terça-feira, 29 de março de 2011

Acolhei-vos ou Aceitem-se Uns aos Outros - AMAI-VOS UNS AOS OUTROS – Parte 3 - SERMÃO 010 – VIVENDO A VIDA COMUM DOS SANTOS DE DEUS




Romanos 15:1—7 — Acolhei-vos Uns aos Outros — AMAI-VOS UNS AOS OUTROS — Parte 4

Esse artigo é parte da série "Amai-vos Uns aos Outros" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos dos mandamentos nos quais o Senhor nos ordena demonstrarmos amor uns pelos outros. No final do artigo você encontrará um link para o estudo posterior

Acolhei-vos ou Aceitem-se Uns aos Outros

Texto: Romanos 15:1 - 7

Introdução

• Jesus nos ordenou dizendo que devemos amar uns aos outros. Mas seu mandamento incluía um ingrediente novo, pois Ele disse:

 João 13:34 – “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”.

• O apóstolo João foi direto na “jugular” da verdade maior implicada neste versículo ao dizer:

 1 João 3:16 – “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos”.

• O princípio é simples: se eu estiver disposto a morrer pelo meu irmão ou irmã, então qualquer outra coisa será realmente insignificante.

• Muitas vezes os detalhes de um mandamento acabam se perdendo na imensidão do mesmo. Visando evitar este abismo, o Espírito Santo, inspirou os autores bíblicos a escreverem e tornarem permanentes muitas maneiras práticas de como nós podemos transformar o mandamento “amai-vos uns aos outros” em atos concretos.

• Conforme já falamos, uma das coisas que Jesus fez a nosso favor foi nos dar “uns aos outros” de tal maneira que nós não estamos sozinhos na nossa caminhada cristã. Além da presença do Espírito Santo em nossas vidas, nós também podemos contar com a presença uns dos outros.

• Já dissemos que a vida cristã é:

 É uma vida pautada em relacionamentos:

 Relacionamento com Deus.

 Relacionamentos uns com os outros.

 Este relacionamento de uns para com os outros deve ser caracterizado por duas coisas fundamentais:

 Comunhão.

 Interdependência.

• Estas palavras todas – relacionamento + comunhão + interdependência – indicam que a vida cristã é uma vida comunitária, organizada sob uma série de direitos e deveres que são de mútua responsabilidade.

• Isto quer dizer que o aquilo que vale para mim, vale para você também. Que temos uma responsabilidade mútua – comum - de tratar uns aos outros de forma recíproca.

• O Espírito Santo inspirou os autores bíblicos a aplicarem o mandamento “amai-vos uns aos outros” a muitos aspectos do dia a dia, de tal maneira que nós podemos saber um bocado acerca de “COMO” podemos amar uns aos outros de modo prático e objetivo.

• Estes mandamentos são facilmente identificados no Novo Testamento porque aparecem sempre acompanhados de expressões, tais como:

 Uns aos outros.

 Mesmo.

 De uns para com os outros.

 Mutuamente etc.

• Estes são os mandamentos com que iremos nos ocupar nas próximas semanas. O primeiro é...

Acolhei-vos ou Aceitem-se Uns aos Outros

I. A Importância deste Mandamento.

• A Igreja Cristã primitiva, ao contrário de outros movimentos religiosos daqueles dias, era caracterizada por uma mistura de pessoas:

 Advindas de movimentos religiosos diversos, alguns extremamente bizarros.

 De classes sociais diversas.

• Entre estas pessoas, alguns eram:

 Judeus.

 Bárbaros.

 Gregos.

 Escravos.

 Homens livres.

 Ricos, alguns eram muito ricos.

 Pobres, alguns eram extremamente pobres.

• Estas pessoas se uniam ao Corpo de Cristo, a Igreja, mas provinham de:

 Background culturais bastante diversos.

 Abordagens de vida diferentes.

 Sociedades que tinham valores distintos umas das outras.

• Com este tipo de Mistura era inevitável que surgissem problemas de relacionamento.

 Judeus tendiam a olhar de forma negativa para aqueles que não eram circuncidados e não tinham a preocupação de guardar os ensinamentos mosaicos.

 Outros grupos, por sua vez, tendiam a olhar para os judeus de forma negativa, porque a nação deles havia rejeitado Jesus, o Messias.

 Alguns crentes se consideravam mais adiantados na vida cristã e no conhecimento e por este motivo se viam como “superiores” quando se comparavam com irmãos mais novos e menos experientes na fé.

• Por estes motivos não era incomum haver problemas e tensões nos relacionamentos entre estes grupos tão diferentes dentro da Igreja Cristã.

• Algumas vezes estas tensões faziam a comunhão muito difícil por causa da dificuldade que temos de aceitar, em pé de absoluta igualdade, aqueles que são diferentes de nós.

• Existia uma grande preocupação entre a liderança da Igreja Primitiva concernente a estas tensões e era desejo de Deus e dos apóstolos que os irmãos amassem uns aos outros de forma sincera e que pudessem viver em paz e harmonia.

II. O Mandamento: Acolhei-vos ou Aceitem-se Uns aos Outros – Romanos 15:7.

A. O Mandamento: Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus – Romanos 15:7.

B. Definição do mandamento recíproco de Romanos 15:7.

• No grego a palavra que traduzimos por “aceitar” ou “acolher” é προσλαμβάνω - proslambáno. Este verbo significa, entre outras coisas:

 Conceder acesso ao coração.

 Acolher em amizade e relação.

• Baseados nestas colocações nós podemos dizer que “acolher ou aceitar uns aos outros” significa: Aceitar nossos irmãos em Cristo livremente, sem sermos constrangidos e sem nenhum tipo de reserva, reconhecendo de imediato nossa condição de perfeita igualdade na comunhão que temos em Cristo.

1 Exemplo Prático Positivo: “Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti, quer na carne, quer no Senhor. Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo” – Filemon 15 - 17.

2 Exemplo Prático Negativo: “Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja. Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus” – 3 João 9 - 11.

II. Porque Devemos Acolher ou Aceitar Uns aos Outros?

• O motivo principal é que Cristo nos acolheu ou aceitou a todos sem nenhum tipo de discriminação ou distinção.

• Cristo morreu por nós “sendo nós ainda pecadores” – ver Romanos 5:8. Todos estávamos na mesma condição: pecadores perdidos.

• Mas Cristo nos recebeu, nos perdoou e nos estendeu todos os privilégios e benefícios que tinha para nos oferecer.

• Precisamos aprender a ser misericordiosos como o Senhor foi para conosco porque Ele disse que precisamos amar como Ele amou.

III. Algumas Coisas que Podem nos Impedir de Acolher ou Aceitar Uns aos Outros.

• Existem algumas coisas que podem atrapalhar nossa obediência a este mandamento. Entre estas, algumas das mais comuns são:

 Certas práticas que podem ser disputáveis tais como: beber, fumar, dançar, jogar cartas e ir ao cinema ou ao teatro.

