Representação artística de Cristo no Getsêmane.
O material abaixo é parte de um livro
escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:
Fonte: CCEL.org │ Título
Original: “Christ’s Agony”
As citações bíblicas
desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).
Tradução por Camila
Almeida │ Revisão William Teixeira
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A AGONIA DE CRISTO
Por Jonathan Edwards
“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o
Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.”
– Lucas 22:44 –
1. Disto podemos aprender como
foram os últimos terríveis sofrimentos de Cristo. Aprendemos isto a partir do
efeito terrível que a clara previsão deles teve sobre Ele em Sua agonia. Seus
últimos sofrimentos foram tão terríveis, que a visão anterior que Cristo teve
deles o dominou e o assombrou, como é dito, Ele começou a estar apavorado. A
própria visão desses últimos sofrimentos foi tão terrível quanto a afundar Sua
alma dentro da escura sombra da morte; sim, tão terrível foi isso, que no
doloroso conflito que a Sua natureza teve com eles, Ele esteve todo em suor
sangrento, Seu corpo foi todo coberto de sangue coagulado, e não apenas o Seu
corpo, mas o próprio chão debaixo dEle com o sangue que dEle caíra, que havia
sido forçado através de Seus poros pela violência de Sua agonia. E se apenas a
visão do cálice era tão assombrosa, quão terrível foi o próprio cálice, como
muito além de tudo o que pode ser pronunciado ou concebido! Muitos dos mártires
sofreram torturas extremas, mas a partir do que foi dito, há todas as razões
para pensar que todos aquelas foram um mero nada para os últimos sofrimentos de
Cristo na cruz. E o que foi dito oferece um argumento convincente de que os
sofrimentos que Cristo suportou em Seu corpo na cruz, embora eles fossem mui
terríveis, ainda foram a menor parte de Seus últimos sofrimentos; e que, ao
lado desses, Ele suportou sofrimentos em Sua alma, que foram muito maiores.
Pois se fossem apenas os sofrimentos que Ele suportou em Seu corpo, apesar de
serem muito terríveis, não podemos conceber que a mera antecipação deles teria
tal efeito sobre Cristo. Muitos dos mártires, pelo que sabemos, têm sofrido
torturas tão graves em Seus corpos, como Cristo fez. Muitos dos mártires foram
crucificados, como Cristo foi; e ainda assim as Suas almas não foram tão
oprimidas. Não houve evidência dessa incrível tristeza e aflição de espírito,
nem na antecipação de Seus sofrimentos, ou na real duração deles.
2. Pelo que foi dito, podemos ver
a força maravilhosa do amor de Cristo pelos pecadores. O que foi dito mostra a
força do amor de Cristo de duas maneiras.
[1] Que Ele foi tão forte para
suportar a agonia na qual Ele se encontrava, nessa ocasião. O sofrimento a que
Ele, então, foi realmente sujeito, foi terrível e assombroso, como foi
demonstrado; e quão maravilhoso foi o Seu amor, que ainda permaneceu e foi
confirmado! O amor de qualquer mero homem ou anjo sem dúvida teria afundado sob
tal peso, e nunca teria sofrido um conflito em um suor tão sangrento como o de
Jesus Cristo. A angústia da alma de Cristo naquele tempo foi tão forte a ponto
de causar esse efeito maravilhoso em Seu corpo. Mas o Seu amor aos Seus
inimigos, miseráveis e indignos como eram, foi ainda mais forte. O coração de
Cristo, nesse momento estava cheio de angústia, todavia estava mais cheio de
amor por vermes desprezíveis: Suas tristezas abundavam, mas o Seu amor
superabundou. A alma de Cristo foi esmagada com um dilúvio de sofrimento, mas
isto ocorreu a partir de um dilúvio de amor por pecadores em Seu coração,
suficiente para transbordar para todo o mundo, e sobrepujar as mais altas
montanhas de seus pecados. Essas grandes gotas de sangue que corriam ao chão
foram uma manifestação de um oceano de amor no coração de Cristo.
2. A força do amor de Cristo,
mais especialmente evidencia-se no fato de que, quando Ele teve uma visão tão
plena do horror do cálice que estava para beber, que tanto o assombrou, ele,
não obstante, mesmo assim, toma-o e bebe-o. Então, parece ter sido a maior e
mais peculiar verificação da força do amor de Cristo, quando Deus coloca a
porção amarga diante dEle, e o deixa ver o que Ele tinha que beber, se
persistisse em Seu amor pelos pecadores; e trouxe-O para a boca da fornalha
para que Ele pudesse ver a Sua ferocidade, e ter uma plena visão da mesma, e
teve tempo, então, para considerar se Ele entraria e sofreria as chamas desta
fornalha por tais criaturas indignas, ou não. Isso foi a última consideração do
que Cristo faria; como se então, fosse dito a Ele: “Aqui está o cálice que você
deve beber, a menos que você desista de Seu compromisso pelos pecadores, e
mesmo deixe-os perecer como eles merecem. Você tomará este cálice, e o beberá
por eles, ou não? Há uma fornalha na qual você está para ser lançado, para que
eles possam ser salvos; ou eles devem perecer, ou você tem que suportar isso
por eles. Ali você vê quão terrível é o calor do forno; você vê qual a dor e
angústia que você deve suportar no dia seguinte, a menos que você desista da
causa dos pecadores. O que você fará? É tanto o Seu amor que você prosseguirá?
