O artigo abaixo foi publicado no
site do blog 247 e é da autoria de Luis Pelegrini.
ZEUGMA DOS MOSAICOS. NOVAS
DESCOBERTAS NA “POMPEIA TURCA”
No início dos anos 2000, durante
as obras de construção da barragem da usina hidrelétrica de Birecik, no sul da
Turquia, foram encontradas as ruínas da cidade greco-romana de Zeugma, fundada
no século 3 antes de Cristo. Chamados às pressas, os arqueólogos ficaram
estupefatos: ante os seus olhos apareceu um dos maiores e mais bem preservados
conjuntos de mosaicos greco-romanos de todos os tempos. Superfícies de pisos e
paredes inteiramente recobertas por mosaicos feitos com peças de pedras e
vidros coloridos com motivos, figuras mitológicas e personagens daquela época,
bem como cenas da literatura e do teatro. Há pouco, novas descobertas
confirmaram a riqueza do patrimônio artístico de Zeugma.
Por: Luis Pellegrini
Zeugma, às margens do rio
Eufrates, revela a enorme influência da arquitetura, da estética e da mitologia
gregas na cultura romana, que dominava a região na época em que os mosaicos
foram produzidos, por volta do Século 1 depois de Cristo. A antiga cidade de
Zeugma, também conhecida como Seleukia-do-Eufrates foi fundada em 300 a.C. por
Seleuco – um dos generais de Alexandre, o Grande – que nomeou a cidade em
homenagem a si próprio. Em 64 a.C. a cidade foi conquistada pelo Império Romano
e teve o seu nome mudado para Zeugma.
Junto à alegria e a admiração
despertadas pela grande descoberta, ela também fez com que os arqueólogos
fossem tomados por uma grande angústia. Os mosaicos encontram-se a
aproximadamente 500 metros do leito do rio e, com a construção da barragem,
toda aquela imensa área seria completamente alagada pelas águas do Eufrates,
cujo nível, como estava previsto, subiria cerca de 10 centímetros por dia por
um período de 6 meses, até que a represa estivesse cheia. Havia total urgência
para salvar tudo aquilo que fosse possível, e os trabalhos dos arqueólogos
começaram quase que imediatamente.
Uma equipe internacional de
arqueólogos liderada pelo professor Kutalmis Gorkay, da Universidade de Ancara,
passou a atuar nas escavações nas encostas que ladeiam o rio. E, a cada dia,
mais aumentava o estupor: grupos de mosaicos, em ótimo estado de conservação,
surgiam em toda a parte, já que naqueles tempos eram utilizados como
revestimento de luxo do piso de casas de representantes da elite local, muito
provavelmente patrícios romanos (proprietários de terras, comerciantes e
proprietários de escravos) que controlavam as magistraturas da política romana
em suas colônias.
As escavações descobriram casas,
edifícios públicos e praças de mercado, todas decoradas com maravilhosos
mosaicos. Foi decidida então a construção de um museu para abrigar, preservar e
exibir as peças encontradas. Assim, em 9 de setembro de 2011 foi aberto ao
público o Museu de Mosaicos de Zeugma. O museu possui mais de 8 mil metros
quadrados com várias salas de exposição e de conferências entre outras
instalações. Suas dimensões e a riqueza da coleção que ele abriga superaram as
do Museu Nacional Bardo, em Tunis, até então considerado o maior museu de
mosaicos do mundo.
As escavações prosseguem até os
dias de hoje, ainda lideradas pelo professor Kutalmis Görkay. Como imagens
falam muito mais que palavras, oferecemos abaixo uma galeria de fotos de Zeugma
e de alguns dos mosaicos nela encontrados. No final, um vídeo documenta a
memorável e bem mais recente descoberta da “Casa das Musas”. Realizada por
arqueólogos franceses e turcos, os tesouros nela contidos são realmente de
tirar o fôlego.
Galeria de imagens
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Realizados há dois mil anos e
ainda quase intactos, os mosaicos de Zeugma continuam sendo descobertos pelos
arqueólogos.
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Mosaicos muito ricos, como o da foto,
decoravam as casas dos moradores mais abastados de Zeugma. A maior parte das
figuras retratadas são de deuses e heróis da mitologia greco-romana.
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“Esses mosaicos eram produzidos
pela imaginação dos donos da casa. Eles não eram simplesmente retirados de um
catálogo de amostras”, explica o arqueólogo chefe professor Kutalmis Gorkay.
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Cada conjunto de mosaicos era
pensado para passar um recado específico ao observador. Por exemplo, se o dono
da casa fosse um tipo intelectual, seus mosaicos seriam do tipo daqueles
encontrados na Casa das Três Musas.
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A comunidade internacional dos
arqueólogos foi fortemente motivada a colaborar com as escavações quando soube
que a área de Zeugma seria inundada pela construção de uma represa.
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Parte de mosaico após trabalho de
restauro no museu de Zeugma.
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Os gregos deram à cidade o nome
de Seleucia, quando ela foi fundada no século 3 antes a. C.
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O Império Romano conquistou a
cidade em 64 d.C., mudando o seu nome para Zeugma (que significa “ponte” ou
“travessia” em grego).
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Os romanos dominaram a cidade até
o ano 253 d. C., quando ela foi tomada pelos persas da dinastia dos sassânidas.
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Representação de Oceanus e
Tethys, duas divindades marítimas greco-romanas.
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Representação de Posseidon, o
deus grego do mar, brandindo o seu tridente e conduzindo o seu carro.
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Detalhe de mosaico guardado no
museu de Zeugma.
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Esta é uma representação de
Tália, a musa grega da poesia.
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DE DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS
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Alexandros
Meimaridis
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