domingo, 16 de agosto de 2015

A ORAÇÃO DO PAI NOSSO - SERMÃO 001 - MATEUS 6:9-13 - Uma Exposição Bíblica, Histórica Literária e Teológica — Introdução


Essa série tem por objetivo expor de maneira ampla, bíblica, literária, histórica e teologicamente, a oração que chamamos de “Oração do Pai Nosso”. Nosso desejo é enriquecer a vida de todos por meio desses esboços de mensagens que também estão disponíveis em áudio. Na parte final desse artigo o leitor encontrará os links para os outros esboços e para os áudios à medida que forem sendo publicados 

 Mateus 6:9—13

Introdução:


A. A chamada “Oração do Pai Nosso” é, juntamente com o Salmo 23 — o Salmo do Bom Pastor — e 1 Coríntios 13 — o capítulo do Amor — uma das três passagens mais conhecidas de toda a Bíblia. 


B. Todavia, devemos afirmar, sem medo de errar, que nenhuma dessas passagens é tão bem conhecida e recitada, como a chamada “Oração do Pai Nosso”. 


C. Como as outras duas passagens, a “Oração do Pai Nosso” é como um ponto radiante de luz. A mesma é apresentada em duas versões. Uma está em Mateus 6:9—13 e a outra em Lucas 11:2—4. As duas versões, longe de representarem qualquer tipo de contradição como desejam muitos críticos, as duas versões apenas indicam que Jesus costumava repetir seus ensinos em ocasiões diferentes. Nossa exposição estará baseada na versão mais longa, como apresentada no Evangelho de Mateus. 

D. Antes, porém, de começarmos nossa apreciação dessas preciosas palavras ensinadas pelo próprio Senhor, devemos olhar ao redor, para o contexto das mesmas, porque ali também Jesus nos ensinou várias verdades.


E. Bem, vamos então começar a analisar o contexto de Mateus 6:9—13 nessa nossa mensagem de...

INTRODUÇÃO À ORAÇÃO DO PAI NOSSO


I. A Quem Devemos dirigir Nossas Orações?


Nossas orações devem ser dirigidas exclusivamente a Deus — o Pai — conforme instruções do próprio Senhor Jesus em Mateus 6:6, 9. 

II. Frases Vazias


A. Antes de ensinar seus discípulos a oração do Pai Nosso, Jesus os advertiu com as seguintes palavras:


Mateus 6:7

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. 

B. Essas palavras de Jesus são, no mínimo, muito intrigantes: 

C. Primeiro porque as orações de Jesus registradas nos Evangelhos são todas muito breves. A própria Oração do Pai Nosso tem somente 62 palavras no original grego, 74 na versão Revista e Atualizada e 79 na versão da Nova Tradução na Linguagem de hoje. 

D. Por outro lado algumas passagens nos dizem que:

Marcos 1:35

Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava. 

Lucas 6:12

Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus.

E. O que esses versículos realmente querem nos ensinar? Eu creio que os mesmos são indicativos que Jesus passava longos períodos cheio do Espírito de Deus em silenciosa comunhão com o Deus, comunhão essa que dispensava o uso de palavras.


F. Muitas vezes nós somos levados a acreditar numa mentira que diz que: “oração comprida é igual a uma oração boa e oração curta é prova de imaturidade na vida de oração”. Mas como dissemos essa afirmação não é verdadeira.


G. De fato o Evangelho contradiz tal afirmação, pois Jesus diz em —

Mateus 6:7—8

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.


H. Isso era uma prática comum entre os pagãos que costumavam usar longas saudações às suas divindades. Eles queriam ter certeza que todos os títulos apropriados para a divindade para a qual estavam orando eram, de fato, pronunciados. Isso era mais verdadeiro ainda quando a “divindade” em questão era o imperador romano César.


I. Um exemplo do que estamos dizendo pode ser visto na saudação de uma oração feita em homenagem ao imperador Galério — Gaius Galerius Valerius Maximianus que viveu entre 260—311 d.C., e governou de 305—311 d.C. Ela começa assim:


“O imperador César, Galerius, Valerius, Maaximanus, Invictus, Augustus, Pontifex Maximus, Germânico Maximus, Egypticus Maximus, Phoebicos Maximus, Sarmenticus Maximus —  repetida cinco vezes — Persecus Maximus — repetidas duas vezes — Carpicus Maximus — repetida seis vezes — Armenicus Maximus, Medicus Maximus, Abendicus Maximus, Detentor de Autoridade de Tribunop vela vigésima vez, emperador pelo décimo-nono ano, Consul pelo oitavo ano, Pater Patriae Pro Consul...” 

