domingo, 23 de setembro de 2012

ESTUDO DA VIDA DE JESUS – PARTE 1 – ESTUDO 005

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Fortaleza de Massada


Essa é uma série cujo propósito é estudar, com profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.


Lição 005 – A Revelação de Deus em Jesus e o Fim das Religiões —2.


O último foco da resistência judaica se concentrou em uma fortaleza, praticamente inexpugnável, localizada no deserto, próximo ao mar Morto, chamada: Fortaleza de Massada. Ali, cerca de 1.000 judeus, entre homens, mulheres e crianças resistiram aos romanos durante 3 anos, até que, por fim, foram derrotados. Às vésperas da invasão da fortaleza pelos romanos, os homens judeus, mataram seus próprios familiares e em seguida cometeram suicídio. Quando os romanos, finalmente, arrebentaram com as portas da fortaleza, tudo o que encontraram foram os corpos ensanguentados e sem vida, dos resistentes. De qualquer maneira, Roma havia enviado um recado bem claro contra todos os que se atrevessem a se levantar novamente contra o império.

Uma última palavra acerca dos Zelotes, torna-se necessária, para enfatizar o fato de que o movimento daqueles homens era essencialmente religioso, tanto em sua inspiração quanto em seu objetivo. Nos dias que antecederam o advento dos romanos na Palestina, um sentimento de que Israel constituía-se em uma Teocracia[1] estava bastante em voga, especialmente porque os membros de uma família sacerdotal se alternavam no poder. Ou seja, a tribo de Levi, naqueles dias, mandava tanto na religião quanto no poder político em Israel. Este sentimento, de que Israel era uma Teocracia, foi muito ampliado e levado a conclusões catastróficas, a partir da dominação romana sobre a Palestina. Para os judeus daqueles dias, e especialmente para os Zelotes, ser um estado Teocrático, significava acreditar que o povo de Israel era a nação escolhida por Deus, que Deus mesmo era o Rei sobre Israel, governando através dos sacerdotes, que Deus era o único amo e Senhor do povo de Israel e que a terra de Israel e todos os seus recursos pertenciam exclusivamente a Deus. Por todos estes motivos, aceitar e se submeter ao senhorio romano, era considerado um verdadeiro ato de infidelidade contra Deus. Para os judeus daqueles dias e que viviam imersos nesta imaginação teocrática, pagar tributo a César era dar a César o que pertencia exclusivamente a Deus – ver Marcos 12:14—17 e refletir sobre as implicações das palavras de Jesus. Os Zelotes eram, portanto, judeus fiéis, zelosos da lei, da soberania e realeza de Deus, porém, como diz o apóstolo Paulo, sem verdadeiro entendimento.

2. Os Fariseus.

Os Fariseus - Φαρισαῖοι – Farisaîoi – eram um grupo de homens que surgiu entre os chamados “Hassidim” ou “os pios”, que foram homens que lutaram ao lado de Judas, o Macabeu, visando libertar o povo judeu do jugo estrangeiro. Eles também eram ferrenhamente nacionalistas, mas a vasta maioria deles tinha severas restrições quanto a empunhar armas para combater os romanos. Isto se devia a um único motivo: os Fariseus eram muito práticos e achavam que as chances de vencer os romanos eram tão pequenas que, realmente, não valia à pena provocá-los e, muito menos, enfrentá-los. Por este motivo os Fariseus haviam voltado seus interesses, não para resolver a questão representada pelos exércitos de ocupação romanos e sim, para promover uma reforma religiosa no seio do povo de Israel. Para os Fariseus, Deus havia permitido que os judeus caíssem sob o jugo representado pela ocupação romana, por causa da infidelidade do povo de Israel com relação tanto à Lei de Deus quanto às tradições dos pais.

Os Fariseus tinham por norma, mesmo sob veementes protestos, pagar os impostos devidos ou cobrados pelos romanos. Esta era a única coisa que eles tinham em comum com os outros judeus. A partir daí, os fariseus se organizavam em comunidades extremamente fechadas e, que não mantinham quaisquer relações com nenhuma pessoa que não fosse estritamente fiel à lei, bem como às tradições dos anciãos. Os Fariseus, naqueles dias, se separavam daqueles a quem se referiam como os “amhares”, ou seja, o “povo da terra”. Eles se julgavam o remanescente fiel de Israel. O próprio nome “Fariseu”, originário da palavra hebraica פרש parash – que significava: tornar distinto, declarar, distinguir, separar. Assim, ao resolverem chamar a si mesmos de “Fariseus”, estes homens queriam indicar que eles eram “os separados” por excelência. Eles se achavam os únicos verdadeiramente “santos” e constituíam-se no “verdadeiro povo de Israel”. Curiosamente, os Fariseus se tornaram nos heróis do povo comum, que preferia se identificar mais com uma observância estrita da Lei, representada pelos Fariseus, do que com os ricos e bem conectados Saduceus – ver acerca do Saduceus em outro estudo a ser publicado mais adiante

