quarta-feira, 4 de março de 2015

PARÁBOLAS DE JESUS - LUCAS 11:5—8 — A PARÁBOLA DO AMIGO IMPORTUNO — SERMÃO 029



Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.

Sermão 029

A PARÁBOLA DO AMIGO IMPORTUNO

LUCAS 11:5—8

5 Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vós, tendo um amigo, e este for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,

6 pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer.

7 E o outro lhe responda lá de dentro, dizendo: Não me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar;

8 digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade.

Introdução

A. Essa parábola está colocada no Evangelho de Lucas na sequência da chamada “Oração do Pai Nosso”.

B. Mas no caso de Lucas, em vez de continuar com uma exortação para que os homens se amem uns aos outros como fez Mateus, ele introduz uma parábola que tem a intenção de nos ensinar a sermos perseverantes em oração, na mesma linha da parábola do Juiz Iníquo de Lucas 18:1—8.

C. Lucas é o único dos evangelistas a apresentar essa parábola.


I. O Princípio Básico — Orai Sem Cessar

A. O apóstolo Paulo encapsulou o conteúdo dessa parábola ao exortar os crentes em Tessalônica com as seguintes palavras:

1 Tessalonicenses 5:17

Orai sem cessar.

II. O Contexto

A. De forma breve, porém muito objetiva, Lucas descreve de forma empolgante uma delicada situação: um homem que já estava recolhido para dormir é subitamente acordado por um amigo batendo à sua porta à meia-noite! E o que ele queria? Eles estavam precisando, desesperadamente, de alguns pães para alimentar um terceiro que havia chegado a sua casa para ali hospedar-se. Levando em conta o fato de que já era muito tarde e que se tratava de uma cidade pequena, não era possível encontrar nenhum lugar onde um pão poderia ser comprado. Então o homem decide bater à porta do amigo.

B. Todavia, o amigo já estava recolhido junto com sua família por aquela noite. Mas o amigo do lado de fora de sua casa não está preocupado com isso. Ele está preocupado com seu amigo que chegou de viagem cansado. Ele não deseja, em nenhuma hipótese, faltar com as normas culturais da hospitalidade, mas também não deveria estar sentindo-se muito bem, em ter que procurar um amigo àquela hora para lhe pedir uns pães emprestados. Independentemente de tudo isso, ele se levanta e vai procurar o outro amigo que possa lhe emprestar uns três pães com os quais possa satisfazer a necessidade de seu hóspede.

C. O horário mencionado por Jesus — meia-noite — é emblemático. Ele pode significar que o homem tivesse acabado de chegar de uma longa viagem, cansado e muito faminto.

D. A história de Jesus é apenas muito humana. Todos os seus ouvintes podiam se identificar com a mesma, pois ela refletia uma situação verossímil. E sim, todos estavam como que nas pontas dos pés querendo saber como tal história iria terminar.

III. A Circunstância Imediata

A. Naqueles dias as casas eram pequenas e, geralmente, um único cômodo servia de sala durante o dia, e de quarto que acomodava a todos na hora de dormir.

B. As casas tinham uma porta que, geralmente ficava aberta o dia inteiro, mas ao anoitecer era costume do dono da casa trancar a porta, usando um tranca de madeira que impedia a porta de ser aberta. Depois do jantar, esteiras eram estendidas pelo chão onde todos se acomodavam para dormir. Dormia-se cedo e açodava-se mais cedo ainda. Portanto, à meia-noite quando o amigo importuno chegou, a família já devia estar dormindo a algumas horas e era extremamente complicado se levantar na escuridão para procurar qualquer coisa que fosse.

C. Foi nessas condições que o hospedeiro do viajante foi procurar seu amigo, despertando-lhe do sono e lhe fazendo o pedido:

Amigo, empresta-me três pães, pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer.

D. O uso da expressão “amigo” usada pelo importunador tinha como objetivo desarmar qualquer atitude de má vontade da parte do importunado, apesar dele não ter se mostrado muito solícito no primeiro momento, e com razão. Amigos verdadeiros não importunam seus amigos tão tarde da noite. Então a questão que fica no ar é: quem é o verdadeiro amigo: o que importuna para satisfazer as necessidades do seu hóspede ou o que é importunado?

