Este estudo é parte de uma Análise do Livro do Gênesis. Nosso interesse é
ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança que temos nas páginas da
História Primeva da Humanidade. No final de cada estudo o leitor encontrará
direções para outras partes desse estudo.
O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas
בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ
Eretz
ha ve-et Hashamaim et Elohim Bará Bereshit
Terra a
e céus os Deus criou princípio No
Gênesis
1:1
XI –
Gênesis 10 e a Tábua das Nações — PARTE 002
D. Os Filhos de Cam – Gênesis 10:6.
Cam teve quatro filhos:
Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. Ao contrário dos filhos de Jafé que se
estabeleceram inicialmente ao norte e ao leste das montanhas do Ararate, os
descendentes de Cam optaram por se espalhar, a princípio para o sul. Desta
maneira ocuparam a Síria, a Palestina, o Egito, o Sudão, a Etiópia, a Arábia e
as regiões que margeavam o Golfo Pérsico.
1. כּוּשׁ – Cush —
Cuxe — Os descendentes desse patriarca habitaram uma extensa região que se
estendia do Egito até a Arábia no sentido Leste—Oeste e do norte do Egito até à
Etiópia. Certamente a coloração da pele foi fator determinante para que se
acomodassem melhor em climas mais áridos ao sul do que aos climas mais
temperados do norte. Os descendentes de Cuxe têm sido usados pelos hipócritas
pelos séculos afora como os “bodes expiatórios” para a maldição colocada sobre
Canaã. Como são pessoas de pele escura — negra — são então discriminados por
preconceitos doentios e covardes.
Os judeus se tornaram
muito enfatuados com o fato de terem sido escolhidos por Deus e por este motivo
tornaram-se extremamente preconceituosos e racistas contra todos os outros
seres humanos. Houve um tempo na história do povo de Israel, durante o reino
dividido, que a empáfia era tão grande que o profeta Amós confrontou a nação
com as seguintes palavras:
Amós 9:7
Não sois vós para mim, ó filhos de Israel,
como os filhos dos etíopes? — diz o SENHOR. Não fiz eu subir a Israel da terra
do Egito, e de Caftor, os filisteus, e de Quir, os siros?.
Ou seja, sem lealdade à
aliança de Deus, Israel é rigorosamente como qualquer povo pagão e idólatra.
Variedade no Gênero humano
Deus criou os seres
humanos com uma enorme variedade. Através de cruzamentos inter-raciais a
variedade se multiplicou e a raça humana é simplesmente linda. A beleza está
justamente na variedade. Mas essa mesma variedade e diferenças é extremamente
perturbadora para certos indivíduos. Muitos seres humanos, por causa do pecado
que existe em nós, acham que o ser diferente é errado ou inferior ou mesmo
indigno. Isto acontece porque não compreendemos como o Deus da Bíblia é
extremamente criativo e poderoso. O preconceito, infelizmente, triunfou sobre a
beleza daquilo que Deus mesmo declarou como sendo “muito bom” — ver Gênesis
1:31. A história registra, repetidas vezes, a exploração e os massacres
sofridos pelas pessoas que possuem cor em suas peles, desde os negros
africanos, passando pelos povos amarelos da Ásia e culminando com a destruição
dos povos indígenas — peles vermelhas — das Américas. Ainda hoje assistimos à
destruição de milhões de negros africanos com uma passividade que beira a
estupidez. Guerras são alimentadas pela ganância de se vender armamentos;
medicamentos são negados pela mesma ganância que deseja vender e não doar os
mesmos; doenças terríveis seguem sem pesquisa e sem o desenvolvimento de
medicamentos adequados. Mais o que faremos quando a assim chamada, de forma
preconceituosa, “febre asiática”, causada pelo vírus HN-51[1] e suas
mutações, atingirem para valer o ocidente? O que faremos se uma crise de
“ebola” estourar no meio de um grande centro do ocidente? A ordenança divina
continua válida:
Gálatas 6:7
Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois
aquilo que o homem semear, isso também ceifará.
Espero que estes
covardes que não estão tentando fazer nada para ajudar nas necessidades de
hoje, não venham se queixar de Deus amanhã, como é tão comum vermos acontecer.
Índio pele-vermelha. Não é à toa que chamavam os brancos de cara-pálidas.
Variedades da pele de cor negra.
Variedades da pele de cor negra.
2. מִצְרַיִם — Mitzraim — Mizraim. Este é o nome pelo qual o Egito é
chamado no Antigo Testamento. A terminação da palavra Mizraim — im — faz a
forma plural no hebraico bíblico e é uma indicação de que o autor do nosso
texto reconhecia a dupla divisão que existia no Egito Antigo entre o Alto e o
Baixo Egito.
3. פוּט — Put —
Pute. De todos os descendentes diretos de Cam, Pute é o único a não ter sua
própria descendência mencionada. Pute, todavia, se estabeleceu na região onde
fica a Líbia moderna ao oeste do Egito no norte da África. A LXX — Septuaginta —
versão das escrituras do hebraico para o grego segue essa tradição ao atribuir
para o hebraico פוּט — Put — Pute, a expressão grega Λίβυες — Líbues — Líbios, em Ezequiel 38:5.
4. כְנָעַן — kenaan —
Canaã, acabou por se estabelecer no país a quem legou seu próprio nome — Terra
de Canaã. Existem evidências arqueológicas que parecem indicar que essa região
tivesse sido habitada antes por alguns dos descendentes de Sem. Dessa maneira
os cananeus teriam se introduzido na terra como invasores onde adotaram os
costumes e a língua de seus predecessores. Os Cananeus deram origem aos
fenícios. Além disso, eles se constituíram na série de povos que foram
parcialmente destruídos pelo povo de Israel em cumprimento à palavra de Deus
dada a Abraão — ver Gênesis 15:12—16. Os remanescentes foram reduzidos a
escravos durante o reinado de Salomão — ver 1 Reis 9:20—21.
E. Os Filhos de Cuxe – Gênesis 10:7—12.
1.
Dentre os filhos de Cuxe alguns podem ser identificados enquanto outros, o mesmo
não é possível. De qualquer maneira, é fato bem estabelecido que os
descendentes desse patriarca se estabeleceram às margens do Mar Vermelho — a
leste do Egito e na região da Arábia. A identificação de סְבָא — Sebá — Sebá é incerta. Existem muitas especulações
inclusive uma que acredita que esses foram os indivíduos que se embrenharam no
continente africano.
2. חֲוִילָה — Haviilah — Havilá. Como com Sebá, também temos muitas
dificuldades para estabelecer com precisão o local onde os descendentes desse
patriarca se estabeleceram. Nesse capítulo 10 de Gênesis existem dois
indivíduos que atendem pelo nome de Havilá:
a. O primeiro é Camita e
descende de Cuxe — ver Gênesis 10:7.
b. O segundo é Semita e
descende de Joctã — ver Gênesis 10:26—29.
De acordo com os
registros mais antigos, a terra de Havilá era rica em ouro — ver Gênesis 2:11.
Esta foi a terra em que os descendentes de Ismael, filho de Abrão se
estabeleceram — ver Gênesis 25:18. Os Amalequitas, povo que se opôs de forma
sistemática e permanente ao povo de Israel e, que foram completamente
destruídos pelo rei Saul, também habitavam nesta região — ver 1 Samuel 15:7. Essas
evidências apontam para algum lugar, provavelmente na região da Arábia — a leste
do Mar Vermelho.
3. סַבְתָּה — Sabetah —
Sabtá e סַבְתְּכָא — Sabetekah — Sabtecá são os únicos dois nomes de Gênesis 10:6—7
que não descrevem povos arábicos. Alguns estudiosos acreditam que estes dois
nomes fazem referências a faraós etíopes que existiram durante a 25ª dinastia
egípcia — entre 712 e 700 a. C. Mas, com exceção de certa similaridade nos
nomes não existe nada que realmente indique que esses patriarcas tenham
qualquer relação com os faraós etíopes.
4. רַעְמָה — Raamá — Os descendentes desse patriarca se estabeleceram,
provavelmente, na África ou na Arábia. Existe uma inscrição muito antiga que
menciona uma cidade, homônima ao patriarca, localizada no sudoeste da Arábia.
Um de seus filhos foi שְׁבָא — Shebá – Sabá, que se estabeleceu exatamente nesta região
onde encontramos o Iêmen moderno. Sabá tornou-se um famoso centro comercial,
marcadamente, a partir do reino de Salomão — ver 1 Reis 10:1—10 e 2 Crônicas
9:1—12; Isaías 60:6 e Jeremias 6:20. Seu outro filho foi דְדָן — Dedan —
Dedã, que também se estabeleceu na região da Arábia. O território desse
patriarca estava localizado ao norte e fazia fronteira com as terras de Edom
que eram as terras de Esaú, filho de Isaque — ver Jeremias 49:8 e Ezequiel
25:13. O profeta Ezequiel nos diz que os comerciantes de Dedã negociavam com os
mercadores de Tiro — ver Ezequiel 27:20—23.
5. נִמְרֹד — Nimerod — Ninrode.
De todos os patriarcas citados em Gênesis 10, somente Ninrode e Pelegue — mencionado
a partir do verso 25 — possuem relatos ampliados acerca de suas vidas. E desses
dois, Ninrode é que recebe a honra de ter a menção mais extensa. Quem foi este
patriarca? E o que podemos aprender da etimologia do seu nome? Os autores e
comentaristas do livro do Gênesis sugerem pelo menos três possibilidades de
identificação para Ninrode:
a. Ninrode é o deus
Ninurta. Essa era a divindade da “guerra” e da “caça”. Por estes motivos era
chamada também de: “a flecha e herói poderoso”. O culto a essa divindade estava
muito espalhado por toda a região da Mesopotâmia na última parte do segundo
milênio a. C. Para muitos filólogos esta é a possibilidade mais remota, já que
exigiria uma dramática corrupção da língua hebraica, o que não parece ter de
fato acontecido.
b. Ninrode deve ser
identificado com o rei assírio Tukuti-Ninurta I — que adota o nome da divindade
Ninurta. Esse soberano reinou durante a última parte do século 13 a. C – entre
1246 – 1206 a. C. Ele foi o primeiro rei a reinar simultaneamente tanto sobre a
Babilônia como sobre a Assíria. Esse fato foi alcançado quando Tukuti-Ninurta I
derrotou os exércitos babilônios do rei Kashtiliash IV e levou tanto o rei
quanto a imagem do deus Marduk como cativos para a Assíria. Além de ser um rei
guerreiro foi também um rei que empreendeu o desenvolvimento de massivas
construções o que o obrigou a impor pesados impostos sobre o povo da mesma
maneira como o fez Salomão. A morte desse rei representou um verdadeiro eclipse
na estrutura de poder da Assíria. A relação entre Ninrode, filho de Cuxe, com o
rei Tukuti-Ninurta I só é possível se substituirmos a palavra “Cuxe” pela
expressão “cassitas”. Por este motivo também não achamos que esta seja uma
possibilidade muito válida. Além do mais isso faria de Ninrode um descendente
de Sem e não de Cam.
c. Visando preservar uma
origem Cuxita para o nome Ninrode alguns têm associado esse nome com o do Faraó
egípcio, da XVIII dinastia, Amenhotep III — c. 1416 — 1379 a. C. As Cartas de
Amarna referem-se à Amenhotep III como “Nimmuri”. Como tal, esse faraó
reivindica para si o fato de que seu reino se estendia do Egito até o Eufrates.
No Egito o faraó Amenhotep III ficou conhecido como aquele que construiu os
monumentais templos de Luxor — grandemente ampliados por faraós posteriores — e
Karnak. Além disso, Amenhotep III construiu um novo palácio para si bem como um
templo no qual foi enterrado. Por todos estes motivos ele foi chamado pelos
historiadores de “o Magnificente”. Mas esse também não pode ser Ninrode, filho
de Cuxe.
Diante destas
possibilidades, é realmente surpreendente que Gênesis 10 mencione Cuxe, um
descendente de Cam, como o pai de Ninrode. Dizemos surpreendente porque o
Antigo Testamento vincula este Ninrode com as terras ao leste da Palestina, que
foram ocupadas, preferencialmente pelos descendentes de Sem. O profeta Miquéias
— profetizou entre 720 — 701 a. C. — e para ele a Assíria e a terra de Ninrode
era uma e a mesma coisa como podemos ver no paralelismo dos versos a seguir:
Miquéias 5:5—6
Este será a nossa paz. Quando a Assíria
vier à nossa terra e quando passar sobre os nossos palácios, levantaremos
contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens. Estes consumirão a
terra da Assíria à espada e a terra de Ninrode, dentro de suas
próprias portas. Assim, nos livrará da Assíria, quando esta vier à nossa terra
e pisar os nossos limites.
Desta forma, a terra de
Ninrode, filho de Cuxe, está firmemente estabelecida ao leste da região da
Palestina, na região da Assíria e da Babilônia. Este fato ilustra apenas o
ecúmeno que encontramos na face da terra: pessoas dos três ramos — Jafetitas,
Camitas e Semitas — se espalhando e ocupando toda a terra.
A etimologia do nome de
Ninrode também não chega a ser conclusiva. Por ser um personagem controverso a
grande maioria dos comentaristas prefere conectá-lo, etimologicamente falando,
com o verbo hebraico marad — rebelar ou revoltar-se. A palavra hebraica, por
sua vez, é derivada da expressão egípcia mrd — que
significa rebelde. Na tradição judaica
Ninrode é apresentado como a quintessência da rebeldia contra Deus. Isto
deve-se ao fato de Ninrode estar envolvido na construção da torre de Babel e no
incentivo que deu ao povo para rebelar-se contra o mandamento de Deus de espalha-vos. Segundo Gênesis 11:4, um
dos propósitos da construção da torre era para que “não sejamos espalhados por
toda a terra”. Ora, isto era uma afronta direta contra o mandamento dado por
Deus a Adão e Eva — ver Gênesis 1:28 — e depois repetido, após o dilúvio, para
os Noé e seus filhos — ver Gênesis 9:1 e 7 — concernente ao fato de que os
seres humanos deveriam encher a terra povoando-a.
Mesmo que tenhamos uma
grande dificuldade em identificar exatamente, quem foi este personagem, a
própria Bíblia nos oferece algumas informações bastante interessantes:
a. Em primeiro lugar
Ninrode é descrito como sendo גִּבֹּר — gibbor — poderoso. Esta palavra por sua vez procede do
verbo hebraico gabar — que
significa, entre outras coisas, prevalecer, ter força, ser forte, ser poderoso,
ser valente, ser grande. Dessa maneira, esse Ninrode foi o protótipo dos
tiranos de todos os tempos, pois era arrogante, violento e matador. Essas são
qualidades deploráveis, mas que sempre fizeram sucesso entre os seres humanos
caídos.
b. Além de ser um homem
poderoso, Ninrode era também excelente caçador. Sua habilidade era tão grande
que até mesmo um aforismo chegou a ser cunhado em sua homenagem: Foi
valente caçador diante do SENHOR; daí dizer-se: Como Ninrode, poderoso
caçador diante do SENHOR — Gênesis 10:9. O
escritor do Gênesis reconhece que tais qualidades eram fruto da graça de
Deus. Na História da Humanidade as
qualidades de alguém poderoso associadas à suas habilidades como caçador, foram
registradas, de forma especial, entre os reis Assírios. A Bíblia nos diz que as
cidades mais importantes dos Assírios — inclusive Nínive — bem como o próprio
reino, foram fundados por este Ninrode — ver Gênesis 9:10—11.
c. Muitos historiadores
comparam-no a Sargão de Ágade que viveu c. 2330 a. C. Esse Sargão foi também
tanto um bravo guerreiro como um hábil caçador. Ele foi um dos líderes mais
antigos dos Assírios. Devido às suas habilidades, homens como estes, deixaram
inúmeras lendas depois de si mesmos.
d. É muito possível que
divindades como Ninurta — também chamado algumas vezes de Nimurda — que
compunham o panteão dos deuses assírios e babilônicos da guerra e da caça
tenham sido “inventados” pelos sacerdotes baseados nas lendas existentes acerca
de homens como Ninrode. Como estamos tratando de uma parte da História da
Humanidade que é anterior à invenção da escrita, existem alguns estudiosos que
identificam Ninrode com o rei épico-mitológico Gilgamés de Ereque, que teria
vivido por volta de 2700 a. C.
e. Outros ainda procuram
ver alguma relação entre Ninrode e a divindade babilônica conhecida por
Marduque.
f. Para nós, como
estudiosos da Bíblia, tudo o que nos interessa é a afirmativa bíblica de que
Ninrode é um personagem histórico. E a historicidade do nome é confirmada pela
arqueologia que nos informa da existência de vários nomes de localidades
espalhadas pela região de toda a Babilônia que fazem referencia direta ao nome
de Ninrode. Entre estas localidades podemos citar:
i. Birs Ninrud.
ii. Tell Ninrud — Cidade
próxima da moderna Bagdá no Iraque.
iii. Calá — chamada de
Cômoro de Ninrode.
A existência de cidades
nomeadas para homenagear personagens históricos é uma das práticas mais comuns
entre os seres humanos.
a. De acordo com o texto
bíblico — ver Miquéias 5:6 e Gênesis 10:20 e 11:2 — o reino de Ninrode é
descrito como se estendendo por sobre toda a região adjacente às grandes
cidades que encontramos no eixo Pérsia — Babilônia. Entre essas cidades podemos
citar: Acade, também chamada de Ágade, Babel, Calné e Ereque também conhecida
como Warka, além de outras espalhadas por uma região que os antigos costumavam
chamar de “terra de Sinar ou Sinear”. Em Gênesis 10:11 nós lemos: Daquela terra saiu ele
para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir e Calá. Todas essas últimas cidades foram estabelecidas
na região onde floresceram os impérios Persa e Assírio.
b. Tentar fixar uma data
para Ninrode é bastante complicado. Todavia essa é uma perene tentação que os
historiadores e outros estudiosos das ciências sociais terão sempre que
enfrentar. O único elemento histórico, mas que ainda está baseado em uma
pressuposição, tem a ver como a identificação do personagem Cuxe, mencionado na
Bíblia, com um rei mesopotâmico chamado Quis. A história nos ensina que a
dinastia fundada por este Quis teve um total de vinte e três reis e estes
formaram a primeira verdadeira dinastia a controlar a Mesopotâmia. Se a relação
de Cuxe com Quis for legítima, então Ninrode teria vivido por volta do ano 2500
a. C.
Ninrode é o protótipo
antagônico do rei-pastor desejado por Deus. Guerreiro e caçador são
características que não estão recomendadas pelo SENHOR para aqueles que devem
reinar sobre seu povo, especialmente quando a referência diz respeito ao Senhor
Jesus. Ver:
a. 2 Samuel 5:2 e 7:7.
Note as expressões “reinou” e “mandei apascentar meu povo”.
b. Miquéias 5:2 comparar
com Mateus 2:6 – note como a expressão “reinar” é substituída pelas expressões
“guia” e, especialmente, “apascentar”.
Várias cidades estão
atreladas diretamente o nome de Ninrode. Algumas destas cidades são mais fáceis
de serem identificadas do que outras.
בָּבֶל —
Babel – literalmente “Porta de Deus”, derivada
das expressão acadianas Babil e Babllani.
Depois, por causa da torre, veio a significar “confusão”, por meio de mistura.
Essa cidade corresponde à antiga capital do Império Babilônico. Em seu sítio moderno
encontra-se a cidade de Hillah, junto ao rio Eufrates, na região sudoeste de
Bagdá, no moderno Iraque. Saddam Hussein estava desenvolvendo um imenso
trabalho de escavações e reconstruções quando o embargo após a Primeira Guerra
do Golfo o obrigou a paralisar os trabalhos. Após a invasão do Iraque pelos
Estados Unidos da América, os edifícios reconstruídos sofreram grande
destruição e praticamente todas as peças antigas, ajuntadas no museu local,
foram roubadas pelos invasores.
Tradições Babilônicas nos
falam de que a cidade teria sido fundada pelo deus Marduque. Essa mesma cidade
teria sido destruída pelo imperador Sargão por volta do ano 2.350 a. C. O filho
deste Sargão, chamado de Sarcalisarri, teria removido a areia usada na
construção de Babel para construir a cidade de Ágade.
אֶרֶךְ — Ereque — longo. Esta cidade ficava
cerca de 64 quilômetros a noroeste de Ur de quem vai para a Babilônia seguindo
a margem esquerda do Rio Eufrates. Note que nosso texto não diz que Ninrode
construiu estas cidades. É mais provável que algumas delas já existissem antes
dele e que apenas entraram debaixo da esfera de seu poder e domínio.
Em tempos modernos o local da
antiga Ereque é reconhecido como sendo da cidade de Warka. Esta cidade foi uma
das mais importantes dos sumérios, especialmente durante os quarto e terceiros
milênios a. C. Foi nesta região que os seres humanos inventaram a escrita, pelo
qual todos nós devemos ser agradecidos. Essa região encontra-se em uma área de
pântanos do Eufrates, localizados a 160 quilômetros ao sudoeste da cidade de
Babilônia. Nas escavações feitas em Ereque, arqueólogos descobriram dois
antigos zigurates que serviam como templos naquela região durante a
Antiguidade. A cidade de Ereque compõe com as cidades de Ur, Lagase e Eridu o
conjunto de cidades mais antigas do sul da região da Babilônia.
A cidade foi habitada por
milênios e nela foram encontrados tabletes grafados em escrita cuneiforme
pertencentes aos reinados, extremamente antigos dos Sumérios, de Dungi, Ur-Bau,
Gudea, Singaside e Merodaque-Baladã. De tempos posteriores, foram recuperados
escritos dos dias de Nebopolassar, Nabucodonosor, Nabonido — reis babilônicos —
de Ciro, o medo, de Dario, o persa, bem como dos soberanos Selêucidas. Esses
eram descendente de Selêuco, um dos quatro generais de Alexandre, o grande da
Macedônia, que dividiram o vasto império de Alexandre entre si. Nas lendas
babilônicas, a cidade de Ereque é chamada de Uruque e teria sido nesta cidade
que o rei mitológico — Gilgamés — teria vivido. As lendas construídas ao redor
de Gilgamés perfazem uma coletânea que apresenta certas similaridades com as
histórias narradas nos primeiros capítulos da Bíblia. Como já tivemos oportunidade
de observar, as similaridades com a narrativa bíblica são superficiais e as
diferenças são fundamentais.
As escavações em Ereque foram
iniciadas por volta de 1850. Este trabalho arqueológico conseguiu demonstrar
que a cidade era alimentada com água através de vários canais. O culto à uma
divindade chamada Anu era a mais alta expressão da religiosidade do povo de
Ereque. Outro culto importante era o da deusa da guerra e do amor sexual
chamada Ishtar. Essa deusa era chamada de Inanna pelos sumérios. Por esse
motivo muitos estudiosos acreditam que o deus Anu e a deusa Inanna eram apenas
duas versões — masculina e feminina — de uma mesma divindade.
אַכַּד— Acad —
Acade. Esta palavra possui dois significados distintos: em hebraico a expressão
procede de uma raiz antiga que quer dizer “fortalecer”. Em acadiano, língua
original da Mesopotâmia, a expressão significava “sutil”. Seguindo a tradição
bíblica — ver Gênesis 10:10 — muitos acreditam que esta cidade foi fundada por
Ninrode e, dessa maneira tem sua origem firmemente estabelecida entre os
camitas. A cidade, do ponto de vista da História Antiga, ficou conhecida como a
capital do império semita de Sargão I, que dominou boa parte daquela região
entre 2360 a 2180 a. C. O sítio arqueológico da antiga Ágade está localizado na
margem direita do rio Eufrates a poucos quilômetros da moderna cidade de Bagdá,
que é a capital do Iraque. A margem direita do rio Eufrates, naquela região, é
composta de uma planície aluvial que consiste em um depósito de cascalho, areia
e argila. Este tipo de solo se forma junto às margens ou à foz dos rios,
proveniente do trabalho de erosão e é desprovido de pedras.
