quinta-feira, 29 de novembro de 2012

INTRODUÇÃO AO PENTATEUCO - PARTE 4



Este estudo é parte de uma breve introdução ao Antigo Testamento. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da Antiga Aliança. No final de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo 

Capítulo 4 – Introdução ao Pentateuco – Parte 4

O Nascimento do Povo de Deus

שְׁמַע יִשְׂרָאֵל יְהוָה אֱלֹהֵינוּ יְהוָה אֶחָד
                    Ehad   Adonai  Eloheinu   Adonai   Israel     Shemá                       
              
                   Um é  O SENHOR Nosso Deus O SENHOR Israel Ouve               


Deuteronômio 6:4
IV. Quem escreveu o Pentateuco?

A. Autoria e consenso tradicional.

Os Dez Mandamentos e Moisés

O Pentateuco contém várias citações sobre a composição de algumas de suas partes. Há duas referências claras a Moisés como sendo o autor de Êxodo 20—23, que é conhecido como “Livro da Aliança – ver Êxodo 24:4 e 7. O texto também afirma que Moisés escreveu os Dez Mandamentos sob a orientação do Senhor – ver Êxodo 34:27—28. Existem também, pelo menos dois outros incidentes, que de acordo com o texto foram diretamente preservados pela escrita de Moisés – ver Êxodo 17:14 e Números 33:2 e versos seguintes. Há também referências claras de que Moisés é o autor de partes do livro de Deuteronômio – ver Deuteronômio 31: 9,19,22,24.

Além da atividade literária de Moisés, as palavras de Deus são frequentemente introduzidas por meio de frases como: “Disse mais o Senhor a Moisés” – ver Levítico 4:1. Aliás, a maior parte do conteúdo de Êxodo a Deuteronômio está relacionada, de alguma forma, à vida e ao ministério de Moisés. Ele foi a figura histórica central durante o período descrito entre os livros do Êxodo e Deuteronômio. Esse fato, associado a todas as evidências internas, leva à tradição quase incontestada da autoria mosaica do Pentateuco.


 
  Flávio Josefo

Moisés. O Novo testamento refere-se ao Pentateuco usando expressões do tipo: “Moisés” ou “Lei de Moisés” – ver Lucas 24:27, 44.Tanto o historiador judeu Flavio Josefo[1] quanto o Mishná[2] aceitavam a autoria mosaica do Pentateuco. O Talmude[3] refere-se aos cinco primeiros livros da Bíblia como “os Livros de Moisés”.

B. Abordagens críticas modernas.

A teoria da Evolução de Charles Darwin afetou, inclusive, os estudos teológicos.

Apesar da tradição mais antiga sobre a autoria mosaica de o Pentateuco ser bastante difundida, desde o início ela teve seus críticos. Mas foi só no começo do século XIX, sob a forte influência do Iluminismo[4] Filosófico, que o consenso tradicional foi violentamente agredido, quando um grupo de estudiosos do Antigo Testamento, especialmente alemães, desafiou frontal e abertamente a idéia da autoria mosaica do Pentateuco. A combinação do pensamento iluminista dos séculos XVII e XVIII com a teoria da evolução do século XIX resultou em uma onda, quase inacreditável, de especulação sobre as origens do Pentateuco.

