O material abaixo foi escrito
pelo irmão Edward Reis Costa Filho e é um comentário acerca do tradicional
quadro conhecido como “Os Dois Caminhos”
Esse quadro, tradicional e um
tanto bucólico, conquanto curioso, interessante, atraente e, talvez, até
bonito, apresenta séria distorção da realidade de
Mateus 7:13—14
13 Entrai pela porta
estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e
são muitos os que entram por ela),
14 porque estreita é a
porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que
acertam com ela.
Distorção indutiva a uma falsa
liberdade de salvação — algo perigoso a quem pretende ser ou se julga já salvo.
Mesmo assim, no demais, o considero valioso e útil, pelos princípios bíblicos
inerentes na bela montagem da ilustração que pretende comunicar. Teria uma
cópia do mesmo em casa, se pudesse adquirir um, sem omitir de fazer a um amigo
as observações que entendo devidas.
De início, convém perguntar: Onde
está o arrependimento? Onde está a fé nesse quadro? Onde está o perdão de Deus?
Você consegue posicioná-los ali? Em favor do esforço do autor da obra, dá para
conceber que estejam no perímetro de ação do pregador, posicionado junto a
porta menor, enquanto se vê o Evangelho do Senhor Jesus Cristo sendo proclamado
aos transeuntes. Então...
A tela fornece a visão de uma
área livre — com pessoas —, como átrio a frente dos dois caminhos, dando esses
a ideia de bifurcação. Toda bifurcação é derivada de um pátio ou de uma via — intermediária
—, que conduz a ela. Porém, na situação registrada pelo texto bíblico não
ocorre esse pátio ou essa via. Na vida, ou estamos na senda da esquerda ou na
vereda da direita. Entre a perdição e a salvação inexiste uma área de estar, de
circulação, de passeio, de lazer ou uma terceira via; nem para se aproximar,
nem para se afastar; nem para chegar, nem para ficar, nem para sair.
Por isso, confrontando o quadro
com a Bíblia, convém notar:
A. Não se trata de situação de
neutralidade, como de um observador diante de dois caminhos, o qual, santo,
puro, justo e perfeito; independente, imparcial e isento, analisa tranquilo
quando e qual deles, enfim, tomar.
Não nascemos — e não vivemos —
numa posição de neutralidade. Viemos ao mundo antecipadamente pertencendo à
porta larga e ao caminho espaçoso, habitação plena do pecado que nos comprou
para a morte
Romanos 7:14
Porque bem sabemos que
a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.
De lá não há saída voluntária; de
lá jamais alguém sai por si mesmo, seja pelo querer, seja pelo poder fazer —
Lucas 1:78—79
78 Graças à entranhável
misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas,
79 Para alumiar os que
jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da
paz.
2) Não se trata da escolha do
mais preferível, pois ao homem natural falta virtude para escolher
definitivamente a santidade da salvação em vez da perversão que tenazmente o
assedia e o conquista —
Hebreus 12:1
Portanto, também nós,
visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos
de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta
Porque o pecador não faz o bem
que prefere, mas o mal que não quer, esse faz —
Romanos 7:19
Porque não faço o bem
que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
O homem natural não está unido ao
pecado por escolha, mas pela força. E do pecado não se liberta jamais por
escolha ou decisão, senão pelo conhecimento da verdade —
João 8:32)
E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará.
em Jesus Cristo
João 14:6
Respondeu-lhe Jesus: Eu
sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
E nunca chegará a tal
conhecimento se do Pai não lhe for revelado —
Mateus 11:27
Tudo me foi entregue
por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai,
senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Gálatas 1:15—16
15 Quando, porém, ao
que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve
16 revelar seu Filho em
mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne
e sangue.
independentemente de qualquer
escolha ou decisão que faça.
Todos — repete-se — somos
nascidos dentro da porta larga, já de frente ao caminho espaçoso, e não podemos
partir sozinhos para a porta estreita e o caminho apertado, porque nada do
ambiente original nos leva para lá ou nos muda de lugar, e assim as nossas
escolhas serão sempre, irremediavelmente, prejudicadas e miseráveis, como
trapos de imundície —
Isaías 64:6
Mas todos nós somos
como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós
murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.
3) Não se trata de escolha do
certo e acerto pelo resultado, como se fosse um jogo bem sucedido para o autor
do lance, que então resolveu ir pela porta estreita.
