sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ESTUDO DA VIDA DE JESUS – PARTE 1 – ESTUDO 004

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Essa é uma série cujo propósito é estudar, com profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.
 
Lição 004 – A Revelação de Deus e o Fim das Religiões.

O teólogo suíço Karl Barth afirmou, em sua monumental obra, “Church Dogmatics”, que: “a revelação de Deus representa a abolição da religião[1]. Esta frase encapsula, de maneira perfeita, o inevitável confronto que existiu entre Jesus e os líderes religiosos dos seus dias.

Se tem uma coisa que as pessoas demoram bastante para entender é que o cristianismo ou, seguir a Jesus, não é uma religião. A nossa palavra “religião”, em português, procede da palavra latina “religione”. A palavra latina, por sua vez, tem a sua raiz em outra palavra latina que é “religare”. Essa uma última expressão significa: tornar a ligar, atar ou amarrar bem. Nenhuma palavra poderia definir de maneira mais equivocada aquilo que Jesus veio fazer. Jesus não veio para amarrar, nem para atar absolutamente nada. Em suas próprias palavras, Jesus veio para: proclamar libertação aos cativos e por em liberdade os oprimidos – ver Lucas 4:18—19. Jesus disse aos seus seguidores que eles teriam a oportunidade de serem libertos pelo conhecimento da verdade – ver João 8:32. E Sua promessa é inequívoca: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” – João 8:36. O apóstolo Paulo entendeu muito bem esta função executada por Jesus, pois afirma:

·       Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão  — Gálatas 5:1.


·       Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade — 2 Coríntios 3:17.

Jesus não veio fundar outra religião ou outra maneira de escravizar as pessoas, pois a religião é, acima de tudo, escravidão. Ele veio nos oferecer vida e vida em abundância – ver João 10:10. A vida cristã é a manifestação da presença e do poder da vida ressuscitada de Jesus, por meio do Seu Espírito Santo que habita no crente, em um comportamento que glorifica o Deus verdadeiro.

Tal liberdade só podia trombar, cabeça com cabeça, com a religiosidade que existia na Palestina nos dias de Jesus. Quando lemos os documentos que chamamos de “evangelhos ou boas novas”, acerca de Jesus, no Novo Testamento, não é difícil perceber que o judaísmo daqueles dias, havia degenerado tanto, que acabou por se tornar na pior perversão em que uma religião pode se transformar. Quando lemos acerca das práticas religiosas dos dias de Jesus, a nítida impressão que temos, é que as mesmas eram completamente dominadas por irrestrito legalismo e falso moralismo, e estes aspectos eram, por sua vez, profundamente agravados por esdrúxulos conceitos de exclusivismo. Este é, certamente, o principal motivo porque a manifestação de Jesus aconteceu exatamente naquele tempo. O advento de Jesus naqueles dias enfatizou, de forma absoluta, o contraste entre a escravidão representada pela religião e a liberdade representada pela nova vida em Cristo.

Para entendermos melhor o contexto em que Jesus se manifestou é importante entendermos os movimentos religiosos mais representativos que existiam, naqueles dias, na Palestina. Antes de falarmos destes grupos religiosos, nós precisamos enfatizar que todos eles, com uma única exceção, se tornaram em ferozes opositores do Senhor Jesus. Um pouco de história irá nos ajudar a compreender melhor os movimentos religiosos que existiam nos dias de Jesus.

Os romanos, sob o comando do general Pompeu, anexaram a Palestina ao império em 63 a.C. tornando-a uma colônia romana. Os romanos adotavam o costume, entre os povos que subjugavam, de “viver e deixar viver”, enquanto os povos dominados não desejassem se libertar do jugo do dominador. Dentro desta política era costume dos romanos nomearem governadores nativos para suas colônias. Foi desta maneira que eles acabaram por nomear Herodes Antípater, cognominado, O Grande, rei dos judeus, apesar dele ser descendente dos idumeus, i.e. de Esaú. Jesus nasceu durante os últimos anos do longo reinado desse Herodes. Foi essse rei também, que tentou matar o menino Jesus. Segundo historiadores modernos, Herodes, O Grande, morreu no ano 4 a.C. Seu reino foi então divido entre três de seus filhos: Herodes Filipe recebeu as regiões mais ao norte; Herodes Antipas, que foi quem mandou decapitar João Batista, recebeu a Galiléia e a Peréia; e, Herodes Arquelau herdou a Judéia e a Samaria.

