NESSA SÉRIE
NÓS ESTAMOS TRATANDO DE DOIS ASPECTOS IMPORTANTES ACERCA DA VERDADEIRA IGREJA:
1) A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO; E 2) A IGREJA NO PLANO ETERNO DE DEUS.
CONVIDAMOS TODOS OS NOSSOS LEITORES A ACOMPANHAREM ESSA SÉRIE E COMPARTILHAREM
A MESMA COM TODOS OS SEUS CONHECIDOS, AMIGOS E IRMÃOS. OUTROS ESTUDOS DESSA
SÉRIE PODERÃO SER ENCONTRADOS POR MEIO DE LINKS NO FIM DE CADA ESTUDO.
Nas regiões celestiais – A palavra grega ἐπουρανίοις — epouraníois é
traduzida de várias maneiras na ARA — versão de Almeida Revista e Atualizada no
Brasil — conforme podemos ver abaixo:
Mateus 18:35 — Jesus
se refere ao Pai como Pai Celeste.
João 3:12 — Jesus se
refere às coisas celestiais em oposição às coisas celestiais.
1 Coríntios 15:40 —
Paulo fala de corpos celestiais em oposição aos corpos terrestres.
1 Coríntios 15:48 —
Paulo fala da diferença entre os homens terrenos — formados do pó da terra — e
os celestiais — recriados em Cristo.
1 Coríntios 15:49 —
Paulo repete o conceito do verso anterior, reforçando o conceito de que devemos
manifestar em nossas vidas, atualmente, a evidência de que somos nova criação.
Efésios 1:3 — Paulo
fala de como Deus nos tem abençoado nas regiões celestiais.
Efésios 1:20 — Paulo
fala do fato que Cristo está vivo e assentado à direita de Deus nos lugares
celestiais.
Efésios 2:6 – Paulo
diz que pelo fato de estarmos “em Cristo”, nós estamos agora mesmo, assentados
com Cristo nos lugares celestiais! Note as implicações que esta verdade deve
ter em nossas vidas neste tempo presente.
Efésios 3:10 — Paulo
diz que o que Deus fez a nosso favor, como acabamos de descrever, serve para
demonstrar a sabedoria de Deus aos principados e potestades nos lugares
celestiais.
Efésios 6:12 — Paulo
diz que nossa verdadeira luta é contra os principados, as potestades, os
dominadores deste mundo tenebroso e contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes.
Filipenses 2:10 —
Paulo diz que chegará o dia em que ao nome de Jesus todo joelho se dobrará nos
céus, na terra e debaixo da terra.
2 Timóteo 4:18 —
Paulo fala da esperança de chegar ao reino celestial.
Hebreus 3:1 — O
autor fala que nós somos participantes da vocação celestial e no contexto no
exorta a sermos fieis a Deus.
Hebreus 6:4 — O
autor fala do dom celestial.
Hebreus 8:5 — O
autor diz que o sistema religioso concedido aos judeus não passava de uma mera
figura ou sombra das coisas celestiais. Em Cristo nós temos a própria essência
das coisas celestiais.
Hebreus 9:23 — O
autor fala do fato que as coisas terrenas podiam ser purificadas com os
sacrifícios ensinados no Antigo Testamento, mas as próprias coisas celestiais
precisavam ser purificadas pelo próprio sacrifício de Jesus.
Hebreus 11:16 — O
Autor fala da aspiração do santos do Antigo Testamento pela pátria celestial.
Hebreus 12:22 — O
autor fala do fato que nós nos aproximamos da Jerusalém celestial.
Para entender a seriedade deste fato é
necessário ler —
Hebreus 12:18—29
18 Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e
ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade,
19 e ao clangor da trombeta, e ao som de
palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não se lhes falasse mais,
20 pois já não suportavam o que lhes era
ordenado: Até um animal, se tocar o monte, será apedrejado.
21 Na verdade, de tal modo era horrível o
espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo!
22 Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade
do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à
universal assembléia
23 e igreja dos primogênitos arrolados nos céus,
e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados,
24 e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao
sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.
25 Tende cuidado, não recuseis ao que fala.
Pois, se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os
advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos
céus nos adverte,
26 aquele, cuja voz abalou, então, a terra;
agora, porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não
só a terra, mas também o céu.
27 Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas
significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que
as coisas que não são abaladas permaneçam.
28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável,
retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência
e santo temor;
29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.
Como podemos notar a palavra ἐπουρανίοις — epouraníois é
usada no Novo Testamento de forma consistente para se referir a um lugar, mas
esse lugar não está limitado nem física, nem geograficamente. Os lugares
celestiais não são uma localidade e sim a extensão onde Deus exerce sua
soberania, autoridade e poder.