1. A Ciência Bíblica chamada de “Crítica da Bíblia.”

Immanuel Kant

Um dos ramos mais importantes da Teologia é chamado de a ciência do Criticismo Bíblico. A expressão “criticismo” soa mal aos nossos ouvidos e por este motivo devemos envidar todos os esforços possíveis para impedir que nossos preconceitos acerca da mesma não nos atrapalhem na hora de analisarmos as questões levantadas pelo Criticismo Bíblico. Para nos ajudar vamos usar a definição que o Dicionário Aurélio Século XXI oferece para o verbete “Criticismo”: Do alemão “Kritizismus” diz respeito à posição metodológica própria do kantismo, filosofia criada pelo filósofo alemão Immanuel Kant, caracterizada por considerar que a análise crítica da possibilidade, da origem, do valor, das leis e dos limites do conhecimento racional, deve ser o ponto de partida da reflexão filosófica[5]. Assim sendo a ciência do Criticismo Bíblico tem como seu objeto o estudo da história e do conteúdo, das origens e do propósito dos vários livros — 66 ao todo — contidos na Bíblia. A ciência do Criticismo Bíblico foi dividida, em seus estágios iniciais, em dois ramos: Baixa Crítica e Alta Crítica — estes termos são rigorosamente acadêmicos.

Um Manuscrito Antigo

·       A Baixa Crítica — Esta expressão foi usada para designar o estudo do texto das Escrituras Sagradas que inclui uma investigação e catalogação dos manuscritos antigos, com atenção especial sendo dada às assim chamadas leituras variantes. Leva também em conta o material contido nas várias versões e traduções antigas. O objetivo desta ciência é nos fornecer um texto bíblico que seja o mais próximo possível dos autógrafos originais como foram inspirados pelo próprio Deus. Isto é necessário porque os autógrafos originais não existem mais. Por se relacionar diretamente ao texto bíblico, a baixa Crítica é também chamada de Crítica Textual ou Crítica do Texto. É graças ao trabalho destes críticos que podemos ter em nossas mãos hoje, cópias impressas do Antigo Testamento em hebraico, da Septuaginta em grego, do Novo Testamento em grego e da Vulgata em latim, por exemplo.
              
              
Ø    Antigo Testamento em Hebraico

              

Ø    Novo Testamento em Grego

              

Ø    Septuaginta em Grego

              

Ø    Vulgata Latina


·    A Alta Crítica — Esta expressão foi usada para designar o estudo do conteúdo, da autoria, do local onde o material foi originalmente escrito, da data aproximada da composição, dos destinatários, do propósito, da aceitação no cânon da Escrituras Sagradas e etc., dos livros bíblicos. Estes aspectos são geralmente discutidos em compêndios chamados de “Introdução ao Antigo ou Novo Testamento”. A Alta Crítica como podemos ver assume várias formas e por este motivo está desmembrada em vários sub-ramos:


Ø           Crítica Linguística — Trata do uso da língua utilizada nas composições. No caso da Bíblia se ocupa primariamente, mas não exclusivamente, da análise do hebraico, do aramaico e do grego.


Ø    Crítica Literária — Busca analisar as composições bíblicas como obras literárias discutindo os vários “tipos de literatura” que existem na Bíblia onde encontramos: narrativas históricas, poesias, biografias, parábolas, relatos de acontecimentos, epístolas e etc.


Ø    Crítica da Forma — Procura recuperar as unidades da tradição que existiam em circulação antes que o material fosse fixado na forma escrita.


Ø    Crítica Histórica — Discute os aspectos históricos envolvidos como a data da composição, a citação de nomes de pessoas e locais, os usos e costumes da época e etc.


Ø   Crítica de Redação — Estuda o estilo utilizado pelo compositor para produzir o material final. Analisa também a possibilidade da existência de outros “redatores” na apresentação final do material.


Ø   Crítica da Fonte — Procura discutir ou descobrir o material original —fonte — que teria sido utilizado para a composição em discussão.

Como podemos ver a ciência da Crítica da Bíblia é da maior importância, pois serve como uma poderosa força auxiliar na interpretação da Palavra de Deus. Através das pesquisas produzidas pelos críticos uma verdadeira inundação de informações acerca da Bíblia é produzida de forma constante. Infelizmente nem tudo o que é produzido, especialmente pelo ramo chamado de Alta Crítica, é valioso. Existem, em muitos casos, conclusões ou definições que estão mais baseadas na interpretação subjetiva do crítico do que na evidência crua apresentada pelos fatos.   