Você lançar-se-á nesta terrível fornalha de ira?” A alma de Cristo foi esmagada
com o pensamento; Sua frágil natureza humana afundou diante da triste visão.
Isto o colocou nessa terrível agonia que ouviste descrita; mas Seu amor pelos
pecadores resistiu. Cristo não passaria por esses sofrimentos
desnecessariamente, se os pecadores pudessem ser salvos sem os mesmos. Se não
houvesse uma necessidade absoluta de sofrê-los para a salvação deles, Ele
desejaria que o cálice passasse dEle. Mas, se os pecadores, em quem Ele havia
fixado o Seu amor, não pudessem, de acordo com a vontade de Deus, ser salvos
sem que Ele o bebesse, Ele escolheu que a vontade de Deus fosse feita. Ele
optou por seguir em frente e suportar o sofrimento, terrível como o mesmo
apareceu para Ele. E esta foi a Sua conclusão final, após o conflito sombrio de
Sua pobre fraca natureza humana, depois de ter tido o cálice em vista, e, por
no mínimo o espaço de uma hora, já tinha visto o quão incrível era. Ainda
assim, Ele finalmente decidiu que Ele suportaria, ao invés que aqueles pobres
pecadores que Ele havia amado por toda a eternidade perecessem. Quando o cálice
terrível estava diante dEle,
Ele não disse em Seu interior: “Por que eu, que
sou tão grandiosa e gloriosa Pessoa, infinitamente mais honrado do que todos os
anjos do céu, por que eu deveria ir para mergulhar-me em tão terríveis e
incríveis tormentos por vermes inúteis miseráveis que não podem ser proveitosos
a Deus, ou a mim, e que merecem ser odiados por mim, e não ser amados? Por que
eu, que tenho vivido desde toda a eternidade no gozo do amor do Pai,
lançar-me-ei em tal fornalha por aqueles que nunca podem me recompensar por
isso? Por que eu deveria me render a ser, assim, esmagado pelo peso da Ira
Divina, por aqueles que não têm amor por mim, e são meus inimigos? Eles não
merecem qualquer união comigo, e nunca fizeram e nunca farão, qualquer coisa
para recomendarem-se a mim. Em que serei mais rico por salvar um número de
inimigos miseráveis de Deus e meus, que merecem ter a Justiça Divina
glorificada em Sua destruição?” Tal, porém, não era a linguagem do coração de
Cristo, nessas circunstâncias; mas, pelo contrário, o Seu amor permaneceu
firme, e Ele resolveu, mesmo assim, em meio a Sua agonia, entregar a Si mesmo à
vontade de Deus, e tomar o cálice e o beber. Ele não fugiria para sair do
caminho de Judas e daqueles que estavam com ele, mas Ele sabia que eles estavam
vindo, mas na mesma hora entregou-se voluntariamente em Suas mãos. Quando eles
vieram com espadas e varapaus para prendê-lo, e Ele poderia ter clamado por Seu
pai, que imediatamente enviaria muitas legiões de anjos para repelir Seus inimigos,
e libertá-lo, Ele não quis fazê-lo; e os Seus discípulos, teriam feito
resistência, Ele não os sofreria, como você pode ver em Mateus 26:51,
em diante: “E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão,
puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão
da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu
Pai, e que Ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se
cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?”
E Cristo, em vez de esconder-se de Judas e dos soldados, falou-lhes, quando
eles pareciam estar perdidos se Ele era a pessoa a quem eles procuravam; e
quando ainda pareciam hesitar um pouco, sendo tomados de algum terror em Seus
espíritos, falou-lhes de novo, e então rendeu-se em Suas mãos, para ser preso
por eles, depois que Ele lhes havia mostrado que poderia facilmente
resistir-lhes se quisesse, quando uma única palavra dita por Ele, jogou-os para
trás ao chão, como você pode ver em João 18:3, em diante: “Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais dos principais sacerdotes
e fariseus, veio para ali com lanter-nas, e archotes e armas. Sabendo, pois,
Jesus todas as coisas que sobre Ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A
quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E
Judas, que o traía, estava com eles. Quando, pois, lhes disse: Sou eu,
recuaram, e caíram por terra”. Assim, poderoso, constante e forte
foi o amor de Cristo; e a provação especial do Seu amor acima de todas as
outras em toda a Sua vida parece ter sido no momento da Sua agonia. Pois,
embora Seus sofrimentos fossem maiores depois, quando Ele estava na cruz, ainda
assim Ele viu claramente o que esses sofrimentos seriam, no momento de Sua
agonia; e esta parece ter sido a primeira vez que Jesus Cristo teve uma visão
clara do que eram esses sofrimentos; e depois disso a provação não foi tão
grande, porque o conflito terminara. A Sua natureza humana estava em uma luta
com o Seu amor pelos pecadores, mas o Seu amor havia conseguido a vitória. A
coisa, mediante uma visão plena dos Seus sofrimentos, havia sido resolvida e
concluída; e, portanto, quando o momento chegou, Ele realmente passou por esses
sofrimentos.