Em termos modernos — das ciências físicas —
os lugares celestiais seriam como um campo ou vários campos. Desta maneira os
lugares celestiais não podem ser reduzidos à uma esfera invisível e intangível
somente, já que a autoridade, poder e soberania de Deus são exercidos também
sobre a vida humana, sobre a conduta dos seres humanos, sobre a história da
humanidade.
1. Existe mais de um céu? Se sim, quantos?
No mundo antigo as pessoas acreditavam que
existiam 7 planetas. Estes eram: a Lua, Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter
e Saturno. Acreditavam também que existiam sete céus ou esferas, uma ao redor
de cada um dos planetas. Em todos os monumentos em honra ao deus Mitra[1]
encontramos sete altares ou piras, consagrados aos sete planetas. Alguns
escritores que procuraram fazer um sincretismo entre o conhecimento pagão e a
revelação Bíblica defendiam a idéia que as sete lâmpadas do candelabro que Deus
mandou Moisés fazer para iluminar o tabernáculo eram representativas dos sete
planetas. Entre estes autores podemos citar Orígenes de Alexandria e Philo
Judaeus.
De acordo com as crenças produzidas pelo
homem desde a mais remota antiguidade a alma humana desejosa de retornar ao
infinito, que era considerado como o originador de todas as almas, precisava
ascender, da mesma forma como havia descendido através das sete esferas. Na
iniciação dos mistérios de Mitra, o candidato tinha que passar por sete graus
ou estágios de iniciação dos quais uma escada com sete degraus, representando
os sete planetas, era o símbolo. Durante a celebração dos mistérios de Mitra em
Roma encontramos novamente a mesma escada com sete degraus que representavam as
sete esferas dos sete planetas.
Representação artística da Escada de Jacó
Sincretistas alegam que a visão que Jacó
teve —
Gênesis 28:11—19
11 Tendo chegado a certo lugar, ali passou a
noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu
travesseiro e se deitou ali mesmo para dormir.
12 E sonhou: Eis posta na terra uma escada
cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela.
13 Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: Eu
sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora
estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência.
14 A tua descendência será como o pó da terra;
estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em
ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra.
15 Eis que eu estou contigo, e te guardarei
por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não
desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido.
16 Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade,
o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia.
17 E, temendo, disse: Quão temível é este
lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus.
18 Tendo-se levantado Jacó, cedo, de
madrugada, tomou a pedra que havia posto por travesseiro e a erigiu em coluna,
sobre cujo topo entornou azeite.
19 E ao lugar, cidade que outrora se chamava
Luz, deu o nome de Betel.
se refere a esta mesma escada mas a
suposição é presunçosa demais para ser levada a sério. Os mistérios de Mitra
eram normalmente celebrados em cavernas onde haviam 4 entradas marcadas com os
quatro pontos que marcam as estações, dois equinócios[2] e dois
solstícios[3]; dentro
das cavernas havia também 7 portais marcados cada um com um dos nomes dos sete
planetas através dos quais os participantes tinham que passar descendo ou
subindo.
Os sete céus conforme os antigos
Mas de onde teriam surgido estas teorias de
que existem sete céus, e que eram tão comuns na antiguidade? Desde a Babilônia
com sua pirâmide vitrificada com sete andares, cada uma de uma cor, passando
pela religião iraniana do deus Mitra e culminando com a fusão da religião com a
filosofia grega nos Mistérios de Mitra, esses mistérios constituíam uma das
religiões mais influentes nos dias do Novo Testamento.
A história aponta de maneira muito objetiva
para uma lenda egípcia conhecida como “A Visão de Hermes”.
De acordo com o historiador francês e pesquisador das religiões da antiguidade,
Édoaurd Schuré, esta visão “não estava escrita em papiro algum, apenas existia
marcada em sinais simbólicos nas estrelas pintadas na cripta secreta e só era
conhecida do profeta”. A sua explicação era transmitida de pontífice para
pontífice.
Apesar de não sermos iniciados nos mistérios
de Osíris, aqui vão porções da “Visão de Hermes” que nos ajudam a compreender o
entendimento que o mundo antigo tinha a respeito do céu ou dos céus.
“Em
um certo dia, Hermes adormeceu, após ter meditado sobre a origem das coisas. Um
pesado torpor tomou o seu corpo; mas, à medida que o corpo entorpecia o seu
espírito alava-se nos espaços.
