Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No
final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem
o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.
Lição 004 – A Revelação
de Deus e o Fim das Religiões.
O
teólogo suíço Karl Barth afirmou, em sua monumental obra, “Church Dogmatics”,
que: “a
revelação de Deus representa a abolição da religião”[1].
Esta frase encapsula, de maneira perfeita, o inevitável confronto que existiu
entre Jesus e os líderes religiosos dos seus dias.
Se
tem uma coisa que as pessoas demoram bastante para entender é que o
cristianismo ou, seguir a Jesus, não é uma religião. A nossa palavra
“religião”, em português, procede da palavra latina “religione”. A palavra
latina, por sua vez, tem a sua raiz em outra palavra latina que é “religare”.
Essa uma última expressão significa: tornar a ligar, atar ou amarrar bem. Nenhuma
palavra poderia definir de maneira mais equivocada aquilo que Jesus veio fazer.
Jesus não veio para amarrar, nem para atar absolutamente nada. Em suas próprias
palavras, Jesus veio para: proclamar
libertação aos cativos e por em liberdade os oprimidos – ver Lucas 4:18—19.
Jesus disse aos seus seguidores que eles teriam a oportunidade de serem
libertos pelo conhecimento da verdade – ver João 8:32. E Sua promessa é
inequívoca: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” – João
8:36. O apóstolo Paulo entendeu muito bem esta função executada por Jesus,
pois afirma:
·
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e
não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão — Gálatas 5:1.
·
Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade — 2 Coríntios 3:17.
Jesus
não veio fundar outra religião ou outra maneira de escravizar as pessoas, pois a religião é, acima de
tudo, escravidão. Ele veio nos oferecer vida e vida em abundância –
ver João 10:10. A vida cristã é a manifestação da presença e do poder da vida
ressuscitada de Jesus, por meio do Seu Espírito Santo que habita no crente, em
um comportamento que glorifica o Deus verdadeiro.
Tal
liberdade só podia trombar, cabeça com cabeça, com a religiosidade que existia
na Palestina nos dias de Jesus. Quando lemos os documentos que chamamos de
“evangelhos ou boas novas”, acerca de Jesus, no Novo Testamento, não é difícil
perceber que o judaísmo daqueles dias, havia degenerado tanto, que acabou por se
tornar na pior perversão em que uma religião pode se transformar. Quando lemos
acerca das práticas religiosas dos dias de Jesus, a nítida impressão que temos,
é que as mesmas eram completamente dominadas por irrestrito legalismo e falso
moralismo, e estes aspectos eram, por sua vez, profundamente agravados por
esdrúxulos conceitos de exclusivismo. Este é, certamente, o principal motivo
porque a manifestação de Jesus aconteceu exatamente naquele tempo. O advento de Jesus
naqueles dias enfatizou, de forma absoluta, o contraste entre a escravidão
representada pela religião e a liberdade representada pela nova vida em Cristo.
Para
entendermos melhor o contexto em que Jesus se manifestou é importante
entendermos os movimentos religiosos mais representativos que existiam,
naqueles dias, na Palestina. Antes de falarmos destes grupos religiosos, nós
precisamos enfatizar que todos eles, com uma única exceção, se tornaram em
ferozes opositores do Senhor Jesus. Um pouco de história irá nos ajudar a
compreender melhor os movimentos religiosos que existiam nos dias de Jesus.
Os
romanos, sob o comando do general Pompeu, anexaram a Palestina ao império em 63
a.C. tornando-a uma colônia romana. Os romanos adotavam o costume, entre os
povos que subjugavam, de “viver e deixar viver”, enquanto os povos dominados
não desejassem se libertar do jugo do dominador. Dentro desta política era
costume dos romanos nomearem governadores nativos para suas colônias. Foi desta
maneira que eles acabaram por nomear Herodes Antípater, cognominado, O Grande,
rei dos judeus, apesar dele ser descendente dos idumeus, i.e. de Esaú. Jesus
nasceu durante os últimos anos do longo reinado desse Herodes. Foi essse rei
também, que tentou matar o menino Jesus. Segundo historiadores modernos,
Herodes, O Grande, morreu no ano 4 a.C. Seu reino foi então divido entre três
de seus filhos: Herodes Filipe recebeu as regiões mais ao norte; Herodes
Antipas, que foi quem mandou decapitar João Batista, recebeu a Galiléia e a
Peréia; e, Herodes Arquelau herdou a Judéia e a Samaria.
