Fortaleza de Massada
Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, a vida do Senhor Jesus como apresentada nos quatro Evangelhos. No
final de cada estudo você irá encontrar links para outros estudos. A Série tem
o título Geral de: Jesus Confronta a Religião, a Sociedade e a Cultura.
Lição 005 – A Revelação
de Deus em Jesus e o Fim das Religiões —2.
O
último foco da resistência judaica se concentrou em uma fortaleza, praticamente
inexpugnável, localizada no deserto, próximo ao mar Morto, chamada: Fortaleza
de Massada. Ali, cerca de 1.000 judeus, entre homens, mulheres e crianças
resistiram aos romanos durante 3 anos, até que, por fim, foram derrotados. Às
vésperas da invasão da fortaleza pelos romanos, os homens judeus, mataram seus
próprios familiares e em seguida cometeram suicídio. Quando os romanos,
finalmente, arrebentaram com as portas da fortaleza, tudo o que encontraram
foram os corpos ensanguentados e sem vida, dos resistentes. De qualquer
maneira, Roma havia enviado um recado bem claro contra todos os que se
atrevessem a se levantar novamente contra o império.
Uma
última palavra acerca dos Zelotes, torna-se necessária, para enfatizar o fato de
que o movimento daqueles homens era essencialmente religioso, tanto em sua
inspiração quanto em seu objetivo. Nos dias que antecederam o advento dos
romanos na Palestina, um sentimento de que Israel constituía-se em uma
Teocracia[1]
estava bastante em voga, especialmente porque os membros de uma família sacerdotal
se alternavam no poder. Ou seja, a tribo de Levi, naqueles dias, mandava tanto
na religião quanto no poder político em Israel. Este sentimento, de que Israel
era uma Teocracia, foi muito ampliado e levado a conclusões catastróficas, a
partir da dominação romana sobre a Palestina. Para os judeus daqueles dias, e
especialmente para os Zelotes, ser um estado Teocrático, significava acreditar
que o povo de Israel era a nação escolhida por Deus, que Deus mesmo era o Rei
sobre Israel, governando através dos sacerdotes, que Deus era o único amo e
Senhor do povo de Israel e que a terra de Israel e todos os seus recursos
pertenciam exclusivamente a Deus. Por todos estes motivos, aceitar e se
submeter ao senhorio romano, era considerado um verdadeiro ato de infidelidade
contra Deus. Para os judeus daqueles dias e que viviam imersos nesta imaginação
teocrática, pagar tributo a César era dar a César o que pertencia
exclusivamente a Deus – ver Marcos 12:14—17 e refletir sobre as implicações das
palavras de Jesus. Os Zelotes eram, portanto, judeus fiéis, zelosos da lei, da
soberania e realeza de Deus, porém, como diz o apóstolo Paulo, sem verdadeiro
entendimento.
2. Os Fariseus.
Os
Fariseus - Φαρισαῖοι –
Farisaîoi – eram um grupo de homens que surgiu entre os chamados “Hassidim” ou
“os pios”, que foram homens que lutaram ao lado de Judas, o Macabeu, visando
libertar o povo judeu do jugo estrangeiro. Eles também eram
ferrenhamente nacionalistas, mas a vasta maioria deles tinha severas restrições
quanto a empunhar armas para combater os romanos. Isto se devia a um único
motivo: os Fariseus eram muito práticos e achavam que as chances de vencer os
romanos eram tão pequenas que, realmente, não valia à pena provocá-los e, muito
menos, enfrentá-los. Por este motivo os Fariseus haviam voltado seus
interesses, não para resolver a questão representada pelos exércitos de
ocupação romanos e sim, para promover uma reforma religiosa no seio do povo de
Israel. Para os Fariseus, Deus havia permitido que os judeus caíssem sob o jugo
representado pela ocupação romana, por causa da infidelidade do povo de Israel
com relação tanto à Lei de Deus quanto às tradições dos pais.
Os
Fariseus tinham por norma, mesmo sob veementes protestos, pagar os impostos
devidos ou cobrados pelos romanos. Esta era a única coisa que eles tinham em
comum com os outros judeus. A partir daí, os fariseus se organizavam em
comunidades extremamente fechadas e, que não mantinham quaisquer relações com
nenhuma pessoa que não fosse estritamente fiel à lei, bem como às tradições dos
anciãos. Os Fariseus, naqueles dias, se separavam daqueles a quem se referiam
como os “amhares”, ou seja, o “povo da
terra”. Eles se julgavam o remanescente fiel de Israel. O próprio nome
“Fariseu”, originário da palavra hebraica פרש – parash –
que significava: tornar distinto, declarar, distinguir, separar. Assim, ao resolverem
chamar a si mesmos de “Fariseus”, estes homens queriam indicar que eles eram
“os separados” por excelência. Eles se achavam os únicos verdadeiramente
“santos” e constituíam-se no “verdadeiro povo de Israel”. Curiosamente, os
Fariseus se tornaram nos heróis do povo comum, que preferia se identificar mais
com uma observância estrita da Lei, representada pelos Fariseus, do que com os
ricos e bem conectados Saduceus – ver acerca do Saduceus em outro estudo a ser
publicado mais adiante
Os
Fariseus procuravam o reconhecimento e a aceitação por parte de Deus, mediante
a observância de atos e rituais externos em forma de atos piedosos, tais como: lavagens
cerimoniais, jejuns, orações, e esmolas. Por este motivo, a moral religiosa
representada por eles era, em sua maior parte, legalista e burguesa. Era tudo
uma questão de recompensa e castigo. Para aqueles homens, Deus amava e
recompensava a todos os que cumpriam a lei e detestava a todos os que não a cumpriam.