Então,
afigurou-se-lhe que um ser imenso, sem forma determinada, o chamava pelo seu
nome.
Hermes: Quem és tu? Pergunta-lhe aterrorizado.
Osíris: Eu sou Osíris, a
Inteligência suprema, que tudo posso desvendar. O que desejas?
Hermes: Descobrir a origem dos
seres, ó divino Osíris, e conhecer Deus.
Osíris: Serás satisfeito.
---------------
Hermes: ...faz-me ver a vida dos
mundos, o caminho das almas, de onde vem o homem e para onde vai.
Osíris: Que tudo se faça segundo o
teu desejo.
Hermes
torna-se mais pesado que uma pedra e rola através dos espaços... Finalmente
vê-se no cimo de uma montanha... os seus membros pareciam pesar-lhe como se
fossem de ferro.
Osíris: Ergue os braços e olha!
Então
o iniciado viu um espetáculo maravilhoso passado no espaço infinito, no céu
estrelado que o envolvia em sete
esferas luminosas. De um só olhar, Hermes abrangeu os sete
céus, dispostos sobre a sua cabeça como sete globos transparentes e
concêntricos de que ele ocupava o centro sideral. O último era cingido pela Via
Láctea. Rolava, em cada uma dessas esferas um planeta acompanhado de um gênio
de forma, sinais e luz dessemelhantes. Enquanto Hermes deslumbrado contemplava
a sua floração esparsa e os seus movimentos majestosos, a Voz dizia-lhe:
Osíris: Olha, escuta, e compreende.
Tu vês as sete esferas de toda a vida. Realiza-se através delas a queda das
almas e a sua ascensão. Os sete Gênios são os sete raios do Verbo-Luz. Cada um
deles mantém uma esfera do Espírito, uma fase da vida das almas. O mais próximo
de ti é o Gênio da Lua, de sorriso inquietante e coroado por uma foice de
prata. Preside aos nascimentos e às mortes. Ele desagrega as almas dos corpos e
atrai-as com os seus raios. Acima dele o pálido Mercúrio indica o caminha às
almas descendentes e ascendentes com o seu caduceu[4],
que encerra a Ciência. Mais acima, é a brilhante Vênus, que guarda o espelho do
Amor, em que as almas por sua vez se esquecem e reconhecem. Mais alto, o gênio
do Sol ostenta o facho triunfal da eterna Beleza. Mais alto ainda, Marte brande
o gládio da Justiça. Entronizado sobre a esfera azulada, Júpiter empunha o
cetro do poder supremo, que é a inteligência divina. Nos confins do mundo, sob
os signos do Zodíaco, Saturno sustém o globo da sabedoria universal.
Hermes: Eu vejo, as sete regiões que
compõem o mundo visível e invisível: vejo os sete raios do Verbo-Luz, do Deus
único, que as atravessa e por eles a governa. Mas, ó meu mestre, como se
realiza a viagem dos homens através de todos os mundos?
Osíris: Vês uma semente luminosa
cair das regiões da Via Láctea na sétima esfera? São germens de almas. Elas
vivem como vapores ligeiros na região de Saturno, felizes, sem cuidados e não
tendo consciência da sua felicidade. Mas, caindo de esfera em esfera, revestem
invólucros cada vez mais pesados. Em cada encarnação[5]
adquirem um novo sentido corporal, conforme o meio em que habitam. A sua
energia vital aumenta; porém, à medida que entram em corpos mais espessos, vão
perdendo a recordação da sua origem celeste. Assim se realiza a queda das
almas, que vêm do divino Éter. Cada vez mais cativas da matéria, cada vez mais
embriagadas pela vida, elas precipitam-se como uma chuva de fogo, com
estremecimentos devolúpia, através das regiões da Dor, do Amor e da Morte até à
sua prisão terrestre, onde tu próprio gemes retido pelo centro ígneo da terra e
onde a vida divina te parece um sonho em vão”.
Essa era a visão que o mundo antigo tinha
dos céus. Tudo muito bem “explicadinho” para que Hermes não se perdesse em sua
viagem astral. Essas interpretações, apesar de visivelmente fantasiosas,
continuam presentes nos nossos dias em todas as formas de espiritismo[6] que
continuam ensinando as mesmas antigas “ficções” de que os seres humanos evoluem
para baixo e para cima através de sucessivas reencarnações através do espaço
sideral.
