Ilustração de Jesus conversando com candidatos a discípulos
Esse artigo é parte da
série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor
procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com
aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para
os outros artigos dessa série.
Sermão 024
A PARÁBOLA DOS PÁSSAROS
NO CÉU E DA RAPOSA
AS
PARÁBOLAS DE JESUS
A Parábola dos Pássaros
do Céu e da Raposa – Lucas 9:57—62.
57 Indo eles caminho
fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores.
58 Mas Jesus lhe
respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do
Homem não tem onde reclinar a cabeça.
59 A outro disse Jesus:
Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
60 Mas Jesus insistiu:
Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o
reino de Deus.
61 Outro lhe disse:
Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa.
62 Mas Jesus lhe
replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o
reino de Deus.
Introdução
A. Existem
39 parábolas contadas por Jesus registradas nos Evangelhos.
B. Essa
pequena passagem não é tratada como parte das parábolas, no entanto nós
encontramos nela duas comparações concretas entre o simbólico e o real como é
característico das parábolas — ver versos 58 e 62.
C. Os
três pequenos diálogos precisam ser considerados juntamente, mesmo que o
segundo não apresente nenhuma parábola porque os três formam uma unidade e o
assunto do qual tratam é similar.
D. É
importante destacarmos as pequenas, mas importantes similaridades e
dissimilaridades que existem entre esses três pequenos diálogos:
1. No
primeiro e no terceiro diálogo a pessoa envolvida é um voluntário — ver versos
57 e 61.
2. A
pessoa envolvida no segundo diálogo é um recruta — ver verso 59.
3. No
primeiro e no terceiro diálogo Jesus responde usando parábolas — ver versos 58
e 62.
4. No
segundo diálogo não temos uma parábola e sim um mandamento direto.
5. O
segundo e o terceiro diálogos estão unidos pela referência ao Reino de Deus —
ver versos 60 e 62.
E. Hoje
iremos nos ocupar somente do primeiro diálogo e da primeira parábola.
I. O Primeiro Diálogo
57 Indo eles caminho
fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores.
58 Mas Jesus lhe
respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do
Homem não tem onde reclinar a cabeça.
A. A
parábola não apresenta nenhuma informação que necessite qualquer explicação
cultural.
B.
Mas talvez a parábola possua dois níveis de compreensão.
1. O
primeiro discípulo representa a força centrípeta da missão. Ele é atraído pelo
ministério do mestre. Ele não é recrutado por ninguém. Ele quer seguir o Filho
do Homem. Mas porque ele quer seguir o Filho do Homem? — ver
Daniel 7:13—14
13 Eu estava olhando
nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o
Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.
14 Foi-lhe dado
domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as
línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu
reino jamais será destruído.
2.
Todavia, a perspectiva de seguir a Jesus da parte deste discípulo era
superficial, pois ele não entendia que seguir a Jesus implicava em Getsêmani e
Gólgota. Mas os leitores de Lucas já haviam sido advertidos acerca dos
sofrimentos do Filho do Homem — ver
Lucas 9:22
Dizendo: É necessário
que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos
principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia,
ressuscite.
A
idéia de seguir um Filho do Homem rejeitado e sofredor era abjeta a todos os
judeus do século I. Ver a reação do Sumo Sacerdote em
Marcos 14:53—65
53 E levaram Jesus ao
sumo sacerdote, e reuniram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os
escribas.
54 Pedro seguira-o de
longe até ao interior do pátio do sumo sacerdote e estava assentado entre os serventuários,
aquentando-se ao fogo.
55 E os principais
sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o
condenar à morte e não achavam.
56 Pois muitos
testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os depoimentos não eram coerentes.
57 E, levantando-se
alguns, testificavam falsamente, dizendo:
58 Nós o ouvimos
declarar: Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e, em três
dias, construirei outro, não por mãos humanas.
59 Nem assim o
testemunho deles era coerente.
60 Levantando-se o sumo
sacerdote, no meio, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem
contra ti?
61 Ele, porém, guardou
silêncio e nada respondeu. Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse:
És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?
62 Jesus respondeu: Eu
sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com
as nuvens do céu.
63 Então, o sumo
sacerdote rasgou as suas vestes e disse: Que mais necessidade temos de
testemunhas?
64 Ouvistes a
blasfêmia; que vos parece? E todos o julgaram réu de morte.
65 Puseram-se alguns a
cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a dar-lhe murros e a dizer-lhe: Profetiza! E
os guardas o tomaram a bofetadas.
3. A
resposta de Jesus — ver verso 58 — chama a atenção para o candidato a discípulo
para o fato de que ele está se oferecendo para seguir um líder que será
rejeitado.
4. O
que Jesus quer ensinar, em um primeiro momento é óbvio. Até os pássaros possuem
ninhos e as raposas seus covis, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a
cabeça.
5.
Mas é possível que exista um segundo significado por traz das palavras usadas
por Jesus.
6. O
estudioso do Novo Testamento T. W. Manson nos informa que, durante o período
entre os dois testamentos a literatura apocalíptica se referia às nações gentílicas
como as “aves do céu”.
9.