Os habitantes originais
dessa região eram sumerianos — descendentes de Cam. Esses foram os indivíduos
que inventaram a escrita cuneiforme e estabeleceram as bases para o
desenvolvimento das poderosas dinastias semitas que surgiram posteriormente. O
Império estabelecido por Sargão I durou cerca de 200 anos e era considerado,
pelos babilônios, como representativo de uma idade áurea daquela região. A
expressão Acádia — derivada de Acade — veio a ser utilizada como o nome próprio
de toda a região ao norte da Babilônia para contrastar com a região ao sul, que
era chamada de Suméria. O acadiano, enquanto língua, é a mais antiga língua
escrita da Humanidade. Para distingui-la das formas posteriores do acadiano, a
língua desenvolvida pelos sumérios é chamada de “acadiano antigo”.
כַלְנֵה — Calneh — Calné que quer
dizer: “fortaleza de Anu”. Anu era uma das mais importantes divindades do
panteão babilônico. O nome da cidade de Calné também aparece como Calno nas
nossas Bíblias na versão de Almeida Revista e Atualizada no Brasil — ver Isaías
10:9. Historiadores e arqueólogos não são unânimes, mas muitos acreditam que
Calné teria existido onde hoje se encontra a moderna cidade de Niffer. Esta
cidade está localizada a aproximadamente cerca de 100 quilômetros ao sul da
antiga cidade de Babilônia.
בְּאֶרֶץ
שִׁנְעָר —
Beretz Shin’ar
— terra de Sinar. Este é o nome pelo
qual os antigos hebreus chamavam a terra que veio, mais tarde, a ser conhecida
como Babilônia ou Caldéia. A palavra “Sinar” aparece de forma consistente em
todo o Antigo Testamento — ver Gênesis 11:2; Isaías 11:11; Daniel 1:2 e
Zacarias 5:11. Uma condição histórica que intriga os estudiosos é o fato de não
existir nenhum registro da expressão “Sinar” entre os escritos babilônicos da
Antiguidade. Os únicos registros antigos que existem são os mencionados no
Antigo Testamento, como alistados acima. A expressão “Sinar” significa em
hebraico, literalmente, “país de dois rios”. Esse é um nome mais que apropriado
para descrever a terra que contém os dois rios mais famosos da mesopotâmia: o
rio Eufrates no lado oeste e o rio Tigre no lado leste.
A História Antiga da
Humanidade registra que os primeiros habitantes a emigrar para os vales dos
rios Eufrates e Tigre chamavam a si mesmos de: “povos de cabeça negra”.
Historiadores preferem alegar que não podem precisar de onde esses habitantes
teriam se originado. Todavia, aceitam que as montanhas do Cáucaso seria o local
mais provável. Aqui não podemos deixar de notar que, de acordo com a Bíblia, a
arca de Noé veio a repousar nas montanhas de Ararate — ver Gênesis 8:4 — que
fazem parte do sul das montanhas do Cáucaso na região da Armênia moderna. Até
os dias de hoje, o pico mais alto de Ararate — 5100 metros de altitude — é
chamado de Kuh-i-nuh: monte de Noé!
A Invenção da Escrita — A língua falada pelos sumérios não possui
nenhuma relação conhecida com qualquer outra língua, seja moderna ou antiga. De
acordo com os filólogos a língua dos sumérios constitui-se de uma língua não
semítica, aglutinativa[2],
classificada como uma língua turaniana — grupo de línguas uralo-altaicas,
faladas por povos da Rússia meridional e do Turquestão, mas com traços
mongólicos — e que possui afinidades tanto com o turco como com o chinês. Os
povos semíticos que se estabeleceram na região da mesopotâmia, posteriormente,
acabaram por adotar inúmeras expressões da língua dos sumérios.
No início a escrita dos
sumérios era pictográfica. Logo este tipo de escrita cedeu espaço para uma
escrita polissilábica que empregava mais de quatrocentos sinais diferentes. Os
povos semitas que ocuparam a mesopotâmia depois dos sumérios, foram grandemente
influenciada pela literatura produzida pela escrita polissilábica dos sumérios.
Isto é de fácil comprovação visto que essa mesma forma de escrita foi adotada
por povos de línguas semíticas, tais como:
v O Assírio e o Babilônico — ramo Acádico.
v O Sírio e o Palestino — com influência direta sobre
o Aramaico e o Hebraico.
v Povos de línguas não semitas também foram
influenciados. Entre essas nós encontramos: o Elamita, o Cassita, o Hitita, o
Hurriano e o Persa antigo.
Breve História dos Sumérios — A História dos povos sumérios é dividida pelos
historiadores em três períodos:
v O Período Anterior.
v O Período Clássico.
v A Renascença Suméria.
O Período Anterior — Esse é o período da história dos sumérios que
gira em torno do dilúvio. De acordo com os registros escritos mais antigos que
existem na História da Humanidade, cerca de oito reis diferentes reinaram sobre
cinco cidades diferentes e então... “o dilúvio varreu a terra”. Devemos deixar
bem claro que não existe nenhuma correlação direta entre estes reis e os
patriarcas antediluvianos mencionados em Gênesis 5. Estes registros antigos
são, por sua própria natureza, bastante fantasiosos. Seus registros indicam que
aqueles reis tiveram vidas extremamente longevas, com a soma total de suas
vidas perfazendo a impressionante cifra de 241.201 anos. Após o dilúvio, surge
uma nova lista de reis, desta vez com 78 nomes. Nesse período são também
mencionadas as cidades capitais de Quis, Ur, Ereque, Mari entre outras. Esses
reis, do período pós-diluviano ssão personagens históricos confirmados pela
história e pela arqueologia mediante restos epigráficos — parte da ciência
chamada de Paleografia, que estudas inscrições antigas — e arquitetônicos que
atestam a presença deles naquela região.
O Período Clássico é aquele que vai de 2700 a 2150 a. C. Durante esse
período a civilização suméria se dividiu mediante a organização do trabalho
visando resolver os dois maiores problemas que ela precisava enfrentar e que
eram: a irrigação das terras e a defesa militar. Várias tentativas foram feitas
para se organizar governos do tipo democrático, mas estas tentativas foram
frustradas porque contrariavam os interesses das classes sacerdotais. Durante
esse período os sumérios ajuntaram muita riqueza. Isto pode ser atestado pelas
ricas ornamentações dos túmulos dos reis que foram encontradas em Ur. Esse foi
um período marcado por avanços sociais já que encontramos registros de um rei
chamado Urukagina, o qual efetuou e implementou reformas sociais mediante o uso
de uma legislação que visava desburocratizar os serviços públicos que pesavam
por demais sobre as classes menos favorecidas e, de modo especial, sobre os
órfãos e as viúvas. O Período Clássico terminou quando os sumérios foram
conquistados pelo rei semita, Sargão, de Acade. A ação de Sargão, além de
derrotar a civilização suméria acabou também por unificar toda aquela região
que passou a ser governada por semitas em toda sua extensão de norte a sul.
