quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Gênesis - Estudo 010 - - A Criação - Parte 9 — O SEGUNDO E O TERCEIRO DIA



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Este estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo 

O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas

בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ 
            Eretz   ha  ve-et  Hashamaim  et      Elohim        Bará     Bereshit
            Terra   a      e        céus       os        Deus         criou   princípio No
Gênesis 1:1

Continuação do Estudo Anterior

C. O Segundo Dia –

E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas. Fez, pois, Deus o firmamento e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez. E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve tarde e manhã, o segundo dia — Gênesis 1:6—8.

Após a luz ter sido separada das trevas e do primeiro dia ter acontecido, o mesmo foi sucedido pelo segundo dia. Nesse dia o Criador criou uma divisão no meio da massa caótica de água — naquilo que foi chamado de תְהוֹם tehom — o abismo em Gênesis 1:2. Esta מַבְדִּיל mabeddiyl — separação foi chamada por Deus de - רָקִיעַ raquiyafirmamento e serviu para separar a água que envolvia o planeta em duas partes. O firmamento corresponde a esta expansão que nós chamamos de céu e que a ciência moderna chama de atmosfera — camada de ar que envolve a Terra e que tem a aparência “azulada” devido à presença de oxigênio na mesma. Assim, Deus separou as águas que cobriam a terra em duas partes: a primeira foi mantida sobre a superfície da terra que continuava completamente imersa em água; a segunda foi colocada acima do firmamento como um “cinturão” em volta da terra.

 
Atmosfera

D. O Terceiro Dia –

Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim se fez. À porção seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento das águas, Mares. E viu Deus que isso era bom. E disse: Produza a terra relva, ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez. A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom. Houve tarde e manhã, o terceiro dia — Gênesis 1:9—13.

O trabalho desse terceiro dia se dividiu em duas partes que estão intimamente relacionadas:
1. Em primeiro lugar Deus ordenou que as águas abaixo do firmamento i.e., as águas que continuavam sobre a superfície da terra, se ajuntassem de tal maneira que uma parte sólida e seca pudesse aparecer. Esta parte não mais coberta pelas águas foi chamada de יַּבָּשָׁה yabbashah — porção seca. De que maneira as águas foram ajuntadas? Teria sido pelo afundamento de certas partes da crosta terrestre ou pela elevação da porção seca de dentro das águas? Não sabemos, pois a Bíblia não nos informa como este processo aconteceu. Nossa melhor opção é pensar que foi uma combinação das duas coisas, depressão e elevação, mencionadas acima. Mesmo assim não possuímos nenhuma explicação física de como estas coisas aconteceram. A descrição poética desse ato da criação como encontramos no Salmo 104:1—9 e, especialmente, no verso 8 também não pode ser utilizada para nos dizer, exatamente, como Deus causou o ajuntamento das águas e o surgimento da porção seca. Mas vale à pena citarmos a Salmo textualmente:

 
Pangeia

Salmos 104:1—9

1 Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR, Deus meu, como tu és magnificente: sobrevestido de glória e majestade,

2 coberto de luz como de um manto. Tu estendes o céu como uma cortina,

3 pões nas águas o vigamento da tua morada, tomas as nuvens por teu carro e voas nas asas do vento.

4 Fazes a teus anjos ventos e a teus ministros, labaredas de fogo.

5 Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não vacile em tempo nenhum.

6 Tomaste o abismo por vestuário e a cobriste; as águas ficaram acima das montanhas;

7 à tua repreensão, fugiram, à voz do teu trovão, bateram em retirada.

8 Elevaram-se os montes, desceram os vales, até ao lugar que lhes havias preparado.

9 Puseste às águas divisa que não ultrapassarão, para que não tornem a cobrir a terra –.

Esta parte, agora completamente seca, foi chamada de אֶרֶץ eretz – terra que é a mesma palavra utilizada para descrever o planeta Terra como um todo também.

O mar

O lugar onde as águas foram ajuntadas abaixo do firmamento foi chamado de יַמִּים yammim – mares, que literalmente é um plural de majestade e não se refere a um plural numérico. Existia somente um e enorme mar que circundava a porção seca por todos os lados. Esse é o aspecto que dá a impressão ao Salmista — linguagem poética — que a terra i.e., a porção seca, está fundada ou estabelecida sobre os mares —

Salmos 24:1 – 2

1 Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.