Mas o que é que a Bíblia ensina? Em primeiro lugar devemos destacar que,
diferentemente das religiões humanas da antiguidade que procuravam explicar aos
seus iniciados, nos mínimos detalhes, as questões mais profundas que um ser
humano pode fazer — Quem sou? De onde eu vim? Por que estou aqui? Para onde
vou? — a revelação bíblica é bastante discreta e sóbria não elaborando detalhes
acerca da vida futura. De fato ao contrário de Osíris que podia “desvendar
todas as coisas”, o que é um desejo humano perene, o Deus da Bíblia tem
reservado certas coisas para seu próprio conhecimento –
Deuteronômio 29:29
As coisas encobertas pertencem ao SENHOR,
nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para
sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.
No Antigo Testamento a palavra usada para
céu — mesmo quando traduzida no singular em nossa versão de Almeida Revista e
Atualizada – ARA – ver, por exemplo, Gênesis 7:19 — está sempre no plural. No
original a palavra só aparece no singular quando é usada na expressão “céu dos
céus”. Isto não quer dizer que os autores bíblicos do Antigo Testamento tinham
uma visão de que a estrutura do universo consistia de vários céus que formavam
esferas concêntricas, umas em cima das outras, como as camadas de uma cebola
cortada pela metade. Analisando os versículos do Antigo Testamento onde a
expressão hebraica הַשָּׁמַיִם — hasshamayim — os céus aparece podemos deduzir que no
Antigo Testamento a revelação de Deus indicava a existência de, pelo menos dois
céus, e possivelmente três —
1 Reis 8:27
Mas, de fato, habitaria Deus na terra? Eis que
os céus e até o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu
edifiquei.
Esdras 9:6
Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para
levantar a ti a face, meu Deus, porque as nossas iniquidades se multiplicaram
sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu até aos céus.
Mas a informação que temos não nos permite
definir um número preciso.
No Novo Testamento a expressão grega οὐρανὸς — ouranòs — céu — no singular — é usada tanto para
descrever o local onde o trono de Deus está quanto o espaço onde os pássaros
voam —
Mateus 5:34
Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem
pelo céu, por ser o trono de Deus.
Mateus 6:26.
Observai as aves do céu: não semeiam, não
colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta.
Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?
Por sua vez a expressão que Paulo usa em
Efésios 1:3 é ἐπουρανίοις — epouraníois e a
mesma é traduzida por lugares celestiais, o que por si só já indica a
existência de pelo menos dois céus. Mas o próprio apóstolo Paulo nos fala em —
2 Coríntios 12:1—4
1 Se é
necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às visões e revelações
do Senhor.
2
Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao
terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe)
3 e sei
que o tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe)
4 foi
arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao
homem referir.
que um homem — a modéstia não lhe permite
usar seu próprio nome — se no corpo ou fora do corpo, somente Deus sabe, foi
arrebatado até ao terceiro céu, chamado de paraíso, onde ouviu palavras
inefáveis — que não podem ser pronunciadas —, as quais não é lícito ao homem
referir. Assim, a revelação no Novo Testamento nos ensina que existem três
céus, pelo menos. Se o terceiro céu mencionado por Paulo for onde está o trono
de Deus — Paulo chama o terceiro céu de Paraíso, mas não faz menção à presença
de Deus — então existem somente 3 céus. Se o trono de Deus não está no terceiro
céu então existirão tantos céus quanto tiverem que existir até que cheguemos ao
céu onde o trono de Deus está. O apóstolo João, na revelação que recebeu do
Senhor Jesus — o livro do Apocalipse —, foi chamado ao céu οὐρανὸς — ouranòs onde “em espírito” teve a visão que
descreve em Apocalipse 4. Em nenhum momento, em todo o livro do Apocalipse João
menciona uma hierarquia de céus — primeiro, segundo, etc., mas usa a palavra do
mesmo modo que Jesus em Mateus 5 e 6 como foi indicado acima. O que distingue a
visão de João da de Paulo é que João menciona, de forma explícita, a presença
do trono de Deus no céu para o qual ele foi chamado, mas como acabamos de
falar, João não menciona nenhuma hierarquia.
Independentemente da Bíblia não mencionar
uma hierarquia, esse conceito surgiu na tradição cristã através dos escritos,
pseudo epigráficos, de um indivíduo chamado Dionísio, o areopagita. O
verdadeiro Dionísio é personagem bíblico.
Quando Paulo esteve em Atenas, por volta do
ano 51 a.D. começou pregando o evangelho, como era seu costume, primeiro nas
sinagogas dos judeus. Depois Paulo levou sua pregação para a praça pública onde
argumentou com filósofos epicureus[7] e
estoicos[8]. Estes
por sua vez acabaram por levá-lo para o Areópago[9], onde
Paulo fez o discurso que está registrado em —
Provável localização do areópago em Atenas. A placa de Bronze à direita tem o texto abaixo:
Atos 17:16—34
16 Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu
espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade.