O Período da Renascença dos sumérios teve início por volta de 2120 a. C.
quando eles conseguiram derrotar os semitas que os dominavam. Poucos anos após
a libertação foi estabelecida a terceira dinastia de Ur que durou de 2113 a
2006 a. C. Este foi um período de prosperidade material e de desenvolvimento
intelectual ímpar entre os sumérios. Foi durante essa época que foi produzido o
código de Ur-Namu — não confundir com o código de Hamurabi — que é o mais
antigo código legal existente da História da Humanidade. Esse também foi o
período que viu uma completa reconstrução de Ur bem como de outras cidades,
tais como, Uruque, Eridu e Nipur. Novos zigurates[3]
foram construídos em todas as cidades e velhos templos foram recuperados, o que
demonstra a força das classes sacerdotais durante esse período. Gudea de
Lagasse foi um contemporâneo de Ur-Namu que viajou até as regiões da Síria e da
Anatólia — Turquia moderna — de onde trouxe materiais de construção para
embelezar sua própria capital. Os semitas eram uma pedra permanente nos sapatos
dos sumérios. Isbi-Irra um dos reis que sucederam Ur-Namu tentou se associar
com os elamitas — povos que habitavam a leste do rio Tigre — visando derrotar
os povos semitas, mas não foi bem sucedido e sua aventura acabou por lhe custar
tanto a destruição de Ur como o término da terceira e última dinastia dos
sumérios.
A terra de Sinar בְּאֶרֶץ שִׁנְעָר — Beretz Shin’ar é mencionada muitas vezes no Antigo Testamento.
Entre estas passagens nós vamos encontrar:
a. Gênesis 11:2 — Foi
nesta planície onde foi edificada a torre de Babel.
b. Gênesis 14:1 —
Menciona um rei originário de Sinar e que participou do ataque a Sodoma e
Gomorra e acabou por sequestrar o sobrinho de Abraão chamado Ló — ver Gênesis
14:12. Mais adiante esse rei, junto com seus associados, foi derrotado pelos
318 homens de Abraão — ver Gênesis 14:13—17.
c. Josué 7:21 — A versão
de Almeida Revista e Atualizada fala de uma “capa babilônica”, mas o original
hebraico diz textualmente אַדֶּרֶת שִׁנְעָר — addereth
Shin’ar — capa de Sinar.
d. Daniel 1:1—2 –
Menciona Nabucodonosor, rei da Babilônia que ficava na terra de Sinar.
e. Isaías 11:11 — Contém
uma profecia acerca de como Deus iria fazer Seu povo retornar para a terra de
Canaã após o desterro para a Babilônia.
F. Os Filhos de Mizraim – Gênesis 10:13 – 14.
Note que os nomes de
todos os descendentes de Mizraim mantêm a terminação “im” o que é uma clara
indicação de que estes indivíduos eram parte de uma mesma etnia.
1. לוּדִים — Ludiym — aos tições ou trabalhos excessivos. Esse
patriarca está relacionado tanto com os Lídios que habitaram na Ásia Menor —
ver Isaías 66:19 — como com povos que habitaram a África — ver Jeremias 46:9 e
Ezequiel 30:5.
2. עֲנָמִים — Anamiym —
aflição de águas. O nome parece expressar que esse patriarca habitou uma região
desértica. Muitos estudiosos apontam o grande oásis de Chargeh, localizado no
Alto Egito, como o local onde ele teria se estabelecido. Outros, todavia,
preferem identificá-lo com um povo da Cirenaica chamado de A-na-mi e que é
mencionado em um texto cuneiforme produzido durante o reinado de Sargão II, no
século 8º a. C.
3. לְהָבִים — Lehabiym — chamas. É provável que esse patriarca seja o pai
dos Líbios que se constituem em um dos povos mais antigos da África.
4. נַפְתֻּחִים — Naptuhiym — aberturas. Este nome faz uma referência não
muito clara ao Egito. Talvez se refira à cidade de Nofe no baixo Egito. O
próprio nome em si mesmo faz referência à abertura do Nilo no seu magnificente
delta.
5. פַּתְרֻסִים — Patrusiym — região do sul do Egito. Eram chamados por este
nome os habitantes de Patros no alto Egito.
6. כַּסְלֻחִים — Casluhiym — fortificado. Foi desse patriarca que descenderam,
em parte, os פְּלִשְׁתִּים — pelishttiym — filisteus, que se estabeleceram na região
costeira do sul da Palestina e que se concentravam em cinco cidades principais:
Gaza, Asdode, Asquelom, Gate e Ecrom — ver Josué 13:3.
7. כַּפְתֹּרִים - Cafttoriym — uma coroa. Esse patriarca se estabeleceu na ilha
de Creta — chamada de Kaptara em inscrições cuneiformes — no Mar Mediterrâneo
e, foi de lá que alguns de seus descendentes partiram para ocupar a faixa costeira
ao sul da Palestina, juntamente com os descendentes de כַּסְלֻחִים — Casluhiym — e formar o povo que ficou conhecido como filisteus
— ver Deuteronômio 2:23, Jeremias 47:4 e Amós 9:7. A acusação moderna de que o
povo chamado palestino descende dos antigos filisteus é uma afirmativa que não
somente reflete a ignorância de quem a faz, como demonstra profundo preconceito
racial contra os palestinos e ajunta injúria às muitas ofensas que esse povo
tem enfrentado. Os filisteus eram descendentes de Cam enquanto que o povo
palestino é descendente de Sem, como o são os judeus.
