O artigo abaixo foi publicado
pelo CRI — Christian Reserach Intstitute — e é de autoria do professor de
história Jeffrey B. Russell. O material foi traduzido pelo blog “O Grande
Diálogo”.
CRISTANDADE E ESCRAVIDÃO
DOS NEGROS
A escravidão tem existido em
praticamente todas as sociedades desde o início do que chamamos de civilização
até os dias de hoje. Mesmo em nossos dias, quando tal prática é universalmente
considerada ilegal, a mesma continua sendo praticada ilegalmente em todos os
lugares. Escravos podem ser cativos
conquistados numa guerra, ou os filhos desses povos conquistados nessas mesmas
guerras. Como escravos são tratados como “mercadorias” e podem ser comprados e
vendidos. Algumas vezes encontramos famílias que vendem seus filhos como
escravos. As condições da escravidão variam de acordo com o tempo e o lugar.
Muitos não têm nenhum direito e podem ser torturados e mortos de acordo com a
vontade de seus proprietários. Outros têm certos direitos garantidos, e alguns,
especialmente na Antiguidade, podiam alcançar a libertação e, ocasionalmente,
adquirirem fortunas e poder, mas a crueldade e a indiferença é sempre a maior
das características. As condições de transporte em navios negreiros europeus e
caravanas árabes eram degradantes no limite máximo. Os que morriam eram
descartados como “lixo” e nas rotas marítimas os tubarões conheciam os navios
negreiros e os seguiam de perto aguardando o lançamento de corpos ao mar. A
persistência de tamanha perversidade é uma das maiores característica da queda
da raça humana no pecado.
A história da cristandade com
relação à escravidão pode ser dividida em quatro períodos:
1) Dos dias de Cristo até o ano
400 d.C aproximadamente.
2) De 400 d.C até 1500 d.C.
3) De 1500 até 1750.
4. De 1750 em diante.
ESCRAVIDÃO E A
CRISTANDADE PRIMITIVA
A escravidão era comum entre os
antigos israelitas, como também na grande maioria das sociedades daqueles dias.
Não temos nenhum registro de Cristo ter falado qualquer coisa acerca da
escravidão, mas suas atitudes e suas palavras acerca do amor de Deus por suas
criaturas tinham fortes implicações quanto a tal prática. Paulo afirmou que
senhores e escravos têm a mesma importância diante de Deus — ver Efésios 6:9.
Os apóstolos enfrentaram uma situação nos impérios persa e romano, onde a
cristandade se estabeleceu primeiro e onde a escravidão era universalmente
praticada. O ensino apostólico, como o do próprio Senhor Jesus, não possuía uma
agenda social ou política específica. O objetivo de Jesus e dos apóstolos era
trazer todas as pessoas de todas as nações, condição social e cor da pele para
dentro do reino de Deus. Uma vez que a escravidão era uma realidade social, os
apóstolos ensinavam que o s senhores deveriam tratar bem seus escravos e que os
escravos deveriam ser obedientes aos seus senhores — ver Efésios 6:5;
Colossenses 3:22; 4:1; 1 Timóteo 6:1; 2 Pedro 2:18.
A compra e a venda de escravos —
dando a eles desse modo o mesmo tratamento de objetos ou animais foi condenado
no Novo Testamento como um pecado egrégio — ver 1 Timóteo 1:10. Os próprios
escravos consideravam a cristandade um certo progresso em sua condição, uma vez
que um bom número de escravos estavam entre os primeiros convertidos à fé
cristã. Uma vez que a maioria dos cristãos eram relativamente pobres, poucos
tinham condições de manter escravos. Os ensinamentos cristãos contra a prática
da escravidão foram gradualmente crescendo até os anos 300 d.C. e a escravidão
como instituição foi condenada como pecaminosa por Agostinho de Hipona —
354—430 — no Oriente e por João Crisóstomo — 347—407 — no Ocidente e também por
outros líderes cristãos. A cristandade se estabeleceu como religião no império
romano no ano 395 d.C., e por volta do ano 400 d.C., a escravidão se encontrava
num declínio acelerado. Essa melhora foi causada em parte por causa da
moralidade cristã; em parte por causa do crescimento da população germânica que
não tinha escravos e, parcialmente, porque o declínio militar do império romano
estava produzindo menos prisioneiros e, consequentemente menos escravos. Nesse
meio tempo os cristãos começaram a pressionar as autoridades a favor dos
direitos dos escravos. Os escravos podiam participar juntamente com outros
cristãos dos momentos de adoração do povo de Deus sem que se fizesse nenhuma
distinção entre eles e as pessoas livres. Escravos podiam servir o povo na
capacidade de diáconos e presbíteros, e não foram poucos os que chegaram a ser
nomeados bispos. O casamento dos escravos era reconhecido e permitia-se o casamento
de escravos com pessoas livres.