17 Por isso, dissertava na sinagoga entre os
judeus e os gentios piedosos; também na praça, todos os dias, entre os que se
encontravam ali.
18 E alguns dos filósofos epicureus e estóicos
contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E
outros: Parece pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e a
ressurreição.
19 Então, tomando-o consigo, o levaram ao
Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas?
20 Posto que nos trazes aos ouvidos coisas
estranhas, queremos saber o que vem a ser isso.
21 Pois todos os de Atenas e os estrangeiros
residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas
novidades.
22 Então, Paulo, levantando-se no meio do
Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente
religiosos;
23 porque, passando e observando os objetos de
vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO.
Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio.
24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele
existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por
mãos humanas.
25 Nem é servido por mãos humanas, como se de
alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e
tudo mais;
26 de um só fez toda a raça humana para
habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente
estabelecidos e os limites da sua habitação;
27 para buscarem a Deus se, porventura,
tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós;
28 pois nele vivemos, e nos movemos, e
existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos
geração.
29 Sendo, pois, geração de Deus, não devemos
pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados
pela arte e imaginação do homem.
30 Ora, não levou Deus em conta os tempos da
ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se
arrependam;
31 porquanto estabeleceu um dia em que há de
julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou
diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.
32 Quando ouviram falar de ressurreição de
mortos, uns escarneceram, e outros disseram: A respeito disso te ouviremos
noutra ocasião.
33 A essa altura, Paulo se retirou do meio
deles.
34 Houve, porém, alguns homens que se
agregaram a ele e creram; entre eles estava Dionísio, o areopagita, uma mulher
chamada Dâmaris e, com eles, outros mais.
De acordo com o texto de Atos, no final da
pregação de Paulo alguns creram encontrando-se entre esses um homem chamado
Dionísio. Tudo o que sabemos, verdadeiramente histórico, acerca desse homem,
encontramos em Atos 17:34 e se resume ao
seu nome, Dionísio e à sua função, areopagita, que indica que ele era um dos
doze juízes do Areópago em Atenas. Mas o fato dele ser um dos doze juízes nos
revela algumas verdades a mais. Para alcançar a posição de juiz no Areópago era
necessário que o indivíduo tivesse ocupado antes a posição de άρχον — árchon — governador da cidade de Atenas. E para
ocupar a posição de governador era necessário que fosse reconhecido pela
comunidade como homem inteligente, dotado de sabedoria e ser pessoa de conduta
exemplar. Até aqui tudo é histórico.
Bispo Eusébio de Cesárea — 260 – 339 a.D.—,
em sua obra “História Eclesiástica” registra o fato, citando outra fonte, de
que este Dionísio teria sido o primeiro bispo da cidade de Atenas. Outro autor,
Nicéforo, fala de Dionísio como tendo sido martirizado. Todavia, como dissemos,
não há meios de provar a veracidade dessas alegações. Suídas — c. 970 a.D — que
produziu um dicionário da língua grega repleto de notas biográficas informa que
Dionísio, o areopagita, era ateniense de nascimento tendo se destacado por suas
realizações literárias. Ainda de acordo com Suídas, Dionísio, teria sido
educado primeiramente em Atenas, na Grécia, e também em Heliópolis — cidade do
sol — no Egito. Suídas confirma a verdade bíblica de que Dionísio converteu-se
ao Cristianismo bem como a tradição de que teria se tornado o primeiro Bispo de
Atenas. Outro autor, o filósofo ateniense Aristides — c. século II d.C. —,
concorda com a informação de que Dionísio havia sido martirizado por causa da
fé cristã.
Esta discussão acerca de Dionísio, o
areopagita, é pertinente ao nosso estudo acerca dos “lugares celestiais” porque
um grupo de estudos de natureza mística, filosófica e religiosa tem sido atribuído a ele. Esta atribuição é importante porque este corpo
literário foi aceito tanto pela Igreja Católica Romana quanto pela Igreja
Ortodoxa como literatura “genuinamente cristã”. Uma vez aceito dessa maneira o
mesmo acabou influenciando grandemente tanto a teologia quanto a espiritualidade
daquelas denominações. Estudos modernos, todavia, têm sido capazes de
demonstrar que esse material foi composto depois do século IV d.C. por um ou
mais autores neoplatônicos[10]. Alguns
acham que esses escritos teriam sido produzidos no século V e mesmo no século
VI d.C. Para se ter uma idéia precisa da influência que tais escritos
alcançaram na cristandade medieval, basta dizer que os mesmos foram traduzidos
para o latim por Johannes Scotus — c. século X d.C. — tendo-se tornado muito
populares como um compêndio de misticismo, e chegaram a ser quase tão
influentes quanto os escritos do próprio apóstolo Paulo!
