sexta-feira, 7 de agosto de 2015

JONATHAN EDWARDS: A AGONIA DE CRISTO — UM ESTUDO — PARTE 006


Representação artística de Cristo no Getsêmane.

O material abaixo é parte de um livro escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:

Fonte: CCEL.org │ Título Original: “Christ’s Agony”

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).

Tradução por Camila Almeida │ Revisão William Teixeira

facebook.com/oEstandarteDeCristo

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

A AGONIA DE CRISTO
Por Jonathan Edwards

“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.”
– Lucas 22:44 –

1. Disto podemos aprender como foram os últimos terríveis sofrimentos de Cristo. Aprendemos isto a partir do efeito terrível que a clara previsão deles teve sobre Ele em Sua agonia. Seus últimos sofrimentos foram tão terríveis, que a visão anterior que Cristo teve deles o dominou e o assombrou, como é dito, Ele começou a estar apavorado. A própria visão desses últimos sofrimentos foi tão terrível quanto a afundar Sua alma dentro da escura sombra da morte; sim, tão terrível foi isso, que no doloroso conflito que a Sua natureza teve com eles, Ele esteve todo em suor sangrento, Seu corpo foi todo coberto de sangue coagulado, e não apenas o Seu corpo, mas o próprio chão debaixo dEle com o sangue que dEle caíra, que havia sido forçado através de Seus poros pela violência de Sua agonia. E se apenas a visão do cálice era tão assombrosa, quão terrível foi o próprio cálice, como muito além de tudo o que pode ser pronunciado ou concebido! Muitos dos mártires sofreram torturas extremas, mas a partir do que foi dito, há todas as razões para pensar que todos aquelas foram um mero nada para os últimos sofrimentos de Cristo na cruz. E o que foi dito oferece um argumento convincente de que os sofrimentos que Cristo suportou em Seu corpo na cruz, embora eles fossem mui terríveis, ainda foram a menor parte de Seus últimos sofrimentos; e que, ao lado desses, Ele suportou sofrimentos em Sua alma, que foram muito maiores. Pois se fossem apenas os sofrimentos que Ele suportou em Seu corpo, apesar de serem muito terríveis, não podemos conceber que a mera antecipação deles teria tal efeito sobre Cristo. Muitos dos mártires, pelo que sabemos, têm sofrido torturas tão graves em Seus corpos, como Cristo fez. Muitos dos mártires foram crucificados, como Cristo foi; e ainda assim as Suas almas não foram tão oprimidas. Não houve evidência dessa incrível tristeza e aflição de espírito, nem na antecipação de Seus sofrimentos, ou na real duração deles.

2. Pelo que foi dito, podemos ver a força maravilhosa do amor de Cristo pelos pecadores. O que foi dito mostra a força do amor de Cristo de duas maneiras.

[1] Que Ele foi tão forte para suportar a agonia na qual Ele se encontrava, nessa ocasião. O sofrimento a que Ele, então, foi realmente sujeito, foi terrível e assombroso, como foi demonstrado; e quão maravilhoso foi o Seu amor, que ainda permaneceu e foi confirmado! O amor de qualquer mero homem ou anjo sem dúvida teria afundado sob tal peso, e nunca teria sofrido um conflito em um suor tão sangrento como o de Jesus Cristo. A angústia da alma de Cristo naquele tempo foi tão forte a ponto de causar esse efeito maravilhoso em Seu corpo. Mas o Seu amor aos Seus inimigos, miseráveis e indignos como eram, foi ainda mais forte. O coração de Cristo, nesse momento estava cheio de angústia, todavia estava mais cheio de amor por vermes desprezíveis: Suas tristezas abundavam, mas o Seu amor superabundou. A alma de Cristo foi esmagada com um dilúvio de sofrimento, mas isto ocorreu a partir de um dilúvio de amor por pecadores em Seu coração, suficiente para transbordar para todo o mundo, e sobrepujar as mais altas montanhas de seus pecados. Essas grandes gotas de sangue que corriam ao chão foram uma manifestação de um oceano de amor no coração de Cristo.

