O irmão Vilson Scholz que é
também Dr. em Novo Testamento, nos fez um enorme favor ao publicar o artigo que
reproduzimos abaixo retirado da Edição Número 239 da revista “A
Bíblia no Brasil”.
Como sabemos os negócios
envolvendo a venda de Bíblias são multibilionários, mas parece que alguns
editores acham que “VALE TUDOI” para denegrir a publicação dos outros para
promoverem suas próprias. O artigo do irmão Vilson desmistifica essa mentira
chamada de “Almeida Fiel” e nos apresenta a realidade, verdadeiramente
excruciante, enfrentada pelos tradutores sérios das Escrituras Sagradas para
nos fornecer uma Bíblia sempre mais legível e que reflita, da melhor forma
possível, a intenção dos autores originais.
Recomendamos de todo coração a
leitura do artigo abaixo.
Os “mil erros” da Bíblia de Almeida
por
Vilson Scholz[1]
Sempre de
novo se lê e se ouve, na forma de uma frase solta, que a tradução de Almeida
contém mais de mil erros. Em determinado site,
por exemplo, aparece esta afirmação: “Um tradutor conhecido dos brasileiros, o
protestante João Ferreira de Almeida, reconhece que sua tradução tem dois mil
erros”. Diante disso, cabe perguntar: O que há de verdade por trás disso?
Esse tipo
de afirmação a respeito da tradução de Almeida encerra um misto de verdade e
mentira. Verdade é que a primeira edição do Novo Testamento de Almeida,
publicada em 1681, saiu com erros, que foram detectados pelo próprio Almeida.
Como assim? Acontece que Almeida preparou o manuscrito da tradução no Oriente,
na cidade de Batávia (hoje Jacarta), na ilha de Java, mas a impressão foi feita
na Europa, em Amsterdã, na Holanda. E que erros eram esses? Acima de tudo erros
tipográficos, envolvendo, por exemplo, cedilhas e acentos. (Alguns dos “erros”
detectados por Almeida não são nada disso, à luz da grafia moderna do
português. É o caso, por exemplo, da grafia de “criada”, que Almeida acabaria
alterando para criada.)
Mas
Almeida verificou também a presença de erros de conteúdo, inseridos, ao que
tudo indica, por revisores holandeses. Detectados os problemas, as autoridades
da época determinaram que todos os exemplares dessa primeira impressão do Novo
Testamento em português fossem destruídos. Entretanto, essa ordem não foi
seguida à risca no Oriente. Em 1683, na cidade de Batávia, apareceu algo como
uma “segunda impressão” desse Novo Testamento. Era uma edição corrigida à mão,
com nova folha de rosto e uma advertência ao leitor, em duas páginas, escrita
por Almeida. Nela, Almeida assim se expressa (em ortografia atualizada):
“Porquanto este Novo Testamento, (sic)
em ausência do Tradutor foi impresso, ocorreram nele muitas faltas; das quais
as principais, conforme o Índice que logo após esta Advertência segue, com a
pena vão emendadas, para que dele vos possais servir entre tanto que [=até que] na segunda Impressão, que com o
divino favor presto [=logo] à luz há de sair, tudo emendado venha”. (Herculano
Alves, A Bíblia de João ferreira Annes d´Almeida, p. 276). Nessa “edição
corrigida”, Almeida introduziu alterações, a mão, em 144 versículos do Novo Testamento,
listado no referido Índice. Somando-se a isso as correções de grafia, o número
sobe para mais de mil. (Se alguém estranha a ocorrência de erros de impressão,
que leia a “Nota sobre o texto”, na Introdução a “O Senhor dos Anéis”, de
Tolkien. Ali consta que, desde a publicação do primeiro volume, em 1954,
Tolkien esteve às voltas com “correções” não autorizadas, feitas por
impressores e linotipistas! Introduzir tais “correções” era muito mais fácil
antes do advento da editoração eletrônica. Hoje, essa possibilidade de
“corrigir” um texto ficou bastante reduzida, ocorrendo apenas quando um editor
decide intervir.)
E o que é
mentira nessa história dos mil ou dois mil erros da tradução de Almeida?
Mentira é não especificar de que tipo de erros se trata. Mentira é dar a
entender, pela ênfase que se dá a este assunto, que só a tradução de Almeida
tinha problemas e que outras traduções são infalíveis e não precisam de
retoques. Nos tempos antigos (e, em parte ainda hoje), conseguir uma Bíblia
impressa sem erros tipográficos somente era possível ao final de um processo de
sucessivas revisões e reimpressões. Mas a mentira maior é dizer que esses erros
não foram corrigidos. O próprio Almeida corrigiu à mão alguns daqueles
exemplares impressos em 1681 e, como mostra a citação acima, prometeu correções
para a segunda edição, que acabaria sendo publicada em 1693.