A salvação não é o prêmio do
arbítrio; antes, é a segurança de quem nada merece —
Romanos 11:6
E, se é pela graça, já
não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.
e nunca procurou por ela
João 15:16
Não fostes vós que me
escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei
para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo
quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
4) Não se trata de "2
caminhos e 1 escolha", como se dois gêmeos estivessem numa encruzilhada e
um deles, fazendo o bem, escolhesse ir para a porta estreita e outro, fazendo o
mal, decidisse ir para o portão largo —
Romanos 9:11
E ainda não eram os
gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de
Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama).
Porque o do pecado nunca deixa de
ser escolhido, quando a decisão é por escolha ou a escolha é por decisão —
Gênesis 25:32—33
32 Ele respondeu: Estou
a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura?
33 Então, disse Jacó:
Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.
Não começamos a viver entre dois
caminhos, como se nossas escolhas ou decisões nos pudessem posicionar nesse ou
naquele bom ou mau caminho, conforme algum arbítrio, porque o arbítrio é do
coração e só é totalmente livre e folgadamente frouxo no pecado, eis que sempre
contrário a abandoná-lo e reincidente em praticá-lo, até o fim —
Jeremias 17:9
Enganoso é o coração,
mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
Quando o Evangelho é pregado, sua
voz é dirigida para dentro da avenida ampla e ouvida por pessoas em estado de
maldição. O arrependimento, a fé e o perdão de Deus ocorrem onde todos somos
encontrados, dentro do território de perdição —
Mateus 18:11
Porque o Filho do Homem
veio salvar o que estava perdido.
não fora, nalguma ala apartada e
reservada na qual o homem possa livremente exercer seu arbítrio.
Para aqueles que escolhessem ou
decidissem e conseguissem ir à porta estreita e ao caminho apertado não haveria
necessidade da cruz de Cristo; afinal, eles teriam chegado a alguma perfeição
pela liberdade de optar. Assim, estariam no caminho da salvação por sua própria
boa escolha ou ótima decisão. E aqui há um obstáculo: a porta. Exatamente, a
porta do caminho estreito é Jesus —
João 10:9
Eu sou a porta. Se
alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.
Por esta porta, intrusos da
escolha livre e estranhos da decisão autônoma não entram, só beneficiários do
arrependimento e da fé, ambos soberanamente concedidos por Deus —
Romanos 2:4
Ou desprezas a riqueza
da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus
é que te conduz ao arrependimento?
aqueles que foram lavados no
sangue da cruz, limpos inclusive da presunção de irem como querem, quando
querem e, se querem.
Você pode perguntar: Eu pensei
que havia feito uma escolha, tomado uma "decisão" por Jesus
Cristo..., como fico? A Bíblia responde: O Pai fez a escolha, antes da fundação
do mundo, antes de você existir, elegendo-o soberanamente — Efésios 1:4 — para
receber o arrependimento — Romanos 2:4—, a fé — Efésios 2:8— o perdão — Colossenses
1:13—14—, a salvação. Não aguardou sua boa decisão e excelente escolha —
pensando com isso ter dado a Deus uma razão para amá-lo e salvá-lo. E Jesus
tomou a única decisão de ser tomada com relação à sua salvação: de ir à cruz por
você. A mim, a você, a qualquer um cabe apenas negarmo-nos a nós mesmos,
renunciar, morrer dia a dia, assumir nossa nova vida gerada em Jesus pelo
Espírito Santo, tomar a nossa cruz e segui-lo — Mateus 16:24. Isso é tudo o que
podemos fazer por nossa salvação, e ainda assim não sozinhos, pois sem Cristo
nada podemos fazer — João 15:5. E aqueles que julgam estar no caminho estreito
porque uma vez em Cristo, em Cristo para sempre, a certeza que podem ter é
mediante a prova visível: frutos vivos, apreciáveis e não sazonais da salvação,
dignos de arrependimento, como a respeito deles bradou João Batista
Mateus 3:8
Produzi, pois, frutos
dignos de arrependimento.
para só então sentirem-se fora da
ninhada das víboras. Do contrário, estarão no lugar comum dos infortunados, de
onde só resta de última hora suplicar — Lucas 18:11 —, clamar — Mateus 20:30, Lucas
19:40 — ou invocar o nome do Senhor — Joel 2:32.
Que Deus abençoe a todos,
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a
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Desde já
agradecemos a todos.
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