 Costumes disputáveis como o uso de ternos e gravatas, vestidos, calças compridas, cumprimento do cabelo, raspagem de pelos, uso de maquilagem e jóias.

 Diferenças raciais, sociais, de classe, nível de educação etc.

 Diferenças doutrinárias insignificantes como as que estão relacionadas ao batismo – Pouca água ou muita água? Imersão ou aspersão? Batismo de crianças ou somente de gente grande? – ou acerca da segurança da salvação, ou eleição e predestinação etc.

• Se Jesus recebeu a muitos que divergem nestas questões, nós não podemos agir de modo diferente. Lembre-se “Amai-vos como eu vos amei”.

Conclusão:

1. Uma das muitas funções desempenhadas pelo Espírito Santo é nos ensinar as verdades que precisamos conhecer. A promessa de Jesus em João 16:13, foi: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.

2. A verdade está na Bíblia. E a Bíblia está repleta de mandamentos de reciprocidade. Hoje falamos acerca do dever mútuo que temos de “Acolher ou Aceitar uns aos outros como Jesus mesmo nos acolheu”- Romanos 15:7.

3. Não devemos, todavia, acolher uns aos outros para discutir opiniões ou diferenças tentando impor nossa compreensão sobre os outros - ver Romanos 14:1.

4. Não devemos acolher aqueles que, dizendo-se crentes, negam as verdades básicas da nossa fé – ver 2 João 7 – 11.

5. Também devemos nos afastar daqueles que, dizendo-se irmãos, causam divisões e escândalos. Neste caso específico muito cuidado deve ser tomado com os líderes, especialmente os chamados pastores, porque gostam de causar divisões e de jogar os irmãos uns contra os outros, usando o poder que detêm – ver Romanos 16:17 – 18.

6. Também não devemos acolher a ninguém que, dizendo-se irmão, viver vida dissoluta, como está escrito em 1 Coríntios 5:11 – 13 – “Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor”.

7. Quando os cristãos acolhem ou aceitam uns aos outros baseados na vida comum que possuem em Cristo, então Deus recebe a glória, porque o testemunho unido dos crentes convence o mundo – ou as pessoas no mundo – que Jesus foi mesmo enviado por Deus – ver João 17:22 - 23.

8. Quando este tipo de amor existe entre nós, então estamos caminhando na direção de criar um ambiente de amor onde os dons do Espírito podem se manifestar e onde podemos ministrar uns aos outros de forma mais efetiva.

Que Deus nos abençoe nos ajudando a acolher ou aceitar uns aos outros da mesma forma como Ele nos acolheu em Jesus. Amém.


Outros Estudos Acerca da Vida Comum dos Santos de Deus.


Outros Estudos Acerca da Vida Comum dos Santos de Deus.

001 — O Custo do Discipulado =

002 — Uma Proposta de Vida =

003 e 004 — Comunhão e Interdependência =

005 — Os Dons espirituais e a Vida Comum =

006 — Discipulado =

007 — O Amor ao Próximo =

008 — Amai-vos uns aos outros — Parte 1 — AMAI-VOS UNS AOS OUTROS

009 — Amai-vos uns aos outros — Parte 2 — AMAI-VOS UNS AOS OUTROS

010 — Romanos 15:1—7 — Acolhei-vos Uns aos Outros — AMAI-VOS UNS AOS OUTROS — Parte 3

011 — Romanos 16:16 — Saudai-vos Uns Aos Outros — AMAI-VOS UNS AOS OUTROS — Parte 04

012 — Romanos 15:1—7 — Acolhei-vos Uns Aos Outros — AMAI-VOS UNS AOS OUTROS — Parte 05

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis 

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Desde já agradecemos a todos.

terça-feira, 22 de março de 2011

A Poderosa Mídia



INTRODUÇÃO

Responda depressa: quantas horas por dia você gasta diante da televisão? Isso pode parecer uma bobagem à primeira vista, mas trata-se, na realidade, de uma das mais cruciais perguntas que todos nós precisamos responder. Especialmente nós que declaramos que Jesus é o Senhor das nossas vidas. Você sabia que assistir à TV, meras três horas por dia representa, numa vida de 75 anos, o equivalente a: 82.125 horas ou 3.421 dias de 24 horas ou 9,375 anos. Se somarmos as horas que gastamos diante do computador, frequentando as redes sociais – facebook, MSN, orkut, twitter, etc. – podemos, com facilidade, projetar 20 anos das nossas vidas, praticamente desperdiçadas diante desses poderosos meios de comunicação. Se ajustarmos essas horas para refletirem apenas os momentos em que estamos acordados a situação fica ainda mais complicada. Como você imagina que Deus vê uma atitude tão descuidada, com relação ao uso do tempo como essa, de acordo com Efésios 5.15-16?

A televisão representa um dos elementos mais importantes numa sociedade de consumo, pela multiplicidade de escolhas que oferece. Um sistema de transmissão moderno pode chegar, com tranquilidade, a 60 canais com alguns sistemas sendo capazes de oferecer até 300 canais simultaneamente. Tamanha quantidade de possibilidades de escolha acaba por nos fazer sentir, um pouco, como verdadeiros deuses, com amplos poderes sobre esses elementos. Essa situação acaba por fazer com que transfiramos de Deus, para a posse de bens materiais e nossa capacidade de controlar os mesmos, o motivo real da nossa felicidade. O resultado não poderia ser mesmo muito diferente daquele que temos observado: uma rápida degeneração dos costumes, uma mudança nos hábitos, pois deixamos de valorizar as coisas importantes – os relacionamentos com Deus e com o próximo - para nos tornarmos ávidos consumidores do pior tipo de mediocridade.

I.Uma análise da televisão

A. Como surgiu a televisão?

O que é a televisão? Televisão é um sistema de transmissão e recepção de imagens e de som através de sinais eletrônicos por intermédio de cabos, fibras óticas ou por radiação eletromagnética.

O primeiro verdadeiro mecanismo de televisão foi desenvolvido em 1844 pelo engenheiro alemão Paulo Nipkow. Era na realidade, um scanner que capturava e mostrava as imagens capturadas.

O primeiro receptor doméstico de imagens televisivas foi apresentado na cidade de Schenectady, no estado de Nova Iorque, em 13 de Janeiro de 1928, pelo inventor estadunidense Ernst F. W. Alexanderson. O monitor tinha 7,5 centímetros quadrados e as imagens eram ruins e bastantes instáveis. Mesmo assim, esse primeiro televisor, podia ser usado nos lares. A General Electric produziu certa quantidade desses aparelhos e os mesmos foram distribuídos pela cidade de Schenectady. No dia 10 de Maio de 1928, a estação de televisão WGY começou a transmitir sinais para estes aparelhos naquela área.

