sábado, 22 de fevereiro de 2014

PARÁBOLAS DE JESUS - Lucas 9:57—62 — A PARÁBOLA DOS PÁSSAROS NO CÉU E DA RAPOSA — SERMÃO 024

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Ilustração de Jesus conversando com candidatos a discípulos

Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.


Sermão 024

A PARÁBOLA DOS PÁSSAROS NO CÉU E DA RAPOSA

AS PARÁBOLAS DE JESUS

A Parábola dos Pássaros do Céu e da Raposa – Lucas 9:57—62.

57 Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores.

58 Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.

59 A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.

60 Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus.

61 Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa.

62 Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.

Introdução

A. Existem 39 parábolas contadas por Jesus registradas nos Evangelhos.

B. Essa pequena passagem não é tratada como parte das parábolas, no entanto nós encontramos nela duas comparações concretas entre o simbólico e o real como é característico das parábolas — ver versos 58 e 62.
C. Os três pequenos diálogos precisam ser considerados juntamente, mesmo que o segundo não apresente nenhuma parábola porque os três formam uma unidade e o assunto do qual tratam é similar.

D. É importante destacarmos as pequenas, mas importantes similaridades e dissimilaridades que existem entre esses três pequenos diálogos:

1. No primeiro e no terceiro diálogo a pessoa envolvida é um voluntário — ver versos 57 e 61.

2. A pessoa envolvida no segundo diálogo é um recruta — ver verso 59.

3. No primeiro e no terceiro diálogo Jesus responde usando parábolas — ver versos 58 e 62.

4. No segundo diálogo não temos uma parábola e sim um mandamento direto.

5. O segundo e o terceiro diálogos estão unidos pela referência ao Reino de Deus — ver versos 60 e 62.

E. Hoje iremos nos ocupar somente do primeiro diálogo e da primeira parábola.

I. O Primeiro Diálogo

57 Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores.

58 Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.

A. A parábola não apresenta nenhuma informação que necessite qualquer explicação cultural.

B. Mas talvez a parábola possua dois níveis de compreensão.

1. O primeiro discípulo representa a força centrípeta da missão. Ele é atraído pelo ministério do mestre. Ele não é recrutado por ninguém. Ele quer seguir o Filho do Homem. Mas porque ele quer seguir o Filho do Homem? — ver

Daniel 7:13—14

13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.

14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.

2. Todavia, a perspectiva de seguir a Jesus da parte deste discípulo era superficial, pois ele não entendia que seguir a Jesus implicava em Getsêmani e Gólgota. Mas os leitores de Lucas já haviam sido advertidos acerca dos sofrimentos do Filho do Homem — ver

Lucas 9:22

Dizendo: É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia, ressuscite.

A idéia de seguir um Filho do Homem rejeitado e sofredor era abjeta a todos os judeus do século I. Ver a reação do Sumo Sacerdote em

Marcos 14:53—65

53 E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e reuniram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas.

54 Pedro seguira-o de longe até ao interior do pátio do sumo sacerdote e estava assentado entre os serventuários, aquentando-se ao fogo.

55 E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não achavam.

56 Pois muitos testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os depoimentos não eram coerentes.

57 E, levantando-se alguns, testificavam falsamente, dizendo:

58 Nós o ouvimos declarar: Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e, em três dias, construirei outro, não por mãos humanas.

59 Nem assim o testemunho deles era coerente.

60 Levantando-se o sumo sacerdote, no meio, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti?
61 Ele, porém, guardou silêncio e nada respondeu. Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?

62 Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu.

63 Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes e disse: Que mais necessidade temos de testemunhas?

64 Ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o julgaram réu de morte.

65 Puseram-se alguns a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a dar-lhe murros e a dizer-lhe: Profetiza! E os guardas o tomaram a bofetadas.

3. A resposta de Jesus — ver verso 58 — chama a atenção para o candidato a discípulo para o fato de que ele está se oferecendo para seguir um líder que será rejeitado.

4. O que Jesus quer ensinar, em um primeiro momento é óbvio. Até os pássaros possuem ninhos e as raposas seus covis, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.