Assim é que sob a pretensão de esclarecer absolutamente tudo com o uso da razão e de forma empírica, o que muitos destes críticos nos oferecem, na grande maioria dos casos, não passa de verdadeiros contos da carochinha! Como veremos, no caso específico do Pentateuco, a grande maioria das conclusões subjetivas foi baseada em um único elemento: o estilo de escrita usado nos cinco livros de Moisés. Hoje sabemos que quanto mais poderoso for um autor mais versátil será seu poder de expressão e isto faz com que conclusões alcançadas e que estejam baseadas quase que exclusivamente na análise do estilo de um autor sejam muito inseguras.

C. Críticas da origem - fonte - e da redação.

 
Baruque Espinosa

A primeira pedra do fantasioso castelo que iremos estudar em seguida foi colocada pelo filósofo judeu holandês Bento ou Baruque Spinosa[6]. Entre suas muitas posições pouco ortodoxas encontrava-se sua sugestão de que era bem possível que a maior parte do Pentateuco — תּוֹרָה toráhinstrução, lei ou ensino — teria sido composto séculos após Moisés. Sua idéia não foi levada a sério até que o Empirismo Filosófico, precursor do Iluminismo, produziu uma série de atitudes mais favoráveis com relação ao ceticismo histórico e à rejeição do sobrenatural. Em seu tratado intitulado “Tratado Teológico Político” publicado em 1670, Spinosa expressou a opinião — temos sempre que nos lembrar que opinião é como o nariz: todo mundo tem o direito de ter um! — de que o Pentateuco dificilmente poderia ter sido escrito por Moisés. Para justificar esta opinião ele forneceu dois argumentos:

·       O autor do Pentateuco se refere a Moisés na terceira pessoa do singular “ele” em vez de usar a primeira pessoa do singular “eu”.


·       Moisés não poderia ter escrito acerca da sua própria morte como está apresentado em Deuteronômio 34.


Quarto Livro de Esdras

Spinosa, completamente enfatuado pelas idéias acima, sugeria então que Esdras, que viveu mil anos depois de Moisés, era o verdadeiro autor do Pentateuco. Spinosa não declara a origem de suas idéias, mas sabemos que esse conceito, acerca de o Pentateuco ter sido escrito por Esdras, advém de um livro pseudoepigáfico[7] chamado de “4 Livro de Esdras”. Este livro que existe em várias versões, foi provavelmente, escrito originalmente em Hebraico. Todavia não existe nenhuma cópia conhecida deste livro em hebraico atualmente. As cópias existentes estão escritas em latim, siríaco — língua falada pelos antigos sírios antes da dominação árabe — etiópico, arábico — duas versões diferentes — e armênio.

 
Imperador Adriano

Estudiosos acreditam que estas traduções foram feitas de uma cópia escrita em grego e que também não existe mais. A cópia mais antiga existente atualmente está em latim e foi grafada por volta do ano 120 d.C., por um copista ou redator, durante o império de Adriano[8]. Neste livro de 4 Esdras encontramos no capítulo 14, que trata da sétima visão de Esdras, especialmente nos versos 18—48, uma descrição de como Deus apareceu a Esdras, já no fim da sua vida, e lhe ordenou que colocasse por escrito toda a revelação do A. T., inclusive aquela dada a Moisés. Segundo esse relato, Esdras acompanhado de cinco escribas — Seraia, Dabria, Selemia, Elkana e Osiel — embrenhou-se no campo onde permaneceu por quarenta dias recebendo e ditando revelações da parte de Deus. Durante este período, ainda de acordo com a narrativa do 4 Livro de Esdras, cerca de 94 livros foram ditados e grafados. Destes, vinte e quatro — estes são os livros que constituem o cânon hebraico do A. T. — deveriam ser revelados ao povo em geral enquanto que os outros setenta deveriam ser revelados somente para os sábios! Ai está, como diria Abelardo Barbosa, na teologia como na “televisão, nada se cria, tudo se copia”. Independente destes fatos, a idéia “sugerida” por Spinosa, serviria de base para a formulação daquilo que foi chamado de “Hipótese Documentária” feita pelos estudiosos alemães Graf Kuenen e Julius Wellhausen aproximadamente duzentos anos depois de Spinosa — chamada de teoria de Graf—Wellhaussen.