A primeira transmissão pública de programas de televisão aconteceu em 1936 em Londres. Duas empresas de transmissão fizeram demonstrações de seus aparelhos. Uma foi a firma Marconi-EMI que produziu um televisor que tinha 405 linhas de definição horizontal e era capaz de mostrar 25 quadros por segundo. O Outro foi o aparelho produzido pela Baird Television que tinha 240 linhas de definição horizontal e também era capaz de mostrar 25 quadros por segundo. O aparelho de Marconi, por ser visivelmente melhor, foi adotado como padrão.
Em 1941 os Estados Unidos da América adotaram um aparelho de 525 linhas de definição horizontal com a capacidade de mostrar 30 quadros por segundo como padrão. O que acabamos de relatar, tem a ver com a história da televisão enquanto processo de transmissão. Mas o que realmente nos interessa, neste contexto, é o que foi feito com a televisão enquanto poderoso instrumento de formação das pessoas e da manipulação das massas.

B. No que a televisão foi transformada

Os inventores do sistema de transmissão e dos aparelhos receptores, não tinham a menor idéia de como aquela tecnologia poderia ser realmente aproveitada. Os ingleses entregaram todo o sistema para ser administrado pela agência estatal BBC – British Broadcasting Corporation. Este monopólio durou até 1954.
Os Estados Unidos da América haviam assumido, depois da Segunda Guerra Mundial, o papel de nação líder de todo o mundo. Como tal, tornaram-se extremamente influentes e passaram a ser imitados em, praticamente tudo e por todos em todo o planeta Terra.

Ao contrário dos ingleses, os estadunidenses entregaram a administração do sistema de televisão nas mãos daqueles que controlavam a indústria do entretenimento. Ou seja, entregaram tudo nas mãos do pessoal de Hollywood. E quem dava as cartas em Hollywood? Capitães de indústria de todas as nacionalidades, mas especialmente de origem judaica. O interesse exclusivo desse pessoal era o lucro e somente o lucro, sem se importarem com nada mais. Por outro lado a indústria também dependia dos produtores e dos artistas, que apesar de todo glamour, juntamente com os donos da indústria, não passavam de um bando de imorais devassos que praticavam continuamente e, como modo de vida, todo tipo de pecados sexuais, desde a fornicação, passando pelo adultério até as detestáveis práticas homossexuais; eram também bêbados debochados, viciados em drogas legais e ilegais e que viviam vidas totalmente destrambelhadas.

Agora, o que podemos esperar, quando entregamos nas mãos de pessoas tão desqualificadas, um instrumento tão poderoso como o sistema de televisão? Apenas o que temos colhido nestes anos todos:

1. Imoralidades Sexuais: fornicação, adultérios, bestialidades, homossexualismo de todos os tipos.

2. Bebedeiras e consumo de drogas de todos os tipos.

3. Paganismo do mais grosso calibre com a promoção de mentiras religiosas, com a adoração de falsos deuses etc.

4. Triângulos amorosos com todas as variedades possíveis, divórcios e separações e toda a desagregação familiar resultantes destas práticas.

5. Violência gratuita, com a sua consequente banalização e brutalidades de todos os tipos, algumas tais que nos deixam realmente doentes só de presenciá-las.

6. Assassinatos, torturas, matanças que não fazem o menor sentido, crimes verdadeiramente hediondos são mostrados com todos os requintes sórdidos e nojentos de crueldade e sadismo, etc.

C. Mas é tudo apenas ruim?

Devemos sempre ser honestos e equilibrados em nossas análises e, à bem da verdade, temos de admitir que nem tudo na TV está refletido nos itens 1-6 acima, mas está cada dia mais difícil encontrar algum programa que não venha ferir nossas convicções e responsabilidades como cristãos. Por esse motivo temos que ser bastante criteriosos com o que assistimos, mas principalmente com a quantidade de tempo que gastamos diante da TV e da internet.

II. O mundo do visual

A televisão, o cinema e a internet comunicam, de forma preferencial, através de imagens. Esses meios possuem algo em comum que é noção subliminar transmitida de que “o que você vê é verdade”. Ver para crer é um dos conceitos mais antigos da história da humanidade. Note o próprio caso do apóstolo Tomé em João 20.25. A televisão nos ilude todas as vezes que vemos algo e confiamos que é verdadeiro. Não pensamos que aquela imagem pode ter sido manipulada, desfigurada e que, em alguns casos, a mesma não tenha nada a ver com a realidade dos fatos. Temos que nos lembrar que as pessoas são mentirosas por natureza (Sl 116.11), mas Deus, o nosso Deus é o Deus da verdade (Sl 31.5). Ele é, de fato, a própria encarnação da verdade (Jo 14.6). Nossos olhos podem nos enganar com grande facilidade porque não temos a capacidade de “enxergar” além daquilo que nos está sendo mostrado. Uma boa ilustração dessa verdade é o caso relatado na Bíblia acerca de Samuel quando foi até a casa de Jessé para ungir a um de seus filhos como rei sobre Israel. Jessé fez seus filhos passarem diante do profeta, todos fortes e de boa aparência, mas todos haviam sido rejeitados pelo Senhor por um simples motivo: “Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração (1Sm 16.7). Davi, foi o escolhido, apesar da sua pouca estatura e força física, mas ele tinha no coração o desejo de fazer a vontade de Deus (At 13.22).

Foi o engano causado pela atração visual que também levou nossos primeiros pais à completa ruína ao desobedecerem ao mandamento divino. Note as palavras de Gênesis 3.6: “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu”. Entre o mandamento de Deus (Gn 2.17) e aquilo que podia ser percebido pelos olhos, Adão e Eva optaram pela malfadada idéia de ver para crer e as consequências foram as mais desastrosas possíveis, já que não existe nada pior que um ser humano possa fazer do que cometer um pecado, qualquer tipo de pecado. E o pecado uma vez cometido causa a depravação total do ser humano. Por todos esses motivos devemos questionar esse falso ensinamento de que devemos ver para crer.

III. O mundo do instante

Um segundo aspecto que caracteriza a televisão e a internet é a velocidade com que as coisas acontecem nesses meios. Tudo é imediato ou, até mesmo, instantâneo. Aqui entra em cena uma segunda mensagem subliminar: o “agora” é o único momento que realmente importa. Mesmo admitindo que o “agora” é realmente, muito importante, concentrar-se de forma exclusiva nele é algo sobre o qual a Bíblia nos adverte com sóbrias palavras: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente (1Jo 2.15-17).

As coisas do momento são sempre temporárias e precisam ser consideradas à luz da eternidade, que reflete a perspectiva de Deus, que é, a única perspectiva verdadeira. A gratificação instantânea que nos é oferecida pela televisão nos sonega uma informação fundamental. Nossas atitudes “agora” têm consequências no tempo e na eternidade, tanto sobre nossas vidas como sobre a vida das pessoas que nos cercam. Mas a televisão nos transmite a idéia de que não existem consequências. Em nenhum momento somos alertados de que todos teremos que responder diante do nosso Criador e Juiz pelos nossos atos (Dn 12.2).