J. Entre os judeus também havia esse entendimento errado que quanto mais comprida a oração melhor era a mesma. 

K. Jesus nos afirma que Deus não precisa nem deseja nada que seja parecido com isso. 

L. Já no Antigo Testamento, o autor do livro do Eclesiastes advertiu seus leitores dizendo:

Eclesiastes 5:2

Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras.


III Nossa Situação Presente


A. Hoje vivemos uma explosão de palavras. Estamos, literalmente, sendo afogados pelas mesmas. Todos os dias somos bombardeados por milhares de outdoors, propagandas, cartas, revistas, jornais, comerciais em todas as formas conhecidas de meios de comunicação, rádio, televisão, spams, catálogos, correspondências que vão direto para o lixo — junk mail — chamadas telefônicas, mensagens de texto ou torpedos, faxes, whatsapp e e-mails sem fim. 

B. Jesus nos convida para um lugar onde as palavras são poucas, mas poderosas. 

C. Para terminarmos essa breve introdução quero chamar sua atenção para a linguagem e o estilo da oração, como Jesus deseja que oremos.


IV. O Estilo e a Linguagem da Oração 

A. Os judeus sabiam como orar e, judeus piedosos como o profeta Daniel, oravam três vezes por dias:

Daniel 6:10

Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas do lado de Jerusalém, três vezes por dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer.

B. As orações de Daniel eram feitas pela manhã — ao nascer do sol — às três horas da tarde e a última junto com o pôr do sol.


C. Agora note que apesar dessa prática ser comum nos dias de Jesus, em nenhum momento o Senhor nos ensina que existe hora certa para orar. Não existe! Nós podemos nos aproximar de Deus em oração a qualquer instante e não em horas pré-determinadas. 

D. A ausência de tal ensinamento da parte de Jesus é a primeira grande mudança que devemos notar no padrão de oração ensinado pelo Senhor. 

V. Como os Judeus Costumavam Orar nos Dias de Jesus.

A. As orações diárias dos judeus tinham e têm início com a recitação do שְׁמַעshemá` — de

Deuteronômio 4:6

Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. 

Além desse versos outros podem ser adicionados de 

Deuteronômio 6:5—9

5 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.

6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;

7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.

8 Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.

9 E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.


Deuteronômio 11:13—21

21 Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a vossos pais, e sejam tão numerosos como os dias do céu acima da terra.

22 Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os guardardes, amando o SENHOR, vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes,

23 o SENHOR desapossará todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.

24 Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, desde o deserto, desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será vosso.

25 Ninguém vos poderá resistir; o SENHOR, vosso Deus, porá sobre toda terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito.

26 Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição:

27 a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno;

28 a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.

29 Quando, porém, o SENHOR, teu Deus, te introduzir na terra a que vais para possuí-la, então, pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim e a maldição sobre o monte Ebal.

30 Porventura, não estão eles além do Jordão, na direção do pôr-do-sol, na terra dos cananeus, que habitam na Arabá, defronte de Gilgal, junto aos carvalhais de Moré?

31 Pois ides passar o Jordão para entrardes e possuirdes a terra que vos dá o SENHOR, vosso Deus; possuí-la-eis e nela habitareis.


Números 15:37—41

37 Disse o SENHOR a Moisés:

38 Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que nos cantos das suas vestes façam borlas pelas suas gerações; e as borlas em cada canto, presas por um cordão azul.

39 E as borlas estarão ali para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR e os cumprais; não seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos, após os quais andais adulterando,

40 para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso Deus.

41 Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.


B. Em seguida vem uma série de 18 orações chamadas de “Amidah” — em pé — porque as mesmas devem ser proferidas pelo judeu em pé. Essas orações são também chamadas, de forma simples, de “tefillah” — orações — e algumas estavam em uso nos dias de Jesus. As mesmas permanecem em uso nas sinagogas modernas. Alguns autores se referem a essas orações como sendo as “18 Bênçãos”.
  