Os amonitas eram chamados pelos Israelitas de raposas, pois eram inimigos
políticos dos Israelitas apesar de serem semitas.
7.
Da mesma maneira Herodes que era Iduméu era visto como um estrangeiro sentado
no trono de Israel. De fato Jesus chama Herodes, de raposa.
8.
De acordo com T. W. Manson: “A frase de Jesus faz perfeito sentido com o que
acontecia naqueles dias. Todo mundo se sentia confortável em Israel naqueles
dias exceto o verdadeiro Israelita. Tanto as aves do céu — os Romanos — quanto
a raposa — Herodes — tinham suas posições asseguradas, mas o verdadeiro Israel
estava desapossado. E Jesus está dizendo para aquele candidato que: “Se você
lançar sua sorte comigo e com os meus você estará se juntando a esse grupo de
desapossados e precisa estar pronto para servir a Deus nestas condições”.
9.
Esta dimensão política é muitas vezes ignorada pelos pregadores, mas os
Evangelhos estão cheios de referências ao fato de que Jesus entendia e sofria
com esses aspectos. Por exemplo:
a. O
uso da frase críptica: Aquele que tem ouvidos para ouvir que ouça!
b. A
resistência de Jesus à disposição do povo de fazê-lo Rei!
c. A
necessidade de cruzar o país em direção ao norte para a região da Galiléia —dos
gentios — e das províncias não judaicas como Tiro e Sidon.
d. Etc...
10.
Quando você vive em um país dominado por um exército estrangeiro — força de
ocupação — você não possui liberdade de expressão. É necessário falar da
opressão em símbolos. Como os negros escravos usavam os “Spirituals” para falar
da opressão e dos planos de fuga.
11.
A terra de Israel estava ocupada pelos Romanos e possuía um rei estrangeiro.
Espiões abundavam por todos os lados. Qualquer resistência à ordem estabelecida
era rigorosamente punida com prisão, torturas e morte.
12.
Desta maneira, o que temos diante de nós é, bem possível, o seguinte: Jesus
está dizendo para o candidato a discípulo o seguinte “se você quer poder e
influência procure “as aves do céu — os romanos”. Siga a “raposa” — Herodes. Pois
apesar de todas as suas expectativas, o Filho do Homem permanece sem nenhum
poder e sozinho”. “Você quer realmente seguir um Filho do Homem rejeitado?”.
13.
A afirmação Cristológica desta passagem é inequívoca: Jesus é o Filho do Homem,
mas Seu ministério é um ministério de sofrimento e não de triunfo.
14.
O texto não nos diz como este diálogo terminou. Não sabemos se o candidato se
decidiu firmemente em dar o primeiro passo, apertando seu cinto e entrando no
grupo dos discípulos ou se, surpreso com o preço a pagar, bateu em retirada.
18. Este “voluntário”
certamente espelha os candidatos de todas as épocas que querem seguir a Jesus,
sem considerar as implicações de seguir um mestre sofredor e rejeitado.
Conclusão:
A. Os
ouvintes originais deste diálogo são desafiados a considerar as seguintes
verdades:
1. O
Filho do Homem não é a figura vitoriosa que você esperava. Ele é também o Homem
de Dores que sabe o que é padecer. Você está pronto a andar lado a lado com Ele
neste caminho?
B:
As implicações Teológicas são as seguintes:
1.
Os discípulos de Jesus muitas vezes se esquecem de considerar o custo de seguir
a Jesus.
2.
Jesus é o Filho do Homem, mas ele não cumpre este papel em poder e aclamação e
sim em humildade e rejeição.
3.
Discípulos não são de fato recebidos por Jesus até que decidam, de forma
consciente, pagar o preço de seguir um líder rejeitado.
4. A
missão de Cristo possui uma força centrípeta e alguns são atraídos para dentro
da comunhão do grupo dos discípulos.
Na
próxima parábola falaremos acerca da “Mão no Arado”.
OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:
001 – O Sal
002 – Os Dois Fundamentos
003 – O Semeador
004 – O Joio e o Trigo =
005 – O Credor Incompassivo
006 — O Grão de Mostarda e o Fermento
007 — Os Meninos Brincando na Praça
008 — A Semente Germinando Secretamente
009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor
011 — A Eterna Fornalha de Fogo
012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha
013 — A Parábola dos Dois Irmãos
014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1
014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2
015 — A Parábola das Bodas —
016 — A Parábola da Figueira
017 — A Parábola do Servo Vigilante
018 — A Parábola do Ladrão
019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente
020 — A Parábola das Dez Virgens
021 — A Parábola dos Talentos
022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos
023 — A Parábola dos Dois Devedores
024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa
025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai
026 — A Parábola da Mão no Arado
027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo
027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1
027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote
027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita
027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano
027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro
027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria
027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final
027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei
028 — A Parábola do Rico Tolo —
029 — A Parábola do Amigo Importuno —
030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé
031 — A Parábola da Figueira Estéril
032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares
033 — A Parábola do Grande Banquete
034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro
035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001
036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002
037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001
037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002
037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003
037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento
037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida
037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
Que
Deus abençoe a todos
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário