Esse é um estudo especial que irá
abordar temas de grande interesse, tais como: 1. Deus 2. Os seres humanos e o
mundo criado 3. Jesus e Sua missão como o CRISTO. 4. O Espírito Santo. 5. A
vida cristã. 6. A Igreja. 7. O futuro e etc. Esperamos que a mesma possa ajudar
todos os nossos leitores a conhecerem melhor o que o Novo Testamento ensina
acerca de tudo o que nos é importante.
INTRODUÇÃO GERAL
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO E A HISTÓRIA
A BUSCA PELO JESUS HISTÓRICO — A VELHA ESCOLA — PARTE 003
b. A VISÃO MÍTICA DE DAVID
FRIEDRICH STRAUSS
David Friedrich Strauss
representa a abordagem acerca do Jesus histórico da perspectiva mítica — Jesus
como mito — ainda na velha escola. Por meio duma interpretação mítica, Strauss
procurou romper a barreira representada pelos naturalistas, por um lado e,
pelos supernaturalistas, pelo outro. Em certo sentido, Strauss foi o precursor
das ideias de Rudolph Bultmann conhecidas como a “demitologização” do Novo
Testamento. Strauss viveu entre os anos 1808 — 1874 e morreu um século depois
da publicação dos chamados Fragmentos de
Reimarus. Seu trabalho mais importante intitulado Leben Jesu — Vida de Jesus — foi publicado originalmente entre os
anos 1835—36, e recebeu sucessivas edições posteriores. Entre Reimarus e
Strauss muitos livros intitulados ”Vida
de Jesus” tinham sido publicados, pois a antiga escola da busca pelo Jesus
histórico se via na obrigação de explicar os acontecimentos narrados nos
evangelhos que tinham sido desfigurados pelo iluminismo e pelo naturalismo. Tal
explicação era devida, para o período que cobria, principalmente, os primeiros
trinta anos da vida de Jesus, numa tentativa de justifica o modo pelo qual o menino tinha se tornado o pai do homem Jesus. Strauss estudou sob a direção de F. C. Baur e foi
influenciado pela teologia liberal e evolutiva de Schleiermacher e acabou
abraçando a filosofia de Hegel.
No prefácio de seu livro Leben Jesu, Strauss fez questão de
frisar que a ortodoxia supernaturalista sustentava duas pressuposições básicas:
1) os evangelhos relatam a história; e 2) tal história é uma história
sobrenatural. No primeiro movimento da busca pelo Jesus Histórico da velha
escola, Reimarus defendeu a ideia que o Cristianismo não tinha se originado a
partir duma série de eventos sobrenaturais e sim dum conjunto de circunstâncias
naturais. Para Reimarus, isso “provava”
que a fé cristã era uma fraude. Strauss concordava com Reimarus acerca do fato
do Cristianismo ser uma religião natural, mas discordava quanto ao caráter
fraudulento da mesma. Strauss também discordava dos racionalista de sua época
os quais, a um só tempo, rejeitavam o caráter da história sobrenatural dos evangelhos,
mas mantinha a ideia que os mesmos registravam a história do ponto de vista
natural. Segundo Strauss a ciência dos seus dias não podia sentir-se satisfeita
com essas medidas paliativa e de acomodação. As perguntas precisavam continuar
com o propósito de identificar se os evangelhos eram históricos e, exatamente
em que medida, eram históricos. Strauss admitia que não se sentia adequadamente
qualificado para oferecer as respostas necessárias, mas sabia que não existia
ninguém tão qualificado quanto ele para essa missão. Diante dessa afirmação de
autoexaltação, Strauss sentiu-se confortável com a ideia e a autoridade para
abolir, por completo, a pressuposição de número 1 mencionada acima! De acordo
com Strauss os racionalistas e os naturalistas não tinham sido críticos o
suficiente nessa questão. A abordagem histórica, segundo Strauss, exigia — como
pressuposto???? — que os evangelhos fossem vistos como literatura mitológica em
vez de história natural. Dessa forma, Strauss entendia que sua própria abordagem
sacrificava a realidade histórica dos evangelhos — considerados mitológicos —,
mas preserva a verdade religiosa contida nos mesmos.
