Essa série tem por objetivo expor de maneira
ampla, bíblica, literária, histórica e teologicamente, a oração que chamamos de
“Oração do Pai Nosso”. Nosso desejo é enriquecer a vida de todos por meio
desses esboços de mensagens que também estão disponíveis em áudio. Na parte
final desse artigo o leitor encontrará os links para os outros esboços e para os
áudios à medida que forem sendo publicados
Mateus 6:9—13
Introdução:
A. A
chamada “Oração do Pai Nosso” é, juntamente com o Salmo 23 — o Salmo do Bom
Pastor — e 1 Coríntios 13 — o capítulo do Amor — uma das três passagens mais
conhecidas de toda a Bíblia.
B. Todavia,
devemos afirmar, sem medo de errar, que nenhuma dessas passagens é tão bem
conhecida e recitada, como a chamada “Oração do Pai Nosso”.
C. Como
as outras duas passagens, a “Oração do Pai Nosso” é como um ponto radiante de
luz. A mesma é apresentada em duas versões. Uma está em Mateus 6:9—13 e a outra
em Lucas 11:2—4. As duas versões, longe de representarem qualquer tipo de
contradição como desejam muitos críticos, as duas versões apenas indicam que
Jesus costumava repetir seus ensinos em ocasiões diferentes. Nossa exposição
estará baseada na versão mais longa, como apresentada no Evangelho de Mateus.
D. Antes,
porém, de começarmos nossa apreciação dessas preciosas palavras ensinadas pelo
próprio Senhor, devemos olhar ao redor, para o contexto das mesmas, porque ali
também Jesus nos ensinou várias verdades.
E. Bem,
vamos então começar a analisar o contexto de Mateus 6:9—13 nessa nossa mensagem
de...
INTRODUÇÃO À ORAÇÃO DO
PAI NOSSO
I. A Quem Devemos
dirigir Nossas Orações?
Nossas
orações devem ser dirigidas exclusivamente a Deus — o Pai — conforme instruções
do próprio Senhor Jesus em Mateus 6:6, 9.
II. Frases Vazias
A. Antes
de ensinar seus discípulos a oração do Pai Nosso, Jesus os advertiu com as
seguintes palavras:
Mateus 6:7
E, orando, não useis de
vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão
ouvidos.
B. Essas
palavras de Jesus são, no mínimo, muito intrigantes:
C. Primeiro
porque as orações de Jesus registradas nos Evangelhos são todas muito breves. A
própria Oração do Pai Nosso tem somente 62 palavras no original grego, 74 na
versão Revista e Atualizada e 79 na versão da Nova Tradução na Linguagem de
hoje.
D. Por
outro lado algumas passagens nos dizem que:
Marcos 1:35
Tendo-se levantado alta
madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava.
Lucas 6:12
Naqueles dias,
retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus.
E. O
que esses versículos realmente querem nos ensinar? Eu creio que os mesmos são
indicativos que Jesus passava longos períodos cheio do Espírito de Deus em
silenciosa comunhão com o Deus, comunhão essa que dispensava o uso de palavras.
F. Muitas
vezes nós somos levados a acreditar numa mentira que diz que: “oração comprida
é igual a uma oração boa e oração curta é prova de imaturidade na vida de
oração”. Mas como dissemos essa afirmação não é verdadeira.
G. De
fato o Evangelho contradiz tal afirmação, pois Jesus diz em —
Mateus 6:7—8
E, orando, não useis de
vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão
ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de
que tendes necessidade, antes que lho peçais.
H. Isso
era uma prática comum entre os pagãos que costumavam usar longas saudações às
suas divindades. Eles queriam ter certeza que todos os títulos apropriados para
a divindade para a qual estavam orando eram, de fato, pronunciados. Isso era
mais verdadeiro ainda quando a “divindade” em questão era o imperador romano
César.
I. Um
exemplo do que estamos dizendo pode ser visto na saudação de uma oração feita
em homenagem ao imperador Galério — Gaius Galerius Valerius Maximianus que
viveu entre 260—311 d.C., e governou de 305—311 d.C. Ela começa assim:
“O imperador César,
Galerius, Valerius, Maaximanus, Invictus, Augustus, Pontifex Maximus, Germânico
Maximus, Egypticus Maximus, Phoebicos Maximus, Sarmenticus Maximus — repetida cinco vezes — Persecus Maximus — repetidas
duas vezes — Carpicus Maximus — repetida seis vezes — Armenicus Maximus,
Medicus Maximus, Abendicus Maximus, Detentor de Autoridade de Tribunop vela
vigésima vez, emperador pelo décimo-nono ano, Consul pelo oitavo ano, Pater
Patriae Pro Consul...”
J. Entre
os judeus também havia esse entendimento errado que quanto mais comprida a
oração melhor era a mesma.
