, na discriminação de pessoas. Daí a pergunta de Paulo: — Quem é que fez você superior aos outros? — Na NTLH. A implicação clara é que não existe base verdadeira para uma pessoa exaltar a si mesma sobre outras pessoas, uma vez que qualquer diferença é atribuída ao próprio Deus.

No caso específico que encontramos em Corinto, com tantas disputas, partidarismos e divisões internas a pergunta de Paulo tem apenas um significado possível: Quem nesse mundo vê alguma coisa especial em você — conforme a tradução do professor James Moffatt. Sobre que bases você manifesta esse tipo de orgulho? Pelo contexto, podemos perceber que a atitude de alguns coríntios com relação ao apóstolo Paulo estava baseada em uma pretensa sabedoria, algo que eles entendiam como capacitando-os para julgar o apóstolo dos gentios. Tal pretensão era apenas autocongratulatória. Em português bem simples, é como se Paulo estivesse perguntado a essa pessoas o seguinte: Quem vocês pensam que são afinal? Que tipo de autoilusão é essa que permite que vocês julguem o servo alheio?

Se a primeira pergunta de Paulo caracteriza a vaidade pretensiosa e arrogante dos coríntios, a segunda revela a falta de gratidão da parte dessas mesmas pessoas e é devastadora para todos eles:

E que tens tu que não tenhas recebido? — A pergunta de Paulo é, na realidade, um convite para que esses coríntios experimentassem um raro momento de completa honestidade, que é algo que acontece quando qualquer um de nós encontra-se na presença do Deus ETERNO e podemos reconhecer que tudo — absolutamente tudo — que temos e somos é um dom ou presente, que recebemos de Deus. A pergunta de Paulo está alinhada com outra série de perguntas, igualmente devastadoras, que encontramos em Isaías 40:13—14 onde Deus questiona os sabichões humanos —

Isaías 40:13—14

13 Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou?

14 Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento?    

Tudo o que temos e tudo o que somos é fruto da graça de Deus em nossas vidas. Nada está baseado em algum tipo de mérito ou conquista pessoal. Todos os que entendem e experimentam a graça de Deus dessa forma, vivem numa permanente posição de gratidão a Deus. Por outro lado, todos os que adotam a mesma atitude arrogante daqueles coríntios, costumam pensar que são capacitados por Deus, duma forma tão especial com o Espírito Santo e com sabedoria, que lhes permite julgar outros irmãos e irmãs, algo que reflete uma compreensão completamente errada da graça de Deus. Essas pessoas também não conseguem enxergar a humildade do próprio Deus manifestada na crucificação do Senhor Jesus Cristo. No caso específico dos coríntios, caso eles ainda não sejam capazes de enxergar seu próprio orgulho e arrogância, Paulo faz uma terceira pergunta:

E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido? — Paulo procura enfatizar o fato que aquelas pessoas em Corinto e, por extensão, todos nós também, estavam numa posição onde tudo o que eram e tudo o que tinham havia sido entregue para eles pelo próprio Deus, graciosamente. Sendo assim, a atitude orgulhosa da parte deles transformava-se numa evidência clara que eles não tinham compreendido o evangelho da graça. Em vez de reconhecerem todas as coisas como presentes de Deus e terem uma postura de gratidão, eles haviam se tornado em verdadeiros donos dos dons — enxergavam os mesmos como se lhes pertencessem por direito — e desprezavam a Paulo, que lhes parecia ter tão pouco, quando comparado a eles. A verdadeira graça nos conduz para a gratidão, mas a falsa sabedoria e a autossuficiência nos conduzem para o orgulho e desenvolvem em nós uma atitude de juízes com relação aos irmãos e irmãs.

A graça nos ajuda a enxergar nossa verdadeira condição em pé de igualdade uns com os outros. A verdadeira graça produz a humildade em nós. Por outro lado, a autoadulação tem o efeito de nos conduzir para a autoexaltação. E esse é o motivo porque Paulo lança mão de um tom irônico em suas perguntas, para ajudar aquelas pessoas a enxergar o profundo nível de sua tolice ao se compararem com outros e pensarem que estavam saindo por cima.     

Outra referência que trata de forma direta desse pecado da autoadulação é a seguinte: Deuteronômio 8:11—18. Nesse texto nos podemos notar as seguintes verdades, à medida que lemos o mesmo —

Verso 11 — Israel esta irremediavelmente obrigado a obedecer ao Deus ETERNO — SENHOR — diante da luz da sua enorme e graciosa bondade para com aquele povo. Diante dessa obrigação o texto menciona os seguintes itens aos quais Israel devia obediência —

מִצְוֹתָיוmitzevotaym — mandamentos e, nesse caso, uma referência especial aos mandamentos de Deus.

