Este estudo é parte de uma Análise do
Livro do Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a
rica herança que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final
de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse
estudo.
O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas
בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ
Eretz
ha ve-et Hashamaim
et Elohim Bará Bereshit
Terra a
e céus os Deus criou princípio No
Gênesis
1:1
CONTINUAÇÃO
XIII —
A Apropriação de Gênesis 11 pelo Novo Testamento.
A.
Gênesis 11:1—9 e Lucas 14:28—30.
Existem no Novo Testamento muitos textos que tratam
de edificações e dos processos envolvidos nos mais diversos tipos de
construções. Mas existe somente um texto em todo o Novo Testamento que trata da
construção de uma πύργον — púrgon —
torre. Esse texto é Lucas 14:28. Creio que todos nós podemos aceitar, de forma
pacífica, que um dos propósitos porque Jesus ensinou esta parábola foi indicar
a necessidade que aqueles que desejavam ser Seus discípulos, tinham de avaliar
o custo exato de tal decisão. Mas existem muitas outras passagens em todo Novo
Testamento que desafiam tal interpretação. Essas são as passagens que nos falam
acerca de decisões de fé como foi o caso do chamamento dos irmãos Simão e André
e Tiago e João — ver Marcos 1:16—20. Note como esses irmãos não pararam para
calcular o custo e sim creram nas palavras de Jesus e o seguiram imediatamente.
A história narrada por Jesus em Lucas 14:29—30 dá
ênfase no fato de que a torre inacabada chama a atenção de toda uma multidão de
curiosos que, ao passar e ver a torre naquele estado, aproveitam para zombar da
mesma e de seus construtores. Em Gênesis 11 a construção da torre tem início
com a clara intenção de zombar de Deus, pois seus construtores querem fazer notável
o próprio nome. Mas os papeis são completamente revertidos naquela história. É
Deus, quem em última instância, dá a última risada porque é Ele quem zomba dos
patéticos seres humanos ao confundir as línguas e causar a paralisação da
construção da torre e da cidade chamadas de Babel.
Mas em Gênesis 11 Deus não apenas confunde as
línguas, Ele também dispersa os seres humanos que estavam planejando zombar da
ordem de Deus que havia dito aos homens que se espalharem sobre a face da
Terra. É possível que Maria no seu cântico registrado em Lucas 1:46—55
estivesse se referindo a este mesmo evento — da torre e da cidade de Babel — ao
dizer: “Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração,
alimentavam pensamentos soberbos — verso 51”. Como dissemos é possível, mas
muito pouco provável. Mas que a frase se encaixa perfeitamente, disso não temos
a menor dúvida.
2.
Gênesis 11:26—32 e Atos 7:4.
A cronologia de Gênesis 11 é como segue:
1. Tera tinha 70 anos quando começou a gerar filhos
e ele gerou a Abrão, a Naor e a Harã. Seria Abrão, necessariamente, o mais
velho? Ou ele é mencionado em primeiro lugar porque era o mais importante — ver
Gênesis 6:10 e comparar com 9:20—24.
2. Tera morre em Harã com a idade de 205 anos — ver
Gênesis 11:32.
3. Se Abrão nasceu quando Tera tinha 70 anos então
ele tinha 135 quando seu pai veio a falecer.
4. Gênesis 12:4 nos diz que Abrão partiu de Harã
quando tinha 75 anos.
Se não levarmos em conta nenhum outro texto, a
cronologia acima não apresentaria nenhum tipo de dificuldade. Do que alistamos
acima poderíamos concluir que Abrão teria saído de Harã 65 anos antes da morte
de seu pai. Todavia, o texto de Atos 7:4 diz
de forma explícita o seguinte:
Então,
saiu da terra dos caldeus e foi habitar em Harã. E dali, com a morte de seu
pai, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.
Existem várias hipóteses visando solucionar essa
dificuldade. Não que ela represente alguma mudança fundamental na História da
Salvação como contada pela Bíblia, mas como estudiosos da Palavra de Deus,
queremos nos empenhar no máximo da nossa capacidade para entender aquilo que
está escrito.
As três interpretações mais comuns acerca da
compreensão que Estevão tinha da vida dos patriarcas são as seguintes:
1. A primeira explicação está baseada na leitura do
Pentateuco Samaritano que diz que Tera faleceu com 145 anos contra os 205
registrados pelo Texto Massorético[1].
A LXX diz que Tera teria vivido 205 anos apenas em Harã, sem contar seus anos
em Ur dos Caldeus. Argumentam os defensores desta hipótese que Estevão estava
fazendo referência ao texto do Pentateuco Samaritano. Com isso a dificuldade
desaparece de forma absoluta. Isto se deve ao seguinte cálculo: Tera gerou
Abrão quando tinha 70 anos e veio a falecer quando tinha 145 anos. Na morte de
Tera Abrão estaria, portanto, com 75 anos que é exatamente a idade que ele
tinha quando partiu de Harã para a terra de Canaã. Desta maneira, nos dizem os
defensores dessa possibilidade, Estevão tinha uma compreensão da cronologia dos
patriarcas que estava baseada na leitura do Pentateuco Samaritano.
2. Uma segunda possibilidade é na realidade uma
variação da anterior. De acordo com os proponentes dessa segunda alternativa
existiam nos dias de Estevão inúmeras famílias ou tradições de manuscritos.