IV. O mundo do distante

O mundo do visual e do instante é também o mundo do distante. É impressionante como nos tornamos frios e as imagens visuais e instantâneas se tornam distantes e desinteressantes quando a televisão nos mostra alguma realidade desagradável. Estamos tão longe de lugares como Darfour, Bangladesh ou Iraque que, imediatamente procuramos nos desculpar que não há nada que possamos fazer para trazer algum tipo de alívio aos famintos, enfermos ou à multidão de crianças vítimas de guerras imorais. A quantidade enorme de situações de miséria e destruição que a televisão nos mostra através dos seus filmes acaba ofuscando nossa sensibilidade moral e nos faz pensar que a realidade não passa de pura fantasia.

Dessa maneira, outra mensagem subliminar que a televisão nos transmite é de que essas tragédias não fazem parte, realmente, das nossas vidas e não nos afetam enquanto seres humanos e que a moralidade, nesses casos, não é tão importante. Mas a realidade é que tudo aquilo que vemos tem a capacidade de nos influenciar de forma poderosa. Foi por isso, que Jesus nos advertiu dizendo: São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! (Mt 6.22-23). Sabemos que Jesus está fazendo referência ao ato de cobiçar as coisas através do olhar, mas também podemos aplicar esses versículos aos nossos hábitos diante de mídias tão poderosas como a televisão, o cinema e a internet. Se deixarmos que nossos olhos se encham de coisas corruptas que não falam de Deus, isso nos afetará profundamente. Precisamos ser cuidadosos.

Conclusão

Lembre-se: agora mesmo, uma infinidade de lixo está sendo levado para dentro dos nossos lares, via TV e internet, produzido e apresentado por um grupo de degenerados morais e intelectuais. Tudo isso nos é apresentado com se fosse absolutamente normal, correto, bom e saudável. Talvez, você imagina, que quem sustenta esses programas são as empresas patrocinadoras. Mas você está completamente enganado. Quem, em última instância, sustenta todo esse veneno destilado usado para nos destruir somos nós mesmos que consumimos os produtos dessas empresas. Isso lhes possibilita terem dinheiro para investir em publicidade nas redes de televisão e na internet. Também somos nós que pagamos a fatura mensal dos distribuidores de canais via cabo ou satélite que acabam tendo os mesmos efeitos deletérios sobre nós e nossas famílias. Você não acha que o Deus que enviou seu Filho unigênito para nos resgatar da maldição da Lei e da escravidão do pecado desejaria que fizéssemos um uso melhor do nosso tempo?

Aplicação

1. O que você pretende fazer, de forma prática e criativa, para afastar a você mesmo e os seus de gastarem tanto tempo assistindo TV ou frequentando as redes sociais da internet?

2. Em termos práticos o que você pretende fazer com as marcas que anunciam seus produtos em programas que servem apenas para contaminar, corromper e destruir você e sua família? Pode apostar que não existe nada mais sensível para uma empresa, uma indústria, um banco, etc., do que a chamada “Bottom Line” que é a última linha do balanço e apresenta o lucro ou prejuízo do período. Uma oscilação no lucro, causada pela queda no consumo é uma linguagem muito bem entendida pelos chamados “patrocinadores”.

3. Que tal procurar desenvolver hábitos saudáveis na família como a prática de jogos educacionais e desafiadores tanto para o conhecimento quanto para as habilidades dos membros da família. Existe uma infinidade deles no mercado hoje em dia.

4. Procure incentivar a família a investir tempo lendo a Bíblia e orando. Seja você mesmo o exemplo maior. Procure conhecer e orar pelas necessidades dos irmãos da igreja, ou pelos missionários nos campos distantes e perigosos.

5. Se envolva mais com os irmãos da igreja fazendo visitas de consolação ou mesmo apenas para bater papo e orarem juntos a Deus.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis 

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sexta-feira, 18 de março de 2011

Pregador em Cima do Muro



Dia desses topei com essa poesia “A preacher on the Fence”. Achei que a mesma tem muito a ver com a realidade que estamos vivendo hoje no Brasil. Resolvi traduzir e publicar a mesma:

De muitos milhões que habitam a Terra
Deus sempre chama um homem
Para pregar a Palavra e assumir
A favor da Verdade uma posição
Mas é triste quando vemos tal homem
Negando a Cruz e não se levantando para defendê-la
Entre os campos do certo e do errado
Esse é o pregador em cima do muro.

Diante dele estão as almas dos homens
Seguindo em direção ao céu ou ao inferno
Uma Bíblia aberta está em suas mãos
Mas mesmo assim ele se recusa a falar
Toda a verdade que está escrita na Bíblia
Ele se recusa a falar por ter medo de ofender
Acerca das alegrias do céu e dos horrores do inferno
É mesmo um pregador em cima do muro.

Mas é claro que Deus chamou esse homem
Para lutar por aquilo que é certo
Até conseguir extirpar o mal
E nos conduzir para a Luz
Mas ele não ousa falar a verdade
Ele teme as consequências
A coisa mais evidente de se notar na terra
É um pregador em cima do muro.

Caso ele se levante, será para defender o que é errado
O que é certo ele nunca irá defender
Caso se levante para defender o que é certo
Ele sabe que o mal irá ofender
Sua boca está calada, pois ele não pode falar
Nem a favor nem contra a liberdade
Grande Deus, nos livre
Do pregador em cima do muro.

Mas em breve os dois lados irão encontrá-lo
E denunciá-lo como a fraude que ele é
Um covarde que não ousa agradar
Nem o Diabo nem o seu Deus
Oh! Deus. Livra-nos do medo que temos dos homens
Da covardia, da hipocrisia e da pretensão
Limpa-nos de toda sujeira e do medo que temos de perder
Mas, acima de tudo, mantenha-nos longe do muro

Anônimo

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis 

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domingo, 13 de março de 2011

AS MISERICÓRDIAS DE DEUS E OS TSUNAMIS



A primeira vez que ouvi falar sobre tsunamis eu estava na grande ilha do Havaí e o guia turístico estava nos explicado o desastre provocando por uma onda gigantesca que havia destruído boa parte da ilha. Apesar do acontecimento a que ele se referia ter ocorrido há trinta ou mais anos, ainda era possível ver algumas marcas deixadas pela fúria das águas.

A segunda vez que ouvi falar sobre tsunamis foi em Dezembro de 2005 quando a violenta onda matou 200.000 pessoas na Indonésia e ilhas vizinhas, chegando a causar destruição até no leste do continente africano. Mas esse tsunami não causou apenas danos materiais e perda massiva de vidas. Ele também causou a perda da fé em muitas pessoas, inclusive no pastor assembleiano Ricardo Gondim que, depois daquele evento fez reiteradas afirmações de que não podia mais acreditar no Deus do Antigo Testamento como a mesma pessoa que se manifesta no Novo Testamento, como o pai do Senhor Jesus Cristo. Para confirmar o que estou dizendo basta ler algumas coisas que ele escreveu de lá prá cá, especialmente o artigo em que ele tratou do terremoto que abalou o Haiti em Janeiro de 2010. Por ser pregador influente e formador de opinião, Ricardo arrastou uma multidão atrás dele.

