quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 013 — A HISTÓRIA — A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — PARTE 003


1-S6840-C1837 David F.Strauss / Holzstich Strauss, David Friedrich evang. Theologe (Leben-Jesu-Forschung) ...
David F. Strauss tentou explicar o Jesus histórico associando-o a mitos variados. 

Esse é um estudo especial que irá abordar temas de grande interesse, tais como: 1. Deus 2. Os seres humanos e o mundo criado 3. Jesus e Sua missão como o CRISTO. 4. O Espírito Santo. 5. A vida cristã. 6. A Igreja. 7. O futuro e etc. Esperamos que a mesma possa ajudar todos os nossos leitores a conhecerem melhor o que o Novo Testamento ensina acerca de tudo o que nos é importante.

INTRODUÇÃO GERAL

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO E A HISTÓRIA

A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — A VELHA ESCOLA — PARTE 003

b. A VISÃO MÍTICA DE DAVID FRIEDRICH STRAUSS

David Friedrich Strauss representa a abordagem acerca do Jesus histórico da perspectiva mítica — Jesus como mito — ainda na velha escola. Por meio duma interpretação mítica, Strauss procurou romper a barreira representada pelos naturalistas, por um lado e, pelos supernaturalistas, pelo outro. Em certo sentido, Strauss foi o precursor das ideias de Rudolph Bultmann conhecidas como a “demitologização” do Novo Testamento. Strauss viveu entre os anos 1808 — 1874 e morreu um século depois da publicação dos chamados Fragmentos de Reimarus. Seu trabalho mais importante intitulado Leben Jesu — Vida de Jesus — foi publicado originalmente entre os anos 1835—36, e recebeu sucessivas edições posteriores. Entre Reimarus e Strauss muitos livros intitulados ”Vida de Jesus” tinham sido publicados, pois a antiga escola da busca pelo Jesus histórico se via na obrigação de explicar os acontecimentos narrados nos evangelhos que tinham sido desfigurados pelo iluminismo e pelo naturalismo. Tal explicação era devida, para o período que cobria, principalmente, os primeiros trinta anos da vida de Jesus, numa tentativa de justifica o modo pelo qual o menino tinha se tornado o pai do homem Jesus. Strauss estudou sob a direção de F. C. Baur e foi influenciado pela teologia liberal e evolutiva de Schleiermacher e acabou abraçando a filosofia de Hegel.

No prefácio de seu livro Leben Jesu, Strauss fez questão de frisar que a ortodoxia supernaturalista sustentava duas pressuposições básicas: 1) os evangelhos relatam a história; e 2) tal história é uma história sobrenatural. No primeiro movimento da busca pelo Jesus Histórico da velha escola, Reimarus defendeu a ideia que o Cristianismo não tinha se originado a partir duma série de eventos sobrenaturais e sim dum conjunto de circunstâncias naturais. Para Reimarus, isso “provava” que a fé cristã era uma fraude. Strauss concordava com Reimarus acerca do fato do Cristianismo ser uma religião natural, mas discordava quanto ao caráter fraudulento da mesma. Strauss também discordava dos racionalista de sua época os quais, a um só tempo, rejeitavam o caráter da história sobrenatural dos evangelhos, mas mantinha a ideia que os mesmos registravam a história do ponto de vista natural. Segundo Strauss a ciência dos seus dias não podia sentir-se satisfeita com essas medidas paliativa e de acomodação. As perguntas precisavam continuar com o propósito de identificar se os evangelhos eram históricos e, exatamente em que medida, eram históricos. Strauss admitia que não se sentia adequadamente qualificado para oferecer as respostas necessárias, mas sabia que não existia ninguém tão qualificado quanto ele para essa missão. Diante dessa afirmação de autoexaltação, Strauss sentiu-se confortável com a ideia e a autoridade para abolir, por completo, a pressuposição de número 1 mencionada acima! De acordo com Strauss os racionalistas e os naturalistas não tinham sido críticos o suficiente nessa questão. A abordagem histórica, segundo Strauss, exigia — como pressuposto???? — que os evangelhos fossem vistos como literatura mitológica em vez de história natural. Dessa forma, Strauss entendia que sua própria abordagem sacrificava a realidade histórica dos evangelhos — considerados mitológicos —, mas preserva a verdade religiosa contida nos mesmos.

