quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

OS DOIS CAMINHOS


O material abaixo foi escrito pelo irmão Edward Reis Costa Filho e é um comentário acerca do tradicional quadro conhecido como “Os Dois Caminhos”

Esse quadro, tradicional e um tanto bucólico, conquanto curioso, interessante, atraente e, talvez, até bonito, apresenta séria distorção da realidade de


Mateus 7:13—14

13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela),

14 porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.

Distorção indutiva a uma falsa liberdade de salvação — algo perigoso a quem pretende ser ou se julga já salvo. Mesmo assim, no demais, o considero valioso e útil, pelos princípios bíblicos inerentes na bela montagem da ilustração que pretende comunicar. Teria uma cópia do mesmo em casa, se pudesse adquirir um, sem omitir de fazer a um amigo as observações que entendo devidas.

De início, convém perguntar: Onde está o arrependimento? Onde está a fé nesse quadro? Onde está o perdão de Deus? Você consegue posicioná-los ali? Em favor do esforço do autor da obra, dá para conceber que estejam no perímetro de ação do pregador, posicionado junto a porta menor, enquanto se vê o Evangelho do Senhor Jesus Cristo sendo proclamado aos transeuntes. Então...

A tela fornece a visão de uma área livre — com pessoas —, como átrio a frente dos dois caminhos, dando esses a ideia de bifurcação. Toda bifurcação é derivada de um pátio ou de uma via — intermediária —, que conduz a ela. Porém, na situação registrada pelo texto bíblico não ocorre esse pátio ou essa via. Na vida, ou estamos na senda da esquerda ou na vereda da direita. Entre a perdição e a salvação inexiste uma área de estar, de circulação, de passeio, de lazer ou uma terceira via; nem para se aproximar, nem para se afastar; nem para chegar, nem para ficar, nem para sair.

Por isso, confrontando o quadro com a Bíblia, convém notar:

A. Não se trata de situação de neutralidade, como de um observador diante de dois caminhos, o qual, santo, puro, justo e perfeito; independente, imparcial e isento, analisa tranquilo quando e qual deles, enfim, tomar.

Não nascemos — e não vivemos — numa posição de neutralidade. Viemos ao mundo antecipadamente pertencendo à porta larga e ao caminho espaçoso, habitação plena do pecado que nos comprou para a morte

Romanos 7:14

Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.

De lá não há saída voluntária; de lá jamais alguém sai por si mesmo, seja pelo querer, seja pelo poder fazer  —

Lucas 1:78—79

78 Graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas,

79 Para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

2) Não se trata da escolha do mais preferível, pois ao homem natural falta virtude para escolher definitivamente a santidade da salvação em vez da perversão que tenazmente o assedia e o conquista —

Hebreus 12:1

Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta

Porque o pecador não faz o bem que prefere, mas o mal que não quer, esse faz —

Romanos 7:19

Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.

O homem natural não está unido ao pecado por escolha, mas pela força. E do pecado não se liberta jamais por escolha ou decisão, senão pelo conhecimento da verdade —

João 8:32)

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

em Jesus Cristo

João 14:6

Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

E nunca chegará a tal conhecimento se do Pai não lhe for revelado —

Mateus 11:27

Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Gálatas 1:15—16

15 Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve

16 revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue.

independentemente de qualquer escolha ou decisão que faça.

Todos — repete-se — somos nascidos dentro da porta larga, já de frente ao caminho espaçoso, e não podemos partir sozinhos para a porta estreita e o caminho apertado, porque nada do ambiente original nos leva para lá ou nos muda de lugar, e assim as nossas escolhas serão sempre, irremediavelmente, prejudicadas e miseráveis, como trapos de imundície —

Isaías 64:6

Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.

3) Não se trata de escolha do certo e acerto pelo resultado, como se fosse um jogo bem sucedido para o autor do lance, que então resolveu ir pela porta estreita.