Antes de entrarmos na análise da história da Hipótese Documentária temos que dizer, com relação às colocações feitas por Spinoza acima, o seguinte:

Xenofontes

·       Quanto a Moisés ter escrito na terceira pessoa – ele – em vez de na primeira pessoa – eu – constitui-se argumento fraquíssimo pelo que segue: muitos autores da Antiguidade, alguns extremamente famosos, como o poeta grego Xenofontes[9] e o general romano Júlio César[10] se referiram a si mesmos, em suas narrativas históricas, exclusivamente na terceira pessoa – ele.

 
Júlio César

·       Quanto à nota mortuária encontrada em Deuteronômio 34 não existe nenhuma indicação no texto bíblico de que a mesma tenha sido escrita por Moisés, tendo provavelmente sido acrescentada por Josué ou outro contemporâneo. Mas este detalhe não põe em dúvida a autoria Mosaica de todo o resto do livro de Deuteronômio que está coberto de reivindicações de ser obra da lavra de Moisés.


Outros artigos acerca da Introdução ao Antigo Testamento

A. O Texto do Antigo Testamento

001 – O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

002 – A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

003 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 1 = Os Escribas e O Texto Massorético — TM

004 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 2 = O Texto Protomassorético e o Pentateuco Samaritano

005 – A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 3 = Os Manuscritos do Mar Morto e os Fragmentos da Guenizá do Cairo

006 - A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 4 = A Septuaginta ou LXX

007 - A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 5 = Os Targuns e Como Interpretar a Bíblia

B. A Geografia do Antigo Testamento

001 – INTRODUÇÃO E MESOPOTÂMIA

002 – O EGITO

003 – A SÍRIA—PALESTINA

C. A História do Antigo Testamento

001 — OS PATRIARCAS DA NAÇÃO DE ISRAEL

002 — NASCE A NAÇÃO DE ISRAEL

003 — A NAÇÃO DE ISRAEL: O REINO UNIDO

004 — O REINO DIVIDIDO E O CATIVEIRO BABILÔNICO

D. A Introdução ao Pentateuco

001 — O PENTATEUCO — O QUE É E DO QUE TRATA O PENTATEUCO


002 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — OS TEMAS PRINCIPAIS DO PENTATEUCO — PARTE 1

003 — O PENTATEUCO — PARTE 2 — OS TEMAS PRINCIPAIS DO PENTATEUCO — PARTE 2

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

O material contido neste estudo foi, em parte, adaptado e editado das seguintes obras, que o autor recomenda para todos os interessados em aprofundar os conhecimentos acerca do Antigo Testamento:

Bibliografia


Arnold, Bill T. e Beyer, Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001.

Archer, Gleason L. Jr. A Survey of the Old Testament. The Zondervan Corporation, Grand Rapids, 1980.

Champlin, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia, e Filosofia. Editora Hagnos, São Paulo, 6ª Edição, 2002.

Francisco, Edson de Faria. Manual da Bíblia Hebraica – Introdução ao Texto Massorético. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo, 1ª Edição, 2003.

Harrison, Roland Kenneth. Introduction to the Old Testament. William B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, 1979.

The Fundamentals. Edição Eletrônica disponível na Internet, 2006.

Walton, John H. Chronological Charts of The Old Testament. The Zondervan Corporation, Grand Rapids, 1978.

Würthwein, Ernst. The Text of the Old Testament. William B. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, Reprinted, 1992.