Plotinos — 205 – 270 d.C
Esses escritos de caráter profundamente místico e repletos de noções e conceitos do neoplatonismo aplicavam novamente, à teologia cristã as doutrinas cardeais dos filósofos Plotinos — 205 – 270 d.C. —, e Proclus — 410 – 485 d.C. —, que foram os dois maiores expoentes daquela escola filosófica. De fato a história reconhece Proclus como o mais influente filósofo no mundo grego — Bizâncio —, latino — Roma — e Islâmico — Arábia —, simultaneamente. Os ensinos desses filósofos incluíam conceitos acerca da natureza inefável do Um, a extensão da emanação para além da substância divina à alma humana e ao universo. Além disso ensinavam a constituição tríplice de todas as coisas e o conceito do processo mundial como um derramamento eterno e infinito da essência divina, bem como o retorno da essência divina à sua origem. Estes ensinos aboliram as distinções ortodoxas de categorias entre Deus e o universo criado e, como eram completamente panteístas, eram positivamente heréticos.
Proclus — 410 – 485 d.C
Independentemente desses fatos, esses
escritos alcançaram enorme notoriedade e exerceram notável influência sobre
todo misticismo cristão subsequente. Não foram poucos os que, seguindo esses
ensinamentos abandonaram a fé histórica e ortodoxa para seguir, de forma
apaixonada, essas heresias. Mas a questão mais pervasiva de todas é o ensino
acerca da dicotomia, de que existe uma diferença entre a vida espiritual e a
vida física. De acordo com esse ensinamento a pessoa devia buscar uma vida
espiritual em oposição à vida física controlada pelos cinco sentidos. Essa vida
espiritual devia ser buscada porque era um tipo de vida superior à vida física.
O resultado desse ensino naqueles dias foi o desenvolvimento de um extenso
misticismo, com
pessoas pretendendo viver em um nível muito superior à maioria das pessoas. Esta tolice grega se instalou
definitivamente na vida da igreja e suas consequências podem ser vistas até os
dias de hoje em ensinamentos, igualmente tolos, de que existem cristãos
espirituais e cristãos carnais. Pela descrição dada por esses mestres o cristão
carnal não passa realmente de um incrédulo que não tem nada de cristão a não
ser a aparência pretensiosa e
vazia. Em tempos mais recentes esta tolice se manifesta no uso impróprio da expressão
“unção” querendo significar que aqueles que a possuem são superiores aos que
não a possuem. Muitos
existiram que durante as diversas eras da igreja cristã pretenderam viver em um
nível superior ao dos demais cristãos, como se fossem mais espirituais como se
já estivessem vivendo nos céus! O fato é que Deus concedeu a todos os crentes
sua completa bênção espiritual que se manifesta primariamente pela presença
gloriosa do seu Espírito Santo em nós presença essa, que é manifestada por toda
a extensão do que a Bíblia chama de “lugares celestiais” que corresponde a toda
extensão onde o poder e domínio de Deus se manifestam!
2. Conclusão acerca de quantos céus existem:
Apesar de não podermos definir com precisão
a resposta para nossa pergunta acerca de “Quantos Céus Existem?” podemos,
entretanto, tirar algumas conclusões de tudo o que vimos até aqui.
1. Os “lugares celestiais” não devem ser
entendidos somente como um espaço ou localidade. As referências a “trono de
poder” — Efésios 1:20 e 2:6 — bem como a principados e poderes nos lugares
celestiais não se referem a lugares geograficamente limitados e devem ser
entendidos como o ambiente onde poder e autoridade “celestiais” são exercidos.
2. Os lugares celestiais podem ainda ser
habitados por seres hostis a Deus e aos homens — Efésios 6:12 —, mas este fato
não ameaça nem impede a ordem correta nas regiões celestiais, que consiste e
será consumada pela submissão de tudo ao Senhorio de Jesus — Efésios 1:20—23.
Ver também Filipenses 2:9—11 e Colossenses 1:18—20.
Em resumo, a menção de “lugares celestiais”
ou céus em Efésios 1:3, não possui nenhuma função limitadora da mesma maneira
que aconteceu com a expressão “espiritual”. Pelo contrário, o uso da expressão
“lugares celestiais” indica a extensão, a eficiência, a validade e a
suficiência da bênção que Deus concedeu. Deus mesmo é a fonte da bênção e todas
as dimensões da criação e da existência humana, sejam elas reais sejam
imaginárias, são permeadas e modificadas por esta bênção, mesmo que ainda alguns
elementos permaneçam hostis, conforme Efésios 6:12.