2. A força do amor de Cristo, mais especialmente evidencia-se no fato de que, quando Ele teve uma visão tão plena do horror do cálice que estava para beber, que tanto o assombrou, ele, não obstante, mesmo assim, toma-o e bebe-o. Então, parece ter sido a maior e mais peculiar verificação da força do amor de Cristo, quando Deus coloca a porção amarga diante dEle, e o deixa ver o que Ele tinha que beber, se persistisse em Seu amor pelos pecadores; e trouxe-O para a boca da fornalha para que Ele pudesse ver a Sua ferocidade, e ter uma plena visão da mesma, e teve tempo, então, para considerar se Ele entraria e sofreria as chamas desta fornalha por tais criaturas indignas, ou não. Isso foi a última consideração do que Cristo faria; como se então, fosse dito a Ele: “Aqui está o cálice que você deve beber, a menos que você desista de Seu compromisso pelos pecadores, e mesmo deixe-os perecer como eles merecem. Você tomará este cálice, e o beberá por eles, ou não? Há uma fornalha na qual você está para ser lançado, para que eles possam ser salvos; ou eles devem perecer, ou você tem que suportar isso por eles. Ali você vê quão terrível é o calor do forno; você vê qual a dor e angústia que você deve suportar no dia seguinte, a menos que você desista da causa dos pecadores. O que você fará? É tanto o Seu amor que você prosseguirá? Você lançar-se-á nesta terrível fornalha de ira?” A alma de Cristo foi esmagada com o pensamento; Sua frágil natureza humana afundou diante da triste visão. Isto o colocou nessa terrível agonia que ouviste descrita; mas Seu amor pelos pecadores resistiu. Cristo não passaria por esses sofrimentos desnecessariamente, se os pecadores pudessem ser salvos sem os mesmos. Se não houvesse uma necessidade absoluta de sofrê-los para a salvação deles, Ele desejaria que o cálice passasse dEle. Mas, se os pecadores, em quem Ele havia fixado o Seu amor, não pudessem, de acordo com a vontade de Deus, ser salvos sem que Ele o bebesse, Ele escolheu que a vontade de Deus fosse feita. Ele optou por seguir em frente e suportar o sofrimento, terrível como o mesmo apareceu para Ele. E esta foi a Sua conclusão final, após o conflito sombrio de Sua pobre fraca natureza humana, depois de ter tido o cálice em vista, e, por no mínimo o espaço de uma hora, já tinha visto o quão incrível era. Ainda assim, Ele finalmente decidiu que Ele suportaria, ao invés que aqueles pobres pecadores que Ele havia amado por toda a eternidade perecessem. Quando o cálice terrível estava diante dEle, 

Ele não disse em Seu interior: “Por que eu, que sou tão grandiosa e gloriosa Pessoa, infinitamente mais honrado do que todos os anjos do céu, por que eu deveria ir para mergulhar-me em tão terríveis e incríveis tormentos por vermes inúteis miseráveis que não podem ser proveitosos a Deus, ou a mim, e que merecem ser odiados por mim, e não ser amados? Por que eu, que tenho vivido desde toda a eternidade no gozo do amor do Pai, lançar-me-ei em tal fornalha por aqueles que nunca podem me recompensar por isso? Por que eu deveria me render a ser, assim, esmagado pelo peso da Ira Divina, por aqueles que não têm amor por mim, e são meus inimigos? Eles não merecem qualquer união comigo, e nunca fizeram e nunca farão, qualquer coisa para recomendarem-se a mim. Em que serei mais rico por salvar um número de inimigos miseráveis de Deus e meus, que merecem ter a Justiça Divina glorificada em Sua destruição?” Tal, porém, não era a linguagem do coração de Cristo, nessas circunstâncias; mas, pelo contrário, o Seu amor permaneceu firme, e Ele resolveu, mesmo assim, em meio a Sua agonia, entregar a Si mesmo à vontade de Deus, e tomar o cálice e o beber. Ele não fugiria para sair do caminho de Judas e daqueles que estavam com ele, mas Ele sabia que eles estavam vindo, mas na mesma hora entregou-se voluntariamente em Suas mãos. Quando eles vieram com espadas e varapaus para prendê-lo, e Ele poderia ter clamado por Seu pai, que imediatamente enviaria muitas legiões de anjos para repelir Seus inimigos, e libertá-lo, Ele não quis fazê-lo; e os Seus discípulos, teriam feito resistência, Ele não os sofreria, como você pode ver em Mateus 26:51, em diante: “E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que Ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?” E Cristo, em vez de esconder-se de Judas e dos soldados, falou-lhes, quando eles pareciam estar perdidos se Ele era a pessoa a quem eles procuravam; e quando ainda pareciam hesitar um pouco, sendo tomados de algum terror em Seus espíritos, falou-lhes de novo, e então rendeu-se em Suas mãos, para ser preso por eles, depois que Ele lhes havia mostrado que poderia facilmente resistir-lhes se quisesse, quando uma única palavra dita por Ele, jogou-os para trás ao chão, como você pode ver em João 18:3, em diante: “Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanter-nas, e archotes e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre Ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles. Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra”. Assim, poderoso, constante e forte foi o amor de Cristo; e a provação especial do Seu amor acima de todas as outras em toda a Sua vida parece ter sido no momento da Sua agonia. Pois, embora Seus sofrimentos fossem maiores depois, quando Ele estava na cruz, ainda assim Ele viu claramente o que esses sofrimentos seriam, no momento de Sua agonia; e esta parece ter sido a primeira vez que Jesus Cristo teve uma visão clara do que eram esses sofrimentos; e depois disso a provação não foi tão grande, porque o conflito terminara. A Sua natureza humana estava em uma luta com o Seu amor pelos pecadores, mas o Seu amor havia conseguido a vitória. A coisa, mediante uma visão plena dos Seus sofrimentos, havia sido resolvida e concluída; e, portanto, quando o momento chegou, Ele realmente passou por esses sofrimentos.
Mas há duas circunstâncias da agonia de Cristo que ainda fazem mais visível a força e constância do Seu amor pelos pecadores.