Por este motivo, orgulhavam-se de seus atos externos, boas obras para serem
vistas por todos, enquanto, comparativamente, eram negligentes na prática
genuína da piedade que envolve a justiça, a misericórdia, a fé e o amor de Deus
– ver Mateus 6:1—7 e 16—18; ver também Mateus 23:23 e Lucas 11:42.
Os
Fariseus também mantinham, de forma persistente, a fé na existência de anjos
bons e maus, de acordo com a angelologia desenvolvida pela literatura
apocalíptica[2],
especialmente aquela produzida entre os profetas Malaquias e João Batista, no
período entre os testamentos. Eles também acreditavam na vinda do Messias e,
tinham esperança de que os mortos, após uma experiência preliminar de
recompensa ou penalidade no Hades, seriam novamente chamados à vida pelo
Messias, e seriam recompensados, cada um de acordo com suas obras individuais.
Em oposição à dominação da família de Herodes e do governo romano, os Fariseus,
de forma decisiva, sustentavam a teocracia e a causa do seu país, e tinham
grande influência entre o povo comum. O historiador judeu Flávio Josefo[3]
nos informa que, quando os romanos tentaram impor um decreto que obrigava, via
juramento, a obediência a César, cerca de 6.000 fariseus se recusaram a assinar
o documento, e isto fez com que os romanos acabassem por desistir de impor
aquela lei.
Os
Fariseus eram o mais visível e o mais vocal, dentre todos os grupos de inimigos
que Jesus teve. Eles também se tornaram os mais ferrenhos e amargos inimigos da
causa do Evangelho. Por este motivo foram duramente repreendidos por Jesus,
especialmente, por causa da avareza, ambição, confiança vazia nas obras
externas, e aparência de piedade a fim de ganhar popularidade. Mais adiante
neste estudo teremos a oportunidade de observar “in loco” estas confrontações.
OUTROS ESTUDOS ACERCA DA VIDA DE JESUS PODEM SER ENCONTRADOS NOS LINKS ABAIXO:
001 — Estudos Na Vida de Jesus — Porque Jesus Veio a Este Mundo
002 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 001
003 — Estudos na Vida de Jesus — O Registro Escrito Acerca de Jesus — Parte 002.
004 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões —
005 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 2.
006 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 3.
007 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 4.
008 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 5.
009 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 6.
010 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 7.
011 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 8.
012 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 9.
013 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 10.
014 — Estudos Na Vida de Jesus — A Revelação de Jesus e o Fim das Religiões — Parte 11.
015 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 12
016 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 13
017 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14A
017 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14B
017 C — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14C
017 D — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 14D
018 A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15A
018 B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 15B
019A — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16A
019B — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 16B
020 — Estudos na Vida de Jesus — A Revelação de Deus e o Fim das Religiões — Parte 17
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS.
Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde
já agradecemos a todos.
[1] Forma de governo em que a
autoridade, emanada dos deuses ou de Deus, é exercida por seus representantes
na Terra
[2] Literatura Apocalíptica – Classificação que é dada a um corpo
literário que registra um tipo de pensamento que floresceu no judaísmo após o
profeta Malaquias, e até os dias do Cristianismo primitivo – de 165 a.C. – 120
d.C. Este corpo literário foi produzido, com o fim de fornecer uma descrição de
certos eventos futuros, que iriam culminar com a destruição do domínio do mal
no mundo, de forma abrupta. Esta destruição é referida em alguns livros
apocalípticos como absoluta, com o holocausto de tudo o que existe. Outros
preferem ver este processo de destruição como uma grande purificação, por meio
do fogo, e que seria seguida por uma era áurea onde os justos ressuscitados
viveriam.
[3] Flavius Josephus — Flávio
Josefo - nasceu em Jerusalém entre 37—38 d.C. tendo falecido em Roma entre os
anos 100—110 d.C. e, cujo nome original era José Ben Matthias, era um sacerdote
judeu partidário dos Zelotes — partido judeu dos tempos de Cristo, que se
opunha à dominação romana, como incompatível com a soberania do Deus de Israel —
e que sobreviveu a um dos muitos massacres realizados pelos romanos durante a
insurreição que culminou com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Ver
artigo anterior — http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2012/09/estudo-da-vida-de-jesus-parte-1-estudo_21.html
Talvez
cansado de tantas guerras e matanças, Josefo se entregou ao então, general e,
posteriormente, imperador romano Vespasiano. Por causa deste ato os judeus o
consideram um traidor. Josefo era um estudioso das tradições e da história do
povo judeu. Após ter se entregado a Vespasiano, Josefo serviu no exército
romano sob as ordens de Tito, filho de Vespasiano. Depois a destruição de
Jerusalém e da dispersão dos judeus, Josefo tornou-se o historiador oficial do
povo judeu por determinação e patrocínio dos romanos. Após alguns anos como
historiador, Roma concedeu a Josefo o título de cidadão romano. Suas obras
foram: 1) A História das Guerras dos Judeus – escrito entre 75 a 79 d. C.; 2)
Antiguidades dos Judeus – c. 95 d.C.; 3) Contra Ápion, que é uma defesa da
religião judaica como existia nos dias de Josefo e contra o paganismo então
existente; e 4) Vida de Josefo, que é sua autobiografia. Josefo escreveu
originalmente em arábico e suas obras foram posteriormente traduzidas para o
grego.
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