OUTROS ESTUDOS ACERCA DA IGREJA COMO CORPO DE CRISTO E NO PLANO ETERNO DE DEUS
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 001 — A Igreja
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 002 — A Unidade de Igreja
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 003 — Como a Unidade Funciona na Prática
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 004 — Como o Amor Funciona na Prática
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 005 — Unidade em Meio à Diversidade
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 006 — Unidade Com Variedade Mas com Harmonia
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 007 — A Igreja Como o “Mistério” de Deus e Uma Introdução a Efésios 1:3—14
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 008 — Uma Introdução a Efésios 1:3—14
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 009 — A Bênção Espiritual — Efésios 1:3
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 010 — As Regiões Celestiais — Efésios 1:3
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 011 — Nossa Escolha ou Eleição Divina — Efésios 1:4 — Parte 001
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 012 A —Escolha ou Eleição Divina — Efésios 1:4 — PARTE 002
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 013 — A Escolha ou Eleição Divina — Efésios 1:4 — PARTE 003
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 014 — A Escolha ou Eleição Divina — Efésios 1:4 — PARTE 004
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 015 — A Escolha ou Eleição Divina — Efésios 1:4 — PARTE 005
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 016 — A Escolha ou Eleição Divina — Efésios 1:4 — PARTE 006
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 017 — A Escolha ou Eleição Divina — Efésios 1:4 — PARTE 007 — O Mundo Nos Odeia
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 018 — A Escolha ou Eleição Divina — Efésios 1:4 — PARTE 008 — Por que O Mundo Nos Odeia
A Igreja Como Corpo de Cristo e No Plano Eterno de Deus — ESTUDO 019 — As Desculpas para Rejeitar a Jesus e o Evangelho da Graça — PARTE 001
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a
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Desde já
agradecemos a todos.
[1] As
legiões romanas favoreciam a adoração do deus Mitra desde que foram
introduzidos a esta religião. Essa divindade tinha sua origem no panteão Védico
do Hinduísmo, onde se chamava Mitra. Este deus havia chegado à região da
Anatólia —Turquia moderna — através dos iranianos e havia se tornado em
conjunção com a filosofia grega uma das muitas religiões de mistérios da
antiguidade. O interesse das legiões romanas por esta divindade devia-se ao
fato de este deus representar a amizade, a integridade, a harmonia e tudo o
mais que era necessário para uma bem sucedida manutenção da ordem na existência
humana, coisas estas que eram do interesse primordial dos soldados romanos.
[2]
Equinócios são pontos da órbita da Terra em que se registra igual duração do
dia e da noite, o que sucede nos dias 21 de março e 23 de setembro.
[3] Os
solstícios são as Épocas em que o Sol passa pela sua maior declinação boreal —
ao norte — ou austral — ao (sul—, e durante a qual cessa de afastar-se do
equador. Os solstícios situam-se, respectivamente, nos dias 22 ou 23 de junho
para a maior declinação boreal, e nos dias 22 ou 23 de dezembro para a maior
declinação austral do Sol. No hemisfério sul, a primeira data se denomina-se
solstício de inverno e a segunda solstício de verão; e, como as estações são
opostas nos dois hemisférios, essas denominações invertem-se no hemisfério
norte.]
[4]
Bastão com duas serpentes enroscadas e com duas asas na extremidade superior —
Insígnia do deus Mercúrio. Esta insígnia, a partir do século XVI, foi adotada
como símbolo da Medicina.
[5] Encarnação — Veja como é
antiga essa bobagem que o tal de Allan Kardec pretendeu ter descoberto apenas
no século XIX!
[6] O
espiritismo está presente não somente nos ensinos chamados herméticos ou da
religião do deus Mitra, mas pode ser também encontrado entre os gregos nas
obras do matemático Pitágoras de Samos, do filósofo Platão de Atenas, em todas
as religiões originadas da Índia e na sua versão moderna inventada por
Hippolyte-León-Denizard Rivail que se autodenominava como a reencarnação de um
poeta celta chamado Allan Kardec. Outras religiões como a Teosofia de Helena
Petrovna Blavatsky também capitalizam em cima do espiritismo egípcio, indiano e
kardecista. Mesmo religiões que alegam ser cristãs, como o Adventismo do Sétimo
Dia e o a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que é conhecida
como igreja Mórmon possuem também seus toques de espiritismo.