מִשְׁפָּטָיוmisheppataym — julgamento, justiça, ordenação.

חֻקֹּתָיו chuqqotaym  — estatutos, ordenanças, limites, leis, algo prescrito.

Versos 12—17 — Esses versos, juntos com o verso 11, constituem uma única e a mais longa frase encontrada na Bíblia Hebraica. Os tradutores da nossa versão Revista e Atualizada no Brasil mantiveram a frase corrida, começando no verso 11 até o 16, quebrando, todavia, a sequência no verso 17 para facilitar tanto a leitura quanto a compreensão de todo o texto.

Versos 12—13 — Esses versos nos lembram de algo tão comum entre pessoas da espécie humana: sempre que os seres humanos têm abundância de comida e a posse de muitos bens, eles também revelam uma tendência de esquecer o abismo de onde foram tirados e do caminho pelo qual seguiram, até alcançar a prosperidade. Para Israel não haveria nenhuma prosperidade se o SENHOR não os tivesse tirado da escravidão no Egito e não tivesse cuidado deles nas peregrinações pelos desertos da península do Sinai — Versos 14—16. Sempre existe o perigo que os corações humanos se elevem pelo orgulho — Verso 14 — e, esquecidos das realidades da vida digam: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezasVerso 17. Ver também as seguintes passagens: Salmos 127; Provérbios 30:7—9 e Oséias 13:6. Esse tipo de afirmação, contida no Verso 17 não passa, em última instância, de uma elevação arrogante do EU humano, desejando ser como Deus. Quanta torpeza.

Verso 18 — Israel é por fim lembrado que o SENHOR e, apenas Ele, é capaz de suprir a força necessária para adquirir toda e qualquer riqueza. O povo de Israel não devia esquecer jamais que a prosperidade era o cumprimento da Aliança que Deus havia feito com eles no monte Sinai e das promessas feitas aos patriarcas. Essa lição aos Israelitas tem, também, amplas implicações para toda a humanidade. Riqueza e propriedade jamais poder ser consideradas como direitos naturais. Elas são sempre dádivas de Deus. Uma vez que a vasta maioria dos habitantes da Terra não possuem riquezas, aqueles que as possuem precisam cuidar para que o orgulho que sentem por suas próprias riquezas não os domine, causando desse modo sua ruína na eternidade.

Diante do que acabamos de ver, somente Deus, que é a causa de Sua própria existência, tem o direito de receber toda a glória e tudo mais conforme —

Apocalipse 7:12

Dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!

Outro texto que queremos destacar é o seguinte —

1 Coríntios 1:27—31

25 Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.

26 Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento;

27 pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes;

28 e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;

29 a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.

30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,

31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor — Jeremias 9:24.

Na continuação desse estudo iremos ver como a graça de Deus pode nos ajudar a vencer o terrível pecado da autoadulação, vanglória, orgulho, vaidade, exaltação, pretensão e etc.

CONTINUA...

OUTROS ARTIGOS DE PECADOS QUE PODEM DESTRUIR NOSSAS ALMAS
Estudo 001 — A FALSA CULPA

Estudo 002 — A ANSIEDADE

Estudo 003 — O REMORSO

Estudo 004 — A AMBIÇÃO

Estudo 005 — A AMARGURA

Estudo 006 — A INVEJA E O CIÚME

Estudo 007 — A IMPACIÊNCIA — PARTE 001

Estudo 007 — A IMPACIÊNCIA — PARTE 002

Estudo 007 — A IMPACIÊNCIA — PARTE 003

Estudo 007 — A IMPACIÊNCIA — PARTE 004 – FINAL

Estudo 008 — APATIA E DESÂNIMO — PARTE 001

Estudo 008 — APATIA E DESÂNIMO — PARTE 002

Estudo 008 — APATIA E DESÂNIMO — PARTE 003

Estudo 008 — APATIA E DESÂNIMO — PARTE 004

Estudo 009 — A AUTOADULAÇÃO — PARTE 001

Estudo 009 — A AUTOADULAÇÃO — PARTE 002

Estudo 010 — DESEJOS INDULGENTES OU PECAMINOSOS
Que Deus nos abençoe a todos. 

Alexandros Meimaridis 

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link: 
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Desde já agradecemos a todos.            

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