quinta-feira, 2 de outubro de 2014

ENCONTROS DE PODER — 024 — UMA EXEGESE DE EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 2 - QUANTOS CÉUS EXISTEM?


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Atenção esse artigo é parte de uma série onde pretendemos tratar dos alegados encontros de poder e de curas maravilhosas que nos são apresentadas todos os dias pelos pastores midiáticos. No final de cada estudo você encontrará links para outros estudos.

CONTINUAÇÃO...

Texto Base: EFÉSIOS 1:20—23

20 O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,

21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro.

22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja,

23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.

A expressão “lugares celestiais” enseja a pergunta: Existe mais de um céu? Se sim, quantos?

No mundo antigo as pessoas acreditavam que existiam 7 planetas. Estes eram: a Lua, Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Acreditavam também que existiam sete céus ou esferas, uma ao redor de cada um dos planetas. Em todos os monumentos em honra ao deus Mithra[1] encontramos sete altares ou piras, consagrados aos sete planetas. Alguns escritores que procuraram fazer um sincretismo entre o conhecimento pagão e a revelação Bíblica defendiam a idéia que as sete lâmpadas do candelabro que Deus mandou Moisés fazer para iluminar o tabernáculo eram representativas dos sete planetas. Entre estes autores podemos citar o cristão Orígenes de Alexandria e o judeu Philo Judaeus também de Alexandria.

De acordo com as crenças produzidas pelo homem desde a mais remota antiguidade, a alma humana desejosa de retornar ao infinito, que era considerado como o local de onde todas as almas procediam, precisava ascender da mesma forma como havia descendido através de sete esferas. Na iniciação dos mistérios de Mithra, o candidato tinha que passar por sete graus ou estágios de iniciação dos quais uma escada com sete degraus, representando os sete planetas, era o símbolo. Durante celebração dos mistérios de Mithra em Roma encontramos novamente a mesma escada com sete degraus que representavam as sete esferas dos sete planetas. Sincretistas alegam que a visão que Jacó teve — ver Gênesis 28:11—19 — se refere a esta mesma escada mas a suposição é presunçosa demais para ser levada a sério. Os mistérios de Mithra eram normalmente celebrados em cavernas onde havia quatro entradas assinaladas com os quatro pontos que marcam as estações: dois equinócios[2] e dois solstícios[3]. Dentro das cavernas havia também sete portais marcados, cada um, com o nome de um dos sete planetas, através dos quais os participantes tinham que passar descendo ou subindo.

Mas de onde teriam surgido estas teorias de que existem sete céus, e que eram tão comuns na antiguidade, desde a Babilônia com sua pirâmide vitrificada com sete andares, cada um de uma cor, passando pela religião iraniana do deus Mithra e culminando com a fusão desta religião com a filosofia grega nos Mistérios de Mithra? É importante que se diga que estes Mistérios de Mithra constituíam uma das constituíam uma das religiões mais influentes nos dias do Novo Testamento.
A história aponta de maneira muito objetiva para uma lenda egípcia conhecida como “A Visão de Hermes”. De acordo com o historiador francês e pesquisador das religiões da antiguidade, Édouard Schuré, esta visão “não estava escrita em papiro algum, apenas existia marcada em sinais simbólicos nas estrelas pintadas na cripta secreta e só era conhecida do profeta[4]”. A sua explicação era transmitida de pontífice para pontífice.

Apesar de não sermos iniciados nos mistérios de Osíris aqui vão porções da “Visão de Hermes” que nos ajudam a compreender a idéia que o mundo antigo tinha a respeito do céu os dos céus.

“Em um certo dia, Hermes adormeceu, após ter meditado sobre a origem das coisas. Um pesado torpor tomou o seu corpo; mas, à medida que o corpo entorpecia o seu espírito alava-se nos espaços.

Então, afigurou-se-lhe que um ser imenso, sem forma determinada, o chamava pelo seu nome.
Hermes: Quem és tu? Pergunta-lhe aterrorizado.

Osíris: Eu sou Osíris, a Inteligência suprema, que tudo posso desvendar. O que desejas?

Hermes: Descobrir a origem dos seres, ó divino Osíris, e conhecer Deus.

Osíris: Serás satisfeito.
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Hermes: ...faz-me ver a vida dos mundos, o caminho das almas, de onde vem o homem e para onde vai.

Osíris: Que tudo se faça segundo o teu desejo.

Hermes torna-se mais pesado que uma pedra e rola através dos espaços... Finalmente vê-se no cimo de uma montanha... os seus membros pareciam pesar-lhe como se fossem de ferro.