Strauss também enfatizava o objetivo básico do Iluminismo de praticar a mais pura ciência, sem adotar nenhum tipo de pressuposto. Strauss pretendia que não desejava evitar a seriedade da verdadeira busca científica, caracterizada por ser uma busca objetiva e sem pressuposições. Ele afirmava que havia aprendido cedo em seus estudos filosóficos a libertar seus sentimentos e seu intelecto dos dogmas e das pressuposições religiosas. Para os teólogos que consideravam algo absurdo alguém declara-se cristão enquanto abria mão das pressuposições mais básicas da fé, Strauss dizia que aquelas pessoas defendiam pressuposições que não eram científicas.   

A introdução de considerações mitológicas na discussão acerca do Jesus histórico na velha escola é a contribuição singular de Strauss na mesma. Como discípulo de Hegel, Strauss procurava enfatizar ideias em vez de eventos ou personalidades como a verdadeira chave para se entender a história. De acordo com essa abordagem, uma pessoa é importante para introduzir uma ideia na história, mas uma veze que uma ideia foi introduzida na mesma, a pessoa já não mais importante. A ilustração que podemos usar para explicar como essa ideia de Strauss funciona na prática está relacionada com a ideia mitológica relacionada ao chamado Papai Noel. Mesmo que nunca tenha existido um verdadeiro Papai Noel, o fato é que a ideia por trás do mito tem vida própria, independentemente de quem pretende fingir ser o próprio velhinho. Para Strauss, a fé cristã deveria ser entendida, exatamente dessa maneira. É uma ideia baseada em mitos e não história verdadeira.

Para Strauss a existia de Jesus se explica apenas como o elemento que surgiu para introduzir as ideias acerca do cristianismo na história da humanidade. Desse modo, são as ideias e não a pessoa de Jesus que deve ocupar o lugar central na chamada fé cristã. Uma vez que as ideias de Jesus foram projetadas para dentro da história, o próprio Jesus já não é mais relevante nem para mensagem e nem mesmo para as ideias em si. Na abordagem mitológica da velha escola na busca pelo Jesus histórico, a fé cristã pode ser explicada sem necessitar de nenhuma referência à pessoa de Jesus. De repente, como num passe de mágica, a fé cristã torna-se anônima!  

Como discípulo de Hegel, Strauss também concebeu a essência do Cristianismo como a união entre Deus e o ser humano. Uma vez que essa ideia acerca da união entre Deus e o ser humano entrou na história, torna dispensável o evento que deu origem à mesma. O conceito da união entre Deus e o ser humano entrou no consciente da humanidade por meio de Jesus de Nazaré. Mas agora que a mesma está projetada na história, Jesus e sua história não são mais necessários.  

E foi desse modo que a interpretação mitológica de Jesus e do Cristianismo foi oferecida por Strauss como a solução para a investigação histórica acerca de Jesus. Para Strauss, a capacidade de acessarmos a verdadeira história acerca da pessoa de Jesus encontra-se muito prejudicada porque a mesma está coberta de mitos. Strauss duvidava da confiabilidade dos quatro evangelhos. Dessa forma ele apelava para que os estudos à busca do Jesus histórico prosseguissem. Ele admitia que sua resposta não era definitiva. O surgimento da chamado hipótese do documento “Q” — do alemão quelle que significa fonte — alimentou a busca da escola antiga na busca pelo Jesus histórico como Strauss desejava.

Apesar de tudo, Strauss ainda acreditava que os evangelhos, apesar de estarem imersos em diversas camadas de mitos, ainda continham conceitos religiosos e ideias aproveitáveis. Sendo assim, apesar dos evangelhos serem considerados como documentos não históricos, ainda assim e, apesar da mitologia que envolve os mesmos, possuem um significado religioso por causa das ideias que encontramos nos mesmos. E, o Cristianismo não passa da ideia da união de Deus com a raça humana. Com isso Strauss desejava destruir o valor da pregação derivada da história.  

CONTINUA...

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Alexandros Meimaridis

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