K. Jesus nos afirma que
Deus não precisa nem deseja nada que seja parecido com isso.
L. Já
no Antigo Testamento, o autor do livro do Eclesiastes advertiu seus leitores dizendo:
Eclesiastes 5:2
Não te precipites com a
tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de
Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas
palavras.
III Nossa Situação
Presente
A. Hoje
vivemos uma explosão de palavras. Estamos, literalmente, sendo afogados pelas
mesmas. Todos os dias somos bombardeados por milhares de outdoors, propagandas,
cartas, revistas, jornais, comerciais em todas as formas conhecidas de meios de
comunicação, rádio, televisão, spams, catálogos, correspondências que vão
direto para o lixo — junk mail — chamadas telefônicas, mensagens de texto ou
torpedos, faxes, whatsapp e e-mails sem fim.
B. Jesus
nos convida para um lugar onde as palavras são poucas, mas poderosas.
C. Para
terminarmos essa breve introdução quero chamar sua atenção para a linguagem e o
estilo da oração, como Jesus deseja que oremos.
IV. O Estilo e a
Linguagem da Oração
A. Os
judeus sabiam como orar e, judeus piedosos como o profeta Daniel, oravam três
vezes por dias:
Daniel 6:10
Daniel, pois, quando
soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu
quarto, onde havia janelas abertas do lado de Jerusalém, três vezes por dia, se
punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava
fazer.
B. As
orações de Daniel eram feitas pela manhã — ao nascer do sol — às três horas da
tarde e a última junto com o pôr do sol.
C. Agora note que apesar dessa prática ser comum
nos dias de Jesus, em nenhum momento o Senhor nos ensina que existe hora certa
para orar. Não existe! Nós podemos nos aproximar de Deus em oração a qualquer
instante e não em horas pré-determinadas.
D. A ausência de tal ensinamento da parte de Jesus é
a primeira grande mudança que devemos notar no padrão de oração ensinado pelo
Senhor.
V. Como os Judeus
Costumavam Orar nos Dias de Jesus.
A. As
orações diárias dos judeus tinham e têm início com a recitação do שְׁמַע — shemá` —
de
Deuteronômio 4:6
Ouve, Israel, o SENHOR,
nosso Deus, é o único SENHOR.
Além
desse versos outros podem ser adicionados de
Deuteronômio 6:5—9
5 Amarás, pois, o
SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua
força.
6 Estas palavras que,
hoje, te ordeno estarão no teu coração;
7 tu as inculcarás a
teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
ao deitar-te, e ao levantar-te.
8 Também as atarás como
sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.
9 E as escreverás nos
umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Deuteronômio 11:13—21
21 Para que se
multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR,
sob juramento, prometeu dar a vossos pais, e sejam tão numerosos como os dias
do céu acima da terra.
22 Porque, se
diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os
guardardes, amando o SENHOR, vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a
ele vos achegardes,
23 o SENHOR desapossará
todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.
24 Todo lugar que pisar
a planta do vosso pé, desde o deserto, desde o Líbano, desde o rio, o rio
Eufrates, até ao mar ocidental, será vosso.
25 Ninguém vos poderá
resistir; o SENHOR, vosso Deus, porá sobre toda terra que pisardes o vosso
terror e o vosso temor, como já vos tem dito.
26 Eis que, hoje, eu
ponho diante de vós a bênção e a maldição:
27 a bênção, quando
cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno;
28 a maldição, se não
cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho
que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.
29 Quando, porém, o
SENHOR, teu Deus, te introduzir na terra a que vais para possuí-la, então,
pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim e a maldição sobre o monte Ebal.
30 Porventura, não
estão eles além do Jordão, na direção do pôr-do-sol, na terra dos cananeus, que
habitam na Arabá, defronte de Gilgal, junto aos carvalhais de Moré?
31 Pois ides passar o
Jordão para entrardes e possuirdes a terra que vos dá o SENHOR, vosso Deus;
possuí-la-eis e nela habitareis.
Números 15:37—41
37 Disse o SENHOR a
Moisés:
38 Fala aos filhos de
Israel e dize-lhes que nos cantos das suas vestes façam borlas pelas suas
gerações; e as borlas em cada canto, presas por um cordão azul.
39 E as borlas estarão
ali para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR e os
cumprais; não seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos,
após os quais andais adulterando,
40 para que vos
lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso
Deus.
41 Eu sou o SENHOR,
vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus. Eu sou o
SENHOR, vosso Deus.
B. Em
seguida vem uma série de 18 orações chamadas de “Amidah” — em pé — porque as mesmas devem ser proferidas pelo judeu
em pé. Essas orações são também chamadas, de forma simples, de “tefillah” — orações — e algumas estavam
em uso nos dias de Jesus. As mesmas permanecem em uso nas sinagogas modernas.