Osíris: Ergue os braços e olha!

Então o iniciado viu um espetáculo maravilhoso passado no espaço infinito, no céu estrelado que o envolvia em sete esferas luminosas. De um só olhar, Hermes abrangeu os sete céus, dispostos sobre a sua cabeça como sete globos transparentes e concêntricos de que ele ocupava o centro sideral. O último era cingido pela Via — Láctea. Rolava, em cada uma dessas esferas um planeta acompanhado de um gênio de forma, sinais e luz dessemelhantes. Enquanto Hermes deslumbrado contemplava a sua floração esparsa e os seus movimentos majestosos, a Voz dizia-lhe:

Osíris: Olha, escuta, e compreende. Tu vês as sete esferas de toda a vida. Realiza-se através delas a queda das almas e a sua ascensão. Os sete Gênios são os sete raios do Verbo-Luz. Cada um deles mantém uma esfera do Espírito, uma fase da vida das almas. O mais próximo de ti é o Gênio da Lua, de sorriso inquietante e coroado por uma foice de prata. Preside aos nascimentos e às mortes. Ele desagrega as almas dos corpos e atrai-as com os seus raios. Acima dele o pálido Mercúrio indica o caminha às almas descendentes e ascendentes com o seu caduceu[5], que encerra a Ciência. Mais acima, é a brilhante Vênus, que guarda o espelho do Amor, em que as almas por sua vez se esquecem e reconhecem. Mais alto, o gênio do Sol ostenta o facho triunfal da eterna Beleza. Mais alto ainda, Marte brande o gládio da Justiça. Entronizado sobre a esfera azulada, Júpiter empunha o cetro do poder supremo, que é a inteligência divina. Nos confins do mundo, sob os signos do Zodíaco, Saturno sustém o globo da sabedoria universal.

Hermes: Eu vejo, as sete regiões que compõem o mundo visível e invisível: vejo os sete raios do Verbo-Luz, do Deus único, que as atravessa e por eles a governa. Mas, ó meu mestre, como se realiza a viagem dos homens através de todos os mundos?

Osíris: Vês uma semente luminosa cair das regiões da Via-Láctea na sétima esfera? São germens de almas. Elas vivem como vapores ligeiros na região de Saturno, felizes, sem cuidados e não tendo consciência da sua felicidade. Mas, caindo de esfera em esfera, revestem invólucros cada vez mais pesados. Em cada encarnação adquirem um novo sentido corporal, conforme o meio em que habitam. A sua energia vital aumenta; porém, à medida que entram em corpos mais espessos, vão perdendo a recordação da sua origem celeste. Assim se realiza a queda das almas, que vêm do divino Éter. Cada vez mais cativas da matéria, cada vez mais embriagadas pela vida, elas precipitam-se como uma chuva de fogo, com estremecimentos de volúpia, através das regiões da Dor, do Amor e da Morte até à sua prisão terrestre, onde tu próprio gemes retido pelo centro ígneo da terra e onde a vida divina te parece um sonho em vão”.

Esta era a visão que o mundo antigo tinha dos céus. Tudo muito bem “explicadinho” para que Hermes não se perdesse em sua viagem astral. Estas interpretações, apesar de visivelmente fantasiosas, continuam presentes nos nossos dias em todas as formas de espiritismo[6] que continuam ensinando as mesmas antigas “ficções” de que os seres humanos evoluem para baixo e para cima por meio de sucessivas reencarnações através do espaço sideral.

CONTINUA...

LISTAS DOS ESTUDOS DE ENCONTROS DE PODER

001 — Introdução =

002 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Expressões Diversas

003 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀρχῆ — arché e ἄρχων — árchon.

004 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἐξουσίαις – exousías – potestades, autoridades.

005 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δυνάμεις — dunámeis — poderes.

006 – A linguagem de “Poder” no Novo Testamento = Θρόνοι— thrónoi — tronos.

007 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = κυριοτῆς — kuriotês — domínio.

008 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ὀνόματι — onómati — nome.

009 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἄγγελοs — ággelos — anjo.

010 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = δαιμονίον — daimoníon — demônioπνεῦμα τὸ πονηρὸν — pneûma tò poniròn — espírito malignoἀγγέλους τε τοὺς μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχὴν— angélous te toùs me terèsantas tèn eautôn archèn — anjos, os que não guardaram o seu estado original ou anjos caídos.

011 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações.

012 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 2.

013 — A Linguagem de “Poder” no Novo Testamento = ἀγγέλους  τῶν ἐθνῶν — angélous tôn ethnôn — anjos das nações — Parte 3 — Final.