A salvação não é o prêmio do arbítrio; antes, é a segurança de quem nada merece —

Romanos 11:6

E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.
e nunca procurou por ela

João 15:16

Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.

4) Não se trata de "2 caminhos e 1 escolha", como se dois gêmeos estivessem numa encruzilhada e um deles, fazendo o bem, escolhesse ir para a porta estreita e outro, fazendo o mal, decidisse ir para o portão largo —

Romanos 9:11

E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama).

Porque o do pecado nunca deixa de ser escolhido, quando a decisão é por escolha ou a escolha é por decisão —

Gênesis 25:32—33

32 Ele respondeu: Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura?

33 Então, disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.

Não começamos a viver entre dois caminhos, como se nossas escolhas ou decisões nos pudessem posicionar nesse ou naquele bom ou mau caminho, conforme algum arbítrio, porque o arbítrio é do coração e só é totalmente livre e folgadamente frouxo no pecado, eis que sempre contrário a abandoná-lo e reincidente em praticá-lo, até o fim —

Jeremias 17:9

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?

Quando o Evangelho é pregado, sua voz é dirigida para dentro da avenida ampla e ouvida por pessoas em estado de maldição. O arrependimento, a fé e o perdão de Deus ocorrem onde todos somos encontrados, dentro do território de perdição —

Mateus 18:11

Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido.

não fora, nalguma ala apartada e reservada na qual o homem possa livremente exercer seu arbítrio.

Para aqueles que escolhessem ou decidissem e conseguissem ir à porta estreita e ao caminho apertado não haveria necessidade da cruz de Cristo; afinal, eles teriam chegado a alguma perfeição pela liberdade de optar. Assim, estariam no caminho da salvação por sua própria boa escolha ou ótima decisão. E aqui há um obstáculo: a porta. Exatamente, a porta do caminho estreito é Jesus —

João 10:9

Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.

Por esta porta, intrusos da escolha livre e estranhos da decisão autônoma não entram, só beneficiários do arrependimento e da fé, ambos soberanamente concedidos por Deus —

Romanos 2:4

Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?

aqueles que foram lavados no sangue da cruz, limpos inclusive da presunção de irem como querem, quando querem e, se querem.

Você pode perguntar: Eu pensei que havia feito uma escolha, tomado uma "decisão" por Jesus Cristo..., como fico? A Bíblia responde: O Pai fez a escolha, antes da fundação do mundo, antes de você existir, elegendo-o soberanamente — Efésios 1:4 — para receber o arrependimento — Romanos 2:4—, a fé — Efésios 2:8— o perdão — Colossenses 1:13—14—, a salvação. Não aguardou sua boa decisão e excelente escolha — pensando com isso ter dado a Deus uma razão para amá-lo e salvá-lo. E Jesus tomou a única decisão de ser tomada com relação à sua salvação: de ir à cruz por você. A mim, a você, a qualquer um cabe apenas negarmo-nos a nós mesmos, renunciar, morrer dia a dia, assumir nossa nova vida gerada em Jesus pelo Espírito Santo, tomar a nossa cruz e segui-lo — Mateus 16:24. Isso é tudo o que podemos fazer por nossa salvação, e ainda assim não sozinhos, pois sem Cristo nada podemos fazer — João 15:5. E aqueles que julgam estar no caminho estreito porque uma vez em Cristo, em Cristo para sempre, a certeza que podem ter é mediante a prova visível: frutos vivos, apreciáveis e não sazonais da salvação, dignos de arrependimento, como a respeito deles bradou João Batista

Mateus 3:8

Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.

para só então sentirem-se fora da ninhada das víboras. Do contrário, estarão no lugar comum dos infortunados, de onde só resta de última hora suplicar — Lucas 18:11 —, clamar — Mateus 20:30, Lucas 19:40 — ou invocar o nome do Senhor — Joel 2:32.

Que Deus abençoe a todos,

Alexandros Meimaridis
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Desde já agradecemos a todos.     

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