É verdade que o Deus ETERNO, revelado no Antigo Testamento é, como diz o Salmista, um Deus que é justo juiz, e um Deus que sente indignação todos os dias – ver Salmos 7:11. Muitos indivíduos que insistem em se classificar como cristãos não aceitam essa verdade. De forma piegas nos dizem: “Deus é amor”. De fato Deus é também amor, mas isso não altera em nada a afirmação do salmista, que devemos notar, está até bastante amenizada já que a expressão hebraica זֹעֵם – zo`em – pode representar, além de “indignado”, alguém que está “furiosamente indignado”. E o motivo de toda essa indignação são os nossos pecados. É tolice pensarmos que os seres humanos são “bonzinhos” e que não merecem esse tipo de tratamento. NÃO SOMOS BONZINHOS, SOMOS TODOS GRANDES PECADORES.

Ver nosso arrtigo acerca da "Depravação Total do Ser Humano" por meio desse link aqui:

http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2014/03/depravacao-total.html


Mas o Antigo Testamento nos ensina algo mais. Ele diz que Deus: Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades – Salmos 103:10. E sabe porque Deus faz isso? Por que ele não nos trata da forma como realmente merecemos ser tratados pela indignação que nosso pecados causam em Sua santa pessoa? É porque: O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira – Salmos 103:8—9.

Outra passagem, ainda do Antigo Testamento, que confirma o que estamos dizendo é Êxodo 34:5—7, onde lemos:

Tendo o SENHOR descido na nuvem, ali esteve junto dele e proclamou o nome do SENHOR. E, passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!

Esse é o Deus do Antigo Testamento que é também severo juiz e que, de vez em quando, quando a medida da iniquidade de alguém ou de um povo atinge o nível predeterminado por Deus, o Todo Poderoso exerce seu pleno direito de fazer justiça trazendo sobre a própria cabeça do pecador toda a indignação que lhe foi feita (a Deus) – ver Gênesis 15:13—16, especialmente a frase que diz: porque não se encheu ainda a medida da iniquidade dos amorreus. Sim, Deus é paciente e longânimo, mas ele não é nem tolo nem cruel como alguns desejam. As advertências do Antigo Testamento são repetidas no Novo Testamento. O homem é responsável por seus atos e nossos pecados no tempo presente continuam a encher Deus de indignação – Gálatas 6:7 diz: Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.

Mas existe uma passagem no Antigo Testamento, para a qual desejo chamar a atenção do leitor, porque é nela que vamos encontrar o verdadeiro motivo porque Deus não varre a todos nós de uma vez da face do planeta Terra. Não quero que ninguém pense, nem por um instante sequer, que somos melhores do que qualquer pessoas que perdem suas vidas em acidentes ou desastres naturais – ver Lucas 13:1—5. Somos todos merecedores de igual fim. Mas é importante entendermos que Deus é quem mantém pleno controle sobre nossas vidas e sobre tudo isso que chamamos de “acidentes naturais” e que muitas seguradoras chamam, de forma tão apropriada, de “atos de Deus”. Por favor, considere cautelosamente as palavras a seguir, que nos falam acerca das misericórdias de Deus e como elas nos preservam vivos, antes de cometer uma blasfêmia contra Deus e proferir palavras que soem como verdadeiras abominações aos ouvidos do Deus ETERNO e Todo Poderoso.

O profeta Jeremias nos deixou um excelente poema falando acerca das misericórdias de Deus em Lamentações de Jeremias capítulo 3. No início do capítulo 3 de Lamentações de Jeremias, o profeta está refletindo sobre a destruição de Jerusalém e o desterro do povo judeu para a Babilônia do rei Nabucodonosor. Pelas palavras dos versos 19 e 20:

Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do veneno.

Minha alma, continuamente, os recorda e se abate dentro de mim.

Jeremias nos indica que a dor e a angústia retornavam todas as vezes que ele se lembrava de suas tribulações e suas reflexões eram tão deprimentes quanto suas perspectivas. Talvez como Jó, o profeta estivesse pensando em “esquecer” suas aflições:

Se eu disser: eu me esquecerei da minha queixa, deixarei o meu ar triste e ficarei contente ainda assim todas as minhas dores me apavoram, porque bem sei que me não terás por inocente - Jó 9:27—28.

Mas não adiantava. Ele se lembra em todas as ocasiões – “minha alma continuamente os recorda” – verso 20 - da sua “aflição, do pranto, do absinto e do veneno” – ver verso19. É com estas palavras que ele se refere, de forma enfática, acerca da sua aflição. Era esta a maneira como ele percebia suas dores e como se sentia ao pensar nelas. Seus pensamentos se transformavam na própria miséria. Jeremias bem sabia que tudo pelo qual ele e o povo de Israel estavam passando era fruto do pecado e é exatamente o pecado que torna o cálice da aflição em um cálice de amargor profundo. É uma pena que até mesmo os crentes do século XXI estejam perdendo essa consciência, com alguns querendo, inclusive, colocar a culpa em Deus. Quanta vergonha! Que horror!

O profeta Jeremias se lembrava que os cativos na Babilônia deviam ter bem vívidas em suas mentes as cenas do cerco, do incêndio e da destruição de Jerusalém. E certamente, como o próprio profeta, eles deviam estar se lembrando de Sião, pois era impossível esquecer Jerusalém:

Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria - Salmos 137:1, 5—6.

A alma do profeta não estava somente abatida por causa da aflição em que ele se encontrava em profundo amargor – “absinto e veneno” – mas também por causa do pecado. Da mesma maneira nós devemos humilhar nossos corações quando Deus, em Sua providência, permite que sejamos afligidos ou nos aflige por causa dos nossos pecados, como a situação presente em vários lugares do mundo. Quando temos esta atitude nós podemos nos aperfeiçoar pelas correções do passado e do presente e evitarmos as futuras.

A partir do verso 21, entretanto, as nuvens escuras começam a se dissipar e podemos enxergar o céu azul novamente. A queixa do profeta desde o começo do capítulo 3 e até o verso 20 era realmente muito deprimida e deprimente. A tristeza e a melancolia podem fazer o coração arrebentar. O profeta sabe disso e em vez de se entregar completamente à melancolia, ele prefere resgatar seu coração, livrando-o da tristeza imensa, trazendo à memória o que me “pode dar esperança” – ver verso 21. As coisas que podem dar esperança ao profeta não são, neste contexto, as coisas antigas e passadas e sim as que ele espera que virão. Muitas vezes nossos corações estão cheios de tristeza e de aflição e nos sentimos perdidos e esquecidos. Mas Deus, em Sua graça infinita, nos desperta pela leitura da Sua palavra, por uma palavra amiga ou por uma lembrança e nos renova em esperança impedindo-nos de mergulharmos de cabeça no fundo do poço. Vamos juntos ver a que coisas o profeta poderia estar se referindo quando disse:

Quero trazer à memória o que me pode dar esperança – Lamentações de Jeremias 3:21.

