Atenção esse artigo é parte de uma série onde pretendemos tratar dos alegados encontros de poder e de curas maravilhosas que nos são apresentadas todos os dias pelos pastores midiáticos. No final de cada estudo você encontrará links para outros estudos.
CONTINUAÇÃO...
Texto Base: EFÉSIOS 1:20—23
20 O qual exerceu ele em Cristo,
ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares
celestiais,
21 acima de todo principado, e potestade, e
poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente
século, mas também no vindouro.
22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e
para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja,
23 a qual é o seu corpo, a plenitude
daquele que a tudo enche em todas as coisas.
A expressão “lugares celestiais” enseja a
pergunta: Existe mais de um céu? Se sim, quantos?
No mundo antigo as pessoas acreditavam que
existiam 7 planetas. Estes eram: a Lua, Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter
e Saturno. Acreditavam também que existiam sete céus ou esferas, uma ao redor
de cada um dos planetas. Em todos os monumentos em honra ao deus Mithra[1]
encontramos sete altares ou piras, consagrados aos sete planetas. Alguns
escritores que procuraram fazer um sincretismo entre o conhecimento pagão e a
revelação Bíblica defendiam a
idéia que as sete lâmpadas do candelabro que Deus mandou Moisés fazer para iluminar o tabernáculo eram
representativas dos sete planetas. Entre estes autores podemos citar o cristão
Orígenes de Alexandria e o judeu Philo Judaeus também de Alexandria.
De acordo com as crenças produzidas pelo
homem desde a mais remota antiguidade, a alma humana desejosa de retornar ao
infinito, que era considerado como o local de onde todas as almas procediam,
precisava ascender da mesma forma como havia descendido através de sete
esferas. Na iniciação dos mistérios de Mithra, o candidato tinha que passar por
sete graus ou estágios de iniciação dos quais uma escada com sete degraus,
representando os sete planetas, era o símbolo. Durante celebração dos mistérios
de Mithra em Roma encontramos novamente a mesma escada com sete degraus que
representavam as sete esferas dos sete planetas. Sincretistas alegam que a visão
que Jacó teve — ver Gênesis 28:11—19 — se refere a esta mesma escada mas a
suposição é presunçosa demais para ser levada a sério. Os mistérios de Mithra
eram normalmente celebrados em cavernas onde havia quatro entradas assinaladas
com os quatro pontos que marcam as estações: dois equinócios[2] e dois
solstícios[3]. Dentro
das cavernas havia também sete portais marcados, cada um, com o nome de um dos
sete planetas, através dos quais os participantes tinham que passar descendo ou
subindo.
Mas de onde teriam surgido estas teorias de
que existem sete céus, e que eram tão comuns na antiguidade, desde a Babilônia
com sua pirâmide vitrificada com sete andares, cada um de uma cor, passando
pela religião iraniana do deus Mithra e culminando com a fusão desta religião
com a filosofia grega nos Mistérios de Mithra? É importante que se diga que
estes Mistérios de Mithra constituíam uma das constituíam uma das religiões
mais influentes nos dias do Novo Testamento.
A história aponta de maneira muito objetiva
para uma lenda egípcia conhecida como “A Visão de Hermes”. De acordo com o
historiador francês e pesquisador das religiões da antiguidade, Édouard Schuré,
esta visão “não estava escrita em papiro algum, apenas existia marcada em
sinais simbólicos nas estrelas pintadas na cripta secreta e só era conhecida do
profeta[4]”. A sua
explicação era transmitida de pontífice para pontífice.
Apesar de não sermos iniciados nos mistérios
de Osíris aqui vão porções da “Visão de Hermes” que nos ajudam a compreender a
idéia que o mundo antigo tinha a respeito do céu os dos céus.
“Em
um certo dia, Hermes adormeceu, após ter meditado sobre a origem das coisas. Um
pesado torpor tomou o seu corpo; mas, à medida que o corpo entorpecia o seu
espírito alava-se nos espaços.
Então,
afigurou-se-lhe que um ser imenso, sem forma determinada, o chamava pelo seu
nome.
Hermes:
Quem és tu? Pergunta-lhe aterrorizado.
Osíris:
Eu sou Osíris, a Inteligência suprema, que tudo posso desvendar. O que desejas?
Hermes:
Descobrir a origem dos seres, ó divino Osíris, e conhecer Deus.
Osíris:
Serás satisfeito.