E. Os pães solicitados, naqueles dias, não era maiores do que um pãozinho de 50 gramas que estamos acostumados a comprar em nossas padarias. Não era tão comprido, era geralmente arredondado e de acordo com o material usado podia ser mais pesado. Esse é o motivo porque Jesus compara um pão com uma pedra em

Mateus 7:9

Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra?

F. Três pães como esses eram uma refeição satisfatória para um adulto, por mais faminto que estivesse.

G. A demorada explicação era outra tentativa de mover o amigo para que agisse com compaixão. De fato o importuno não tinha nenhuma alternativa para oferecer algo ao amigo faminto e cansado.

H. Os empréstimos de pães era algo comum naqueles dias entre vizinhos e conhecidos. O que era incomum era a hora em que o pedido foi feito. Pães tomados emprestados num dia eram devolvidos logo cedo na manhã seguinte que era a hora em que se assavam os pães que seriam usados pela família durante aquele dia.

I. A resposta do vizinho importunado é bem clara. Ele diz:

Não me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar

J. O vizinho importunado não demonstra falta de condições e sim uma brutal falta de vontade em ajudar. Para atender pedido ele teria que se levantar, incomodar a esposa e os filhos, acender uma lâmpada, procurar os pães, destrancar a por e, só então, servir o amigo. Seria bem mais fácil se o amigo apenas fosse embora e desaparecesse na escuridão.   

IV. A Persistência

A. O vizinho necessitado, todavia, não lhe deu descanso. Continuou insistindo até que o processo mencionado acima aconteceu, e a porta finalmente foi aberta e os pães entregues ao vizinho importuno.  

B. É importante destacarmos que o vizinho importunado não atendeu ao pedido que lhe estava sendo feito por amizade ou qualquer outro motivo positivo. Ele cedeu por causa do grande incômodo que o outro estava lhe impondo. A persistência do vizinho foi o motivo verdadeiro porque o vizinho incomodado acabou cedendo.

C. A palavra “persistência”, apesar de não aparecer no texto é fundamental para o perfeito entendimento da conclusão da parábola.

Conclusão: os ouvintes originais desse diálogo são desafiados a considerar as seguintes verdades:

A. Jesus conta uma história em que a atitude de um determinado homem é colocada diante dos olhos e do ouvidos de todos que se encontravam ao redor de Jesus.

B: Esse homem se vê obrigado a mostrar hospitalidade para um amigo que o procurou muito tarde da noite. No meio dessa situação e sem ter o que oferecer para alimentar seu amigo, ele se levanta – era meia-noite — e vai em busca de uma solução.

C. Ele busca satisfazer a necessidade de seu hóspede com tanto empenho que se arrisca a perder a amizade do seu próprio vizinho a quem decide importunar naquela hora da noite. Ele insiste, porque no fundo, acredita que terá seu pedido atendido apesar das condições mais adversas possíveis.  

D. Jesus lança mão de algo que era bastante familiar aos seus ouvintes daquela época: a regra judaica dos contrastes. Essa regra era aplicada pelos mestres quando desejavam destacar algo maior, por meio do ensino de algo menor. Nesse contexto o homem decide importunar seu amigo porque sabe que será, finalmente, atendido. Assim Jesus nos ensina que podemos procurar a Deus em oração, porque ele não apenas ouve nossas orações, mas responde sempre de modo satisfatório para o nosso bem. Jesus deixa isso bem claro ao dizer:

Digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade.

E. Ora, se um vizinho importunado à meia-noite se levanta para atender à necessidade de um amigo, mesmo a contragosto, quanto mais Deus, que é Pai, irá atender aos seus filhos que clamam a Ele de noite e de dia?

F. O ensinamento central da parábola é a “persistência”, mesmo que, como já dissemos tal palavra não é diretamente mencionada no texto. Mas podemos ver evidências da mesma por todos os lados.

G. A promessa de Deus não se limita a atender nossos pedidos. De fato, deus promete fazer o seguinte:

Efésios 3:20—21

20 Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós,

21 a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!

H. Deus sempre atende nossas orações como a única resposta apropriada para cada uma delas. Além do mais, Jesus nos manda orar em seu próprio nome, algo que equivale dizer que é o próprio Senhor Jesus quem está fazendo aquela oração!

I. Por fim, somos ensinado a terminar nossas orações com a palavra  amém  cujo significado é: assim seja — conforme as palavras da nossa oração.


OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
Que Deus abençoe a todos. 

Alexandros Meimaridis 

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