I. Em primeiro lugar o profeta reconhece que mesmo que as coisas estejam ruins, é somente pela graça de Deus que elas não estão piores. E nós sabemos que as situações podem ser sempre piores. Nós somos afligidos pela vara do Senhor, mas é por causa das misericórdias do Senhor que não somos consumidos:

As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim – Lamentações de Jeremias 3:22.

Quando estamos enfrentando problemas e dificuldades nós devemos, para o encorajamento da nossa fé e esperança, observar quais são os benefícios que tal situação nos traz, além do mal evidente, que é mais fácil de perceber. A situação está ruim, mas poderia ser bem pior e com esta possibilidade temos o outro lado, de que a situação pode ser melhor. Note as coisas que o profeta nos ensina:

• Ele reconhece o fluxo constante das misericórdias do Senhor. É por causa deste fluxo constante, que nós não somos consumidos. Somos como a sarça ardente, pegando fogo, mas não consumidos. Como igreja, independente das aflições pelas quais temos que passar, temos a certeza que estaremos aqui até o final dos tempos, mas não devemos nunca nos esquecer que estamos aqui apenas de passagem. O apóstolo Paulo resumiu bem esta verdade ao dizer:

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo - 2 Coríntios 4:7—10.

• As misericórdias fluem de uma única fonte: Deus. Note a forma plural “misericórdias”, que denota tanto abundância como variedade. Deus é uma fonte inesgotável de misericórdias. É por este motivo que ele é chamado de: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o PAI DE MISERICÓRDIA E DEUS DE TODA CONSOLAÇÃO – 2 Coríntios 1:3. Todos nós somos devedores, diariamente, à misericórdia de Deus pelo fato de não sermos consumidos.

II. Em segundo lugar, o profeta, na sua profunda dor e aflição, ainda pode experimentar a ternura da compaixão divina e a verdade da promessa de Deus. É certo que ele em outros momentos se queixou do fato de Deus não ter demonstrado piedade, como quando disse:

Afastou a paz de minha alma; esqueci-me do bem. Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a minha esperança no SENHOR – Lamentações de Jeremias 2:17—18.

Mas agora ele se corrige e reconhece:

• Que as misericórdias do Senhor não falham por causa da fidelidade de Deus. Mesmo em tempos difíceis quando parece que Deus bloqueou Suas misericórdias elas continuam, de fato, fluindo. Os rios das misericórdias de Deus correm cheios e transbordantes e nunca estão secos. Caso o suprimento do dia anterior alcance um nível baixo, o profeta tem certeza de que as misericórdias do Senhor serão completamente renovadas pela manhã. A cada manhã um novo, completo e suficiente suprimento estará disponível. No meio das suas aflições Jó disse que Deus visita os filhos dos homens a cada manhã:

Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas nele o teu cuidado, e cada manhã o visites, e cada momento o ponhas à prova? - Jó 7:17—18.

De maneira semelhante o profeta Sofonias reconhece que Deus traz à luz Seu juízo manhã após manhã, mas o ímpio não sabe reconhecer seus erros:

O SENHOR é justo, no meio dela; ele não comete iniqüidade; manhã após manhã, traz ele o seu juízo à luz; não falha; mas o iníquo não conhece a vergonha - Sofonias 3:5.

Quando as coisas nas quais confiamos nos são tiradas o Senhor permanece constante, manhã após manhã.

• Que a fidelidade do Senhor é grande. Mesmo quando parece que o Senhor quebrou Sua aliança conosco, ela está em plena força. Mesmo que Jerusalém esteja em ruínas, a verdade do Senhor dura para sempre. Não importa que tipo de dores e problemas nós tenhamos que enfrentar, nós não podemos nestes momentos entreter, nem por um segundo, pensamentos errados acerca de Deus e sim manter firme nossa posição de que Ele é compassivo e fiel:

As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade – Lamentações de Jeremias 3:22—23.

Tu reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens - Salmos 90:3.

III. Em terceiro lugar o profeta se lembra que Deus – o Deus do Antigo Testamento me permitam dizer - é e sempre será a alegria toda-suficiente do Seu povo. Isto ocorre porque o povo de Deus O tem escolhido e depende – espera - que Deus seja exatamente isto:

A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele – Lamentações de Jeremias 3:24.

Assim temos que: quando nossa alma diz: “A minha porção é o SENHOR”, nós estamos afirmando:

• Que quando eu tiver perdido todas as coisas que tenho neste mundo, inclusive minha liberdade, meu sustento e quase a própria vida ainda assim eu não perdi meu interesse em Deus. Porções na terra são todas perecíveis, mas o Senhor é porção por toda a eternidade. Não podemos desprezar o fato de que até mesmo igrejas e pastores são, muitas vezes, responsáveis por grandes perdas em nossas vidas. Ensinamentos falsos são muito comuns e poderosos nesses dias de comunicação instantânea. O próprio profeta Jeremias já reconhecia essa situação nos seus dias, portanto, não deve nos surpreender que pastores sejam responsáveis por grandes danos causados ao povo de Deus:

Muitos pastores destruíram a minha vinha e pisaram o meu quinhão; a porção que era o meu prazer, tornaram-na em deserto – Jeremias 12:10.

Mas a nossa porção, mesmo nestas horas, deve continuar a ser o Senhor, pelo simples fato de que nós mesmos somos a porção do Senhor. Desse modo, os fatos a seguir são inegáveis:

• Que enquanto eu tenho interesse em Deus eu tenho tudo o que eu preciso. Quando Deus é minha porção eu tenho aquilo que é suficiente para contrabalançar todas as minhas aflições e compensação por todas as minhas perdas. Deus, como nossa porção, não pode jamais ser tirado de nós.

• Que isto é em que eu dependo e descanso satisfeito. Portanto “esperarei nele”. Vou me lançar sobre Ele completamente, e vou me encorajar em Deus quando todos os outros apoios que me sustentavam desabarem. Note bem: é nossa obrigação fazer do Senhor a porção das nossas almas e recebê-lo como Consolador no meio das nossas lamentações.

IV. Em quarto lugar, o profeta nos lembra que todos aqueles que se relacionam com Deus descobrirão que a confiança depositada nEle não é em vão. Isto se evidencia pelos seguintes fatos:

• Deus é bom para os que confiam n’Ele:

Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca – Lamentações de Jeremias 3:25.

Deus é bom para todos. Suas tenras misericórdias são derramadas sobre toda Sua criação; todas as Suas criaturas podem experimentar da Sua bondade. Mas Deus é bondoso, de uma maneira toda especial, para aqueles que esperam n’Ele, para a alma que o busca:

Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar no homem – Salmos 118:8.

Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração - Jeremias 29:13.

Todas as vezes que as dificuldades se prolongarem ou que o livramento parecer demorado, nós devemos esperar pacientemente pelo Senhor e Suas misericórdias:

Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro - Salmo 40:1.

Enquanto aguardamos pelo Senhor em fé, nós precisamos buscá-lo em oração. Nossas almas precisam buscar o Senhor com intensidade. Esta busca, em oração, irá nos ajudar na nossa espera. E Deus tem prometido ser todo gracioso para aqueles que O buscam e O aguardam desta maneira. É a estes que Deus irá revelar sua maravilhosa bondade.

• Que todos aqueles que esperam no Senhor descobrirão que isto é algo bom:

Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio – Lamentações de Jeremias 3:26.

Aguardar a salvação do Senhor é bom - de fato esta é nossa responsabilidade e será nosso conforto e satisfação indescritíveis. Aguardar a salvação do Senhor em silêncio quer dizer que devemos aguardar pelo Senhor, mesmo quando pareça que ele está demorando e que as dificuldades parecem insuperáveis. Enquanto esperamos em tais situações não devemos murmurar nem nos sentir transtornados e sim nos submeter em silêncio aos desígnios divinos. Se nos lembrarmos das palavras do Senhor Jesus quando disse: “seja feita a Tua vontade”, nós podemos ter esperança de que tudo irá terminar exatamente como Deus deseja e este final é sempre o melhor para nós.

V. Em quinto lugar, Jeremias nos lembra que as aflições são realmente boas para nós e que se as suportarmos da maneira correta elas irão produzir algo de bom para nós – ver Romanos 8:28. Nós devemos saber que não somente é bom aguardar e esperar pela salvação do Senhor, mas que também é bom estarmos atribulados neste meio tempo:

Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade – Lamentações de Jeremias 3:27.

É bom para o homem suportar jugo na sua mocidade. Muitos dos jovens a quem Jeremias estava se referindo haviam sido levados como cativos para a Babilônia. É para aliviá-los que ele escreve esse versículo. Note que Jeremias não culpa os Babilônios. Ele diz que, em última instância, quem está trazendo este jugo sobre aqueles jovens é Deus mesmo. Este jugo é como aquele que é representado pelos mandamentos de Deus. É muito bom aprendermos desde cedo, que temos sérias obrigações para com Deus e não podemos pretender que Deus aceita qualquer coisa. Nunca é cedo demais para começarmos a nos moldar pelo molde de Deus. Sem o jugo que Deus nos impõe, a grande maioria de nós seria como touros indomáveis que não se ajustam ao uso da canga e se tornam improdutivos. Jeremias nos diz que em tais situações nós devemos:

• Acalmar-nos diante das nossas adversidades e aprender a nos sentar sozinhos e guardar silêncio:

Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto esse jugo Deus pôs sobre ele – Lamentações de Jeremias 3:28

Em vez de correr de um lado para o outro reclamando da nossa condição e agravando nossa situação e calamidade, questionando os propósitos da providência no que nos diz respeito, devemos nos retirar no dia da adversidade para um local tranquilo onde possamos sentar sozinhos e mantermos comunhão com o Senhor, silenciando nossos pensamentos de descontentamento e colocarmos nossas mãos sobre nossas bocas, como fez Aarão, que em meio à terrível tribulação pela qual teve que passar, ainda assim guardou sua paz:

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou – Levítico 10:1—3.

Todas as vezes que Deus trouxer um jugo sobre nossos pescoços nós devemos nos submeter de forma paciente.

• Que nós só nos humilhamos de forma verdadeira, quando nos prostramos, literalmente, no chão diante de Deus e aguardamos pacientemente pelo Senhor:

Ponha a boca no pó; talvez ainda haja esperança – Lamentações de Jeremias 3:29

Muitas vezes será conveniente nos humilharmos completamente, encostando nossos próprios rostos no chão, como uma demonstração da nossa submissão à vontade de Deus no meio da aflição, bem como uma demonstração da nossa tristeza, da nossa vergonha e de quanto nós nos abominamos por sermos os pecadores que somos. Precisamos agir com a mesma dignidade de Jó:

Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza – Jó 42:2—6.

Quando nos humilhamos desta maneira o profeta nos diz: “talvez ainda haja esperança”.

• Que quando somos mansos de verdade, e nos submetemos àqueles que são os instrumentos das nossas aflições e mantemos um espírito perdoador:

Dê a face ao que o fere; farte-se de afronta – Lamentações de Jeremias 3:30.

Então nos tornamos verdadeiros filhos de Deus como descritos em Mateus 5:39—41:

Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.

Nosso Senhor Jesus nos deixou um exemplo vivo de como proceder. O profeta Isaías descreveu algumas das coisas pelas quais o Senhor passou quando disse:

Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam - Isaías 50:6.

Aqueles que são capazes de resistir às ofensas e afrontas e que não revidam ultraje com ultraje, nem fazem ameaças quando maltratados, estão imitando nosso Senhor:

Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente – 1 Pedro 2:20—23.

Todos os que agem desta maneira descobrirão que é benéfico suportar este jugo e que em última instância o mesmo se transformará em uma vantagem espiritual. Como disse o apóstolo Paulo:

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado – Romanos 5:3—5.

VI. Em sexto lugar o profeta Jeremias reflete acerca do glorioso fato de que Deus irá retornar de forma graciosa ao Seu povo, com consolações proporcionais às aflições causadas:

O Senhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias – Lamentações de Jeremias 3:31—32.

É por este motivo que o profeta decide ser penitente e paciente. De fato, a compreensão de como Deus é gracioso e misericordioso é o maior incentivo ao arrependimento como proposto nos evangelhos, bem como à paciência cristã. Quando agimos assim nós podemos ter certeza de que:

• Apesar de estarmos humilhados, nós não perdemos nossa herança, continuamos filhos de Deus.

• Apesar de estarmos humilhados, não ficaremos para sempre neste estado, pois a controvérsia entre nós e Deus não é eterna.

• Seja qual for a tristeza pela qual temos que passar ou estejamos passando a mesma é exatamente o que Deus tem designado para nós e Sua mão pode ser vista no controle de todas as coisas. É Deus quem causa a tristeza e por este motivo nós podemos ter a certeza que a mesma é sábia e graciosamente ordenada. Tal tristeza é sempre por um tempo e tem um propósito específico:

Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma – ver 1 Pedro 1:6—9.

• Que Deus tem guardado muitas consolações para aqueles que Ele tenha, por ventura, entristecido. É tolice pensar que quando Deus nos entristece o mundo pode nos consolar. O mesmo que nos entristeceu precisa nos trazer o consolo. Como nos ensina o profeta Oséias temos que nós voltar para Deus, pois foi Ele quem nos feriu e é Ele quem irá nos sarar:

Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará – Oséias 6:1.