Herodes
Arquelau era um rei fraco que não conseguia lidar de maneira apropriada com o
descontentamento e as frustrações dos seus súditos. Ele acabou sendo deposto
pelos romanos que passaram a governar as regiões da Judéia e Samaria diretamente
através de governadores romanos. Quando Arquelau foi deposto, Jesus tinha 12
anos aproximadamente. O início do governo direto dos romanos sobre aquelas duas
regiões representou, em termos práticos, o início do fim da história da nação
judaica da Antiguidade. No ano 70 d.C. os romanos destruíram por completo tanto
o Templo quanto a cidade de Jerusalém. Mas permitiram que os judeus voltassem a
habitar em Jerusalém. No ano 135 d.C. os romanos voltaram a destruir a cidade
de Jerusalém quando, a mesma, dessa vez, foi completamente arrasada e salgada.
Naqueles dias, um decreto foi passado em Roma, dizendo que qualquer judeu que
se aproximasse a menos de 10.000 metros de distância de Jerusalém, deveria ser
imediatamente morto! Os anos que vão do início do governo direto dos romanos
sobre a região da Judéia até a completa e final destruição de Jerusalém, são
exatamente os anos em que nosso Senhor Jesus viveu e ministrou entre nós e, em
que floresceram as primeiras comunidades de cristãos.
O
início do governo romano direto sobre a região da Judéia foi marcado por uma
grande rebelião. O foco do problema era a cobrança dos impostos. Veja bem, Roma
costumava cobrar a manutenção dos seus exércitos de dominação, dos próprios
povos dominados. Por aqueles dias, os romanos haviam iniciado um recenseamento,
para determinar o tamanho da população, bem como um levantamento dos recursos
do país para fins de taxação. Os judeus se rebelaram alegando motivos
religiosos. O líder desta rebelião era um homem chamado Judas, o Galileu, que
fundou um movimento, de inspiração religiosa, que agrupava pessoas interessadas
em lutar pela liberdade.
1. Os Zelotes.
Os
romanos reagiram com vigor e, em pouco tempo, liquidaram com a rebelião. Como
advertência, contra eventuais futuras rebeliões, os romanos crucificaram dois
mil insurretos. Mesmo abalado o movimento de resistência prosseguiu. Os judeus
chamavam os rebeldes de “zelotes”. Já para os romanos eles eram
“bandidos”. Junto aos zelotes existia outro
grupo, chamado “sicários” – são mencionados somente uma vez no NT em Atos 21:38
- que eram especializados em assassinatos. Esses grupos fustigaram, durante
quase 60 anos, os exércitos de ocupação romanos. Com o passar do tempo, o grupo
de rebeldes acabou por se transformar em um verdadeiro exército revolucionário.
Esse
exército revolucionário conseguiu, no ano 66 d.C – trinta anos depois da morte
de Jesus – com grande apoio popular, derrotar os romanos e assumir o governo do
país. Roma não podia aceitar tamanha afronta e enviou uma enorme expedição
militar para enfrentar os judeus. A campanha dos romanos foi iniciada sob o
comando de Vespasiano que comandou o ataque até o ano 69 d.C. Com a morte do
imperador Nero[2],
em 68 d.C., Vespasiano retornou a Roma para ser empossado imperador. Tito, filho
de Vespasiano, levou avante as forças romanas. O que seguiu foi um massacre sem
piedade.
OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:
001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo
002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001
003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.
004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —
005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.
006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.
007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.
008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.
009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.
010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.
011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.
012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.
013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.
014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.
015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12
016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13
017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A
017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B
017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C
017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D
018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A
018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B
019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A
019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B
020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS.
Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no
facebook através do seguinte link:
Desde
já agradecemos a todos.
[1] Barth, Karl. Church Dogmatics. Volume I, Parte 2. T & T Clark, Edinburgh, 1956.
[2] O imperador Nero Claudius Caesar
Augustus Germanicus era também conhecido como Nero Claudius Drusus Germanicus,
nasceu em 15 de Dezembro do ano 37 d.C. em Antium na região de Latium –
centro-oeste da Itália moderna – e veio a falecer aos 9 de Junho de 68 a.D. na
cidade de Roma. Seu nome era, originalmente, Lucius Domitius Ahenobarbus, e ele
foi o quinto imperador romano de 54 a 68 d.C. Nero era filho adotivo e
tornou-se herdeiro do imperador Cláudio – Tiberius Claudius Caesar Augustus
Germânicus. Nero tornou-se notório por sua vida devassa e extravagante. Estudos
recentes laçam profundas dúvidas sobre sua fama tanto como incendiário como
quanto perseguidor dos cristãos.
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