A CONQUISTA ISLÂMICA E
A ESCRAVIDÃO
Durante a Idade Média, havia
pouca escravidão em terras da cristandade. Entretanto, durante os anos 600 e
700, a conquista de territórios controlados pela cristandade pelo Islã, que
começando no Oriente Médio se estendia pela África, Espanha e Ilhas do
Mediterrâneo, acabou por reintroduzir a escravidão onde a cristandade havia
erradicado a mesma.
As únicas terra da cristandade
que mantinham escravos eram os territórios adjacentes às terras controladas por
muçulmanos. Chamamos essas áreas de infectadas pelos vizinhos. O próprio Maomé
tinha escravos, e os muçulmanos estavam acostumados tanto com escravos brancos
como negros. A escravidão foi algo legal em muitos países árabes tendo sido
abolida na Arábia Saudita apenas em 1962 e na Mauritânia em 1981. Estima-se que
cerca de 15 milhões de escravos foram levados para países árabes oriundos da
região do Saara e regiões mais ao sul da África. Na Europa a escravidão
tornou-se praticamente extinta depois de 700 d.C. Todavia, ao que parece,
alguns escravos continuavam existindo em partes da Europa, pois nos anos 800
ouvimos falar duma rainha francesa que tentou abolir a escravidão por completo.
A “servidão” que era muito comum
na Europa era tanto essencialmente quanto na prática, diferente da escravidão.
Esses servos eram, quase sempre, trabalhadores agriculturais. Apesar dos servos
estarem ligados a seus senhores para produzir bens e serviços a favor dos
mesmos, e mesmo que não pudessem se ausentar dos domínios de seus senhores sem
a autorização expressa dos mesmos, ainda assim tinham certos direitos
fundamentais garantidos: eles podiam se casar, podiam comprar e vender bens que
lhes pertencessem e não podiam nem ser torturados ou mortos. Teólogos da
cristandade, especializados na história da Idade Média, raramente abordam a
questão da escravidão uma vez que a mesma era, de fato, muito rara, mas quando
escreveram acerca desse assunto eles foram bem claros em afirmar que tal
prática era um grave pecado, tanto contra a lei natural quanto com relação a
Lei divina. Tomás de Aquino que viveu entre 1225—1274, afirmou que a escravidão
era contrária à lei natural por causa do fato de que Jesus morreu por todos os
seres humanos de forma igual.
O AUMENTO DA ESCRAVIDÃO
POR MEIO DA INSTALAÇÃO DE PORTOS
A partir dos anos 1400, os
interesses econômicos e políticos triunfaram sobre a moralidade, pois a
escravidão, mais uma vez, tornou-se algo muito lucrativo, e passou a ser
praticada em grande escala. Durante a Idade Média o comércio com as Índias e
com a China era conduzido através da, assim chamada, Rota da Seda, que
atravessava o Oriente Médio e a Ásia Central. Mas esse caminho era longo,
perigoso e frequentemente bloqueado por forças hostis. No século XV os
portugueses, pioneiros marítimos da Europa, estabeleceram uma rota marítima
dando a volta pelo sul da África e seguindo em direção para o Leste, o que se
tornou na maior rota comercial com o Oriente.
Tal rota passava por muitos
portos onde existiam escravos negros. O fato de que negros africanos mantinham
escravos é atualmente considerado como algo politicamente incorreto de ser
mencionado, mas trata-se de fato, e ninguém está aqui fazendo qualquer tipo de
afirmação quanto a depravação por parte dos africanos, uma vez que,
praticamente quase todas as sociedades — chineses, maias, astecas, árabes, nativos
estadunidenses, mongóis, gregos, romanos — tinham escravos. Os negros
africanos, como os romanos e os persas antes deles, faziam escravos de territórios
conquistados. Os portugueses não tinham nenhum tipo de escrúpulo de comprar
esses escravos negros e foi, exatamente, um navio português que trouxe os
primeiros escravos negros para a Europa em 1441. A partir daí, a vasta maioria
de escravos na Europa eram duma única raça: negra. Assim que os africanos
souberam que os europeus estavam dispostos a adquirir escravos negros, eles
trouxeram cada vez mais e mais negros para serem vendidos nos portos da África.
Por volta de 1600 os próprios europeus haviam se instalado nas costas da África
e passaram a “produzir” seus próprios escravos no Oeste daquele continente. A
perversidade da escravidão moderna da raça negra teve, então, seu início.