Para esses o Pentateuco Samaritano é apenas um dos muitos documentos que se
originaram daquilo que os estudiosos chamam de Texto Palestino e que, além de
serem muito abundantes nos dias de Estevão divergiam de forma considerável do
Texto Massorético e do texto da Septuaginta. O autor judeu Filo de Alexandria[2]
também cita o fato de que Tera teria morrido aos 145 anos. Sendo judeu mesmo e
não samaritano, é pouco provável, senão impossível que ele tivesse usado alguma
vez uma cópia da Torá — os cinco livros de Moisés — que não estivesse baseada
em uma tradição genuinamente judaica. Desta maneira é possível que existissem
também cópias judaicas que mencionavam todos os anos de Tera como sendo 145
anos.
3. Uma terceira possibilidade procura harmonizar as
informações de Gênesis 11 e Atos 7 sem apelar para o uso de nenhum outro texto
que vá além do Texto Massorético. A pressuposição básica desta possibilidade
está baseada no fato de que o texto de Gênesis 11:26 não afirma, de forma explícita,
que Tera tinha exatos 70 anos quando gerou a Abrão. Pelo contrário, o texto de
Gênesis 11 nos diz que Tera tinha 70 anos quando começou a gerar filhos. Teria
sido Abrão seu primogênito? Ou será que Abrão é mencionado primeiro porque veio
a ser o mais importante dos três irmãos? Como não podemos saber a ordem exata
em que os irmãos nasceram, nem quando exatamente eles nasceram, podemos assumir,
para efeito da nossa discussão, que Abrão tivesse nascido quando Tera estava
com 130 anos. Desta maneira quando Terá morreu aos 205 anos, Abrão teria os 75
anos mencionados em Gênesis 12:4.
Outros artigos acerca dO LIVRO
DE GÊNESIS
001 — Introdução
e Esboço
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Introdução ao Gênesis — Parte 2 — Teorias Acerca da Criação
003 —
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004 —
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005 — Introdução
ao Gênesis — Parte 5 — A Criação da Vida
006 — Introdução
ao Gênesis — Parte 6 — O DEUS CRIADOR
007 — Introdução
ao Gênesis — Parte 7 — OS NOMES DO DEUS CRIADOR, OS CÉUS E A TERRA
008 – Gênesis
— A Criação de Deus - Parte 1 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte
1
009 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 8A – A Criação de Deus Dia a
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010 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus - Parte 9 – A Criação de
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011 — Estudo
de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 10 — A Criação de
Deus Dia a Dia — O Quarto Dia
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Deus Dia a Dia — O Quinto Dia
013 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12 — A Criação de
Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 1
013A — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12A — A Criação de
Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 2
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015 — Estudo de Gênesis — Gênesis
2 — Parte 14 — GÊNESIS 2A
016 — Estudo de Gênesis — Gênesis
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018 — Estudo de Gênesis — Gênesis
3 — Parte 17 — GÊNESIS 3B
019 — Estudo de Gênesis — Gênesis
3 — Parte 18 — GÊNESIS 3C
020 — Estudo de Gênesis — Gênesis
3 — O Livre Arbítrio — Parte 19
021 — Estudo de Gênesis — Gênesis
3 — O Dois Adãos — Parte 20
022 — Estudo de Gênesis —
Gênesis 4 — A Era Pré-Patriarcal e a Mulher de Caim — Parte 21
023 — Estudo de Gênesis —
Gênesis 4 — Caim, O Primeiro Construtor de Uma Cidade — Parte 22
024 — Estudo de Gênesis —
Gênesis 4 — Caim, Como Assassino e Fugitivo da Presença de Deus — Parte 23
025 — Estudo de Gênesis —
Gênesis 4 — Caim, Como Primeiro Construtor de uma Cidade e Pseudo-Salvador da
Humanidade — Parte 24
026 — Estudo
de Gênesis — Gênesis 4 — A Conclusão Acerca de Caim — Parte 25
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dos Homens— Parte 27A
029 — Estudo
de Gênesis — Gênesis 6 — OS Nefilim e os Guiborim — Os Gigantes e os Valentes —
Parte 27B
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031 — Estudo
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se Arrepender? — Parte 27D.
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Parte 29 — O Dilúvio Foi Global Ou Local?
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para todas as Gerações — PARTE 001
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002 — OS NEGROS SÃO AMALDIÇOADOS?
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de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
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AMARELOS E VERMELHOS
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DOS HEBREUS
048 — Estudo
de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 004 — A TÁBUA DAS NAÇÕES É UM DOCUMENTO
ÚNICO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
049 — Estudo
de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 001
050 — Estudo
de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 002
051 — Estudo
de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 003
052 — Estudo
de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 004
053 — Estudo
de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 005
054 — Estudo
de Gênesis — A GENEALOGIA DOS SEMITAS
055 — Estudos de Gênesis — A APROPRIAÇÃO DE GÊNESIS
11 PELO NOVO TESTAMENTO
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
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[1] - Para uma discussão acerca do
desenvolvimento do texto do Antigo Testamento o autor sugere a leitura do
primeiro capítulo desta série intitulado “O Que é o Antigo Testamento?”.
[2] - Filo Judaeus também chamado de Filo de Alexandria nasceu entre 15—10 a.C na cidade de Alexandria no Egito, onde também faleceu entre 40—50 a.D. Esse indivíduo era um filósofo judeu que falava o grego e que veio tornar-se o maior expoente do Judaísmo Helenístico. Em seus escritos nós podemos encontrar a mais cristalina apresentação de como o judaísmo se desenvolveu na diáspora iniciada com o cativeiro babilônico. Ele foi o primeiro judeu a buscar uma síntese entre a fé baseada na revelação divina com a razão baseada no raciocínio filosófico — é possível que Platão foi o primeiro gentio a tentar o mesmo, mas de forma menos evidente. Por sua coragem e visão Filo ocupa um lugar bastante privilegiado na História da Filosofia. Muitos cristãos, de eras posteriores, chegaram a considerá-lo como o precursor da Teologia Cristã.
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