014 — A Evidência do Novo Testamento – Parte 1 — Introdução

015 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 2 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 1

016 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 2:6—8 — Parte 2

017 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 3 — As Passagens Disputadas — Romanos 13:1—3

018 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 4 — As Passagens Disputadas — Romanos 8:31—39

019 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 5 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 1

020 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 6 — As Passagens Disputadas — 1 Coríntios 15:24—27a — PARTE 2

021 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 7 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 1

022 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 8 — As Passagens Disputadas — Colossenses 3:13—15 — PARTE 2

023 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 9 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 1

024 — A Evidência do Novo Testamento — Parte 10 — As Passagens Disputadas — Efésios 1:20—23 — AS REGIÕES CELESTIAIS — PARTE 2

025 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 11 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 3

026 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 12 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 4

027 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 13 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 5

028 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 14 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 6

029 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 15 — As Passagens Disputadas — EFÉSIOS 1:20—23 — PARTE 7 — A DESTRUIÇÃO DA MORTE E DE SEUS ALIADOS

030 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS POR MEIO DE E PARA O PRÓPRIO CRISTO

031 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES

032 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 16 — As Passagens Disputadas — COLOSSENSES 1:16 — TENTANDO DEFINIR OS PODERES —PARTE 002

033 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 17 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 001

034 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 18 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 002

035 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 19 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 003

036 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 20 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 004

037 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 21 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 005

038 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 22 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 006

039 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 23 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 007

040 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 24 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 008

041 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 25 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 009

042 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 26 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 010

043 — A Evidência do Novo Testamento — PARTE 27 — As Passagens Disputadas — OS ELEMENTOS DO UNIVERSO — PARTE 011 — O PRÍNCIPE DA POTESTADE DO AR
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/encontros-de-poder-043-evidencia-do.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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[1] As legiões romanas favoreciam a adoração do deus Mithra desde que foram introduzidos àquela religião. Esta divindade tinha sua origem no panteão Védico do Hinduísmo, onde se chamava Mitra. Este deus havia chegado à região da Anatólia - Turquia moderna - através dos iranianos e havia se tornado, em conjunção com a filosofia grega, uma das muitas religiões de mistérios da antiguidade. O interesse das legiões romanas por esta divindade devia-se ao fato de este deus representar a amizade, a integridade, a harmonia e tudo o mais que era necessário para uma bem sucedida manutenção da ordem na existência humana, coisas estas, que eram do interesse primordial dos soldados romanos.

[2] Equinócios são pontos da órbita da Terra em que se registra igual duração do dia e da noite, o que sucede nos dias 21 de março e 23 de setembro.

[3] Os solstícios são as Épocas em que o Sol passa pela sua maior declinação boreal (norte) ou austral (sul), e durante a qual cessa de afastar-se do equador. Os solstícios situam-se, respectivamente, nos dias 22 ou 23 de junho para a maior declinação boreal, e nos dias 22 ou 23 de dezembro para a maior declinação austral do Sol. No hemisfério sul, a primeira data se denomina solstício de inverno e a segunda, solstício de verão; e, como as estações são opostas nos dois hemisférios, essas denominações invertem-se no hemisfério norte. 

[4] Schuré, Édouard. Os Grandes Iniciados. Madras Editora Ltda., São Paulo, 2005.

[5] Bastão com duas serpentes enroscadas e com duas asas na extremidade superior - insígnia do deus Mercúrio. Esta insígnia, a partir do século XVI, foi adotada como símbolo da Medicina. 

[6] O espiritismo está presente não somente nos ensinos chamados herméticos ou da religião do deus Mithra, mas pode ser também encontrado entre os gregos nas obras do matemático Pitágoras de Samos, do filósofo Platão de Atenas, em todas as religiões originadas da Índia e na sua versão moderna inventada por Hippolyte-León-Denizard Rivail que se autodenominava como a reencarnação de um poeta celta, chamado Allan Kardec. Outras religiões como a Teosofia de Helena Petrovna Blavatsky também capitalizam em cima do espiritismo egípcio, indiano e kardecista. Mesmo religiões que alegam ser cristãs, tais como o Adventismo do Sétimo Dia, as chamadas Testemunhas de Jeová e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como igreja Mórmon, possuem também seus toques de espiritismo. Além disto, todos estes movimentos religiosos não acreditam nas penas eternas conforme ensinadas por Jesus – Mateus 5:22, 18:18 – 19, 25:41; Marcos 9:48. 

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