Tudo isso
mostra que Almeida Corrigida não é
uma ideia nova, pois a necessidade de correções acompanha a tradução desde o
seu início. Ela passou a ser usada pela igreja de fala portuguesa, na distante
cidade de Batávia, já como uma edição corrigida!
Afirmar que esses erros (quantos são pouco importa) não foram corrigidos nas
edições posteriores é querer negar o que os títulos das edições de Almeida
indicam: Almeida Revista e Corrigida;
Almeida Revista e Atualizada.
Por outro
lado, a constatação de que, desde o início, houve necessidade de correções na
tradução de Almeida mostra que é problemática essa noção de “Almeida fiel”. A que edição alguém se refere quando
cita uma Almeida fiel? No caso do Novo Testamento, é a edição de 1681, a
corrigida de 1683, a segunda edição de 1693, ou qual? No meu entender, a edição
mais fiel da Bíblia de Almeida é a que expressa o significado do original da
forma mais atualizada possível, segunda a intenção do seu tradutor; dar ao povo
do seu tempo a palavra de Deus em bom português. Se a tradução não reproduz o
original ou faz uso de linguagem inadequada, é preciso corrigir. É melhor
corrigir do que perpetuar um erro. Foi o que Almeida fez. Felizmente.
Para meditar:
2 Timóteo 3:16—17 na Nova
Tradução da Linguagem de Hoje
16 Pois toda a Escritura Sagrada
é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir
as faltas e ensinar a maneira certa de viver.
17 E isso para que o servo de
Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas
ações.
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
página no facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] Vilson
Scholz tem doutorado na área de Novo Testamento e é consultor de Tradução da
Sociedade Bíblica do Brasil.
Tem um erro neste post. No final, pra meditar, o texto citado é no capitulo 3 da segunda carta a Timóteo.
ResponderExcluirAté.
Muito Obrigado,
ExcluirO erro já foi corrigido graças à sua atenção.
Abraço,
irmão Alex
Tenho notado que geralmente os leitores no Brasil são muito despreocupados com a Verdade, pois acreditam que a Verdade é relativa. E acabam não se preocupando em saber por exemplo, a qualidade da Versão da Biblia que utilizam.
ResponderExcluirÉ claro que nunca saberemos de tudo, porem, não faria sentido algum, existir uma biblia, se sua interpretacao fosse livre. Com certeza nao era isso o que Deus queria, e quando o povo decidiu entender a lei da forma que lhe parecia melhor, passaram a criar um bezerro de ouro, e magoaram a Deus.
O semaforo verde é siga, o vermelho é pare. Interpretar de forma diferente poderá ser a diferenca entre a vida e a morte.
Do mesmo modo a Biblia é completamente inspirada e util, tornando o homem completamente compentente para qualquer objetivo. Sem duvida, a Biblia nao pode ter um entendimento subjetivo, ou livre, ou relativo como muitos entendem.
A verdade então é com certeza uma só.
Também não estão atentos no sentido de que existem traduções e versões, e que as versões entram no campo da exegese, trazendo muito da interpretação do principal envolvido ao verter a mensagem na nossa lingua. Ele sera influenciado pelas crencas dele.
No entanto o ideal seria procuras as chamadas traducoes da Biblia, e nao as versoes, se o leitor quiser realmente um entendimento mais proximo possivel do texto original.
Gosto de conversar sobre estes assuntos, sempre com muito respeito.
Qual o conceito que o senhor tem sobre Verdade?
E, o senhor indica alguma tradução? Na qual o senhor mesmo confie?
E obrigado por ter visto meu comentario.
Junior
Meu caro Júnior,
ExcluirOs termos versão e tradução são muito próximos em português. Por isso eu posso me referir a uma tradução da Bíblia na versão de João Ferreira de Almeida "Revista e Corrigida" e etc.
Mas existem de fato, Bíblias que não são traduções e sim "interpretações" feitas por seus autores. Nós chamamos esse tipo de Bíblia de "Paráfrase". Em português temos algumas paráfrases, tais como:
1. A Bíblia Viva.
2. A Mensagem
Meu conceito quanto a verdade é que existe apenas uma verdade revelada por Deus de duas maneiras:
1. A verdade viva que o próprio Senhor Jesus Cristo - ver João 14:6
2. A verdade escrita que é a Bíblia ou a Palavra de Deus - ver João 17:17.
Eu uso para meus estudos pessoais e preparação dos meus sermões e estudos - como fica evidente através dos mais de 1350 artigos contido no Blog - a Versão de João Ferreira de Almeida "Revista e Atualizada"
Espero ter podido te ajudar.
Abraço,
irmão Alex
A Bíblia é o livro mais adulerado de todos os tempos...
ResponderExcluir