• Quando Deus se volta para lidar graciosamente conosco, não O faz baseado em nossos méritos, mas de acordo com Suas misericórdias. Sim, de acordo com Sua multidão de misericórdias. Nós somos tão indignos que somente uma multidão de misericórdias pode realmente resolver nossa pecaminosidade. Todos aqueles que têm este tipo de expectativa não verão as aflições como algo negativo e sim como uma oportunidade de Deus derramar uma multidão de misericórdias!

VII. Em sétimo lugar Jeremias nos lembra que todas as vezes que Deus causa dor e aflição, Ele tem um propósito sábio e santo e, em nenhuma hipótese, Deus se alegra em nos ver aflitos:

Porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens – Lamentações de Jeremias 3:33.

Deus de fato aflige e traz agravos sobre os filhos dos homens. Todas as aflições que vem sobre nós têm sua origem em Deus. Mas Deus não tem nenhum prazer em nos afligir. Destas duas últimas frases podemos concluir que:

• Deus só nos aflige quando nós damos motivos para Ele assim proceder. Deus não dispensa Seus aborrecimentos da mesma maneira que ele dispensa seus favores. Deus não tem prazer em afligir, mas tem prazer em dispensar Seu amor e compaixão, porque eles são imensos – ver Lamentações de Jeremias 3:32 acima. Quando Deus manifesta sua bondade Ele o faz porque isto lhe agrada, mas quando Sua receita envolve coisas amargas para nós é porque nós merecemos e precisamos destas coisas.

• Deus não tem prazer em nos afligir. Deus não tem prazer na morte dos pecadores ou nas inquietações dos Seus santos, mas sempre nos aflige com certa relutância. É como se Deus tivesse que se deslocar do seu lugar, o assento de misericórdia – ver Hebreus 4:16 - para nos afligir. Deus não tem nenhum prazer em ver nenhuma de Suas criaturas em estado miserável. E naquelas situações que envolvem Seu próprio povo, Deus sofre juntamente com Seu povo. O Senhor se aflige com as aflições do Seu povo. Deus é movido à compaixão!

• Deus preserva Sua bondade para com Seu povo mesmo quando o aflige. Como Deus não aflige de bom grado os filhos dos homens, muito mais, então, Seus próprios filhos. Independentemente de qualquer coisa, Deus é bom

Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo – Salmos 73:1.

Os filhos de Deus precisam aprender a ver o amor no coração de Deus mesmo quando estão vendo o rosto irado de Deus e a vara da disciplina em Suas mãos.

VIII. Em oitavo lugar, o profeta nos faz lembrar que apesar de Deus usar seres humanos como instrumentos para corrigir Seu próprio povo, Deus está muito longe de se agradar dos excessos que os homens cometem:

Pisar debaixo dos pés a todos os presos da terra, perverter o direito do homem perante o Altíssimo, subverter ao homem no seu pleito, não o veria o Senhor? – Lamentações de Jeremias 3:34 – 36.

Mesmo que Deus use para Seus próprios propósitos a violência de homens perversos e pouco razoáveis, ainda assim não podemos concluir que Deus aprova os métodos violentos e opressivos como somos muitas vezes tentados:

Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele? – ver Habacuque 1:13.

O profeta Jeremias descreve duas maneiras pelas quais o povo de Deus é injuriado e oprimido pelos inimigos e nos assegura que Deus não aprova nenhuma delas:

• Se os homens causam danos ao povo de Deus pelo uso de força física, Deus não aprova este tipo de agressão, pois Deus não pisa debaixo dos pés a todos os presos da terra, pelo contrário, Deus ouve cada lamento e reclamo causado por ações opressoras. Deus não somente não aprova tal opressão, mas a mesma O desagrada profundamente. É uma verdadeira afronta a Deus “pisar em cima” daqueles que já estão prostrados ou agredir aqueles que estão amarrados e não podem se defender.

• Por outro lado, aqueles que causam o mal sob a bandeira da “justiça e lei” e nesse processo, de forma pretensiosa “perverterem o direito do homem perante o Altíssimo”, de tal maneira que sejam negados ao oprimido seus direitos e plena e verdadeira justiça, e pensam que estão fora do alcance de Deus, e, se estes mesmos homens subverterem a justa causa de qualquer pessoa e impuserem um veredicto injusto ou promoverem um falso juramento, que sejam, então, advertidos que:

Deus está vendo tudo. Todas as coisas estão patentes diante daquele a quem todos nós teremos que prestar conta:

Subverter ao homem no seu pleito, não o veria o Senhor? – Lamentações de Jeremias 3:36.

E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas - Hebreus 4:13.

Tudo está revelado diante de Deus e estes atos, mencionados acima, são extremamente desagradáveis a Ele. E todos os homens conhecem esta verdade. Portanto, quando agem de maneira tão injusta o fazem com altivez e arrogância contra Deus, o Todo-Poderoso. Os homens preferem ignorar a simples verdade de que Deus está acima de todos os seres por mais poderosos que estes possam ser:

Se vires em alguma província opressão de pobres e o roubo em lugar do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso; porque o que está alto tem acima de si outro mais alto que o explora, e sobre estes há ainda outros mais elevados que também exploram – ver Eclesiastes 5:8.

 Deus não aprova tais atitudes. Existem implicações bem maiores do que o texto nos informa diretamente. A perversão da justiça ou a subversão do direito de qualquer pessoa são uma grande afronta a Deus. E mesmo que Deus use tais elementos para corrigir Seu próprio povo, mais cedo ou mais tarde irá confrontar tais pessoas diretamente. Deus muitas vezes permite que os perversos progridam nesse mundo, mas isto não quer dizer, nem por um instante sequer, que Ele está aprovando o que essas pessoas estão fazendo. Deus é bom e não tolera a iniquidade de nenhuma espécie.

Que as palavras de Deus,por meio de suas muitas testemunhas, citadas acima, nos sirvam de consolo e fortalecimento seja na hora, da angústia, da tribulação, das dificuldades e até mesmo diante de perseguições.

Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra – 2 Tessalonicenses 2:16—17.

Que essas palavras sirvam de consolo a todos os verdadeiros filhos de Deus. Que sirvam também de advertência a todos aqueles que, vendo os dramáticos acontecimentos que ocorrem o tempo todo no mundo, não sentem o peso dos seus próprios pecados. Nossa evidente fragilidade deve nos fazer considerar nossos caminhos. Quando Deus se levanta para julgar não existe sabedoria humana nem tecnologia que seja capaz de impedir os propósitos de Deus.

Termino com o convite que nos faz o profeta Isaías 55:1—3, 6—7:

Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi.

Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.


ARTIGOS ACERCA DE RICARDO GONDIM








Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis 

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Desde já agradecemos a todos.

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Notas:

O comentário do capítulo 3 de Lamentações de Jeremias foi, em parte, adaptado da obre de Matthew Henry.