Mas há duas circunstâncias da
agonia de Cristo que ainda fazem mais visível a força e constância do Seu amor
pelos pecadores.
1. Que, ao mesmo tempo em que Ele
teve essa visão do horror dos Seus sofrimentos, Ele também tinha uma percepção
extraordinária sobre o ódio da impiedade daqueles pelos quais esses sofrimentos
deviam fazer expiação. Há duas coisas que tornam o amor de Cristo maravilhoso:
1. Que Ele esteve disposto a suportar sofrimentos que eram tão grandiosos e 2.
Que Ele esteve disposto a suportá-los para fazer expiação por impiedade que era
tão grande. Mas, para Seu ser propriamente dito, Cristo de Seu próprio ato e
escolha suportou sofrimentos que eram tão grandes, para fazer expiação por
maldade que era tão grande, as duas coisas eram necessárias: [1.] Que Ele
deveria ter um senso extraordinário de quão grande esse sofrimento devia ser,
antes que Ele os suportasse. Isto foi dado em Sua agonia. E [2.] Que Ele devia
também, ao mesmo tempo, ter um senso extraordinário de quão grande e odiosa era
a maldade dos homens pelos quais Ele sofreu para fazer expiação; ou quão
indignos eram aqueles por quem Ele morreu. E essas duas coisas foram oferecidas
ao mesmo tempo. Quando Cristo teve um sentido tão extraordinário de quão amargo
o Seu cálice devia ser, Ele teve muito a fazê-lo sensível de quão indigna e
odiosa era aquela impiedade do homem por quem Ele sofreu; porque a natureza
odiosa e maligna daquela corrupção nunca se evidenciou mais plenamente do que
na raiva e crueldade dos homens nesses sofrimentos; e ainda assim, o Seu amor
foi tão grande que, não obstante, Ele passou a sofrer por eles, que estavam cheios
de tal corrupção detestável.
Foi a corrupção e injustiça dos
homens que forjaram e efetuaram a Sua morte; foi a impiedade dos homens que
concordou com Judas, foi a maldade dos homens que O traiu, e que O prendeu, e
amarrou-O e levou-O para longe como um malfeitor; foi pela corrupção e maldade
dos homens que Ele foi denunciado, e falsamente acusado e injustamente julgado.
Foi pela maldade dos homens que Ele foi repreendido, escarnecido, esbofeteado e
cuspido. Foi pela impiedade dos homens que Barrabás foi preferido a Ele. Foi a
impiedade dos homens que colocou a Cruz sobre Ele para carregar, e que o pregou
e o colocou em tão cruel e ignominiosa morte. Isso tende a dar a Cristo um
extraordinário senso da grandeza e odiosidade da depravação da humanidade.
[1.] Porque aqui no momento dos
Seus sofrimentos Ele teve a depravação posta diante dEle como ela é, sem
disfarce. Quando ela matou Cristo, apareceu em Suas cores próprias. Aqui Cristo
viu em Sua real natureza, o que é o maior ódio e desprezo de Deus; na tendência
final e desejo dela, que é matar Deus; e, em Seu mais grandioso agravamento e
maior ato, que é matar uma pessoa que era Deus.
[2.] Porque nestes sofrimentos
Ele sentiu os frutos daquela impiedade. Foi nessa ocasião, diretamente dirigida
contra Ele mesmo, e em si mesma exercida contra Ele para operar a Sua
reprovação e tormento, o que tendia a imprimir um sentido mais forte de Seu
ódio sobre a natureza humana de Cristo. Mas, ainda assim, ao mesmo tempo, tão
maravilhoso foi o amor de Cristo por aqueles que apresentavam essa corrupção
odiosa, que Ele suportou esses mesmos sofrimentos para livrá-los da punição
daquela mesma corrupção. A maravilha do amor de Cristo ao morrer, aparece em
parte em que Ele morreu por aqueles que eram tão indignos em si mesmos, pois
todos os homens têm o mesmo tipo de corrupção em Seus corações. E em parte em
que Ele morreu por aqueles que não eram apenas tão ímpios, mas cuja iniquidade
consistia em serem Seus inimigos; assim, Ele não apenas morreu pelos ímpios,
mas pelos Seus próprios inimigos. E como Ele estava disposto a morrer por Seus
inimigos, ao mesmo tempo em que Ele estava sentindo os frutos de Sua inimizade,
quando Ele sentiu os efeitos extremos e esforços de seu ódio contra Ele no
maior desprezo e crueldade possíveis em direção a Ele, em Sua vergonha,
tormentos e morte; e em parte, na medida em que Ele estava disposto a fazer
expiação por Seus inimigos, nestes mesmos sofrimentos, e por meio da mesma
ignomínia, tormento e morte que eram o fruto disso. O pecado e a maldade dos
homens, pelos quais Cristo sofreu para fazer expiação, foram, por assim dizer,
postos diante de Cristo, em Sua visão.
CONTINUA...
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UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
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Alexandros Meimaridis
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