G. Os Filhos de Canaã – Gênesis 10:15—19.
1. צִידֹן — Sidon —
caça. Esse patriarca cedeu seu nome para uma antiga cidade Fenícia da costa
marítima norte da Palestina. A cidade ficava ao norte da cidade de Tiro e
estava localizada cerca de 50 quilômetros da moderna cidade de Beirute no
Líbano. A cidade de Sidon manteve sua superioridade sobre as outras cidades
costeiras do norte da Palestina durante praticamente todo o segundo milênio a. C.
Somente por volta de 1100 a. C. é que ela perdeu sua hegemonia para a cidade de
Tiro que ficava cerca de 40 quilômetros ao sul. O nome aparece somente em dois
versículos em todo o Antigo Testamento — Gênesis 10:15 e 19. Todavia o Novo
Testamento faz várias citações à mesma como podemos ver em Mateus 11:21—22;
15:21; Marcos 3:8; Lucas 4:26; 6:17 e Atos 12:20 e 27:3. A região de Tiro e de
Sidom foi a única visitada por Jesus fora do circuito Galileia, Samaria,
Judéia, Pereia — chamada de região “além do Jordão” em João 10:40 — e Decápolis. A nova cidade de Sidom foi
construída exatamente sobre as ruínas da cidade antiga. Sidom, juntamente com
Tiro e Biblos constituíam as três cidades mais importantes dos antigos
Fenícios.
2. חֵת — Het —
terror. Esse foi o patriarca de quem descendem os Hititas. Esse povo se
estabeleceu na região Oeste da Anatólia — Turquia moderna — e alcançou o pico
da sua influência entre 1450 — 1200 a. C. Descendentes de Hete estavam
estabelecidos na região de Hebrom nos dias de Abraão e foi deles que Abraão
comprou a caverna de Macpela onde sepultou a Sara e onde ele próprio foi também
sepultado — ver Gênesis 25:7—10. Também eram descendentes de Hete as duas
mulheres com que Esaú se casou — ver Gênesis 26:34.
3. יְבוּסִי — Lebusiy —
seus descendentes foram chamados de Jebuseus e esses eram os habitantes mais
antigos de Jebus, o nome mais primitivo de Jerusalém. Esse povo é mencionado
como tendo habitado a região da Palestina antes do judeus — ver Gênesis 15:21;
Êxodo 3:8 e 17 e 13:5. Foi deles que Davi tomou a cidade chamada Jerusalém —
ver 2 Samuel 5:6—7.
4. אֱמֹרִי — Amoriy — aquele que fala. Os descendentes desse
patriarca eram os Amorreus, um dos povos da Canaã oriental além do Jordão,
desalojado pela invasão dos israelitas procedentes do Egito. Povo muito antigo,
pois são mencionados como “amurru” em registros de Sargão de Acade durante o
terceiro milênio a. C. A cidade de Mari, às margens do rio Eufrates era uma das
suas cidades mais importantes. A infidelidade da cidade de Jerusalém era vista
pelo profeta Ezequiel como proveniente da sua origem que era resultante de uma
mistura de Heteus e Amorreus — ver Ezequiel 16:3 e 45. Os Amorreus se
estabeleceram na região da Palestina durante o segundo milênio a. C. Manre era
o nome do Amorreu proprietário de um carvalhal perto de Hebrom onde Abrão se
estabeleceu ao chegar à Palestina — ver Gênesis 13:18 e 14:13.
5. גִּרְגָּשִׁי — Girggashiy — que habita em solo barrento. Descendentes de
Canaã e uma das nações que vivia ao leste do mar da Galileia quando os
israelitas entraram na terra prometida.
6. חִוִּי — Chivviy — aldeões. Esse foi o patriarca dos Heveus que são
também chamados de Aveus. O território que eles ocupavam ficava ao sul da
Palestina e era paralelo à faixa ocupada pelos chamados Filisteus. Os judeus
não precisaram expulsar os Heveus ou Aveus porque os mesmos já haviam sido
desalojados pelos Filisteus — ver Deuteronômio 2:23.
7. עַרְקִי — ‘Arqiy —
presa no sentido de dente canino. Esse foi o patriarca dos Arqueus. Esse era um
povo que habitava a região costeira da Fenícia e sua cidade principal está
identificada em um sítio arqueológico a onze quilômetros de Trípoli, no Líbano
moderno. Era um povo originário da região do Ararate e penetraram na Palestina
por volta do século 17 a. C.
8. סִּינִי — Siniy — espinho ou barro. Os descendentes desse patriarca
foram chamados de Sineus. Sua localização não está muito bem estabelecida,
apesar de muitos aceitarem que eles habitavam o norte da região fenícia entre
Trípoli e Arca.
9. אַרְוָדִי — `Arvadiy — “eu libertarei”. Esses foram os filhos de
Arvade. Ao contrário dos Sineus, nós podemos precisar exatamente o local que
era ocupado pelos Arvadeus. Sua cidade estava no norte da Fenícia, mais
especificamente em uma ilha rochosa cerca de 3 quilômetros da costa e cujo nome
moderno é Ruade. Os gregos chamaram essa ilha de Aruade e é por esse nome que a
mesma é mencionada em 1 Macabeus 15:23. Ela está localizada diante da foz do
rio Euletero na Síria moderna, na mesma direção da ilha de Chipre e possui uma
extensão de 3 quilômetros, aproximadamente.
10. צְּמָרִי — Tzemariy — “lã dupla”. Os Zemareus foram os descendentes de
Canaã que se estabeleceram entre a ilha controlada pelos Arvadeus mencionados
acima e pelos Hamateus que se estabeleceram ainda mais ao norte.
11. חֲמָתִי — Hamatiy —
este nome é derivado da palavra “Hamate”, que quer dizer “fortaleza”. Eles
habitavam na cidade de Hamate que ficava em território sírio às margens do rio
Orontes. Hamate nunca gozou de muita liberdade em sua história, pois foi
seguidamente controlada pelos Egípcios, pelos Hititas e pelos Assírios. A
chamada “entrada de Hamate” constituía o limite norte da terra prometida — ver
Números 13:21 e 1 Reis 8:65.