5. Mas é possível que exista um segundo significado por traz das palavras usadas por Jesus.

6. O estudioso do Novo Testamento T. W. Manson nos informa que, durante o período entre os dois testamentos a literatura apocalíptica se referia às nações gentílicas como as “aves do céu”.

9. Os amonitas eram chamados pelos Israelitas de raposas, pois eram inimigos políticos dos Israelitas apesar de serem semitas.

7. Da mesma maneira Herodes que era Iduméu era visto como um estrangeiro sentado no trono de Israel. De fato Jesus chama Herodes, de raposa.

8. De acordo com T. W. Manson: “A frase de Jesus faz perfeito sentido com o que acontecia naqueles dias. Todo mundo se sentia confortável em Israel naqueles dias exceto o verdadeiro Israelita. Tanto as aves do céu — os Romanos — quanto a raposa — Herodes — tinham suas posições asseguradas, mas o verdadeiro Israel estava desapossado. E Jesus está dizendo para aquele candidato que: “Se você lançar sua sorte comigo e com os meus você estará se juntando a esse grupo de desapossados e precisa estar pronto para servir a Deus nestas condições”.

9. Esta dimensão política é muitas vezes ignorada pelos pregadores, mas os Evangelhos estão cheios de referências ao fato de que Jesus entendia e sofria com esses aspectos. Por exemplo:

a. O uso da frase críptica: Aquele que tem ouvidos para ouvir que ouça!

b. A resistência de Jesus à disposição do povo de fazê-lo Rei!

c. A necessidade de cruzar o país em direção ao norte para a região da Galiléia —dos gentios — e das províncias não judaicas como Tiro e Sidon.

d. Etc...

10. Quando você vive em um país dominado por um exército estrangeiro — força de ocupação — você não possui liberdade de expressão. É necessário falar da opressão em símbolos. Como os negros escravos usavam os “Spirituals” para falar da opressão e dos planos de fuga.

11. A terra de Israel estava ocupada pelos Romanos e possuía um rei estrangeiro. Espiões abundavam por todos os lados. Qualquer resistência à ordem estabelecida era rigorosamente punida com prisão, torturas e morte.

12. Desta maneira, o que temos diante de nós é, bem possível, o seguinte: Jesus está dizendo para o candidato a discípulo o seguinte “se você quer poder e influência procure “as aves do céu — os romanos”. Siga a “raposa” — Herodes. Pois apesar de todas as suas expectativas, o Filho do Homem permanece sem nenhum poder e sozinho”. “Você quer realmente seguir um Filho do Homem rejeitado?”.

13. A afirmação Cristológica desta passagem é inequívoca: Jesus é o Filho do Homem, mas Seu ministério é um ministério de sofrimento e não de triunfo.

14. O texto não nos diz como este diálogo terminou. Não sabemos se o candidato se decidiu firmemente em dar o primeiro passo, apertando seu cinto e entrando no grupo dos discípulos ou se, surpreso com o preço a pagar, bateu em retirada.

18. Este “voluntário” certamente espelha os candidatos de todas as épocas que querem seguir a Jesus, sem considerar as implicações de seguir um mestre sofredor e rejeitado.

Conclusão:

A. Os ouvintes originais deste diálogo são desafiados a considerar as seguintes verdades:

1. O Filho do Homem não é a figura vitoriosa que você esperava. Ele é também o Homem de Dores que sabe o que é padecer. Você está pronto a andar lado a lado com Ele neste caminho?
B: As implicações Teológicas são as seguintes:

1. Os discípulos de Jesus muitas vezes se esquecem de considerar o custo de seguir a Jesus.

2. Jesus é o Filho do Homem, mas ele não cumpre este papel em poder e aclamação e sim em humildade e rejeição.

3. Discípulos não são de fato recebidos por Jesus até que decidam, de forma consciente, pagar o preço de seguir um líder rejeitado.

4. A missão de Cristo possui uma força centrípeta e alguns são atraídos para dentro da comunhão do grupo dos discípulos.

Na próxima parábola falaremos acerca da “Mão no Arado”.



OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
Que Deus abençoe a todos

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

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