Logo a Espanha, França,
Inglaterra e outros países de Europa estavam participando do tráfico de
escravos. Nos 1500 os europeus fizeram diversas tentativas para escravizar os povo indígenas das Américas do
norte e do sul, mas isso provou-se uma atividade de pouco lucratividade, o que
fez com que os negros africanos se tornassem, quase que exclusivamente, nos
seres favoritos para servirem como escravos. Os primeiros escravos vindos da
África chegaram na América do Norte a bordo de um navio holandês que aportou na
cidade de Jamestown, na Virgínia, em 1619. Até a proclamação da abolição da
escravatura nos EUA, cerca de 15 milhões de escravos negros e escravas negras
foram transportados, como animais, através das águas do Atlântico. Outro tanto
foi transportado para o norte pelos mercadores árabes. O número de trinta
milhões excede até mesmo os piores genocídios. E esse número não inclui a
enorme quantidade de seres humanos negros que morreram antes de chegarem nos
portos de destino. Seus corpos mortos eram lançados no mar, de forma
inclemente, onde eram devorados por tubarões que costumavam seguir os navios
desde a saída e ficavam atrás dos mesmos durante toda a viagem. Holandeses e
ingleses eram bem mais ativos no tráfico de negros do que portugueses e
espanhóis, apesar dos portugueses terem levado cerca de três milhões e meio de
negros até o Brasil. Em 1849 quase metade da população do Rio de Janeiro era de
negros africanos.
OS CRISTÃOS CONDENAM A
ESCRAVIDÃO
A condenação da escravidão pelos
verdadeiros cristãos seguiu, imediatamente, o renascimento de tal prática
desumana e imoral. Apesar do Papa Nicolau V ter concedido permissão em 1452
para que “cristãos” escravizassem muçulmanos e prisioneiros pagãos, essa era
uma verdadeira aberração papal. Em 1435 Eugênio IV excomungou os “cristãos” que
estavam escravizando os habitantes das ilhas canárias — o mais antigo reduto
português e espanhol no Atlântico —; em 1462 Pio II declarou a escravidão como
“um grande crime”; em 1537, Paulo III exigiu a libertação de todos os índios
estadunidenses, como também fez Gregório XIV em 1591. Urbano VIII — 1623—1644 —
condenou toda espécie de escravidão, incluindo a de pessoas negras e a santa
inquisição adotou a mesma postura em 1686. Apesar da cristandade declarar a
escravidão como algo imoral, muitos “cristãos” preferiam o lucro à teologia
moral.
A ação melhor sucedida, do ponto
de vista prático, contra a escravidão foi feita por Jesuítas católicos no
Paraguai, onde de 1609 até 1768 eles criaram uma República livre para os índios
guaranis. Essa república foi completamente destruída por ordem das coroas da
Espanha e Portugal atendendo a exigências de escravagistas locais.
Condenações teológicas e até
mesmo oficiais tiveram pequeno ou nenhum impacto em um comércio que não parava
de crescer e se tornava cada vez mais lucrativo, por causa das extensas plantações
de cana e de tabaco nas Índias Ocidentais e também nas ilhas do mar do Caribe,
onde as condições dos escravos era bastante agravada, pois tinham que trabalhar
em grupos, sob os olhares de feitores a serviço dos proprietários, que se
encontravam na Europa. Dentre os códigos civis europeus que regulavam a
escravidão o Código Negro Espanhol era o mais leniente, pois permitia o gozo de
feriados, o direito de vender o excesso produzido além daquilo exigido pelos
proprietários e também respeitava o casamento entre os escravos. Já o Código Noir dos franceses era bem mais
restrito e o Código de Barbados, dos ingleses, nas Índias Orientais era o mais
perverso, pois permitia a tortura e até mesmo o assassinato dos escravos. Tudo
isso, apesar do entendimento cristão, que os ingleses alegavam seguir, afirmar
que a escravidão violava a liberdade de consciência e a integridade da alma e
do corpo.
Teólogos podem ter debatido, se
algum deles participou, de fato nesse debate, se os negros tinham alma, mas na
prática os negros eram tratados como se não tivessem alma. De fato, muitos
senhores de escravos procuravam conduzi-los à cristandade, para que aprendessem
a colocar a esperança da liberdade no outro mundo. Depois da proclamação da
independência dos EUA, quando a cultura do algodão tornou-se a principal do sul
da daquele país, o uso da mão de obra escrava e negra se transformou em algo
muito maior e bem mais abusivo. Enquanto muitos escravos da casa grande eram
tratados relativamente bem, os escravos no campo eram tratados de forma
desumana, como engrenagens na enorme máquina industrial que necessitava
cultivar e vender algodão, de forma lucrativa. Por volta 1790 havia mais de
292.000 escravos na Virgínia, e mais de 694.000 em todo o país. Apenas o estado
de Massachusetts havia abolido a escravidão. O tráfico de escravo nos EUA tornou-se, então, praticamente, um tráfico
interno, ao longo dos rios do interior, particularmente ao longo do rio
Mississipi, onde a expressão "descer
o rio" significava seguir numa direção de miséria e morte nos campos de
algodão.