Os limites das terras
ocupadas pelos Cananeus estão estabelecidos em Gênesis 10:19 e se estendem, na
direção Norte-Sul, desde Sidon até Gerar. E, para o Leste, desde Gaza até
Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Lasa — essas eram cidades localizadas no
deserto ao sul do Mar Morto. As quatro primeiras são bem conhecidas e estão relativamente
bem estabelecidas do ponto de vista arqueológico. Essas quatro cidades foram
destruídas quando Deus fez chover enxofre e fogo do céu — ver Gênesis 19:24 –
25. A localização da cidade de Lasa, por sua vez, é completamente desconhecida.
Como o nome “Lasa” quer dizer “fissura” em hebraico, existem várias teorias de
que a cidade teria florescido junto a um grupo de fontes térmicas que podem ser
encontradas ao sul do Mar Morto próximo a wady Zeka Ma’in.
OUTROS ARTIGOS ACERCA DO LIVRO DE GÊNESIS
001 — Introdução e Esboço
002 — Introdução ao Gênesis — Parte 2 — Teorias Acerca da Criação
003 — Introdução ao Gênesis — Parte 3 — A História Primeva e Sua Natureza
004 — Introdução ao Gênesis — Parte 4 — A Preparação para a Vida Na Terra
005 — Introdução ao Gênesis — Parte 5 — A Criação da Vida
006 — Introdução ao Gênesis — Parte 6 — O DEUS CRIADOR
007 — Introdução ao Gênesis — Parte 7 — OS NOMES DO DEUS CRIADOR, OS CÉUS E A TERRA
008 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 1 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 1
009 – Gênesis — A Criação de Deus - Parte 8A – A Criação de Deus Dia a Dia – O Primeiro Dia — Parte 2
010 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus - Parte 9 – A Criação de Deus Dia a Dia – O Segundo e o Terceiro Dia
011 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 10 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quarto Dia
012 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 11 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Quinto Dia
013 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12 — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 1
013A — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 12A — A Criação de Deus Dia a Dia — O Sexto Dia — Parte 2
014 — Estudo de Gênesis — A Criação de Deus — Parte 13 — Teorias Evolutivas
015 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 14 — GÊNESIS 2A
016 — Estudo de Gênesis — Gênesis 2 — Parte 15 — GÊNESIS 2B
017 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 16 — GÊNESIS 3A
018 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 17 — GÊNESIS 3B
019 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — Parte 18 — GÊNESIS 3C
020 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Livre Arbítrio — Parte 19
021 — Estudo de Gênesis — Gênesis 3 — O Dois Adãos — Parte 20
022 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Era Pré-Patriarcal e a Mulher de Caim — Parte 21
023 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, O Primeiro Construtor de Uma Cidade — Parte 22
024 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Assassino e Fugitivo da Presença de Deus — Parte 23
025 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — Caim, Como Primeiro Construtor de uma Cidade e Pseudo-Salvador da Humanidade — Parte 24
026 — Estudo de Gênesis — Gênesis 4 — A Conclusão Acerca de Caim — Parte 25
027 — Estudo de Gênesis — Gênesis 5 — Sete e outros Patriarcas Antediluvianos — Parte 26
028 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Perversidade Humana, Os Filhos de Deus e as Filhas dos Homens— Parte 27A
029 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — OS Nefilim e os Guiborim — Os Gigantes e os Valentes — Parte 27B
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031 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — A Corrupção Humana Sobre a Face da Terra e Deus Pode se Arrepender? — Parte 27D.
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034 — Estudo de Gênesis — Gênesis 7 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 29 — O Dilúvio Foi Global Ou Local?
035 — Estudo de Gênesis — Gênesis 8 — A promessa que Deus Fez a Noé e seus descendentes — Parte 30 — Nunca Mais Destruirei a Terra Pela Água
036 — Estudo de Gênesis — O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 001
037 — Estudo de Gênesis — O Valor Perene do Dilúvio para todas as Gerações — PARTE 002
038 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 001
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041 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 004 — A NATUREZA DA ALIANÇA ENTRE DEUS E NOÉ
042 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 005 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 001
043 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 006 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 002 — OS NEGROS SÃO AMALDIÇOADOS?
044 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 007 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 003 — A CONTRIBUIÇÃO DOS FILHOS DE NOÉ PARA A HUMANIDADE
045 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/genesis-estudo-045-tabua-das-nacoes.html
046 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 002 — OS DESCENDENTES DE CAM: NEGROS, AMARELOS E VERMELHOS
047 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 003 — OS DESCENDENTES DE SEM E A ORIGEM DOS HEBREUS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/03/genesis-estudo-047-tabua-das-nacoes.html
048 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 004 — A TÁBUA DAS NAÇÕES É UM DOCUMENTO ÚNICO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
049 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 001
050 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 002
051 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 003
052 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 004
053 — Estudo de Gênesis — A TORRE DE BABEL — PARTE 005
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/08/genesis-estudo-053-torre-de-babel-parte.html
054 — Estudo de Gênesis — A GENEALOGIA DOS SEMITAS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/11/genesis-estudo-054-genealogia-dos.html
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] O texto original foi escrito
quando o vírus H1-51 estava no seu início.
[2] Língua aglutinante. Língua em
que as palavras apresentam sequencias de afixos para a expressão de
significados gramaticais; língua aglutinativa. São exemplos de língua
aglutinante o japonês, o turco e o suaíle – falado no Oeste da África. Outras
línguas que usam esse mesmo mecanismo são chamadas de: língua flexional, língua
isolante e língua polissintética: 1) Língua flexional = Língua em que as
relações gramaticais são expressas por mudanças na estrutura interna das
palavras, geralmente por meio de afixos que sobrepõem vários significados. É
também chamada de língua sintética ou língua fusionante. O sânscrito, o latim,
o grego e o árabe são os exemplos clássicos; 2) Língua isolante = Língua cujas
palavras são invariáveis, depreendendo-se a relação entre elas de sua ordem na
frase. Também chamadas de língua analítica e língua de raízes. São exemplos o
chinês, o vietnamita e o samoano; 3) Língua polissintética = Língua que combina
características de uma língua flexional e de uma língua aglutinante. É também
chamada de língua incorporante. O exemplo clássico é o náuatle = língua
uto-asteca falada no Centro e no Oeste do México.
[3] Zigurate = Templo babilônio
antigo em forma de torre piramidal, com plataformas recuadas e sucessivas,
degraus externos e santuário no topo.
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