Os Fariseus procuravam o reconhecimento e a aceitação por parte de Deus, mediante a observância de atos e rituais externos em forma de atos piedosos, tais como: lavagens cerimoniais, jejuns, orações, e esmolas. Por este motivo, a moral religiosa representada por eles era, em sua maior parte, legalista e burguesa. Era tudo uma questão de recompensa e castigo. Para aqueles homens, Deus amava e recompensava a todos os que cumpriam a lei e detestava a todos os que não a cumpriam. Por este motivo, orgulhavam-se de seus atos externos, boas obras para serem vistas por todos, enquanto, comparativamente, eram negligentes na prática genuína da piedade que envolve a justiça, a misericórdia, a fé e o amor de Deus – ver Mateus 6:1—7 e 16—18; ver também Mateus 23:23 e Lucas 11:42.  

Os Fariseus também mantinham, de forma persistente, a fé na existência de anjos bons e maus, de acordo com a angelologia desenvolvida pela literatura apocalíptica[2], especialmente aquela produzida entre os profetas Malaquias e João Batista, no período entre os testamentos. Eles também acreditavam na vinda do Messias e, tinham esperança de que os mortos, após uma experiência preliminar de recompensa ou penalidade no Hades, seriam novamente chamados à vida pelo Messias, e seriam recompensados, cada um de acordo com suas obras individuais. Em oposição à dominação da família de Herodes e do governo romano, os Fariseus, de forma decisiva, sustentavam a teocracia e a causa do seu país, e tinham grande influência entre o povo comum. O historiador judeu Flávio Josefo[3] nos informa que, quando os romanos tentaram impor um decreto que obrigava, via juramento, a obediência a César, cerca de 6.000 fariseus se recusaram a assinar o documento, e isto fez com que os romanos acabassem por desistir de impor aquela lei.

Os Fariseus eram o mais visível e o mais vocal, dentre todos os grupos de inimigos que Jesus teve. Eles também se tornaram os mais ferrenhos e amargos inimigos da causa do Evangelho. Por este motivo foram duramente repreendidos por Jesus, especialmente, por causa da avareza, ambição, confiança vazia nas obras externas, e aparência de piedade a fim de ganhar popularidade. Mais adiante neste estudo teremos a oportunidade de observar “in loco” estas confrontações.

OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:

001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo

002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001

003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.

004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —

005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.

006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.

007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.

008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.

009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.

010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.

011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.

012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.

013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.

014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.

015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12

016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13

017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A

017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B

017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C

017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D

018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A

018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B

019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A

019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B

020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17


Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.



[1] Forma de governo em que a autoridade, emanada dos deuses ou de Deus, é exercida por seus representantes na Terra

[2] Literatura Apocalíptica Classificação que é dada a um corpo literário que registra um tipo de pensamento que floresceu no judaísmo após o profeta Malaquias, e até os dias do Cristianismo primitivo – de 165 a.C. – 120 d.C. Este corpo literário foi produzido, com o fim de fornecer uma descrição de certos eventos futuros, que iriam culminar com a destruição do domínio do mal no mundo, de forma abrupta. Esta destruição é referida em alguns livros apocalípticos como absoluta, com o holocausto de tudo o que existe. Outros preferem ver este processo de destruição como uma grande purificação, por meio do fogo, e que seria seguida por uma era áurea onde os justos ressuscitados viveriam.

[3] Flavius Josephus — Flávio Josefo - nasceu em Jerusalém entre 37—38 d.C. tendo falecido em Roma entre os anos 100—110 d.C. e, cujo nome original era José Ben Matthias, era um sacerdote judeu partidário dos Zelotes — partido judeu dos tempos de Cristo, que se opunha à dominação romana, como incompatível com a soberania do Deus de Israel — e que sobreviveu a um dos muitos massacres realizados pelos romanos durante a insurreição que culminou com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Ver artigo anterior — http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2012/09/estudo-da-vida-de-jesus-parte-1-estudo_21.html
Talvez cansado de tantas guerras e matanças, Josefo se entregou ao então, general e, posteriormente, imperador romano Vespasiano. Por causa deste ato os judeus o consideram um traidor. Josefo era um estudioso das tradições e da história do povo judeu. Após ter se entregado a Vespasiano, Josefo serviu no exército romano sob as ordens de Tito, filho de Vespasiano. Depois a destruição de Jerusalém e da dispersão dos judeus, Josefo tornou-se o historiador oficial do povo judeu por determinação e patrocínio dos romanos. Após alguns anos como historiador, Roma concedeu a Josefo o título de cidadão romano. Suas obras foram: 1) A História das Guerras dos Judeus – escrito entre 75 a 79 d. C.; 2) Antiguidades dos Judeus – c. 95 d.C.; 3) Contra Ápion, que é uma defesa da religião judaica como existia nos dias de Josefo e contra o paganismo então existente; e 4) Vida de Josefo, que é sua autobiografia. Josefo escreveu originalmente em arábico e suas obras foram posteriormente traduzidas para o grego.

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