Strauss também enfatizava o
objetivo básico do Iluminismo de praticar a mais pura ciência, sem adotar
nenhum tipo de pressuposto. Strauss pretendia que não desejava evitar a
seriedade da verdadeira busca científica, caracterizada por ser uma busca
objetiva e sem pressuposições. Ele afirmava que havia aprendido cedo em seus
estudos filosóficos a libertar seus sentimentos e seu intelecto dos dogmas e
das pressuposições religiosas. Para os teólogos que consideravam algo absurdo
alguém declara-se cristão enquanto abria mão das pressuposições mais básicas da
fé, Strauss dizia que aquelas pessoas defendiam pressuposições que não eram
científicas.
A introdução de considerações
mitológicas na discussão acerca do Jesus histórico na velha escola é a
contribuição singular de Strauss na mesma. Como discípulo de Hegel, Strauss
procurava enfatizar ideias em vez de eventos ou personalidades como a
verdadeira chave para se entender a história. De acordo com essa abordagem, uma
pessoa é importante para introduzir uma ideia na história, mas uma veze que uma
ideia foi introduzida na mesma, a pessoa já não mais importante. A ilustração que
podemos usar para explicar como essa ideia de Strauss funciona na prática está
relacionada com a ideia mitológica relacionada ao chamado Papai Noel. Mesmo que
nunca tenha existido um verdadeiro Papai Noel, o fato é que a ideia por trás do
mito tem vida própria, independentemente de quem pretende fingir ser o próprio
velhinho. Para Strauss, a fé cristã deveria ser entendida, exatamente dessa
maneira. É uma ideia baseada em mitos e não história verdadeira.
Para Strauss a existia de Jesus
se explica apenas como o elemento que surgiu para introduzir as ideias acerca
do cristianismo na história da humanidade. Desse modo, são as ideias e não a
pessoa de Jesus que deve ocupar o lugar central na chamada fé cristã. Uma vez
que as ideias de Jesus foram projetadas para dentro da história, o próprio
Jesus já não é mais relevante nem para mensagem e nem mesmo para as ideias em
si. Na abordagem mitológica da velha escola na busca pelo Jesus histórico, a fé
cristã pode ser explicada sem necessitar de nenhuma referência à pessoa de
Jesus. De repente, como num passe de mágica, a fé cristã torna-se anônima!
Como discípulo de Hegel, Strauss
também concebeu a essência do Cristianismo como a união entre Deus e o ser
humano. Uma vez que essa ideia acerca da união entre Deus e o ser humano entrou
na história, torna dispensável o evento que deu origem à mesma. O conceito da
união entre Deus e o ser humano entrou no consciente da humanidade por meio de
Jesus de Nazaré. Mas agora que a mesma está projetada na história, Jesus e sua
história não são mais necessários.
E foi desse modo que a
interpretação mitológica de Jesus e do Cristianismo foi oferecida por Strauss
como a solução para a investigação histórica acerca de Jesus. Para Strauss, a
capacidade de acessarmos a verdadeira história acerca da pessoa de Jesus
encontra-se muito prejudicada porque a mesma está coberta de mitos. Strauss
duvidava da confiabilidade dos quatro evangelhos. Dessa forma ele apelava para
que os estudos à busca do Jesus histórico prosseguissem. Ele admitia que sua
resposta não era definitiva. O surgimento da chamado hipótese do documento “Q”
— do alemão quelle que significa fonte — alimentou a busca da escola
antiga na busca pelo Jesus histórico como Strauss desejava.
Apesar de tudo, Strauss ainda
acreditava que os evangelhos, apesar de estarem imersos em diversas camadas de
mitos, ainda continham conceitos religiosos e ideias aproveitáveis. Sendo
assim, apesar dos evangelhos serem considerados como documentos não históricos,
ainda assim e, apesar da mitologia que envolve os mesmos, possuem um
significado religioso por causa das ideias que encontramos nos mesmos. E, o
Cristianismo não passa da ideia da união de Deus com a raça humana. Com isso
Strauss desejava destruir o valor da pregação derivada da história.
CONTINUA...
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Alexandros Meimaridis
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