Enciclopédias e Softwares

__________Biblioteca Digital da Bíblia. Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, 2006.

__________The Lion Handbook to the Bible. Lion Publishing, Herts, 1978.

__________The New Encyclopaedia Brtannica. Encyclopaedia Britannica Inc., Chicago, 15th Edition, 1995.

Moisés, Os Dez Mandamento, O Livro da Aliança, Deuteronômio, Autoria do Pentateuco, Alta Crítica, Baixa Crítica, Criticismo Bíblico, Hipótese Documentária, Baruque Espinosa, 4 Livro de Esdras,



[1] Flavius Josephus — Flávio Josefo — nasceu em Jerusalém entre 37—38 d.C tendo falecido em Roma entre os anos 100—110 d.C, e cujo nome original era José Ben Matthias era um sacerdote judeu partidário dos Zelotes — partido judeu dos tempos de Cristo, que se opunha à dominação romana, como incompatível com a soberania do Deus de Israel — e que sobreviveu a um dos muitos massacres realizados pelos romanos durante a insurreição que culminou com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Talvez cansado de tantas guerras e matanças Josefo se entregou ao então general e posteriormente imperador romano Vespasiano. Por causa deste ato os judeus o consideram um traidor. Josefo era um estudioso das tradições e da história do povo judeu. Após ter se entregado a Vespasiano, Josefo serviu no exército romano sob as ordens de Tito, filho de Vespasiano. Após a destruição de Jerusalém e da dispersão dos judeus Josefo tornou-se o historiador oficial do povo judeu por determinação e patrocínio dos romanos. Após alguns anos como historiador, Roma concedeu a Josefo o título de cidadão romano. Suas obras foram: 1) A História das Guerras dos Judeus – escrito entre 75—79 d. C.; 2) Antiguidades dos Judeus – c. 95 d.C.; 3) Contra Ápion, que é uma defesa da religião judaica como existia nos dias de Josefo e contra o paganismo então existente; e 4) Vida de Josefo que é sua autobiografia. Josefo escreveu originalmente em arábico e suas obras foram posteriormente traduzidas para o grego.

[2] Mishná que também pode ser escrito como Mishnah significa em hebraico “estudo repetido” e cujo plural é Mishnayot. O Mishná é a mais antiga e autoritativa coleção e codificação da legislação judaica pós Antigo Testamento. Esta coleção foi sistematizada por inúmeros estudiosos, chamados de “tannanim”, durante um período superior a duzentos anos. Essa codificação assumiu sua forma definitiva no início do século III d.C. pelas mãos do estudioso conhecido como Judah ha-Nasi. O objetivo da coleção encontrada no Mishná era suplementar as leis escritas que estão registradas no Pentateuco. No Mishná podemos encontrar, na forma escrita, a interpretação seletiva de inúmeras tradições que haviam sido preservadas na forma oral, com algumas destas tradições sendo bastante antigas e datando dos dias de Esdras c. 450 a.C.

[3] O Talmude consiste de vastas anotações e comentários feitos ao Mishná. Os estudiosos que produziram estes materiais são chamados de “amoraim”. Existem duas tradições: 1) A primeira produziu o que ficou conhecido como o Talmude Palestino – Talmude Yerushalami — por volta do ano 400 d.C.; 2) A segunda produziu o massivo Talmude Babilônico — Talmude Bavli — por volta do ano 500 d.C. As tradições são completamente independentes. Por ter demorado mais para ser escrito e por ser bem mais extenso, o Talmude Babilônico é mais estimado que o Talmude Palestino. 