1. Que, ao mesmo tempo em que Ele teve essa visão do horror dos Seus sofrimentos, Ele também tinha uma percepção extraordinária sobre o ódio da impiedade daqueles pelos quais esses sofrimentos deviam fazer expiação. Há duas coisas que tornam o amor de Cristo maravilhoso: 1. Que Ele esteve disposto a suportar sofrimentos que eram tão grandiosos e 2. Que Ele esteve disposto a suportá-los para fazer expiação por impiedade que era tão grande. Mas, para Seu ser propriamente dito, Cristo de Seu próprio ato e escolha suportou sofrimentos que eram tão grandes, para fazer expiação por maldade que era tão grande, as duas coisas eram necessárias: [1.] Que Ele deveria ter um senso extraordinário de quão grande esse sofrimento devia ser, antes que Ele os suportasse. Isto foi dado em Sua agonia. E [2.] Que Ele devia também, ao mesmo tempo, ter um senso extraordinário de quão grande e odiosa era a maldade dos homens pelos quais Ele sofreu para fazer expiação; ou quão indignos eram aqueles por quem Ele morreu. E essas duas coisas foram oferecidas ao mesmo tempo. Quando Cristo teve um sentido tão extraordinário de quão amargo o Seu cálice devia ser, Ele teve muito a fazê-lo sensível de quão indigna e odiosa era aquela impiedade do homem por quem Ele sofreu; porque a natureza odiosa e maligna daquela corrupção nunca se evidenciou mais plenamente do que na raiva e crueldade dos homens nesses sofrimentos; e ainda assim, o Seu amor foi tão grande que, não obstante, Ele passou a sofrer por eles, que estavam cheios de tal corrupção detestável.

Foi a corrupção e injustiça dos homens que forjaram e efetuaram a Sua morte; foi a impiedade dos homens que concordou com Judas, foi a maldade dos homens que O traiu, e que O prendeu, e amarrou-O e levou-O para longe como um malfeitor; foi pela corrupção e maldade dos homens que Ele foi denunciado, e falsamente acusado e injustamente julgado. Foi pela maldade dos homens que Ele foi repreendido, escarnecido, esbofeteado e cuspido. Foi pela impiedade dos homens que Barrabás foi preferido a Ele. Foi a impiedade dos homens que colocou a Cruz sobre Ele para carregar, e que o pregou e o colocou em tão cruel e ignominiosa morte. Isso tende a dar a Cristo um extraordinário senso da grandeza e odiosidade da depravação da humanidade.

[1.] Porque aqui no momento dos Seus sofrimentos Ele teve a depravação posta diante dEle como ela é, sem disfarce. Quando ela matou Cristo, apareceu em Suas cores próprias. Aqui Cristo viu em Sua real natureza, o que é o maior ódio e desprezo de Deus; na tendência final e desejo dela, que é matar Deus; e, em Seu mais grandioso agravamento e maior ato, que é matar uma pessoa que era Deus.

[2.] Porque nestes sofrimentos Ele sentiu os frutos daquela impiedade. Foi nessa ocasião, diretamente dirigida contra Ele mesmo, e em si mesma exercida contra Ele para operar a Sua reprovação e tormento, o que tendia a imprimir um sentido mais forte de Seu ódio sobre a natureza humana de Cristo. Mas, ainda assim, ao mesmo tempo, tão maravilhoso foi o amor de Cristo por aqueles que apresentavam essa corrupção odiosa, que Ele suportou esses mesmos sofrimentos para livrá-los da punição daquela mesma corrupção. A maravilha do amor de Cristo ao morrer, aparece em parte em que Ele morreu por aqueles que eram tão indignos em si mesmos, pois todos os homens têm o mesmo tipo de corrupção em Seus corações. E em parte em que Ele morreu por aqueles que não eram apenas tão ímpios, mas cuja iniquidade consistia em serem Seus inimigos; assim, Ele não apenas morreu pelos ímpios, mas pelos Seus próprios inimigos. E como Ele estava disposto a morrer por Seus inimigos, ao mesmo tempo em que Ele estava sentindo os frutos de Sua inimizade, quando Ele sentiu os efeitos extremos e esforços de seu ódio contra Ele no maior desprezo e crueldade possíveis em direção a Ele, em Sua vergonha, tormentos e morte; e em parte, na medida em que Ele estava disposto a fazer expiação por Seus inimigos, nestes mesmos sofrimentos, e por meio da mesma ignomínia, tormento e morte que eram o fruto disso. O pecado e a maldade dos homens, pelos quais Cristo sofreu para fazer expiação, foram, por assim dizer, postos diante de Cristo, em Sua visão.

CONTINUA...



OUTRAS PARTES DESSE ESTUDO PODERÃO SER VISTAS POR MEIO DOS LINKS ABAIXO

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE
ESTUDO PARTE 001

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE ESTUDO PARTE 002

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE ESTUDO PARTE 003

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 004

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 005

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 006 —http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/jonathan-edwards-agonia-de-cristo-um.html

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 007 —http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/10/jonathan-edwards-agonia-de-cristo-um.html

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 008 —

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 009 —

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 010 — APLICAÇÃO 001

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 011 — APLICAÇÃO 002

UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário