Concepção Artística dum Anjo das Nações
Atenção
esse artigo é parte de uma série onde pretendemos tratar dos alegados encontros
de poder e de curas maravilhosas que nos são apresentadas todos os dias pelos
pastores midiáticos. No final de cada estudo você encontrará links para outros
estudos.
II. OS PODERES — PARTE 11 — OS
ANJOS DAS NAÇÕES — PARTE 1
ἀγγέλους τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações.
A fascinante idéia de
que existem anjos designados para as nações da terra é um assunto bastante
antigo. Nossa primeira evidência Bíblia encontra-se em:
Deuteronômio
32:8—9
8
Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando separava os filhos
dos homens uns dos outros, fixou os limites dos povos, segundo o número dos
filhos de Israel.
9
Porque a porção do SENHOR é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança.
Mesmo nesse contexto,
alguns consideram Deuteronômio 32:7b como parte dessa tradição primária:
"pergunta a teu pai, e
ele te informará, aos teus anciãos, e eles to dirão".
A referência de
Deuteronômio 32:8—9 é utilizada, porque o texto hebraico diz “filhos de
Israel”, enquanto a LXX — Septuaginta — diz: “filhos de Deus”, i.e. anjos.
Todavia a descoberta
de um manuscrito hebraico em Qumran que cita, textualmente, a expressão “filhos
de Deus”, parece apontar para a correção da tradição representada pela LXX.
Muitas versões modernas trazem essas informações em notas de rodapé, como, por
exemplo: a Nova Versão Internacional e a Almeida Século 21. Apesar dessas
traduções não assumirem de fato, a expressão “filhos de Deus” ou “anjos de
Deus” é, provavelmente, a mais
apropriada e verdadeira.
A discussão toda está
assentada ao redor do numeral 70, com base:
A. Na tábua das
Nações de Gênesis 10.
B. No número de
descendentes de Jacó que desceram com ele até o Egito conforme Êxodo 1:5.
Apesar do fato que algumas cópias hebraicas do livro de Êxodo mencionarem 75
descendentes, em vez de 70.
C. No número de
discípulos que Jesus enviou de dois em dois para pregarem o evangelho conforme
Lucas 10:1.
O Targum Palestino
O Targum[1]
Palestino, por sua vez, reflete esse duplo conhecimento e sinteza os mesmo em
uma única afirmação. Segundo o Targum o Deus Altíssimo dividiu a humanidade
“entre os setenta anjos, os príncipes das nações”, durante a dispersão da Torre
de babel. Naquele mesmo tempo: “Deus estabeleceu os limites das nações de
acordo com a soma total das setenta almas que desceram com Jacó para o Egito —
o Targum Onkelos segue o Texto Massorético nessa padssagem.
O Targum
Onkelos
O Targum, todavia,
fez algo mais do que apenas combinar duas leituras. Ele também amalgamou essas
leituras com
Daniel
10:13, 20—21
13
Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém
Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória
sobre os reis da Pérsia.
20
E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe
dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.
21
Mas eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há
que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe.
onde os anjos
guardiões da Pérsia, da Grécia e de Israel — Miguel — são chamados de ἄρχοντες —
árchontes
— príncipes. A versão de Teodoreto usa ἄρχων
— árchon — governante,
sete vezes em Daniel 10, como uma referência direta a esses três guardiões. Já
a LXX usa ἄρχων — árchon — governante,
exclusivamente para se referir a Miguel. Os outros, anjos da Pérsia e da Grécia
são chamados de στράτηγος — strátegos — chefe. O targum, dessa maneira, serve
como uma prova adicional que o versão de Teodoreto reflete melhor o original.
I. ἀγγέλους τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos
das nações.
A conexão entre anjos
ou “príncipes” das nações e o os “filhos de Deus”, também se encontra refletida
em Isaías 41—46 e 48, onde descobrimos o ETERNO
em uma רִיב — riyb
— contenda legal diante dum concílio celestial, no qual Ele chama as nações
pagãs para ouvirem o Seu caso — ver também
Oséias
4:1
Ouvi
a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda
com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento
de Deus.
O processo
verdadeiro, todavia, não é contra as nações em si mesmas e sim com seus
ídolos-deuses. Uma vez que a tradição dos Israelitas identificou desde longa
data os “filhos de Deus” ou os “filhos dos deuses”, com o concílio celestial e
esse concílio foi identificado com os anjos, é perfeitamente compreensível que
ainda na Antiguidade os deuses das nações pagãs tenham sido percebidos como os
anjos guardiões apontados sobre cada uma delas. As menções que encontramos em
Daniel 10, no Targum de Jerusalém e nos Manuscritos do Mar Morto, já possuíam
uma longa história.
A leitura de
Isaías
34:1—5
1 Chegai-vos, nações, para ouvir, e vós,
povos, escutai; ouça a terra e a sua plenitude, o mundo e tudo quanto produz.
2
Porque a indignação do SENHOR está contra todas as nações, e o seu furor,
contra todo o exército delas; ele as destinou para a destruição e as entregou à
matança.
3
Os seus mortos serão lançados fora, dos seus cadáveres subirá o mau cheiro, e
do sangue deles os montes se inundarão.
4
Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um
pergaminho; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide e a folha da
figueira.
5
Porque a minha espada se embriagou nos céus; eis que, para exercer juízo, desce
sobre Edom e sobre o povo que destinei para a destruição.
parece indicar que a
ira do ETERNO contra todas as nações inclui também os elementos estelares.
Quando as nações são entregue à destruição, temos a nítida impressão que as
hostes celestiais também são atingidas conforme o verso 5 acima.
Será que ao olharmos
a passagem de Isaías acima estamos diante de uma situação, encontrada
posteriormente com muita frequência, que o julgamento dos poderes terrestres
será precedido pelo julgamento de suas contrapartidas celestiais?
Comentário
Mekilta
“No futuro, o Deus
Santo, bendito seja ele, irá punir os reinos, somente depois de punir seus
anjos guardiões, como está dito: ‘E acontecerá naquele dia, que o Senhor punirá
as hostes celestiais no mais alto dos céus, e somente depois ele punirá os reis
da terra sobre a mesma’” — comparar com Isaías 24:21.
Comentários Midrash Rabbah
Comentários Midrash Rabbah
O mesmo é verdadeiro do
Midrash[3]
conhecido como Exodus Rabba que em 21:5, afirma: Deus não derruba nenhuma
nação, sem antes destruir o anjo guardião da mesma primeiro”.
CONTINUA....
LISTAS DOS ESTUDOS DE ENCONTROS DE PODER
001 — Introdução =
002 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Expressões Diversas
003 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀρχῆ — arché e ἄρχων — árchon.
004 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἐξουσίαις – exousías – potestades, autoridades.
005 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δυνάμεις — dunámeis — poderes.
006 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Θρόνοι— thrónoi — tronos.
007 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = κυριοτῆς — kuriotês — domínio.
008 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ὀνόματι — onómati — nome.
009 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἄγγελοs — ággelos — anjo.
010 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δαιμονίον — daimoníon — demônio, πνεῦμα τὸ πονηρὸν — pneûma tò poniròn — espírito maligno, ἀγγέλους τε τοὺς μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχὴν— angélous te toùs me terèsantas tèn eautôn archèn — anjos, os que não guardaram o seu estado original ou anjos caídos.
011 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações.
012 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 2.
013 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 3 — Final.
014 — A Evidência do Novo Testamento – Parte 1 — Introdução
015 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 2 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 1
016 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 2
017 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — Romanos 13:1—3
018 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 4 — As Passagens Disputadas — Romanos 8:31—39
019 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 5 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 1
020 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 6 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 2
021 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 7 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 1
022 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 8 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 2
023 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 9 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 1
024 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 10 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 2
025 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 11 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 3
026 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 12 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 4
027 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 13 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 5
028 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 14 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 6
029 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 15 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 7 — A DESTRUIÇÃO DA MORTE E DE SEUS ALIADOS
030 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS POR MEIO DE E PARA O PRÓPRIO CRISTO
031 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES
032 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES —PARTE 002
033 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 17 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 001
034 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 18 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 002
035 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 19 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 003
036 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 20 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 004
037 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 21 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 005
038 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 22 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 006
039 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 23 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 007
040 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 24 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 008
041 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 25 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 009
042 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 26 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 010
043 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 27 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 011 — O PRÍNCIPE DA POTESTADE DO AR
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/encontros-de-poder-043-evidencia-do.html
Que Deus
abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a
todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook
através do seguinte link:
Desde já
agradecemos a todos.
[1] Targum, no plural targumim é o
nome dado às traduções, paráfrases e comentários em aramaico da Bíblia hebraica
(Tanak) escritas e compiladas em Israel e Babilônia, da época do Segundo Templo
até o início da Idade Média, utilizadas para facilitar o entendimento dos
judeus que não falavam o hebraico como língua mãe, e sim o aramaico.
[2] Mekhilta or Mekilta é uma coleção de regras de interpretação, que foram desenvolvidas para se fazer um interpretação “tipo midrash” do livro de êxodo. O nome “Mekilta” corresponde ao hebraico “middah” = medida ou regra e é usado para indicar uma compilação de exegeses das Escrituras. As duas Mekiltas mais famosas são: 1) a do Rabino Ismael; 2) a do rabino Simon.
[3] O termo hebraico Midrash;
plural midrashim, "história" de "investigar" ou
"estudo" é um método homilético da exegese bíblica. O termo também se
refere à compilação integral dos ensinamentos homiléticos sobre a Bíblia.
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