Alguns autores se referem a essas orações como sendo as “18 Bênçãos”.
C. Nos
dias do Novo Testamento o número dessas orações ou bênçãos foi aumentado pelo
acréscimo de uma “oração contra os hereges” que recebeu o número 11. Todavia,
para que o número total de 18 não fosse alterado as bênçãos ou orações de
números 14 e 15 foram unidas em uma só.
D. Existem
pontos de convergência e de diferenças entre essas orações judaicas e a Oração
do Pai Nosso.
1. O
pedido pelo sustento diário.
2. Algumas
das frases introdutórias também são semelhantes.
3. Elas
fazem menção ao tempo presente.
4. Também
mencionam a expectativa do surgimento do Reino de Deus.
5. A
Doxologia é idêntica nas duas orações — é uma citação de —
1 Crônicas 29:11
Teu, SENHOR, é o poder,
a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos
céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre
todos.
6. Todas
são voltadas para serem usadas tanto por indivíduos quanto pela comunidade.
E. Falaremos das diferenças à medida que avançarmos
em nossa exposição. São elas que irão nos ensinar quão distinto era o padrão de
oração de Jesus quando comparado ao padrão adotado pelos judeus.
Conclusão
A. A
primeira coisa que Jesus deseja nos ensinar nessa oração é que não apenas essa,
mas todas as nossas orações devem ser dirigidas ao nosso Pai – ver Mateus 6:6,
9.
B. Existe
uma hora certa para orar? Não, nós podemos orar sempre que assim desejarmos
fazer. Existe um lugar apropriado para orarmos? Não, nós podemos e devemos orar
em qualquer e todo lugar. Quando oramos, precisamos nos voltar para alguma
direção pré-determinada? Não! Deus é Espírito e está em todos os lugares!
C.
Como devem ser nossas orações?
1. Breves
e objetivas.
2. Simples
e sinceras.
3. Sem
repetições desnecessárias, mas devemos confessar nossos pecados.
4. Reverentes
e submissas.
5. Com
intensidade e com integridade
D. Devemos
sempre manter uma atitude de dependência a Deus em oração, todo o tempo,
através da comunhão que o Espírito Santo no concede com o Pai e com o Filho.
E. Como
podemos aprender a orar? Aprendemos a orar orando com gente que sabe orar.
Gente que sabe orar, porque aprendeu a orar no relacionamento íntimo com o Pai
e com os ensinamentos da Palavra viva — Jesus — e escrita — a Bíblia — de Deus.
F. Devemos
sempre nos lembrar que antes de falarmos com Deus, Deus falou conosco através
de Jesus Cristo e isso muda tudo na nossa abordagem de oração.
G. Jesus
mudou o padrão de oração estabelecido e nós como seu povo devemos aproveitar
essa mudança e orar sempre quando acharmos apropriado. Não precisamos fazer
longas orações, mas orações simples e objetivas. Orações como as muitas que
encontramos no Salmo 119:
Salmos 119:5
Tomara sejam firmes os
meus passos, para que eu observe os teus preceitos.
Salmos 119:12
Bendito és tu, SENHOR;
ensina-me os teus preceitos.
Salmos 119:18
Desvenda os meus olhos,
para que eu contemple as maravilhas da tua lei.
OUTRAS MENSAGENS DA SÉRIE DO PAI NOSSO
001 — INTRODUÇÃO A MATEUS 6:9—15
002 — O PAI NOSSO — PARTE 001 — MATEUS 6:9
003 — O PAI NOSSO — PARTE 002 — MATEUS 6:9
004 — O PAI NOSSO — PARTE 003 — MATEUS 6:9
005 — O PAI NOSSO — PARTE 004 — MATEUS 6:9a — PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS
006 — O PAI NOSSO — PARTE 005 — INTRODUÇÃO À ESTRUTURA DO PAI NOSSO —
Mateus 6:9—13
Mateus 6:9—13
007 — O PAI NOSSO — PARTE 006 — SANTIFICADO SEJA TEU NOME — Mateus 6:9
008 — O PAI NOSSO — PARTE 007 — A RELAÇÃO DA SANTIDADE DE DEUS COM
A JUSTIÇA E O AMOR — Mateus 6:9
A JUSTIÇA E O AMOR — Mateus 6:9
009 — O PAI NOSSO — PARTE 008 — O REINO DE DEUS — PARTE 001 — Mateus 6:10
010 — O PAI NOSSO — PARTE 009 — O REINO DE DEUS — PARTE 002 — Mateus 6:10
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/a-oracao-do-pai-nosso-sermao-010-o.html
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/a-oracao-do-pai-nosso-sermao-010-o.html
011 — O PAI NOSSO — PARTE 010 — A VONTADE DE DEUS
Alexandros Meimaridis
Que Deus abençoe a todos
Alexandros Meimaridis
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