O artigo abaixo foi publicado no
site do DCM.
Micróbios,
outra má notícia da mudança climática.
Por José Eduardo Mendonça
Por que novas técnicas de estudo
das comunidades de micróbios de solo revelam motivos sérios de preocupação?
Porque, se eles não se adaptam ao aquecimento global, vamos ter muitos
problemas, como a produção de alimentos, por exemplo.
Uma visão mais próxima do
problema ocorreu durante estudo de cientistas do Pacific Northwest National
Laboratory, nos EUA. Em 1994, coletaram amostras de solo de locais úmidos e
altos e os levaram para lugares mais quentes e secos, e vice versa. Voltaram
aos locais em 2011 e examinaram mais uma vez os micróbios de solo.
O que descobriram foi que eles
não tinham se adaptado muito para viverem em seus novos habitats. Um achado
muito importante, em um mundo bagunçado pela mudança do clima.
“Estes micróbios de alguma forma
perderam a capacidade de se adaptarem a novas condições”, diz Vanessa Bailey,
um dos autores do estudo publicado este mês no PLOS One. Não era isso que os
cientistas tinham previsto, o que coloca em questão “a resiliência de todo o
meio ambiente em relação à mudança do clima. A comunidade microbiana é a base
desta resiliência”.
Como já está acontecendo, a
mudança do clima está provocando eventos extremos do tempo, caso de longas
secas, e a incerteza quanto ao comportamento dos micróbios, segundo se revelou,
é particularmente alta em ecossistemas secos, nos quais pequenas mudanças nas
chuvas podem influenciar a atividade biológicas, com efeitos globais.
Conhecemos muito as dificuldades
por que passam seres como ursos do Ártico e pinguins da Antártica, mas é muito
mais difícil entender o que acontece com o microbioma planetária em solo e
água, com um quatrilhão de um quatrilhão de organismos, estima a Scientitic
American.
Micróbios movem o mundo.
Perpetuam a vida na Terra, fornecem diversos serviços de ecossistemas e servem
como proteção contra mudanças ambientais.
Parte destas funções podem ser
perdidas com o aquecimento. Há mais: com o derretimento do permafrost (solo do
Ártico) os micróbios estão transformando vegetação antes congeladas em gases de
efeito estufa, com consequências assombrosas.
Quase 20 por cento da superfície
terrestre é coberta por permafrost. Ele armazena tanto CO2 quanto o que existe
nas plantas e atmosfera. Imagine o que aconteceria com a liberação disso tudo.
Complicado estudar este mundo de
criaturas minúsculas. Em um grama de solo existem talvez um bilhão delas, com
milhares de espécies diferentes. E cerca de 10 por cento delas são conhecidas.
Esta é uma das razões da aceleração do estudo deste universo misterioso.
O esforço é global. Há um projeto
chamado Projeto de Microbiomas da Terra, para coletar amostras de micróbios de
todo o planeta, e ainda a Iniciativa Global de Biodiversidade do Solo, focada
na preservação dos serviços de ecossistemas saudáveis, como por exemplo lugares
onde a agricultura é viável.
No caso da agricultura, a
capacidade de os micróbios fixarem o nitrogênio na terra, permitindo o
crescimento de plantas, fica cada vez mais comprometida. A ciência corre para
evitar o desastre. Como ocorre com tantas outras ameaças para a humanidade
decorrentes de um estado de coisas que ela mesma criou, resta saber se teremos
tempo.
Sobre o Autor
José Eduardo Mendonça passou por
importantes órgãos da imprensa brasileira, como Exame, Gazeta Mercantil e Folha
de São Paulo, na qualidade de repórter, editor ou diretor. Nos últimos anos,
tem escrito sobre a questão do meio ambiente e sustentabilidade, para falar de,
e atentar sobre as ameaças causadas por humanos ao planeta. Seu blog é o
GreenLight (zeeduardomendonca.wordpress.com).
O artigo original poderá ser
visto por meio desse link aqui:
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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