[4] De acordo com Umberto Padovani e Luís Castagnola em História da Filosofia, Editora Melhoramentos, São Paulo, 13ª Edição, 1981, o Iluminismo foi um movimento cultural europeu surgido entre a revolução inglesa — c. 1668 — e a revolução francesa — c. 1789. O nome é derivado do seu intento de iluminar, com a razão, o obscurantismo da tradição; a história não constitui uma lenta subida humana para a civilização, mas o desvio de uma condição ideal originária, para a qual a razão deveria levar de novo a humanidade. As fontes principais do Iluminismo estão na filosofia do Racionalismo e do Empirismo. O Racionalismo fornece ao Iluminismo o método crítico, a atitude demolidora da tradição, para instaurar a luz, a evidência, a clareza e a distinção da razão. E o Empirismo contribui para tudo isso proporcionando um procedimento simples a fim de reconstruir toda a realidade por elementos primitivos mediante o mecanismo e o associacionismo.

[5] Dicionário Aurélio Século XXI, versão 3.0, produzido por Lexikon Informática Ltda. São Paulo, 1999. 

[6] Bento de ou Baruque Spinosa nasceu em Amsterdã, na Holanda, em 24 de Novembro de 1632. Era filho de pais judeus portugueses que haviam emigrado de Portugal para a Holanda por causa da maior tolerância religiosa que lá existia. Spinosa assumiu desde muito cedo uma coleção de opiniões muito pouco ortodoxas. Tornou-se panteísta e aos vinte e quatro anos de idade – 1656 – foi solenemente excomungado da comunidade judaica sob a alegação de “praticar e ensinar heresias abomináveis”. Spinosa faleceu aos 21 de Fevereiro de 1677 em Haia, também na Holanda.
 
[7] Livros Pseudoepigráficos são livros pertencentes a uma coleção literária produzida entre 400 a.C. a 100 d.C. que possuem como característica o título ou nome de autor falso.

[8] Adriano — também chamado de Hadriano, sobrinho e sucessor do imperador Trajano. Hadriano comandou o império romano de 117—138 d.C., e foi o responsável pela unificação e consolidação do império. Seu nome de nascença era Publius Aelius Hadrianus e seu nome oficial era Caesar Traianus Hadrianus Augustus. Nasceu em 24 de Janeiro de 76 d.C., na região chamada de Itálica Baetica — provavelmente onde fica a Espanha moderna — e faleceu em 10 de Julho de 138 d.C., em Baeia, perto de Nápoles na Itália.

[9] Xenofontes, poeta grego nascido por volta de 560 a.C. em Colophon na Jônia veio a falecer por volta de 478 a.C. Além de poeta foi também pensador religioso e é reputado por alguns, mas há controvérsias, como o fundador da escola Eleática de filosofia. Esta escola ensinava a unidade de todas as coisas contra outras que ensinavam a diversidade entre as coisas. Esta escola também ensinava que aquilo que vemos é aparente e não real. Aos 25 anos de idade Xenofontes imigrou para as colônias itálicas na Sicília e na Itália meridional.  Viveu viajando cantando como aedo suas próprias composições, das quais alguns fragmentos chegaram até nós.

[10] Júlio César cujo nome em Latim é Gaius Julius Caesar nasceu em 12 ou 13 de Julho do ano 100 a.C em Roma e foi assassinado, também em Roma, em 15 de Março de 44 a.C. Júlio César foi um herói romano bastante celebrado tanto como general quanto como estadista. Conquistou a região da Gália — França Moderna — em longa campanha que se estendeu de 58—50 a.C. Foi também o general vitorioso no conturbado período de guerra civil de 49—46 a.C., e governou, como ditador, no período que vai desde sua vitória na guerra civil até seu assassinato nos famigerados “idos de março” de 44 a.C. Antes de ser assassinado Júlio César estava implementando uma série de reformas políticas e sociais. Um grupo de homens da elite romana, não satisfeitos com as reformas, acabou por se mancomunar para tirar-lhe a vida de uma maneira traiçoeira. Durante seu assassinato teria pronunciado as notórias palavras dirigidas a seu “fiel” amigo Brutus, no momento em que este alvejava Júlio César com um punhal: “até tu, Brutus!”.  

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