Herodes Arquelau era um rei fraco que não conseguia lidar de maneira apropriada com o descontentamento e as frustrações dos seus súditos. Ele acabou sendo deposto pelos romanos que passaram a governar as regiões da Judéia e Samaria diretamente através de governadores romanos. Quando Arquelau foi deposto, Jesus tinha 12 anos aproximadamente. O início do governo direto dos romanos sobre aquelas duas regiões representou, em termos práticos, o início do fim da história da nação judaica da Antiguidade. No ano 70 d.C. os romanos destruíram por completo tanto o Templo quanto a cidade de Jerusalém. Mas permitiram que os judeus voltassem a habitar em Jerusalém. No ano 135 d.C. os romanos voltaram a destruir a cidade de Jerusalém quando, a mesma, dessa vez, foi completamente arrasada e salgada. Naqueles dias, um decreto foi passado em Roma, dizendo que qualquer judeu que se aproximasse a menos de 10.000 metros de distância de Jerusalém, deveria ser imediatamente morto! Os anos que vão do início do governo direto dos romanos sobre a região da Judéia até a completa e final destruição de Jerusalém, são exatamente os anos em que nosso Senhor Jesus viveu e ministrou entre nós e, em que floresceram as primeiras comunidades de cristãos.

O início do governo romano direto sobre a região da Judéia foi marcado por uma grande rebelião. O foco do problema era a cobrança dos impostos. Veja bem, Roma costumava cobrar a manutenção dos seus exércitos de dominação, dos próprios povos dominados. Por aqueles dias, os romanos haviam iniciado um recenseamento, para determinar o tamanho da população, bem como um levantamento dos recursos do país para fins de taxação. Os judeus se rebelaram alegando motivos religiosos. O líder desta rebelião era um homem chamado Judas, o Galileu, que fundou um movimento, de inspiração religiosa, que agrupava pessoas interessadas em lutar pela liberdade.

1. Os Zelotes.

Os romanos reagiram com vigor e, em pouco tempo, liquidaram com a rebelião. Como advertência, contra eventuais futuras rebeliões, os romanos crucificaram dois mil insurretos. Mesmo abalado o movimento de resistência prosseguiu. Os judeus chamavam os rebeldes de “zelotes”. Já para os romanos eles eram “bandidos”.  Junto aos zelotes existia outro grupo, chamado “sicários” – são mencionados somente uma vez no NT em Atos 21:38 - que eram especializados em assassinatos. Esses grupos fustigaram, durante quase 60 anos, os exércitos de ocupação romanos. Com o passar do tempo, o grupo de rebeldes acabou por se transformar em um verdadeiro exército revolucionário.

Esse exército revolucionário conseguiu, no ano 66 d.C – trinta anos depois da morte de Jesus – com grande apoio popular, derrotar os romanos e assumir o governo do país. Roma não podia aceitar tamanha afronta e enviou uma enorme expedição militar para enfrentar os judeus. A campanha dos romanos foi iniciada sob o comando de Vespasiano que comandou o ataque até o ano 69 d.C. Com a morte do imperador Nero[2], em 68 d.C., Vespasiano retornou a Roma para ser empossado imperador. Tito, filho de Vespasiano, levou avante as forças romanas. O que seguiu foi um massacre sem piedade.

OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:

001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo

002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001

003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.

004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —

005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.

006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.

007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.

008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.

009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.

010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.

011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.

012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.

013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.

014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.

015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12

016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13

017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A

017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B

017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C

017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D

018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A

018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B

019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A

019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B

020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17


Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.



[1] Barth, Karl. Church Dogmatics. Volume I, Parte 2. T & T Clark, Edinburgh, 1956.

[2] O imperador Nero Claudius Caesar Augustus Germanicus era também conhecido como Nero Claudius Drusus Germanicus, nasceu em 15 de Dezembro do ano 37 d.C. em Antium na região de Latium – centro-oeste da Itália moderna – e veio a falecer aos 9 de Junho de 68 a.D. na cidade de Roma. Seu nome era, originalmente, Lucius Domitius Ahenobarbus, e ele foi o quinto imperador romano de 54 a 68 d.C. Nero era filho adotivo e tornou-se herdeiro do imperador Cláudio – Tiberius Claudius Caesar Augustus Germânicus. Nero tornou-se notório por sua vida devassa e extravagante. Estudos recentes laçam profundas dúvidas sobre sua fama tanto como incendiário como quanto perseguidor dos cristãos.

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