C. Nos dias do Novo Testamento o número dessas orações ou bênçãos foi aumentado pelo acréscimo de uma “oração contra os hereges” que recebeu o número 11. Todavia, para que o número total de 18 não fosse alterado as bênçãos ou orações de números 14 e 15 foram unidas em uma só.  

D. Existem pontos de convergência e de diferenças entre essas orações judaicas e a Oração do Pai Nosso. 

1. O pedido pelo sustento diário. 

2. Algumas das frases introdutórias também são semelhantes. 

3. Elas fazem menção ao tempo presente. 

4. Também mencionam a expectativa do surgimento do Reino de Deus. 

5. A Doxologia é idêntica nas duas orações — é uma citação de — 

1 Crônicas 29:11

Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. 

6. Todas são voltadas para serem usadas tanto por indivíduos quanto pela comunidade. 

E. Falaremos das diferenças à medida que avançarmos em nossa exposição. São elas que irão nos ensinar quão distinto era o padrão de oração de Jesus quando comparado ao padrão adotado pelos judeus. 

Conclusão

A. A primeira coisa que Jesus deseja nos ensinar nessa oração é que não apenas essa, mas todas as nossas orações devem ser dirigidas ao nosso Pai – ver Mateus 6:6, 9. 

B. Existe uma hora certa para orar? Não, nós podemos orar sempre que assim desejarmos fazer. Existe um lugar apropriado para orarmos? Não, nós podemos e devemos orar em qualquer e todo lugar. Quando oramos, precisamos nos voltar para alguma direção pré-determinada? Não! Deus é Espírito e está em todos os lugares! 

C. Como devem ser nossas orações? 

1. Breves e objetivas. 

2. Simples e sinceras. 

3. Sem repetições desnecessárias, mas devemos confessar nossos pecados. 

4. Reverentes e submissas. 

5. Com intensidade e com integridade 

D. Devemos sempre manter uma atitude de dependência a Deus em oração, todo o tempo, através da comunhão que o Espírito Santo no concede com o Pai e com o Filho. 

E. Como podemos aprender a orar? Aprendemos a orar orando com gente que sabe orar. Gente que sabe orar, porque aprendeu a orar no relacionamento íntimo com o Pai e com os ensinamentos da Palavra viva — Jesus — e escrita — a Bíblia — de Deus. 

F. Devemos sempre nos lembrar que antes de falarmos com Deus, Deus falou conosco através de Jesus Cristo e isso muda tudo na nossa abordagem de oração. 

G. Jesus mudou o padrão de oração estabelecido e nós como seu povo devemos aproveitar essa mudança e orar sempre quando acharmos apropriado. Não precisamos fazer longas orações, mas orações simples e objetivas. Orações como as muitas que encontramos no Salmo 119: 

Salmos 119:5

Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos.


Salmos 119:12

Bendito és tu, SENHOR; ensina-me os teus preceitos.


Salmos 119:18

Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei.

OUTRAS MENSAGENS DA SÉRIE DO PAI NOSSO

001 — INTRODUÇÃO A MATEUS 6:9—15

002 — O PAI NOSSO — PARTE 001 — MATEUS 6:9

003 — O PAI NOSSO — PARTE 002 — MATEUS 6:9

004 — O PAI NOSSO — PARTE 003 — MATEUS 6:9

005 — O PAI NOSSO — PARTE 004 — MATEUS 6:9a — PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS

006 — O PAI NOSSO — PARTE 005 — INTRODUÇÃO À ESTRUTURA DO PAI NOSSO —
Mateus 6:9—13

007 — O PAI NOSSO — PARTE 006 — SANTIFICADO SEJA TEU NOME — Mateus 6:9

008 — O PAI NOSSO — PARTE 007 — A RELAÇÃO DA SANTIDADE DE DEUS COM
A JUSTIÇA E O AMOR — Mateus 6:9

009 — O PAI NOSSO — PARTE 008 — O REINO DE DEUS — PARTE 001 — Mateus 6:10

010 — O PAI NOSSO — PARTE 009 — O REINO DE DEUS — PARTE 002 — Mateus 6:10
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/a-oracao-do-pai-nosso-sermao-010-o.html
011 — O PAI NOSSO — PARTE 010 — A VONTADE DE DEUS




Alexandros Meimaridis
Que Deus abençoe a todos 

Alexandros Meimaridis 

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