À medida que o tráfico de
escravos tornava-se cada vez mais e mais desumano, reiteradas vozes começaram a
serem ouvidas contra o mesmo a partir de 1750. O iluminismo secular estava
divido quanto a questão que envolvia a escravidão. Thomas Jefferson tinha
escravos e foi incapaz de libertá-los mesmo quando de sua morte. Para efeitos
do censo e do direito de votar, a constituição estadunidense, tão elogiada,
originalmente considerava os negros apenas como representando 3/5 de um ser
humano. Iluministas como Voltaire, o barão de Montesquieu, o marquês de
Mirabeau e Edmund Baker continuavam aceitando a escravidão. Por outro lado,
figuras como Adam Smith, Dennis Diderot, Jacques Turgot, Samuel Johnson e o
marquês de Condorcet condenavam a mesma. Nessa época verdadeiros cristãos se
encontravam sempre nas frentes de luta contra o comércio de escravos, bem como
da própria escravidão. Em 1754, o quacre John Woolman lançou uma cruzada contra
o comércio de escravos dentro dos EUA, e já em 1771 o estado de Massachusetts
tornou ilegal a importação de escravos. Em 1791 o estado da Carolina do Norte
declarou a morte de um escravo como assassinato, e o estado da Geórgia fez o
mesmo em 1816. Na Inglaterra, William Wilbeforce — 1759—1833 —fundou a
Sociedade pela Abolição do Tráfico de Escravos em 1787, algo que teve todo o
apoio de John Wesley — 1703—1791 — fundador do metodismo.
O movimento contra a escravidão
teve duas fases: primeiro, a abolição do tráfico. E, segundo — depois do
primeiro objetivo ter sido alcançado — a abolição da instituição da escravatura
e a consequente libertação de todos os escravos. Sob uma pesada pressão moral
por parte dos cristãos, países protestantes tornaram ilegal o tráfico de
escravos: a Dinamarca em 1803; o Reino Unido em 1807; os EUA em 1808; e a Holanda em 1848. Do lado
católico romano, Pio VII exigiu a abolição de todo o tráfico em 1815 e em 1839
Gregório XVI enviou uma carta pastoral endereçada a todos os católicos
condenando todo tipo de escravidão. A França aboliu o tráfico de escravos em
1831.
Os reformadores agora se voltaram
para a abolição da escravatura. A Sociedade Contra a Escravidão dos EUA foi
fundada em 1833 — a maioria dos seus membros eram pastores protestantes — e o
Partido do Solo Livre foi fundada em 1848. Em 1833 o Reino Unido aboliu a
escravidão por completo, como também fez a França em 1848. Nas repúblicas
espanhol-americanas a escravidão foi abolida primeiro na Argentina em 1813 e
por último na Venezuela em 1854. Notoriamente, os Estados Unidos da América não
aboliu a escravidão até 1865, mas escritores abolicionistas tais como Lyman
Beecher, Lucy Stone, Charles Finney e William Lloyd Garrison agitaram as
consciências do protestantes do norte do país.
Um dos mais severos golpes contra
a escravatura foi a obra escrita pela filha de Lyman Beecher, Harriet,
intitulada "A Cabana do Pai Tomás" em 1852. Sejam quais tenham sido
as várias causas da Guerra Civil nos EUA, a mesma foi em primeiro lugar uma
guerra contra a escravidão. A Espanha não aboliu a escravidão em Cuba até 1886,
e o Brasil foi a última nação chamada cristã a abolir os escravos em 1888.
Historiadores seculares,
geralmente por questões ideológicas procuram diminuir, de maneira grosseira, a
importância da fé cristã nos processos de abolição da escravidão. É muito
importante notar que a escravidão era imensamente lucrativa tanto no Caribe
quanto no sul do EUA, e isso custou aos governos enormes valores a título de
compensação pelo "confisco" de suas propriedades. Os interesses econômicos
e políticos seguiram o dinheiro, por isso havia pouco ou nenhum interesse na
abolição dos escravos. O verdadeiro interesse estava centrado, quase que
exclusivamente, na moral dos líderes cristãos que deram início e alimentaram os
movimentos de direitos civis até os anos 1960 do século XX. Agora, uma vez que
a escravidão continua a existir em muitas outras formas, ainda há muito para
ser feito.
Jeffrey B. Russell é professor de história
e publicou 19 livros. Sua última obra foi "Exposing Myths About
Chistianity" ou "Expondo os Mitos Acerca da Cristandade". O
livro foi publicado pela Inter-Varsity Press em 2012.
O arquivo original poderá ser
visto por meio desse link aqui:
A tradução do material acima é do
Blog O Grande Diálogo.
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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