---------------
Hermes:
...faz-me ver a vida dos mundos, o caminho das almas, de onde vem o homem e
para onde vai.
Osíris:
Que tudo se faça segundo o teu desejo.
Hermes
torna-se mais pesado que uma pedra e rola através dos espaços... Finalmente
vê-se no cimo de uma montanha... os seus membros pareciam pesar-lhe como se
fossem de ferro.
Osíris:
Ergue os braços e olha!
Então
o iniciado viu um espetáculo maravilhoso passado no espaço infinito, no céu estrelado
que o envolvia em sete esferas luminosas. De um só olhar, Hermes abrangeu os
sete céus, dispostos sobre a sua cabeça como sete globos transparentes e
concêntricos de que ele ocupava o centro sideral. O último era cingido pela Via
— Láctea. Rolava, em cada uma dessas esferas um planeta acompanhado de um gênio
de forma, sinais e luz dessemelhantes. Enquanto Hermes deslumbrado contemplava
a sua floração esparsa e os seus movimentos majestosos, a Voz dizia-lhe:
Osíris:
Olha, escuta, e compreende. Tu vês as sete esferas de toda a vida. Realiza-se
através delas a queda das almas e a sua ascensão. Os sete Gênios são os sete
raios do Verbo-Luz. Cada um deles mantém uma esfera do Espírito, uma fase da
vida das almas. O mais próximo de ti é o Gênio da Lua, de sorriso inquietante e
coroado por uma foice de prata. Preside aos nascimentos e às mortes. Ele
desagrega as almas dos corpos e atrai-as com os seus raios. Acima dele o pálido
Mercúrio indica o caminha às almas descendentes e ascendentes com o seu caduceu[5],
que encerra a Ciência. Mais acima, é a brilhante Vênus, que guarda o espelho do
Amor, em que as almas por sua vez se esquecem e reconhecem. Mais alto, o gênio
do Sol ostenta o facho triunfal da eterna Beleza. Mais alto ainda, Marte brande
o gládio da Justiça. Entronizado sobre a esfera azulada, Júpiter empunha o
cetro do poder supremo, que é a inteligência divina. Nos confins do mundo, sob
os signos do Zodíaco, Saturno sustém o globo da sabedoria universal.
Hermes:
Eu vejo, as sete regiões que compõem o mundo visível e invisível: vejo os sete
raios do Verbo-Luz, do Deus único, que as atravessa e por eles a governa. Mas, ó
meu mestre, como se realiza a viagem dos homens através de todos os mundos?
Osíris:
Vês uma semente luminosa cair das regiões da Via-Láctea na sétima esfera? São
germens de almas. Elas vivem como vapores ligeiros na região de Saturno, felizes,
sem cuidados e não tendo consciência da sua felicidade. Mas, caindo de esfera
em esfera, revestem invólucros cada vez mais pesados. Em cada encarnação
adquirem um novo sentido corporal, conforme o meio em que habitam. A sua
energia vital aumenta; porém, à medida que entram em corpos mais espessos, vão
perdendo a recordação da sua origem celeste. Assim se realiza a queda das
almas, que vêm do divino Éter. Cada vez mais cativas da matéria, cada vez mais
embriagadas pela vida, elas precipitam-se como uma chuva de fogo, com
estremecimentos de volúpia, através das regiões da Dor, do Amor e da Morte até
à sua prisão terrestre, onde tu próprio gemes retido pelo centro ígneo da terra
e onde a vida divina te parece um sonho em vão”.
Esta era a visão que o mundo antigo tinha
dos céus. Tudo muito bem “explicadinho” para que Hermes não se perdesse em sua
viagem astral. Estas interpretações, apesar de visivelmente fantasiosas, continuam presentes nos nossos dias em todas
as formas de espiritismo[6] que
continuam ensinando as mesmas antigas “ficções” de que os seres humanos evoluem
para baixo e para cima por meio de sucessivas reencarnações através do espaço
sideral.
CONTINUA...
LISTAS DOS ESTUDOS DE ENCONTROS DE PODER
001 — Introdução =
002 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Expressões Diversas
003 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀρχῆ — arché e ἄρχων — árchon.
004 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἐξουσίαις – exousías – potestades, autoridades.
005 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δυνάμεις — dunámeis — poderes.
006 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Θρόνοι— thrónoi — tronos.
007 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = κυριοτῆς — kuriotês — domínio.