2 Fundou-a ele sobre os mares e sobre as correntes a estabeleceu.

Assim temos que terra e mar são os dois principais elementos que constituem o globo terrestre e que a separação dos mesmos concluiu a formação do nosso planeta. A expressão hebraica יַמִּים yammim — mares inclui também os rios que correm para o mar, bem como os lagos que são vistos como pequenos destacamentos ou fragmentos do próprio mar. Uma vez nominados — terra e mares — estes dois elementos que constituem nosso planeta, recebem o carimbo de aprovação de Deus, o que os torna permanentes.

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Florestas     

2. O segundo ato criador de Deus neste terceiro dia, que é o revestimento da porção seca com relva, ervas e árvores frutíferas está, como mencionamos, intimamente relacionado com o primeiro ato. Em resposta ao mandamento de Deus, a terra produziu imediatamente דֶּשֶׁא deshe — relva ou vegetação; עֵשֶׂב eseb — ervas ou plantas; e עֵץ פְּרִי etz peryi — árvores frutíferas que incluem as árvores das quais se extraem a madeira como os cedros ou os pinheiros. Essas três classes descrevem toda a variedade de espécies produzidas pelo reino vegetal. A primeira palavra דֶּשֶׁא deshe descreve todo tipo de grama nova, erva verde, vegetação etc., como o que lemos em.

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Relva

Salmos 23:2a

Ele me faz repousar em pastos verdejantes.

 
Milharal
A segunda palavra עֵשֶׂב eseb descreve todas as plantas herbáceas — planta que tem a consistência e o porte de erva[1] e que incluem o milho e todos os legumes, além dos tubérculos e das folhas comestíveis. A terceira expressão עֵץ פְּרִי etz peryi — árvores frutíferas inclui todas as árvores frutíferas, todos os arbustos e todas as árvores das quais extraímos a madeira. Essas são todas as árvores que produzem frutos em cujos se encontram as devidas sementes. A expressão עַל־הָאָרֶץ yal ha eretz – sobre a terra, não deve ser emendada à expressão “árvores frutíferas”, como se estas fossem superiores e as únicas a produzir seus frutos “sobre a terra”. Na realidade a expressão “sobre a terra” indica que tudo o que foi produzido pela mesma teve o propósito de servir como ornamento e cobertura para a própria terra. Tanto as árvores frutíferas como as ervas e as gramas brotaram da terra, cada uma conforme a sua própria espécie, trazendo consigo mesmas o poder de produzir frutos com suas respectivas sementes, visando à própria multiplicação e a propagação da sua própria espécie.

Árvores 

O texto bíblico deixa claro que, ao comando de Deus, a terra, em um ato contínuo, produziu como um verdadeiro milagre, “relva, ervas e árvores frutíferas” já maduras e prontas para florir e iniciar o processo de multiplicação. A própria terra foi utilizada por Deus como um meio na criação das plantas, uma vez que lemos que foi Deus quem ordenou dizendo: “produza a terra”. Essa última expressão serve para aniquilar por completo o conceito ou a noção de que exista uma tal de “mãe natureza”, que age de maneira independente e a quem nós devemos honrar e respeitar. Nós devemos respeitar a natureza apenas como resultado da nossa compreensão que foi Deus quem a criou e por este motivo ela é boa e não deve ser destruída e sim aproveitada sem ser, todavia, explorada à exaustão. A natureza terrestre é como todo o resto do universo, fruto do poder onipotente de Deus onde as árvores são chamadas à existência antes mesmo que suas sementes existissem ou tivessem a chance de se expandirem gradualmente sob a influência dos raios solares e das chuvas! E assim o terceiro dia foi completado.

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042 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 005 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 001

043 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 006 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 002 — OS NEGROS SÃO AMALDIÇOADOS?

044 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 007 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 003 — A CONTRIBUIÇÃO DOS FILHOS DE NOÉ PARA A HUMANIDADE

045 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/genesis-estudo-045-tabua-das-nacoes.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.


[1] Planta não lenhosa, cujas partes aéreas vivem menos de um ano, o que limita o seu tamanho, podendo as partes subterrâneas ser vivazes ou exuberantes.

2 comentários:

  1. O quanto eu procurei estudos bíblicos nessa profundidade e sem querer encontrei. A minha dúvida era o que era/é exatamente o firmamento e foi sanada aqui... Muito obrigado pelo tempo e conteúdo disponibilizado e que o Senhor abençoe a você e a sua família.

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    Respostas
    1. Caro Rodrigo,

      Obrigado por ler algo que escrevemos e tomar do teu tempo para fazer um comentário.

      Ficamos contentes que nosso estudo te ajudou.

      Toda glória seja dada a Deus e que apenas o nome de Jesus seja engrandecido.

      Abraço fraterno,

      irmão Alex

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