[7] A
filosofia conhecida como Epicureanismo foi fundada por Epicuro —341 — 270 a.C..
Nesse momento o que nos interessa dessa filosofia é sua crença acerca da alma
humana. Para os filósofos epicureus a alma era material, constituída de átomos
minúsculos e se encontrava espalhada pelo corpo. Desta forma a morte era
insignificante já que tanto o corpo como a alma se dissolvem no meio.
[8] O
Estoicismo foi fundado por Zeno — 336 — 264 a.C.. Um de seus seguidores,
Crísopo — 232 — 204 a.C. —, tinha alunos de regiões distantes como Tarso e
Babilônia. O estoicismo como desenvolvido por Crísopo foi favoravelmente
recebido em Roma durante a República. Essa
filosofia era bem mais complexa no que diz respeito às implicações teológicas.
Os estoicos acreditavam que as forças do universo formam uma força todo pervasiva
e assim se mostram panteísta. O panteísmo acredita que Deus é a soma de tudo
quanto existe, mas existem também sintomas de deísmo. Esse, por sua vez, acredita
na existência de um Deus, destituído de atributos morais e intelectuais, e que
poderia ou não haver influído na criação do Universo. Para os estoicos o
universo forma uma cadeia de causa e efeito onde nada acontece por acaso.
Dentro desta perspectiva o mal se torna inexistente ou relativo. Acreditavam
também que a alma é substância material, uma fagulha do fogo divino e que a
verdadeira religião consistia em se resignar ao destino. Caso houvesse
resistência na resignação, a crença da re-ocorrência cíclica garantia o
reaparecimento da alma — reencarnação — para uma nova tentativa.
[9] Tribunal ateniense, assembléia de
magistrados, sábios, literatos, etc., localizado na “Colina de Marte” — Ares em
grego — na área adjacente ao Parthenon, na Acrópole ateniense.
[10] A
escola filosófica conhecida como Platonismo foi fundada por Platão (427 – 347
a.C.), que juntamente com Sócrates e Aristóteles compões a tríade de “mamutes”
filosóficos da cidade antiga de Atenas. Platão era tanto filósofo, quanto poeta
e místico, e a ele devemos o registro por escrito dos ensinamentos de Sócrates.
Ao misturar filosofia com poesia e misticismo Platão conseguia combinar uma
enorme habilidade de raciocínio lógico com vôos poéticos imaginativos e profundos
sentimentos místicos. Platão acreditava em um ser criador que ele chamava de
Demiurgo. Este Demiurgo molda o mundo real (este em que vivemos) de acordo com
o padrão do mundo ideal, tão perfeitamente quanto possível utilizando a
matéria. O demiurgo funciona como uma espécie de arquiteto que impõe formatos a
matéria pré-existente - esta ideia platônica é muito penetrante e podemos
encontrá-la tanto no conceito do “Grande Arquiteto do Universo” da Maçonaria
quanto na série de filmes “Matrix” onde o arquiteto faz exatamente o que Platão
ensinou. Quando Platão fala da “alma do mundo” ele está falando da sua fé
panteísta. Para Platão existem inúmeros outros deuses, além do Demiurgo, mas
nenhuma personalidade é atribuída a eles. Platão também acreditava na eternidade
das almas já que ensinava que todo conhecimento é apenas reminiscência. Apesar
de Platão não ter ocupado um lugar dominante na filosofia grega posterior à sua
época, como pode ser facilmente demonstrado, veio a ocupar de maneira quase
absoluta, uma posição dominante nos primeiros séculos do Cristianismo. A
teologia dos assim chamados “Pais da Igreja” que é chamada de Patrística e que
é objeto de estudos na ciência histórica chamada de Patrologia, foi formulada,
em sua grande maioria, baseada na super estrutura da filosofia de Platão. Mas a
influência de Platão não se resume ao Cristianismo. O Judaísmo também,
principalmente através de Filo Judaeus de Alexandria (15 a 10 a.C – 45 a 50
d.C) bem como, em tempos posteriores, a filosofia Islâmica também devem muito à
Platão. Sua influência pode ser vista na ênfase da realidade não material, na
existência de uma alma imortal distinta do corpo físico, na idéia de uma
religião cósmica (a beleza da ordem celestial acima) e seus ensinamentos acerca
de uma sociedade justa.
URGENTE!!!:
ResponderExcluirFalso Bispo FORMIGONI engana fazendo as suposta cura de viciado na seita-empresa Igreja Universal do Reino de Deus:
https://www.youtube.com/watch?v=kE1W_xi_fgw