008 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ὀνόματι — onómati — nome.
009 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἄγγελοs — ággelos — anjo.
010 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δαιμονίον — daimoníon — demônio, πνεῦμα τὸ πονηρὸν — pneûma tò poniròn — espírito maligno, ἀγγέλους τε τοὺς μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχὴν— angélous te toùs me terèsantas tèn eautôn archèn — anjos, os que não guardaram o seu estado original ou anjos caídos.
011 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações.
012 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 2.
013 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 3 — Final.
014 — A Evidência do Novo Testamento – Parte 1 — Introdução
015 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 2 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 1
016 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 2
017 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — Romanos 13:1—3
018 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 4 — As Passagens Disputadas — Romanos 8:31—39
019 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 5 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 1
020 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 6 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 2
021 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 7 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 1
022 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 8 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 2
023 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 9 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 1
024 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 10 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 2
025 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 11 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 3
026 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 12 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 4
027 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 13 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 5
028 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 14 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 6
029 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 15 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 7 — A DESTRUIÇÃO DA MORTE E DE SEUS ALIADOS
030 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS POR MEIO DE E PARA O PRÓPRIO CRISTO
031 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES
032 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES —PARTE 002
033 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 17 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 001
034 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 18 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 002
035 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 19 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 003
036 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 20 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 004
037 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 21 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 005
038 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 22 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 006
039 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 23 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 007
040 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 24 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 008
041 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 25 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 009
042 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 26 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 010
043 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 27 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 011 — O PRÍNCIPE DA POTESTADE DO AR
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/encontros-de-poder-043-evidencia-do.html
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que
puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] As
legiões romanas favoreciam a adoração do deus Mithra desde que foram
introduzidos àquela religião. Esta divindade tinha sua origem no panteão Védico
do Hinduísmo, onde se chamava Mitra. Este deus havia chegado à região da
Anatólia - Turquia moderna - através dos iranianos e havia se tornado, em
conjunção com a filosofia grega, uma das muitas religiões de mistérios da
antiguidade. O interesse das legiões romanas por esta divindade devia-se ao
fato de este deus representar a amizade, a integridade, a harmonia e tudo o
mais que era necessário para uma bem sucedida manutenção da ordem na existência
humana, coisas estas, que eram do interesse primordial dos soldados romanos.
[2]
Equinócios são pontos da órbita da Terra em que se registra igual duração do
dia e da noite, o que sucede nos dias 21 de março e 23 de setembro.
[3] Os
solstícios são as Épocas em que o Sol passa pela sua maior declinação boreal
(norte) ou austral (sul), e durante a qual cessa de afastar-se do equador. Os
solstícios situam-se, respectivamente, nos dias 22 ou 23 de junho para a maior
declinação boreal, e nos dias 22 ou 23 de dezembro para a maior declinação
austral do Sol. No hemisfério sul, a primeira data se denomina solstício de
inverno e a segunda, solstício de verão; e, como as estações são opostas nos
dois hemisférios, essas denominações invertem-se no hemisfério norte.
[4]
Schuré, Édouard. Os Grandes Iniciados.
Madras Editora Ltda., São Paulo, 2005.
[5]
Bastão com duas serpentes enroscadas e com duas asas na extremidade superior -
insígnia do deus Mercúrio. Esta insígnia, a partir do século XVI, foi adotada
como símbolo da Medicina.
[6] O
espiritismo está presente não somente nos ensinos chamados herméticos ou da
religião do deus Mithra, mas pode ser também encontrado entre os gregos nas
obras do matemático Pitágoras de Samos, do filósofo Platão de Atenas, em todas
as religiões originadas da Índia e na sua versão moderna inventada por
Hippolyte-León-Denizard Rivail que se autodenominava como a reencarnação de um
poeta celta, chamado Allan Kardec. Outras religiões como a Teosofia de Helena
Petrovna Blavatsky também capitalizam em cima do espiritismo egípcio, indiano e
kardecista. Mesmo religiões que alegam ser cristãs, tais como o Adventismo do
Sétimo Dia, as chamadas Testemunhas de Jeová e a Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, conhecida como igreja Mórmon, possuem também seus
toques de espiritismo. Além disto, todos estes movimentos religiosos não
acreditam nas penas eternas conforme ensinadas por Jesus – Mateus 5:22, 18:18 –
19, 25:41; Marcos 9:48.
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